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terça-feira, 30 de julho de 2019

ESTÃO LEVANDO A NOSSA PETROBRÁS EMBORA


Tinha três amigos de infância. Todos eles fizeram suas carreiras e seus empregos foram na Petrobras, inclusive eu que ainda trabalho na Petrobras a 32 anos. Devo deixa-la daqui a alguns meses pois já estou aposentado.

A Petrobras, mais do que a maior empresa da América Latina e uma das maiores empresas do mundo, é a cereja do bolo da impiedosa entrega do nosso patrimônio aos Gringos, promovido pelo BOÇAL. Achei esse apelido legal, o BOÇAL, pois não passa um dia sem que ouçamos uma provocação, uma piadinha, uma gritante imbecilidade partida da boca desse indivíduo que se apossou do maior cargo executivo de nosso país representando a massa imbecilizada.

Ao adentrar a base da Petrobras em Imbetiba, o bairro de Macaé que acolheu as instalações da Gigante, vejo que a cada dia menos pessoas trafegam pelas suas instalações. As oficinas estão meio paradas, as ruas do interior do complexo, vazias e me recordo que por ali passavam pessoas que pareciam executivos apressados, técnicos, funcionários, engenheiros. Os hangares estavam cheios de equipamentos porque a Petrobras desenvolveu tecnologia própria de assitência para suas atividades de exploração. As bombas de captação submersa eram reparadas e mantidas ali mesmo no complexo.

No curso de preparação logo na Entrada para a Empresa nos idos de 1987, uma frase ficou em minha memória. "VOCÊS SÃO FUNCIONÁRIOS DA PETROBRAS". Realmente dava gosto pertencer a essa empresa, pela qual muitos vestiram a camisa.

No antigo auditório, lembro-me quando em 2007, um dos diretores, deu uma palestra e afirmava em tom categórico que com a recente descoberta do PRÉ SAL, a PETROBRAS seria uma das três maiores empresas de petróleo do mundo, e de fato era a única empresa da América Latina que figurava entre as 100 maiores do mundo. O Lucro da Petrobras durante uns 10 anos ficou sempre acima de 20 bilhões de reais e chegou várias vezes a superar 30 bilhões. Nenhuma empresa chegava sequer perto. 


Era uma empresa DO POÇO AO POSTO. Dominava a pesquisa e tornou-se dona de tecnologia de ponta na área de exploração em águas profundas superando todas as empresas do mundo nessa especialidade e tanto isso era verdade que as empresas estrangeiras optavam em fazer parceria com a Petrobras pois ficava mais em conta, já que a Petrobras dominava essa especialidade tecnologica que é a exploração em águas profundas.

A História da PETROBRAS é uma história de sucesso absoluto, apesar dos entraves, apesar da perda do monopólio, apesar de ter sido repartida em pedaços, apesar de ter sido parcialmente depenada, retirando-se-lhe a petroquímica, ela sobrevivia retumbante, fazendo o jogo do mercado e dando a volta por cima com galhardia e personalidade. A Petrobras tornou-se referência em pesquisa tecnológica no Brasil em parceria com a Universidade Federal Fluminense, que ficava lá na Ilha do Fundão ali mesmo perto do CENPES, o Centro de pesquisa da Petrobras.

A Petrobras gerava no seu entorno uma verdadeira alavanca de progresso. Eram feiras de tecnologia de Petróleo, como a Famosa feira de ÓLEO E GÁS onde se oferecia de tudo. Até carro de fórmula 1 patrocinado pela Petrobras tinha em exposição nessa feira, uma das quais tive o prazer de comparecer ali no Rio Centro. Uma miríade de empresas prestadoras de serviço geravam empregos que acolhiam a mão de obra ávida que adentrava o mercado de Trabalho ano após ano. Empresas nacionais e Empresas internacionais que empregavam pagando salários semelhantes aos que eram pagos no primeiro mundo.

Mas as Aves de Rapina a espreitavam, até que puderam aproximar-se mais. Não sei se elas prevalecerão, mas a Gigante está combalida. Tramam para acabar com ela. Querem comer-lhe pelas beiradas até extermina-la de vez o que era o sonho de ROBERTO CAMPOS o célebre entreguista que exigia cachê dos Bancos Europeus para conseguir que eles emprestassem para o Brasil. Emprestava quem desse o melhor cachê, e isso foi relatado no famoso "RELATÓRIO SARAIVA" que a ditadura militar engavetou.

Hoje as salas estão cada vez mais vazias. As plataformas estão sendo vendidas, uma a uma, as refinarias entregues, os oleodutos cedidos, no final talvez fique apenas um escritório onde se poderá ler aqui jaz aquela que foi uma das maiores empresas de petróleo do mundo, a maior da América Latina.

domingo, 14 de julho de 2019

BOÇALNARO, RACISTA CHEFE DA KU KLUX KLAN E PEQUENOS BRANCOS DO BRASIL


PUBLICADO NO PORTAL CARTA MAIOR

Um dos intelectuais brasileiros mais conhecidos e lidos, o sociólogo Jessé Souza vai, a partir de setembro dar aulas na Universidade Sorbonne Nouvelle-Paris1. 

O anúncio foi feito no final de sua concorridíssima conferência no Institut des Hautes Études de l’Amérique Latine (Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3), dia 2 de julho. 

A conferência tinha por título «Le Brésil de Bolsonaro-Diviser pour régner» e o brasileiro foi apresentado pelo professor Gérard Wormser, diretor da revista Sens Public, que publicou recentemente o artigo de Jessé Souza «Bolsonaro, raciste en chef du Ku Klux Klan et des petits blancs du Brésil» "Bolsonaro, racista chefe da Ku Klux Klan e pequenos brancos do Brasil".




«Como se imbecilizou o povo a esse ponto para levá-lo a pensar que o problema do país é a corrupção política? Como se retira o poder de reflexão do povo inteiro a esse ponto? O alfa e o ômega da história brasileira é criminalizar a soberania popular e os pobres e ter o Estado para os ricos, roubar com isenções fiscais, não pagar imposto».



Souza apresentou uma conjuntura bastante difícil para o Brasil, que vê dominado por um sistema racista de uma elite cínica, que manipula a classe média com uma falsa narrativa anticorrupção e, na verdade, usa o Estado para enriquecer. Diante desse governo, se debate uma esquerda sem bússola.



«A esquerda não tem nenhuma narrativa política para o Brasil, jamais teve mas é arrogante pois pensa que tem. O Brasil tem uma esquerda sem as armas simbólicas para efetivamente criar uma narrativa que tenha uma direção para o futuro».

Em sua verdadeira aula de história do Brasil para um público formado de franceses e de brasileiros, o sociólogo não poupou as elites econômicas e sociais brasileiras que «sempre utilizaram o Estado como seu cofrinho». Ele citou o sociólogo francês Pierre Bourdieu para explicar a violência simbólica da elite brasileira com o objetivo de dominar o imaginário da classe média.



Depois de resumir a história do Brasil, sua origem escravagista que marca até hoje as relações sociais, a Justiça e o Estado, Jessé desconstruiu o que ele chama de «mitos» caros a intelectuais que formaram várias gerações de brasileiros, como Sérgio Buarque de Hollanda.




«A transmissão cultural não se dá pelo sangue. A fraude de dizer que o Brasil vem de Portugal foi inculcada desde sempre, o Brasil vem da escravidão, que não existia em Portugal. É a escravidão que estrutura a sociedade brasileira. A cultura passa pelas instituições, família, escola, justiça, trabalho. E a escravidão é a mãe do Brasil. O resto é fraude, mentira, bobagem. Todos os grandes pensadores repetiram e naturalizaram a mentira».


Para ele, o Brasil é até hoje marcado pela escravidão e suas consequências.

Bolsonaro, o mais corrupto entre os corruptos

«Jair Bolsonaro é fruto da Lava-Jato, cujo projeto era ganhar do PT por meios não-eleitorais. Antes era o projeto da UDN, do atalho que não passava pelo voto. Bolsonaro é o pior político que o Brasil já fabricou em 500 anos. E olhem que o Brasil já produziu gente muito ruim mas nenhum canalha maior que Bolsonaro», diz Souza, ovacionado pelo público.

Ele continua :«Bolsonaro é o representante do que podemos chamar de lixo branco. É uma expressão dos Estados Unidos para designar o branco que tinha menos dinheiro, menos educação, socialmente é inferior ao branco americano do Norte e que só tem a cor da pele como vantagem. Por conta disso, ele é o maior racista dos EUA. Ele odeia o negro. Nas famílias brancas do interior de São Paulo, o maior crime que você pode cometer aos olhos da família é casar com um negro. 

Bolsonaro vem desse meio. A política de Bolsonaro é dar arma para a milícia matar pobre e negro. Ele não tem política pública a não ser o holocausto de pobres e negros. Ele fala ao pequeno branco que ganha entre dois e seis salários mínimos. É o remediado pobre. Bolsonaro é a vingança deste lixo pobre branco sobre o negro e o pobre que melhorou de vida. Essa baixa classe média fascista existe no Brasil há cem anos. O movimento fascista brasileiro, o integralismo, tinha 500 mil inscritos, é a mesma canalha que apoia o Bolsonaro.»



Segundo Jessé Souza, a imprensa é a aliada de sempre dos que querem manter os privilégios dos cem mil brasileiros que mandam no Brasil. Ela bombardeia a todos com a suas mentiras.


«A escravidão não é somente um processo de exploração econômica do escravo mas a humilhação cotidiana e desumanização do escravo. Numa sociedade escravocrata que precisa humilhar o outro para mantê-lo na servidão, é preciso desenvolver sentimentos sádicos, dando origem ao gozo na humilhação. Nada define mais o Brasil e o brasileiro de classes dominantes do que o prazer em humilhar. O brasileiro tem o gozo da humilhação do inferior socialmente.»



Para o sociólogo, o brasileiro interiorizou a idéia de que somos emocionais, logo, irracionais, animalizados, incapacitados à reflexão, à abstração, a pensar. O espírito é a inteligência, honestidade, a racionalidade. Tentar destruir a auto-estima de um povo é a melhor maneira de mantê-lo subalterno.



«Como eu posso fazer com que a classe média jamais entre na arena para decidir com sua própria cabeça mas para servir aos meus interesses? É preciso imbecilizá-la e fazê-la agir contra seus próprios interesses de classe. Como tornar a classe média letrada imbecil? É preciso conquistá-la pelas idéias e então cria a Universidade de São Paulo pois a classe média controla a sociedade, supervisiona em nome de uma pequena elite. Pela violência simbólica e por idéias que são fraudes científicas».

O que Souza mais enfatizou foi a marca da escravidão que deixou raízes profundas na sociedade brasileira e até hoje está presente nas relações sociais e no racismo que impediu os negros de terem acesso à educação e a uma vida digna depois da Lei Áurea.

Difícil ser mais explícito sobre o jogo de interesses que se escontem por trás da Operação Lava Jato e que pode ser explicado pela tensão permanente entre os donos do poder e os interesses do povo.

Criminalização do PT, Lacerda foi o Moro de Getúlio



Segundo Jessé Souza, a ditadura maculou as Forças Armadas e a Lava Jato jogou descrédito sobre a Justiça brasileira.

«Qual o grande crime de Lula? Por que o canalha do Moro teve que construir crimes fictícios de Lula e esconder os crimes reais do sociólogo quase francês Fernando Henrique Cardoso? Esconde os crimes do sociólogo quase francês e inventa crimes do metalúrgico», lançou, veemente, Jessé Souza.

Segundo ele, a criminalização do PT vem do fato de Lula ter posto pobres e negros nas universidades.


«Passei 20 anos na minha vida sem ter um só estudante negro na minha sala. Hoje, o número de estudantes negros e pobres nas universidades é imenso. A universidade é o centro do conhecimento que querem manter como monopólio da classe média e dos ricos».

Mudam os tempos, mudam os personagens mas os métodos e os fins são os mesmos, explica.

«A criminalização do povo e de seu representante começou em 1954, quando Getúlio foi vítima de uma trama das elites. Lacerda foi o Moro da época».


O crime de Getúlio, explica, foi incorporar o trabalhador nas benesses do mundo moderno. Ninguém provou que ele tinha roubado. Mas foi acuado e se matou. Depois fizeram a mesma campanha contra Jango, Lula e Dilma. O eterno pretexto da corrupção é um tema recorrente cada vez que a direita quer cooptar a classe média para defender os interesses das elites econômicas.

Quem fez dinheiro no Brasil fez à custa do Estado.

A República Velha não mudou

A seguir, outros trechos da conferência :

«Quais os dois princípios da República Velha que continuam até hoje? A elite econômica, cem mil pessoas quer o Estado para roubar, se apropriar dele. O povo, feito de imbecil, joga a culpa na política».

«Examinando os resultados, constata-se que depois de 5 anos, a Lava Jato recuperou 1 bilhão de dólares para os cofrer públicos. Ora, somente uma corrupção, a sonegação de impostos, representa 520 bilhões de dólares, segundo um organismo inglês de universidades inglesas. Não há sequer comparação possível».

«Os juros brasileiros são onze vezes maiores que na França. É a transferência dos mais pobres para quem tem os títulos da dívida pública. Esse é o roubo do Brasil. Quem rouba no Brasil é a elite do dinheiro».

«O que é o Brasil de verdade? É o que abandonou os escravos nas cidades, sem acesso à terra, à educação. O ódio do Brasil ao negro levou a essa política atual feita para matar negros e pobres. Foi montado um bastião racista branco para manipular a classe média. Eles dizem, não vamos eleger um ladrão do PT. Então elegem um homem que apoia torturador, assassinato, miliciano. E que é ladrão. Que moralismo da classe média é esse? O pecado do Brasil é que pobre e negro não podem ter nenhum avanço. Como isso é canalhice e num país superficialmente cristão isso não pode ser admitido, é preciso negar o racismo. Então se inventa o combate à corrupção na política pois é ele que pode retirar o pobre e o negro de seu lugar subalterno. Essa é a canalhice brasileira. O branco brasileiro é um canalha que se acha um ser moral».

«Para a elite, um povo humilhado, sem auto-estima, é fácil de ser manipulado. É bom para a elite brasileira e bom para a elite internacional, especialmente para os Estados Unidos que usam a ideologia da superioridade para legitimar o saque das riquezas do Sul global.»

«Por que o Brasil nunca pode se industrializar pois os Estados Unidos vêm e montam um golpe de Estado? E isso é visto como normal, a maioria é indiferente ou apoia.»

«O Estado tem que ser criminalizado porque é a unica entidade forte o bastante para se contrapor ao mercado, controlar o mercado. Então é preciso criminalizar o Estado, criminalizar a política que é no fundo criminalizar o povo, a soberania popular. O pensamento brasileiro vive da criminalização do povo e de todo representante popular, imediatamente acusado de populismo. O que vem do povo é ruim, quem representa o povo é ladrão e demagogo.»

«Esse pessoal branco que odeia negro e pobre é quem apoia esse regime do ódio. É preciso criar uma superfície de moralidade porque o canalha não pode ser visto como canalha. E então as pessoas que o apoiam se escandalizam com a corrupção política seletiva só de representantes do povo».

O encontro com Jessé Souza foi promovido pelo IHEAL, pela RED-Br (Réseau Européen pour la Démocratie au Brésil) e pela revista Sens Public, entre outros.