sexta-feira, 12 de setembro de 2025

OBRIGADO ALEXANDRE DE MORAES

Parece pouco, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal, graças à sua dedicação e amor pela democracia, nos livrou a todos nós de vivermos tempos sombrios que só sabem o que foi, aqueles que viveram esses tempos.

Para se ter uma ideia do que foram esses tempos, existia aqui no Rio de Janeiro um grupo de policiais que eram pagos segundo informações da época por comerciantes e empresários. Eram os chamados os 12 homens de ouro.

A Scuderie Le Cocq foi criada para vingar a morte em serviço de Milton Le Cocq d’Oliveira, famoso detetive de polícia do estado do Rio de Janeiro (antigo Distrito Federal), integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas e primo do Brigadeiro Eduardo Gomes.[7] Ele teria sido morto por Manoel Moreira, conhecido como Cara de Cavalo, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, na década de 1960, enquanto fazia a proteção de banqueiros do jogo do bicho para que não se roubassem seus pontos de jogo.[8][9] Segundo relatos da época, entretanto, Cara de Cavalo não reagiu aos disparos realizados por Le Cocq e mais 3 policiais, sendo o disparo que matou o detetive oriundo do próprio carro em que ele se encontrava.[10]

A morte mobilizou diversos policiais que se apresentaram voluntariamente para participar das diligências.[9] Cara de Cavalo foi encontrado e morto poucos dias depois, com mais de 50 tiros.[9] Entre os executores se encontravam Luiz Mariano e Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde se elegeria deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com o bordão "bandido bom é bandido morto",[9] depois complementado por “e enterrado de pé, para não ocupar muito espaço”.[5]

As iniciais "E.M." no brasão da Scuderie Le Cocq significam "Esquadrão Motorizado", divisão da Polícia Especial à qual pertencia o detetive Milton Le Cocq na época em que ele era integrante da policia especial, e não Esquadrão da Morte.[9] O emblema da Scuderie Le Cocq era uma caveira em cima de ossos cruzados.[9] Com a extinção da Polícia Especial, Le Cocq, além de seus colegas Sivuca e Euclides, passaram para a Polícia Civil.[9]

Doze Homens de Ouro

A associação era liderada pelos chamados "Doze Homens de Ouro"[11], que eram doze famosos policiais escolhidos pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para "limpar" a cidade e eliminar criminosos, travestis e moradores de rua.[5] O grupo era integrado pelos seguintes policiais civis: Aníbal Beckman dos Santos, conhecido como "Cartola"

Elinto Pires[11]
Euclides Nascimento Marinho
Hélio Guahyba Nunes
Humberto de Matos
Jaime de Lima
José Guilherme Godinho, conhecido como Sivuca
Lincoln Monteiro
Neils Kaufman, conhecido como "Diabo Loiro"
Nelson Duarte
Vigmar Ribeiro

O mais famoso deles era Mariel Mariscot que muito tempo depois viria a se desentender com a cúpula do Jogo do Bicho, sendo assassinado.


Mariel Moryscötte foi um dos "Homens de Ouro" da polícia fluminense. Galã, poeta e pintor, Mariel, na verdade, era um dos líderes do Esquadrão da Morte, grupo de extermínio composto por policiais civis e militares, e que mantinha relações estreitas com os bandidos, como o próprio Lúcio Flávio. Sua ligação promíscua com os criminosos provocou sua expulsão da polícia. Morreu assassinado no Centro do Rio, em 1981, quando estacionava seu carro para um reunião com a cúpula do jogo do bicho.

A Rua Alcântara Machado é um corredor estreito, quase uma travessa, espremido entre sobrados antigos, que liga as ruas Acre e Mayrink Veiga, no Centro do Rio. É lá que fica o prédio de três andares e fachada de mármore conhecido, no passado, como a "fortaleza" do contraventor Raul Capitão. No dia 8 de outubro de 1981, depois entrar naquela via ao volante de seu Passat LS, o ex-policial Mariel Mariscot dirigia devagar quase parando. Estava chegando para uma reunião com chefões do jogo do bicho. Antes de estacionar, porém, foi interceptado por dois homens diante de seu carro. Mariscot portava duas pistolas: uma calibre 45 e uma 6.35. Mas não teve tempo de usá-las. Um dos homens apontou para ele uma submetralhadora automática Ingram M11 e fez vários disparos.
 


Eram 17h30m daquela quinta-feira, há exatos 40 anos. O fotógrafo Chiquito Chaves tomava uma cerveja em um bar próximo quando ouviu o barulho de tiros e correu até a redação do jornal "Repórter", onde trabalhava, para pegar sua câmera. Pensou que se tratava de um assalto, mas, ao chegar lá..."O carro estava com os vidros estilhaçados e, lá dentro, Mariel estrebuchava, com a cabeça pendendo de um lado para outro. Um soldado da PM entrou no carro, que tinha o toca-fitas funcionando, empurrou Mariel para o banco do lado e arrancou em direção ao Hospital Souza Aguiar. Quando o carro ia saindo, Mariel enrijeceu. Acho que morreu ali", contou Chiquito, de acordo com a edição do GLOBO no dia seguinte.

Mariel Mariscot: O Passat LS com o para-brisa estilhaçado pelos tiros do assassino | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO

A execução foi assunto dominante na primeira página do jornal. Mariscot era uma espécie de celebridade do crime. Integrante da linha dura da Polícia Civil, foi expoente do famigerado grupo de extermínio Scuderie Detetive Le Cocq, fundado em 1965. Em 1969, o governo de Negrão de Lima o escolheu como um dos "homens de ouro", divisão de "elite" formada por 12 policiais com fama de atiradores que deveriam eliminar a "bandidagem" do Estado da Guanabara (semelhanças com a ordem para "atirar na cabecinha", do ex-juiz que virou governador, não são mera coincidência). Boêmio e com jeito de galã de western italiano, Mariel era visto frequentemente com mulheres famosas. Mas achou que estivesse acima da lei. Em 1971, foi expulso da polícia após ser preso por crimes como falsificação de cheques, exploração de prostitutas, corrupção e assassinato.


- Mariscot amealhou fama graças ao velho clamor da sociedade por enfrentamento a bandidos. Os "homens de ouro" foram mais uma tentativa fajuta do governo para dar um basta no crime. O grupo atuava na lógica do extermínio, que vê o pobre de comunidade como vilão. Só serviu para aumentar a violência, matando inocentes - explica o repórter do GLOBO Chico Otávio, coautor de "Porões da contravenção" (Record), junto com Aloy Jupiara, sobre o elo de agentes da lei com bicheiros na ditadura. - Mariscot foi arregimentado pela corrupção e entrou para o crime. Sua história é como a de outros militares e policiais que viraram bandidos, como o Capitão Guimarães, o Paulo Malhães, o Ronnie Lessa e o Adriano da Nóbrega.


Mariel Mariscot escoltado por guardas durante um julgamento em 1978 | Foto de Luiz Pinto/Agência O GLOBO

Alto, forte e de pavio curto, Mariel Araújo Mariscot de Mattos saiu da Escola de Paraquedistas aos 18 anos com a ideia fixa de se tornar policial. Niteroiense de família humilde, trabalhou primeiramente como guarda-vidas em Copacabana. Pouco depois, entrou via concurso na Polícia Civil e se aproximou de agentes da linha dura, como Hélio Vigio e Nelson Duarte, que viriam a dar apoio para a repressão na ditadura. Mariscot gostava de contar que, no golpe militar de 1964, estava no Palácio Guanabara apoiando a "revolução". Sua fama de matador crescia impulsionada pela própria vontade de se divulgar como tal. Entrou para o grupo de extermínio Scuderie Le Cocq, fundado após a morte do detetive Milton Le Cocq, baleado pelo bandido Cara de Cavalo. Em 1969, veio o convite para ser um dos "homens de ouro".


Inicialmente criado para combater os "bandidos da bandeira 2", que assaltavam e matavam taxistas, os "homens de ouro" chegaram a prender banqueiros poderosos do jogo do bicho, como Tio Patinhas e Castor de Andrade. Mas se notabilizaram pela matança de centenas de suspeitos e desafetos. O extrato da população que muito os aplaudia é antepassado deste que, hoje, idolatra Capitão Nascimento e compartilha posts em redes sociais com a expressão "CPF cancelado". Em menos de dois anos de atuação, porém, os "homens de ouro" viram sua reputação escoar pelo ralo devido ao elo deles com o mundo do crime. Mariscot foi o primeiro a entrar nessa espiral.


Mariel Mariscot com Dom Eugênio Salles após missa em presídio, em 1977 | Foto de Otávio Magalhães/Agência O GLOBO

O policial chamava atenção demais. Morador de Copacabana, frequentava as boates locais armado com uma pistola. De tanto bancar o xerife do bairro, recebeu o apellido de "Ringo de Copacabana" (não o Ringo Starr, dos Beatles, mas o personagem de filmes de faroeste dos anos 60). Quando aparecia em colunas sociais, estava sempre ao lado de artistas e socialites. Além de ter sido casado com a atriz Elza de Castro, que atuou em filmes como "No paraíso das solteironas" (1969) e "Soninha toda pura" (1971), ele namorou a modelo Rose di Primo e a também atriz Darlene Glória, com quem teve um filho. O próprio Mariel foi retratado em alguns longas da época, como "Eu matei Lúcio Flávio" (1977), de Jece Valadão.


A imagem de herói virou do avesso em 1971. Ele foi preso acusado de se envolver com uma quadrilha que aplicava golpes em turistas, falsificando cheques de viagem. Também era suspeito de receber propina do ladrão de automóveis Lúcio Flávio, além de ter elo com tráfico de drogas e extorsão de prostitutas. Segundo investigações, Mariscot era membro do "Esquadrão da morte" e tinha pelo menos sete assassinatos nas costas. A resposta dele ao GLOBO, na época, mostra a noção distorcida que tinha do próprio trabalho: "Matei, sim. Mas nunca fugi do local nem me omiti. Não matei desafetos policiais e, sim, inlmigos da sociedade. Acho que agi corretamente, porque essa sociedade me deu um revólver e uma carteirinha para que eu a defendesse".

Mariscot foi condenado a mais de 20 anos de cadeia. Só que, dias depois de chegar à prisão de Benfica, ele fugiu e ficou "sumido" durante 16 meses. Esteve com namoradas, encontrou-se com a mãe, jantou no restaurante Fiorentina, no Leme, e até visitou a seleção brasileira no Retiro dos Jesuítas, na Gávea, sem ser incomodado pelos agentes federais que faziam a segurança do elenco. Foi recapturado após brincar tranquilamente o carnaval de Salvador, em 1973, quando estava perto de dar uma entrevista ao vivo no famoso programa de TV de Flávio Cavalcanti. Transferido para o Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, continuou com vida mansa. Ele morava numa casa para presos-colonos. Passava o dia jogando bola na praia e fazia animadas peixadas para os amigos. "Tenho as costas largas", dizia.

Mesmo assim, Mariscot voltou a fugir e foi recapturado mais uma vez, em 1976, antes de ser beneficiado com a prisão-albergue, em 1979. Ele podia, então, trabalhar ou estudar de dia, mas tinha que dormir no xadrez. O ex-policial passou a atuar como assessor do juiz Francisco Horta, da Vara de Execuções Penais do Rio. Mas ninguém jamais o vira no Instituto Penal Romeiro Neto, onde ele deveria passar a noite, em Niterói.


Policiais chegam no IML carregando o corpo de Mariel Mariscot | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO

Naquela época, Mariscot estava articulando para se tornar banqueiro do jogo do bicho. Queria "subir na vida" seguindo os passos do amigo Capitão Guimarães. Ex-militar que se tornou contraventor em meados dos anos 70, dominando posições do bicho num território de Niterói ao Espírito Santo, Guimarães foi presidente da Liga das Escolas de Samba de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007. Segundo investigações, para ganhar seu próprio espaço, Mariscot havia matado um bicheiro do segundo escalão conhecido como China da Saúde e estava tentando "herdar" suas posições, também em Niterói. Mas a cúpula da contravenção concordou que não era a hora do ex-policial, decisão que o "homem de ouro" não aceitou. Ele continuou pressionando e estava em meio a essas negociações quando foi morto.


Mariscot se encantou com o sucesso do amigo Capitão Guimarães e quis o mesmo para ele. Naquela época, a ligação entre policiais, militares e bicheiros estava consolidada. O assassinato coincidiu com a ascensão do jogo do bicho, que começou a ganhar a forma atual de organização criminosa - explica Chico Otávio. - A participação dos policiais e militares foi fundamental para a contravenção. Eles deram a cobertura e a demonstração de força que os bicheiros precisavam. Vem desse período a instituição de um caixa regular para corrupção. Alguns cálculos estimam que 40% dos lucros do bicho são destinados a propina para policiais em geral.


Caixão com o corpo de Mariel é erguido sobre multidão no cemitério do Caju, em 1981 | Foto de Manoel Soares/Agência O GLOBO

A reação ao assassinato mostrou que Mariscot ainda desfrutava de status. Dezenas de policiais foram ao Hospital Souza Aguiar e invadiram o necrotério duas vezes, apesar de um funcionário que tentou impedi-los. Pegaram o corpo e colocaram numa caravan branca com o adesvio de uma caveira atravessada por uma espada. Saíram em direção ao IML sem a guia de liberação do cadáver do hospital. No dia do enterro, havia centenas de policiais no Cemitério do Caju. Eles anunciaram a criação da Scuderie Mariel Mariscot, exibindo um emblema com a sigla "EM", que muitos identificaram como "Esquadrão da Morte". Em meio a modelos, juízes, bicheiros e jogadores de futebol, os agentes deram uma saraivada de tiros para o alto, antes de o caixão baixar para a sepultura ao som da oração do "Pai Nosso".


O que mais se ouvia de agentes de segurança no enterro eram juras de vingança. Diversos contraventores e até mesmo policiais foram listados como suspeitos. Houve uma queda brutal nas apostas do jogo do bicho, em meio a uma série de operações que, ao longo de alguns dias, prenderam mais de 50 pessoas envolvidas com a contravenção. Bicheiros como Raul Capitão e Jorge Elefante, este último um dos principais rivais de Mariscot, foram detidos. Mas o crime nunca foi solucionado. Até o amigo Capitão Guimarães foi considerado suspeito de ser o mandante. Entretanto, em entrevista ao GLOBO, duas semanas após o assassinato, ele garantiu que não tinha nada a ver com o crime e disse que foi a própria ambição de Mariel que o matou.

"A contravenção nada tem a ver com a morte de Mariel, e a polícia vai provar isso, com a nossa ajuda. Quem o matou foi a ambição dele. Era um megalomaníaco. Eu era amigo, irmão, companheiro das horas difíceis, várias vezes dei guarida a ele... E agora sou acusado de mandar matá-lo. Parece brincadeira".

O Capitão Guimarães no carnaval de 1988, quando era presidente da LiesaO Capitão Guimarães no carnaval de 1988, quando era presidente da Liesa | Foto de Ricardo Belliel/Agência O GLOBO
Esses caras que formavam o famoso "esquadrão da morte", matavam todos os dias, pessoas que retiravam das prisões do Rio de Janeiro, muitos que tinham sido presos por infrações leves. Eles recebiam por cada corpo que deixavam nas encruzilhadas com o cartaz com os dizeres "ESQUADRÃO DA MORTE".

A polícia nessa época prendia facilmente. Eles podiam passar pela frente da sua casa e ver um casal namorando e resolver prender o rapaz. Pediam documentos. Se não tivesse uma carteira de trabalho ativa, poderiam prende-lo, leva-lo para a delegacia. Esse ficava em uma prisão na delegacia e poderia dali ser levado para a morte. A família nunca iria saber o que realmente aconteceu.

Como o esquadrão da morte recebia por corpo, pouco importava se era bandido, pego por engano, morador de rua, mendigo, travesti ou o que quer que fosse, então assim eles recebiam encomendas para eliminar desafetos ou inimigos menos importantes.

O Jogo do Bicho campeava, os chefões do Jogo apareciam ao lado até dos futuros Presidentes da República.

Uma matéria publicada na época retrata como eles matavam. Gostavam de matar por enforcamento utilizando um fio de aço que passavam pelo pescoço e apertavam até a morte. Segundo relato deles a vítima tinha o costume de defecar nas calças nos estertores da morte.

Castor de Andrade considerado a época o Chefão do Jogo do bicho no Rio de Janeiro ao lado de Moreira Franco que foi Governador do Estado do Rio de Janeiro.


Essas histórias a respeito do Jogo do bicho e o poder que atingiram, quando seus chefões passaram a ser personalidades famosas com poder de matar, e sua associação com políticos, policiais e criminosos matadores, é apenas uma pequena face do que a ditadura militar promoveu. Na verdade a corrupção e o crime tomaram forte impulso com a ditadura militar. A instituição do "jeitinho" tornou-se lugar comum seja com o guarda de transito, seja nas repartições públicas.

Muitos morreram e foram torturados, e sobre esses ninguém fala mais. Pessoas foram jogadas dos helicópteros em alto mar, e muitas assassinadas.

Noventa e seis dias. Esse foi o tempo que durou o "calvário" de Inês Etienne Romeu (1942-2015) na "Casa da Morte", em Petrópolis, na região serrana do Rio.


O termo é empregado pela historiadora Isabel Cristina Leite, doutora em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para descrever o período em que a militante política esteve presa no aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) para torturar e matar guerrilheiros com papel de destaque em suas respectivas organizações — no caso dela, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um dos grupos que lutaram contra a ditadura militar.


De oito de maio a 11 de agosto de 1971, Inês sofreu tortura, estupro e humilhação de agentes do governo. Dos ativistas levados para a "Casa da Morte", foi a única que conseguiu sobreviver para contar a história. Pelo menos 22 adversários do regime, segundo estimativas oficiais, não resistiram às torturas ou foram executados. O advogado goiano Paulo de Tarso Celestino da Silva, capturado em 12 de julho de 1971, foi um deles.

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), Inês contou que Paulo de Tarso foi colocado no pau de arara e, durante quase 30 horas ininterruptas, torturado com choques elétricos. "Obrigaram-no a ingerir uma grande quantidade de sal", diz um trecho do depoimento de Inês. "Durante muitas horas, eu o ouvi suplicando por um pouco d'água". Até hoje, o corpo de Paulo de Tarso não foi localizado.

Então, ditadura nunca mais.