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quinta-feira, 7 de maio de 2020

O VIRUS ESTÁ NO AR


Um novo estudo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Guangzhou, na China, levantou novamente o debate sobre qual a distância que o novo coronavírus pode se espalhar no ar e qual o papel que ambientes fechados e mal ventilados têm na transmissão do vírus. O trabalhou analisou 10 casos do novo coronavírus que foram rastreados até um restaurante em Guangzhou, a mais de 900 quilômetros de distância do epicentro da doença, em Wuhan. Os pacientes começaram a apresentar os primeiros sintomas em janeiro de 2020. 

Análise diz que espirro pode espalhar partículas contaminadas por até 8 m.


O estudo envolveu a análise das famílias A (de onde vem o paciente que originou a contaminação), B e C. O paciente que originou a infecção não apresentava sintomas e saiu de Wuhan com a família, onde se reuniu com eles para almoçar em um restaurante. 




Ao seu lado, sentaram-se em mesas a cerca de um metro de distância familiares da família B e C. Naquele mesmo dia, o paciente A1 apresentou tosse e febre e procurou o hospital. Em 5 de fevereiro, um total de nove pessoas (quatro da família A, três da família B e dois da família C) foram diagnosticados com covid-19. A única ligação entre todos eles era o almoço realizado no mesmo restaurante.

Mas o paciente A1 estaria, teoricamente, muito longe para infectar as outras mesas — a forma principal de contaminação é por meio das secreções que saem durante a fala, em espirros ou tosse. Como, então, o vírus se espalhou?

Os cientistas revisitaram o cenário para analisar as possibilidades. Naquele dia, 91 pessoas — 83 clientes e oito funcionários — estiveram no local. Mas apenas os dez pacientes citados foram infectados. Análises nos aparelhos de ar condicionado também não resultaram em positivo para a presença do vírus.

Eles concluíram que o fluxo de ar do aparelho de ar condicionado, localizado próximo às três mesas, fez com que as gotículas (partículas maiores que saem enquanto falamos, por exemplo) fossem levadas para mais longe do que o esperado (espera-se que elas atinjam uma distância menor do que um metro) e chegassem até as mesas das famílias B e C.

Os pesquisadores também levantaram a possibilidade de que o "ventinho" do ar condicionado tivesse espalhado gotículas menores, chamadas aerossóis, conhecidas por serem mais leves e viajarem a distâncias maiores no ar. No entanto, os especialistas descartaram essa possibilidade, já que nenhum outro cliente ou funcionário ficou doente.

Além de concluírem que o fluxo do ar condicionado levou as partículas contaminadas para as outras mesas, os pesquisadores também perceberam que a falta de ventilação do espaço e a lotação (que era alta no dia) aumentaram ainda mais a propagação do vírus, e reforçaram que síndromes respiratórias costumam se propagar com facilidade em espaços mal ventilados e com aglomerações.

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Bolonha, na Itália, detectou o novo coronavírus em partículas de poluição do ar. Agora, eles investigam se isso pode permitir que ele seja transportado por longas distâncias e aumentar o número de pessoas infectadas. A pesquisa, divulgada com exclusividade para o jornal The Guardian, ainda não identificou se o vírus permanece funcional em partículas poluentes nem se tem quantidade suficiente para contaminar as pessoas.



Os italianos coletaram amostras do ar em locais públicos da cidade de Bergamo. A coleta foi dividida entre zonas urbanas e industriais. Eles identificaram um gene altamente específico da covid-19 em várias amostras diferentes. O resultado foi confirmado em testes cegos feitos por um laboratório independente.








Uma análise estatística feita pela equipe sugere que níveis mais altos de poluição poderiam explicar taxas mais altas de infecção ao norte da Itália antes da quarentena. O país sofre com quase 190 mil infectados e lidera o ranking de morte, com cerca de 25.500 óbitos.

Um novo estudo que examinou amostras de ar de alas de um hospital que recebeu pacientes com COVID-19 revelou que o vírus consegue viajar até quatro metros - o dobro da distância que as pessoas devem ter umas das outras em público, segundo as recomendações atuais.

Os resultados preliminares da pesquisa feita por cientistas chineses foram publicados nesta sexta-feira (10) no periódico Emerging Infectious Diseases, uma publicação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Eles se somam à discussão crescente sobre como a doença é transmitida, enquanto os cientistas que os escreveram alertam que as pequenas quantidades de vírus encontradas nesta distância não são necessariamente infecciosas.

Os cientistas, chefiados por uma equipe da Academia de Ciências Médicas Militares de Pequim, testaram amostras do ar e das superfícies de uma unidade de tratamento intensivo e uma ala regular para pacientes com COVID-19 no Hospital Huoshenshan, em Wuhan. Ambas abrigaram um total de 24 pacientes entre 19 de fevereiro e 2 de março.

Eles descobriram que o vírus esteve mais fortemente concentrado nos pisos das alas, "talvez porque a gravidade e o fluxo de ar levem a maioria das gotículas do vírus a flutuar até o chão".


Altos níveis também foram encontrados em superfícies tocadas com frequência, como mouses de computador, latas de lixo, maçanetas e grades de camas.


"Além disso, metade das amostras das solas dos sapatos da equipe médica da UTI testou positivo", escreveu a equipe. "Portanto, as solas dos sapatos da equipe médica devem funcionar como portadores".



 Ameaça aérea? 



Os pesquisadores também analisaram a chamada transmissão por aerossol - quando as gotículas do vírus são tão finas, que ficam em suspensão e são transportadas pelo ar por várias horas, ao contrário das gotículas que expelimos ao tossir ou espirrar, que caem no chão segundos depois.

Eles descobriram que os aerossóis contendo vírus ficaram sobretudo concentrados até quatro metros abaixo dos pacientes - embora tenham sido encontradas em menor quantidade mais acima, a até oito metros.

Nenhum membro da equipe de saúde do hospital se contagiou, "indicando que medidas preventivas adequadas podem prevenir de forma eficaz a infecção", escreveram os autores.

Os pesquisadores também fizeram um alerta que refuta as diretrizes ortodoxas. "Nossas descobertas sugerem que o isolamento doméstico de pessoas suspeitas de contágio por COVID-19 pode não ser uma boa estratégia de controle", devido aos níveis de contaminação ambiental.

A dispersão no ar do coronavírus é uma área polêmica para os cientistas que o estudam, porque não está claro quão infecciosa é a doença em quantidades ínfimas encontradas em borrifos ultrafinos.

Até o momento, a Organização Mundial da Saúde minimiza o risco.

As autoridades sanitárias americanas adotaram uma linha mais cautelosa e encorajam as pessoas a cobrirem os rostos quando saírem na rua caso o vírus possa ser transmitido pela respiração normal ou a fala.



terça-feira, 5 de maio de 2020

O JAIR QUE HÁ EM NÓS


O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.



Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.


Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.


No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência... em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.

Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.


O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.


Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. Como aquele desejo do menino piromaníaco que era obcecado pelo fogo e pela ideia de queimar tudo a sua volta, reprimido pelo controle dos pais e da sociedade. Reprimido por anos, um dia ele se manifesta num projeto profissional que faz do homem adulto um bombeiro, permitindo-lhe estar perto do fogo de uma forma socialmente aceitável.


Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.



Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.


Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício.

Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo.




Flávio Chaves29 de abril de 2020

quarta-feira, 29 de abril de 2020

ABRA SEU OLHO

sábado, 18 de abril de 2020

O LEGADO DO PT EM 13 ANOS DE GOVERNO

A BBC Brasil procurou especialistas e levantou indicadores internacionais para entender o legado dos 13 anos de governo de PT. Afinal, no que avançamos - e no que retrocedemos ou ficamos estagnados?




Abaixo, listamos seis índices-chave que ajudam a explicar como o Brasil de hoje pode ser comparado a outros países e ao Brasil de antes de 2002, ano em que o ex presidente Lula foi eleito pela primeira vez.

1. Ranking das maiores economias:

Em 2002, o Brasil ocupava a 13ª posição no ranking global de economias medido pelo PIB em dólar, segundo dados do Banco Mundial e FMI. Chegou a ser o 6º em 2011, desbancando a Grã-Bretanha, mas voltou a cair depois do golpe que derrubou a ex-Presidente Dilma Roussef.


Se considerarmos o PIB medido por Paridade de Poder de Compra (PPP), que procura, justamente, neutralizar esse efeito do câmbio, temos que o Brasil ocupou a 7ª e 8ª posição no ranking ao longo dos últimos anos do governo do PT.

Em 2003, subimos para a 7ª posição, ultrapassando a França. Em 2008, fomos ultrapassados pela Rússia. E em 2011 voltamos para a 7ª posição com a queda da Grã-Bretanha.

RESERVAS INTERNACIONAIS NO GOVERNO DO PT.



2. IDH e combate a pobreza


A nota do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que era de 0,649 no início dos anos 2000, chegou a 0,755 hoje, o que indica uma melhora.

A pesquisa considera indicadores como a esperança de vida ao nascer, a expectativa de anos de estudo e a renda per capita. Como resultado, cada país recebe uma nota que vai de 0 a 1.

No relatório da ONU de 2015 sobre o índice, o Bolsa Família é retratado como uma espécie de modelo de programa social bem-sucedido. "Desde que o programa foi lançado, 5 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza. E por volta de 2009 o programa havia reduzido a taxa de pobreza em 8 pontos percentuais."

Também é destacado o aumento da escolaridade no país e avanços no combate a miséria, o que vai ao encontro da avaliação de especialistas consultados pela BBC Brasil, que veem nas políticas sociais o maior legado positivo dos 13 anos do PT no poder no Brasil.

Angel Melguizo, chefe da unidade de América Latina e Caribe do Centro de Desenvolvimento da OCDE, por exemplo, destaca que nos últimos anos os índices de pobreza brasileiros caíram pela metade com a emergência de uma nova classe média.

Ele admite que parte desse contingente pode ter seus ganhos ameaçados pelo aumento do desemprego e recessão econômica, mas faz uma ressalva relativamente otimista:

"Dados do Banco Mundial que mencionaremos em nosso próximo relatório indicam que 43% dessa nova classe média brasileira seria o que chamamos de classe média consolidada, que tem trabalho formal, proteção social e mais condições de se proteger da crise. E que apenas 38% seria parte da classe média vulnerável, que pode voltar para a pobreza. O índice do Brasil é melhor que em outros países da região", afirma.

Para Otaviano Canuto, diretor-executivo para o Brasil no FMI, "políticas sociais para potencializar mudanças estruturais" são de fato "um grande legado" dos governos do PT.

3. Gini - Desigualdade

Outro indicador que também teve uma melhora foi o da desigualdade. O coeficiente Gini do Brasil, nos cálculos do Banco Mundial, passou de 58,6, em 2002, para 52,9, em 2013 (último dado disponível).

O Gini é um indicador que mede desigualdade de renda e vai de 0 a 100 (0 representa total igualdade).

Em 2014, um relatório da ONU sobre o tema também registrou uma queda significativa da desigualdade no Brasil na última década, com o Gini passando, nos cálculos das Nações Unidas, de 54,2 para 45,9.

Na época, a ONU destacou o efeito sobre a desigualdade do aumento real do salário mínimo - de 80% entre 2003 e 2010 - e dos esforços para a formalização do mercado de trabalho brasileiro, além dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

O economista Diego Sánchez-Ancochea, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos (LAC) da Universidade de Oxford, especialista em desigualdade, cita, como exemplo desses esforços de formalização do mercado, iniciativas como a Proposta de Emenda Constitucional sobre os trabalhadores domésticos.

"Já houve momentos em que a economia brasileira cresceu com um aumento da desigualdade, como nos anos 60 e início dos 70. Na época, o crescimento favoreceu os mais ricos e a alta classe média", diz Sánchez-Ancochea.

"Isso mostra que mesmo com o boom das commodities impulsionando a economia brasileira, a trajetória dos índices de desigualdade no país poderia ter sido diferente não fossem essas políticas adotadas (durante o governo do PT). O legado (do partido) nessa área é grande."

O economista de Oxford diz ser difícil prever o que vai acontecer daqui para frente, mas não descarta retrocessos nesse indicador. "Isso vai depender das políticas adotadas pelo novo governo, que chega prometendo fazer ajustes e cortes de gastos."

5. PISA - Educação


No último relatório, publicado no final de 2013, agora com dados de 65 países (alguns ricos, como Japão, Suíça e Alemanha, o Brasil ocupou a posição 55 no ranking de leitura, 58 no de matemática e 59 no de ciências. Ou seja, comparativamente avançou em relação ao 2000, ainda que pouco.

Para Melguizo, da OECD, porém, é natural que a melhora tenha sido lenta porque a grande conquista do país nos últimos anos foi na questão da "cobertura do sistema", ou seja, no acesso à escola e universidades.

"Esse era um processo necessário. Falta agora avançar na questão da qualidade do ensino e também na educação para o trabalho. Mas não acho que devemos ver essa melhora lenta com pessimismo", diz ele."Na questão da cobertura o avanço foi significativo."

Castro Neves, do Eurasia Group concorda: "Considero a expansão do acesso a educação como parte do legado social positivo (dos anos de governo do PT), embora certamente falte melhorar a questão da qualidade."



quinta-feira, 16 de abril de 2020

BOAS NOTÍCIAS SOBRE O CORONA VIRUS.


A normalidade só poderá voltar quando for descoberta uma vacina e para que isso aconteça, os laboratórios do mundo inteiro debruçam-se sobre seus recursos em uma corrida para encontrar a vacina.

ROMA, 11 ABR (ANSA) - Os testes pré-clínicos de candidatas a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Itália apresentaram resultados positivos. Em entrevista à ANSA nesta sexta-feira (10), Luigi Aurisicchio, CEO da empresa romana Takis Biotech, que conduz os estudos com cinco vacinas, disse que houve uma "forte produção de anticorpos" com uma única dose.


"Os primeiros resultados nos modelos pré-clínicos demonstraram a forte imunogenicidade das candidatas a vacina", declarou Aurisicchio, acrescentando que duas delas parecem mais promissoras. Os resultados definitivos são esperados para meados de maio, e os testes em humanos podem começar a partir de setembro. 

Todas as cinco vacinas se baseiam em uma tecnologia chamada eletroporação, que consiste em um impulso elétrico no músculo para aumentar a permeabilidade das membranas celulares. Elas foram obtidas a partir de materiais genéticos correspondentes a diferentes partes da proteína "spike", que o vírus utiliza para agredir as células e se multiplicar.



A proteína de pico (proteína S) é uma proteína transmembrana tipo I grande que varia de 1.160 aminoácidos para o vírus da bronquite infecciosa aviária (IBV) e até 1.400 aminoácidos para coronavírus felino (FCoV) (Figura 1). Além disso, esta proteína é altamente glicosilada, pois contém 21 a 35 locais de N-glicosilação. Proteínas de pico se reúnem em aparadores na superfície virion para formar a distinta "coroa", ou aparência de coroa. O domínio ectodomínio de todas as proteínas de pico de CoV compartilham a mesma organização em dois domínios: um domínio n-terminal chamado S1 que é responsável pela ligação do receptor e um domínio C-terminal S2 responsável pela fusão (Figura 2). A diversidade de CoV é refletida nas proteínas de pico variável (proteínas S), que evoluíram em formas diferentes em suas interações receptoras e sua resposta a vários gatilhos ambientais da fusão de membranas vírus-células.
 
Foi relatado que 2019-nCoV pode infectar as células epiteliais respiratórias humanas através da interação com o receptor ACE2 humano. De fato, a proteína Spike recombinante pode se ligar com proteína ACE2 recombinante. 
Uma distinção notável entre as proteínas de pico de diferentes coronavírus é se ela é celada ou não durante a montagem e exocitose de virions. Com algumas exceções, na maioria dos alfacoronavírus e do betacoronavirus SARS-CoV, as virions abrigam uma proteína de pico que é impurada, enquanto em alguns beta- e todos os gamacoronavírus a proteína é encontrada entre os domínios S1 e S2, tipicamente por furina, um protease hospedeiro residente em Golgi. Curiosamente, dentro das espécies de vírus da hepatite de rato betacoronavirus (MHV), diferentes cepas, como MHV-2 e MHV-A59 apresentam diferentes requisitos de decote. Isso tem consequências importantes em sua fusogenicidade.
Os papéis da proteína spike (proteína S) na ligação do receptor e fusão de membranas indicam que vacinas baseadas na proteína de pico poderiam induzir anticorpos para bloquear a ligação do vírus e fusão ou neutralizar a infecção pelo vírus. Dentre todas as proteínas estruturais do SARS-CoV, a proteína spike é o principal componente antigênico responsável por induzir respostas imunes do hospedeiro, neutralizando anticorpos e/ou imunidade protetora contra infecção pelo vírus. A proteína spike foi, portanto, selecionada como um importante alvo para a vacina coronavírus e o desenvolvimento antiviral. 

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Uma professora da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estima que uma vacina contra o novo coronavírus esteja pronta em setembro deste ano. Os testes em humanos devem começar dentro de duas semanas.



Sarah Gilbert, que trabalha junto a uma equipe que desenvolve uma vacina contra o novo vírus, diz estar 80% confiante de que vacina de seu time estará pronta neste ano, afirmou a professora ao jornal britânico Times of London.

“Acredito que há uma grande chance de que o nosso trabalho irá funcionar, com base em outras coisas que já fizemos com esse tipo de vacina”, disse.

O governo britânico já sinalizou positivamente para a produção em massa de uma vacina, uma vez que ela seja aprovada e atestada como segura.

Confiantes nos resultados, pesquisadores cogitam iniciar produção em massa a partir de setembro.


Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, anunciaram que irão começar testes de uma vacina contra a Covid-19 na semana que vem. Com idades entre 18 e 55 anos, 510 voluntários irão participar dos testes e serão divididos em dois grupos: um irá receber a vacina, enquanto o outro receberá uma injeção inócua, como controle.

Vários outros países estão desenvolvendo vacinas ou curas para a Covid-19. No Brasil, uma vacina está sendo criada pelo Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). Já a China aprovou testes clínicos de duas vacinas


Nos EUA, a empresa Moderna Terapeutics testa uma solução derivada de uma vacina contra a gripe comum. E na Europa, pesquisadores do Instituto Pasteur testam uma modificação da vacina contra o sarampo.



domingo, 12 de abril de 2020

LIÇÕES PARA APRENDER COM A CRISE


Liberalismo, significa liberdade para se fazer o que se quer, e quado esse liberalismo envolve dinheiro, pode ser algo como liberdade para dar golpes sem responsabilidade, sem a intervenção do governo. Foi o que aconteceu nos anos 20 com o amadurecimento de 10 anos de governos Republicanos, nos Estados Unidos, adeptos das teorias Liberais. 

Abria-se um banco em cada esquina e esses bancos captavam os recursos dos trabalhadores e os emprestavam a especuladores que usavam esse dinheiro emprestado para enriquecer, aplicando-os na Bolsa de Valores em Wall Street. 

É algo muito parecido com o que os bancos fazem hoje. Eles vendem para os trabalhadores, títulos de capitalização que são nada mais nada menos do que tomar o dinheiro dos trabalhadores praticamente sem pagar juros, pagando quando muito a correção monetária e devolver esse dinheiro no final de quatro anos, sem nenhum rendimento. 

Nesse meio tempo eles pegam esse dinheiro e os empregam no mercado financeiro obtendo lucros que fazem esse dinheiro ser multiplicado várias vezes. É como tirar doce de criança.

Só que nos anos 20 a ganância foi longe demais. Temos que entender que a bolsa de valores é especulativa, e dentro dessa especulação normalmente os papéis valem normalmente mais do que o real valor. É um valor que carrega embutido uma expectativa e essa expectativa em algum momento vai falhar. Sempre falha. Ela carrega em si o desejo humano de lucrar. 

Em algum momento alguém que estará com um lucro considerável irá tentar realizar esse lucro vendendo seus papéis e ao vender eles cairão de preço, e ao caírem de preço, todos os outros que tem aquêles papéis vendo que caíram de preço e vendo que ainda podem lucrar mesmo com a queda irão se apressar para vender antes que caiam ainda mais. 

Quando esses papéis ficarem muito baratos, alguém que imagina que eles irão subir, resolve compra-los e ai eles iniciam a subir de preço. 

Sempre será então um jogo em cima da psicologia humana, em que o mais esperto irá sair em vantagem, e o mais afobado e afoito, o que menos conhece, irá perder, pois nesse jogo sempre haverão os perdedores e os ganhadores.

Em 1920 não haviam regras. Os Bancos tomavam dinheiro de trabalhadores, prometendo-lhes alguma coisa para empregarem o dinheiro no mercado financeiro que subia estratosfericamente, no rastro da construção do sonho americano. Nessa concepção pessoas ganhavam muito dinheiro e se tornavam milionárias da noite para o dia.

Até que um dia a bolha do mercado que sempre subia e nunca caia, estourou e desabou. Fortunas viraram pó e muitos suicídios aconteceram.


segunda-feira, 6 de abril de 2020

CORONA VIRUS GRIPE SUINA E GRIPE ESPANHOLA


O que é a COVID-19?

A COVID-19 é uma doença causada por um vírus da família do coronavírus, o SARS-Cov-2. Esse vírus, assim como outros dessa mesma família, é capaz de provocar infecções que afetam o sistema respiratório. Desse modo, ela pode facilmente ser confundida com uma gripe ou resfriado.


A COVID-19 é uma doença causada por um vírus da família dos coronavírus.

Os primeiros casos da doença ficaram conhecidos no final de 2019, quando a Organização Mundial da Saúde foi comunicada a respeito de vários casos de pneumonia, sem causa definida, ocorrendo na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. No dia 7 de janeiro de 2020, as autoridades identificaram o agente causador da doença.

Rapidamente a COVID-19 espalhou-se por vários locais do planeta, levando a Organização Mundial de Saúde a classificar a doença como uma pandemia

Até o dia 31 de março de 2020, 846.577 casos haviam sido confirmados e 41.944 mortes haviam ocorrido no mundo.

Quais os sintomas da COVID-19?

Como a COVID-19 é uma doença que afeta o sistema respiratório, seus sintomas estão, principalmente, relacionados a esse sistema, o que a torna semelhante, muitas vezes, a uma gripe ou resfriado.  Até o momento, os principais sintomas conhecidos são febre, tosse e dificuldade para respirar. Mas outros sintomas podem ser observados, como dores, corrimento e congestão nasais, dor de garganta e diarreia.
Vale salientar que algumas pessoas podem ser assintomáticas, ou seja, estarem infectadas, mas não desenvolverem sintomas. Outras, no entanto, podem ter a doença de maneira grave. Essa última situação ocorre, principalmente, em pessoas idosas e naquelas que possuem outros problemas de saúde, como hipertensão, problemas cardíacos e diabetes.
Os principais sintomas da COVID-19 são febre, dificuldade respiratória e tosse.
Os principais sintomas da COVID-19 são febre, dificuldade respiratória e tosse.

Como é a transmissão da COVID-19?

A COVID-19 pode ser transmitida de uma pessoa para outra por meio de gotículas respiratórias eliminadas pelo doente ao espirrar ou tossir. Essas gotículas podem também contaminar superfícies, assim, uma pessoa pode adquirir a infecção ao tocar nessas superfícies contaminadas, pois pode transferir o vírus para os olhos, nariz ou boca. É por isso que devemos manter uma distância de pelo menos 1 metro de pessoas doentes e não tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos sem receber a devida higienização.






VIRUS DA GRIPE "INFLUENZA"

As três pandemias de influenza no século XX acarretaram impacto importante na morbimortalidade por influenza e pneumonia em todo mundo.

A pandemia de 1918 causou mortalidade mais importante do que a da Primeira Guerra Mundial e de outras epidemias, com estimativa de 20-40 milhões de óbitos em todo o mundo. As pandemias ocorrem quando surge um novo subtipo viral pouco conhecido ou desconhecido do sistema imune humano

A origem geográfica da pandemia de gripe de 1918-1919 é desconhecida. Foi designada de gripe espanhola, gripe pneumónica, peste pneumónica ou, simplesmente, pneumónica. A designação "gripe espanhola" deu origem a algum debate na literatura médica da época, que talvez se deva ao fato de a Espanha, não participando na guerra, ter noticiado que civis em muitos lugares estavam adoecendo e morrendo em números alarmantes.

A doença foi observada pela primeira vez em Fort Riley, Kansas, Estados Unidos da América em 4 de Março de 1918,[1] e em Queens, Nova Iorque em 11 de Março do mesmo ano.Os primeiros casos conhecidos de gripe na Europa ocorreram em Abril de 1918 com tropas francesas, britânicas e americanas, estacionadas nos portos de embarque em França.

Em Maio, a doença atingiu a Grécia, Espanha e Portugal. Em Junho, a Dinamarca e a Noruega. Em Agosto, os Países Baixos e a Suécia. Todos os exércitos estacionados na Europa foram severamente afectados pela doença, calculando-se que cerca de 80% das mortes da armada dos EUA se deveram à gripe.A pandemia desenvolveu-se em três ondas epidémicas:

A primeira, mais benigna, termina em Agosto de 1918;

A segunda inicia-se no outono e termina entre os meses de Dezembro e Janeiro, tendo sido de extraordinária gravidade, afetando uma grande parte da população e com uma taxa de letalidade de 6 a 8%;

A terceira e derradeira, começa em Fevereiro de 1919 e termina em Maio do mesmo ano.

A pandemia, caracterizou-se mundialmente pela elevada morbilidade e mortalidade, especialmente nos sectores jovens da população e pela freqüência das complicações associadas. Calcula-se que afetou 50% da população mundial, tendo matado 20 a 40 milhões de pessoas, pelo que foi qualificada como o mais grave conflito epidémico de todos os tempos. A falta de estatísticas confiáveis, principalmente no Oriente (como China e Índia) pode ocultar um número ainda maior de vítimas.
É provável que o vírus responsável pela pandemia esteja relacionado com o vírus da gripe suína, isolado por Richard E. Shope em 1920.
Em Portugal, verificou-se uma elevadíssima taxa de mortalidade, com duas ondas epidémicas e uma ocorrência muito marcada entre os 20 e os 40 anos, que terá causado cerca de 120 000 mortos[2]

VÍRUS DA GRIPE ESPANHOLA RECONSTITUIDO 
No Brasil foram registradas em torno de 300 mil mortes relacionadas à epidemia. A doença foi tão severa que vitimou até o Presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919.

Atualmente, há o surgimento de casos humanos de influenza aviária (H5N1), com 307 casos e 186 óbitos, principalmente no continente asiático, além de epizootias em aves domésticas e silvestres em vários países do mundo.

Os casos humanos registrados decorrem de contato próximo com aves doentes e a transmissão entre humanos é nula ou muito esporádica.

Os países desenvolveram planos de contingência para uma nova pandemia de influenza, sob a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), no intuito de minimizar o impacto da disseminação global de um novo subtipo viral.

O estado da Filadélfia nos EEUU teve a taxa de mortalidade a mais elevada no país, com 250 mortes por 100.000 pessoas. Ocorreram 20 a 40 mortes por cada 100.000 pessoas nas cidades que tomaram providencias mais rigorosas.
Os peritos concordam que uma outra pandemia da gripe é inevitável em alguma epoca.

Acontecem, em média, três vezes em um século.
Virus Influenza
A ameaça atual e a mais grande é o vírus da gripe das aves H5N1, que matou 154 pessoas desde 2003. Os especialistas temem que poderia evoluir em uma onda que se espalhe e facilmente provoque uma pandemia.

Entre 40 milhoes e 100 milhoes de pessoas morreram na pandemia 1918 -- mais do que o número de mortos na Primeira Guerra Mundial. E existem semelhanças inquietantes ao vírus H1N1 de 1918, e o que os cientistas dizem.


Pandemia de gripe de 1918
Por: Juliana Rocha



Abrigados em trincheiras, os soldados enfrentavam, além de um inimigo sem rosto, chuvas, lama, piolhos e ratos. Eram vitimados por doenças como a tifo e a febre quintana, quando não caíam mortos por tiros e gases venenosos.
Parece bem ruim, não é mesmo? Era. Mas a situação naquela Europa transformada em campo de batalha da Primeira Grande Guerra Mundial pioraria ainda mais em 1918. Tropas inteiras griparam-se, mas as dores de cabeça, a febre e a falta de ar eram muito graves e, em poucos dias, o doente morria incapaz de respirar e com o pulmões cheios de líquido.

Em carta descoberta e publicada no British Medical Jornal quase 60 anos depois da pandemia de 1918-1919, um médico norte-americano diz que a doença começa como o tipo comum de gripe, mas os doentes “desenvolvem rapidamente o tipo mais viscoso de pneumonia jamais visto.

Duas horas após darem entrada [no hospital], têm manchas castanho-avermelhadas nas maçãs do rosto e algumas horas mais tarde pode-se começar a ver a cianose estendendo-se por toda a face a partir das orelhas, até que se torna difícil distinguir o homem negro do branco. A morte chega em poucas horas e acontece simplesmente como uma falta de ar, até que morrem sufocados. É horrível. Pode-se ficar olhando um, dois ou 20 homens morrerem, mas ver esses pobres-diabos sendo abatidos como moscas deixa qualquer um exasperado”.


A PANDEMIA CHEGA AO BRASIL

No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918: marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África, desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que era então a capital do país.
As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, com tropas em trânsito por conta da guerra, essa aposta se revelou rapidamente um engano.
Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. Diante do desconhecimento de medidas terapêuticas para evitar o contágio ou curar os doentes, as autoridades aconselhavam apenas que se evitasse as aglomerações.

Nos jornais multiplicavam-se receitas: cartas enviadas por leitores recomendavam pitadas de tabaco e queima de alfazema ou incenso para evitar o contágio e desinfetar o ar. Com o avanço da pandemia, sal de quinino, remédio usado no tratamento da malária e muito popular na época, passou a ser distribuído à população, mesmo sem qualquer comprovação científica de sua eficiência contra o vírus da gripe.

Imagine a avenida Rio Branco ou a avenida Paulista sem congestionamentos ou pessoas caminhando pelas calçadas. Pense nos jogos de futebol. Mas, ao invés de estádios cheios, imagine os jogadores exibindo suas habilidades em campo para arquibancadas vazias. Pois, durante a pandemia de 1918, as cidades ficaram exatamente assim: bancos, repartições públicas, teatros, bares e tantos outros estabelecimentos fecharam as portas ou por falta de funcionários ou por falta de clientes.


Pedro Nava, historiador que presenciou os acontecimentos no Rio de Janeiro em 1918, escreve que “aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas. Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrível não era o número de casualidades - mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos. O espantoso já não era a quantidade de doentes, mas o fato de estarem quase todos doentes, a impossibilidade de ajudar, tratar, transportar comida, vender gêneros, aviar receitas, exercer, em suma, os misteres indispensáveis à vida coletiva”.

Durante a pandemia de 1918, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, reestruturando sua organização administrativa e de pesquisa. A convite do então presidente da república, Venceslau Brás, Chagas liderou ainda a campanha para combater a gripe espanhola, implementando cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento à população em diferentes pontos do Rio de Janeiro.


Estima-se que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram.

A EVOLUCAO DE UM VIRUS MORTAL

Ainda hoje restam dúvidas sobre onde surgiu e o que fez da gripe de 1918 uma doença tão terrível. Estudos realizados entre as décadas de 1970 e 1990 sugerem que uma nova cepa de vírus influenza surgiu em 1916 e que, por meio de mutações graduais e sucessivas, assumiu sua forma mortal em 1918.


Essa hipótese é corroborada por outro mistério da ciência: um surto de encefalite letárgica, espécie de doença do sono que foi inicialmente associada à gripe, surgido em 1916.


As estimativas do número de mortos em todo o mundo durante a pandemia de gripe em 1918-1919 variam entre 20 e 40 milhões. Para você ter uma ideia nem os combates da primeira ou da segunda Grande Guerra Mundial mataram tanto. Cerca de 9 milhões e 200 mil pessoas morreram nos campos de batalha da Primeira Grande Guerra (1914-1918). A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) responde pela morte de 15 milhões de combatentes.

A gripe espanhola – como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em duas ondas diferentes durante 1918. Na primeira, em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda não causando mais que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal.

Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul.



Peste a bordo - Por isso, poucos deram atenção às pequenas notícias vindas da Europa sobre uma doença que já vitimara muitas pessoas. A epidemia se alastrou rapidamente pelos países em guerra, derrubando soldados de várias nacionalidades. A Missão Médica já estava em Dacar (Senegal) desde 5 de setembro, juntamente com outros navios do Brasil da divisão de guerra. Mais de 50 brasileiros, médicos inclusos, teriam morrido por causa da influenza. A reação foi de pavor quando o Demerara ancorou no Rio de Janeiro em 14 de setembro, depois de passar por Recife e Salvador trazendo mortos a bordo. A imprensa informava que outro navio, o Highland Glen, trazia jovens cujos pais morreram da doença em Portugal e que tinham como destino a cidade de São Paulo.


No dia 21 de outubro, São Paulo estremeceu: a espanhola fazia a primeira morte, um homem. Segundo Liane Bertucci, "a capital já havia começado efetivamente a parar". Fosse um filme, seria de tirar o fôlego. Repentinamente, as pessoas começam a tossir, suando febris, rostos azulando com a dificuldade respiratória. Os doentes que não são isolados correm desesperadamente para postos de socorro improvisados em escolas, clubes, igrejas, ou para as farmácias atrás de fórmulas que os tornem resistentes à peste - na forma pneumônica, é a morte. Autoridades distorcem e escamoteiam informações sobre a proporção da epidemia. Os médicos, atônitos com a letalidade da doença e a rapidez na propagação, desconhecem e divergem quanto a formas de tratamento.

A medicina popular ganha adeptos apaixonados, que discorrem sobre as propriedades do alho, cebola, canela, folhas de eucalipto e, sobretudo, do limão. O quinino vira produto cobiçado. Os jornais se enchem de anúncios de remédios que antes serviam apenas contra constipação e dor de dente, mas que pretendem revelar poder também contra a gripe espanhola. Um fabricante de cigarros anuncia: "Nada de pânico, fume Sudam!". Charlatões vendem suas alquimias, amuletos e feitiços.


O isolamento - Liane Bertucci escreve que "o tempo da epidemia é o da solidão, da suspeição generalizada, com o esgarçamento das relações humanas". Quem permanece imune tranca-se em casa, não recebe amigos nem parentes. Fecham-se bares, cinemas, teatros. Os guardas são aconselhados a evitar apertos de mãos, limitando-se à continência. Abraços e beijos são considerados quase que atos de traição. "As tragédias que aconteciam no delírio da febre se repetiam com freqüência", acrescenta a autora. Gente gripada tentava o suicídio ou matava o mais próximo. Doentes saltavam das janelas de suas casas ou dos hospitais.

Em poucos dias, 11.762 covas foram abertas e 8.040 utilizadas (não apenas de gripados). Os cemitérios do Araçá, Brás, Consolação e Penha ganharam iluminação noturna e o número de coveiros foi quadruplicado para dar conta da demanda. O próprio humor era mais negro, como na charge em que cocheiros disputam violentamente o cliente que quer transportar o caixão. O preconceito contra os pobres também aflorava: o bairro do Brás, por ser o mais populoso e habitado por operários, foi tido pelas autoridades e jornais como o mais sujeito à propagação do mal. "Agora, mais do que nunca, eles eram as classes perigosas", ironiza a historiadora.


O carnaval - A epidemia começou a declinar em fins de novembro. Enquanto os médicos prosseguiam nos debates sobre a causa e possíveis tratamentos da influenza, o número de hospitais provisórios foi diminuindo e os postos de socorro encerravam suas atividades. Suspendia-se a distribuição de alimentos e medicamentos. No dia 20 de dezembro, o jornal A Gazeta saudou em primeira página o fim da epidemia. Em janeiro pessoas ainda adoeceram na capital e, no interior, algumas morreram, mas quando fevereiro chegou a espanhola parecia ter ido embora definitivamente.

"O carnaval de 1919 foi extremamente alegre, explosivo. Além do fim da gripe espanhola, o país festejava o fim da Primeira Guerra com o armistício em novembro de 1918", lembra Liane Bertucci. Em plena quaresma, tosses e espirros voltaram a ser ouvidos em São Paulo. Foram detectados casos da moléstia aqui e em outros estados brasileiros, e todo o aparato para socorrer doentes começou a ser novamente armado. Entretanto, no Hospital de Isolamento, reaberto em 22 de março, apenas 11 leitos foram ocupados, como a historiadora registra em capítulo que intitulou de "ecos da gripe". A tragédia não se repetiu.

TAXA DE MORTALIDADE DA GRIPE ESPANHOLA POR IDADE.

PARIS, França (AFP) - A gripe suína, que causou 20 casos de mortes confirmadas no México e dez casos de infeção confirmadas nos Estados Unidos, vem sendo motivo de muitas interrogações entre a população ante o alerta das autoridades sanitárias.

P. O que é a gripe suína?
R. Trata-se de uma doença respiratória que começa em criadores de porcos, um vírus gripal do tipo A que pode se propagar rapidamente.

P. É transmissível ao ser humano?
R. Sim, começando, em geral, por pessoas que estejam em contacto com esses animais.

P. Pode-se contrair a doença comendo carne de porco?
R. Não, como recordou neste sábado em Paris o Ministério da Agricultura. "A gripe de origem suína no México não se transmite pela carne, mas por via aérea, de pessoa para pessoa".
A temperatura de cozimento (71º Celsius) destrói os vírus e as bactérias, precisam os Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos (CDC).


P. Trata-se de um novo tipo de gripe suína?
R. Assim como no ser humano, os vírus da gripe sofrem mutação contínua no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza suínos, humanos e aviários.
Os porcos tornam-se, então, "crisóis" que favorecem o aparecimento de novos vírus gripais, através de combinações genéticas, em caso de contaminações simultâneas.
Esses tipos de vírus híbridos podem provocar o aparecimento de um novo vírus da gripe, tão virulento como o da gripe aviária e tão transmissível como a gripe humana.
Esse tipo de vírus que o sistema imunológico humano desconhece poderia ter as características necessárias para desencadear uma pandemia de gripe.

p. Quais são os países afetados até o momento?
R. Exceto México e Estados Unidos, únicos países em que se registraram casos, as autoridades de Peru, Chile, El Salvador, Honduras, Colômbia, Nicarágua, Brasil e Costa Rica ativaram planos de vigilância sanitária.
No Canadá, a ministra da Saúde, Leona Aglukkaq, pediu à população para manter-se alerta.

P. Existe vacina contra esta doença?
R. Só para os porcos. Não para o ser humano. Segundo as autoridades mexicanas, que citam a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina existente para humanos é para uma cepa anterior ao vírus, com o qual não é tão eficaz. Mas "a produção de vacina pode tornar-se possível na medida em que o vírus tenha sido identificado".
O Tamiflu, o medicamento que contéme oseltamivir, utilizado contra a gripe aviária, é eficaz diz a OMS.
A vacina contra a gripe estacionária humana não protege contra a gripe suína.

P. Por que a OMS está em estado de alerta?
R. "Porque há casos humanos associados a um vírus de gripe animal, mas também pela extensão geográfica dos diferentes focos, assim como pela idade não habitual dos grupos afetados", explicou a OMS em comunicado.