Eu tive um infarto no ano de 2007. Como todo bom paciente submeti-me à colocação de um stent que é uma molinha que é colocada dentro da artéria comprometida para abri-la e assim propiciar uma irrigação satisfatória do músculo cardíaco.
Como normalmente acontece o cardiologista que me tratou, prescreveu uma série de remédios, de entre os quais uma estatina (No caso a Sinvastatina), um acido acetilsilicílico para evitar trombos nas artérias, um remédio para deixar o sangue bem fino, fluido, etc... E eu comecei a toma-los. Tinha eu nessa época 56 anos.
Eu fiquei tomando os medicamentos por 6 meses até que um dia eu peguei a bula da Sinvastastina e a li. Após lê-la eu imediatamente suspendi o uso e a ingestão da Sinvastatina, e dai para cá eu não tomei nenhuma estatina Jamais.
Existem inúmeros vídeos no youtube que falam sobre as estatinas. Existem várias hoje. Vou reproduzir aqui apenas um deles que é o vídeo do Dr. Lair Ribeiro, mas posso afiançar, que existem inúmeras pesquisas que aparecem dia após dia demonstrando que as Estatinas são uma verdadeira "furada", e melhor. O que antes se falava do mau colesterol ou seja o LDL, verifica-se hoje que é uma falácia. O LDL é um álcool policíclico que é fundamental para a saúde mental e hormonal bem como para todo o corpo que precisa do LDL para ter células saudáveis. Além do mais 90% do LDL que circula no nosso corpo é produzido pelo próprio corpo. Se o corpo produz o LDL é porque é necessário. É necessário para revestir a chamada bainha de melina que reveste os nervos do cérebro, e é matéria prima para a produção de todos os hormônios que circulam no nosso corpo, além de ser utilizado na composição das membranas celulares. A redução do LDL produz déficit nesses itens da nossa saúde levando a demência, Mal de Alzeimer, Mal de Parkinson, esquecimentos como apagamentos de memória entre outros problemas.
Além do mais as estatinas atuam em um mecanismo do corpo que é o responsável pela produção do LDL, já que a finalidade das estatinas é exatamente essa. Ao atuar nesse mecanismo de produção de LDL do próprio corpo, ela também interfere na produção de outras substancias produzidas pelo corpo, que deixam dessa forma de serem produzidas. Uma dessas substancias que é fundamental para a vida é a Coenzima Q10. Essa substancia produzida pelo corpo, faz parte do ciclo de krebs, que é responsável por fornecer energia para as mitocôndrias que são a usina de força das células.
O ciclo de Krebs é responsável pela produção de ATP que é a moeda de troca da energia das células.
E aqui vai um detalhe. O coração é o órgão que mais consome ATP já que é um musculo que fica trabalhando 24 horas por dia. Na verdade o coração consome 75% de todo o ATP produzido pelo corpo. Portanto inibir a produção de ATP que é derivado da limitação da produção de Coenzima Q10 é enfraquecer o coração.
Portanto aqui vai uma contradição. Eu tomo um medicamento que inibe a produção de coenzima Q10, para diminuir o LDL objetivando não obstruir as artérias e ao mesmo tempo eu enfraqueço o coração. Não faz o menor sentido.
Tanto o Dr. Lair Ribeiro como o Dr. Marco Menelau são médicos respeitados. O Dr. Lair Ribeiro dá cursos de pós graduação para médicos. Tem inúmeros livros e trabalhos publicados em revistas médicas americanas. Foi diretor da Novartis.
Alguns dos efeitos nocivos do consumo de estatinas.
NASH: esteatohepatite não alcoólica Deficiência de vitamina D Pré, per e pós-operatório Demência e cognição Parkinson Enxaqueca Câncer Pé diabético
Comprometimento Renal.
Propensão a diabetes tipo 2.
Problemas musculares decorrentes da redução de coenzima Q10.
Redução de hormônios como a Testosterona, reduzindo a libido.
Comprometimento cardíaco decorrente da redução da coenzima Q10.
Ou seja, estatinas é a morte. Não faça isso, mas como resolver o problema? Vou dar aqui o mapa da mina sem precisar tomar remédios que servem para te matar mais rápido.
Primeira coisa a fazer é cuidar da alimentação.
Não coma doces, refrigerantes, pães, pizzas, leite (Tem Lactose que é uma espécie de açúcar), arroz (Feijão pode ser consumido com moderação de preferencia uma vez por semana), Batata inglesa (Tem elevado índice glicêmico), sucos de frutas, enfim tudo o que tenha açúcar, sódio e carboidratos (incluindo a farinha de trigo).
Faça uma alimentação no estilo mediterrânea, com Peixes (Carne preferencial), frango e pode comer carne vermelha, embora eu não a considere a melhor opção, mas se consumi-la faça duas vezes por semana. Use e abuse de tomates, alho, cebolas, temperos vegetais os mais variados. Use Azeite de oliva de boa qualidade.
Ao cozinhar não use óleos vegetais (Contém gorduras trans). Use Manteiga, Azeite, Óleo de coco (O preferencial). Ao comprar óleo de coco (Recomendo aqueles baldes de 3 litros que se vende no mercado livre) dê preferência aos que tem cheiro e sabor. Os inodoros sofrem tratamento o que não é bom.
Faça exame de sangue para verificar suas deficiências. A maioria dos Brasileiros tem deficiência de vitamina D3, e Vitamina B12. Faça a suplementação.
Consuma ÔMEGA3 regularmente, Magnésio ( Recomendo um Blend que vem com 5 tipos diferentes de magnésio), Beba no mínimo dois litros de água por dia, Suplemente vitamina C. 4000 miligramas diariamente, Faça um mínimo de exercícios diariamente. (Se você tem pouco tempo, recomendo ter uma esteira daquelas que recolhem e faça assim que acordar, no mínimo 12 minutos) (Se não aguentar fazer 12 minutos faça até onde aguentar e vá subindo lentamente). (Eu tomo BETA ALANINA) para aguentar fazer mais passos na esteira.
Acredito que hajam alguns outros suplementos que eu poderia indicar aqui como NAC (N Acetil Cisteína) (Recomendo pesquisar).
Compre o Trio Cardio e tome-o regularmente. (MAGNESIO DIMALATO, COENZIMA Q10, L-CARNITINA) e complemente com D-RIBOSE que é comprado separadamente. Esses componentes naturais já tiraram muitos pacientes da fila do transplante, regenerando seu coração.
Esse kit é como uma vitamina para o coração. Foi inventado pelo Médico Sinatra dos Estados Unidos e já tirou 200 pessoas da fila do transplante. (Sugiro pesquisar, no Youtube).
Agora aqui vem o mais importante:
Faça uma dieta intermitente low carb.
É fácil. Deixe de se alimentar as 16:00 horas. Faça um lanche nesse horário, e depois só volte a se alimentar as 11:00 horas do dia seguinte, pulando o café da manhã.
Quando se dá um grande intervalo sem alimentação, o pâncreas se regenera, porque para de produzir insulina já que não há alimento para processar. Esse descanso é fundamental para o corpo, porque uma faxina é processada. Todas as células mortas do corpo, radicais livres, ateroscleromas dos vasos sanguíneos são capturados para serem processados e transformados em energia. O corpo não encontrando os carboidratos abundantes que se transformam em açucar ou glicose, aprende a queimar gordura, tendo como consequência, perda de peso, melhoria da saúde, desobstrução de artérias.
O JEJUM INTERMITENTE É A MAIS IMPORTANTE ARMA PARA RECUPERAR SEU CORAÇÃO, JUNTO COM UMA DIETA LOW CARB. (Baixo Carboidrato), mantendo a nutrição e a hidratação do corpo.
Tome diariamente. LEVEDO DE CERVEJA (Duas colheres de sopa), FENO GREGO, MACA PERUANA, CURCUMA COM PIPPERINA E GENGIBRE e MORINGA OLEIFERA. Misture tudo isso com agua e limão e faça um SHOT. Essa mistura dá uma pasta, uma sopa. Tome-a. Isso será um anti-inflamatório, e suprirá todas as vitaminas do complexo B (Pelo Levedo de cerveja). Só a vitamina B12 é que deve ser suplementada separadamente.
Tome Long Jack. O Long Jack serve para melhorar a libido mas contem componentes para prevenir ou melhorar a hiperplasia prostática que acomete homens com mais de 50 anos.
Recomendo também tomar TADALAFILA porque a TADALAFILA estimula a produção de óxido nítrico que mantém a elasticidade dos vasos sanguíneos e é por esse motivo que estimula a libido promovendo ereções fáceis. A dosagem é a mínima de 5 mg/dia, mas se for ter um encontro erótico pode-se tomar até 20 mg.
Por fim UFFA!! Tome diariamente algumas sementes que seriam Castanha do Pará (pode ser apenas duas, Amendoas, Pistache, Castanha de caju, Avelãs e principalmente e preferencialmente SEMENTES DE ABÓBORA).
Acho que está bom por agora.
Ha!! já ia esquecendo. TOME EMBAUBA. Veja o vídeo abaixo.
No momento em que escrevo essa matéria são contabilizados mais de 124 mortos, o que transforma essa chacina, a que ocorreu no Rio de Janeiro no dia 29 de outubro de 2025, no maior massacre jamais visto no território Brasileiro, em todos os tempos, superior ao mais letal de todos que foi o massacre do Carandiru, que contabilizou aproximadamente 115 mortos.
É obvio e evidente que muitos desses corpos foram executados depois de rendidos, particularmente os que foram pegos na mata. Um drone da polícia detectou os bandidos entrando na mata e transmitiu essas imagens. Lá na mata já estavam esperando vários policiais que os pegaram de surpresa.
As câmeras que obrigatoriamente deveriam fazer parte da indumentaria policial, estavam convenientemente com a bateria descarregada. Todas as 2500 câmeras de cada policial.
A população do Rio que deu ao Condenado, futuro presidiário e ex presidente da República 70 % dos seus votos, aplaudiu em sua maioria. Os lúcidos estão em desvantagem. Hipocrisia pois a renda do Narco Trafico vem dos seus bolsos. São eles que sobem o morro para comprar drogas. São eles que alimentam com seu vício a compra de armas e drogas, e depois reclamam da violência. Detestam pobres, empregadas domésticas que classificam como escravas e detestam ter que lhes dar direitos que julgam ser uma regalia que só a eles pertence.
E porque foram executados? Porque existiram policiais mortos. Quando se mata policiais, os outros não perdoam. Se cair na mão deles é execução sumária. Essa é uma lei no meio da polícia. E sabendo disso porque se atira na polícia para matar?
Tenho absoluta certeza que muitas daquelas mães que choravam por seus filhos mortos eram evangélicas, pois as igrejas prosperam em ambientes de pobreza, e elas deram seu voto ao condenado e ao atual governador que deu a ordem de executar seus filhos, porque aquele antes candidato que herdou o prestigio de Wilson Witzel de quem era vice governador, que por sua vez se elegeu diante da sua absoluta inexpressividade na onda anti petista de 1918, gostava de cantar nas igrejas, para parecer que era evangélico.
A essas e a esses faço lembrar as palavras de Jesus. "Sede mansos como as ovelhas mas espertos como as serpentes".
Até quando seremos otários? Até quando permitiremos que as raposas tomem conta do galinheiro? Até quando iremos crucificar os nossos defensores e cair na ladainha dos nosso opressores?
Essa gente a muito tempo mostra o que são. Não me enganaram nunca a começar pelo elogio a um torturador emérito que obrigava os filhos assistirem os pais serem torturados. MONSTROS despojados de toda empatia. PSICOPATAS, ASSASSINOS em série, que zombam de todos nós.
Toda ação produz um resultado. Se for para o bem produz um bem. Se for para o mal produz um mal,e agora está a produzir um mal. Pensam que isso resolveu alguma coisa? Não. Aumentou o ódio. Amanhã não se queixem se forem pegos em desvantagem e sofrerem na carne o ódio que produziram. Não se queixem depois.
Se há um contingente de 2500 policiais marchando contra um grupo de pessoas, com caveirões, com armas pesadas, helicópteros e todo o aparato da mídia, é burrice total atirar na polícia, ainda mais matar policiais. Ou se corre tentando fugir ou se entrega. Não tem outra solução.
Mas o chefe do tráfico não foi pego. Óbvio é que ele tinha um plano de fuga, e provavelmente tinha um túnel que ia sair em algum lugar mais seguro, ou então existe um bunker oculto e nesse momento ele e alguns comparsas estão lá esperando a poeira baixar. Pode até ser que esse túnel tenha seu acesso a partir do QG da quadrilha que foi invadido.
Essas são constatações óbvias que escapam a análise fria da mídia.
Entretanto o objetivo dessa matéria é propor uma solução para o tráfico de drogas.
Como exemplo eu vou retornar ao período da década de 1930, na cidade de Chicago. Nessa época foi proposto uma lei que era a lei seca, em que as bebidas alcoólicas foram proibidas. Como consequência, os bares que vendiam bebidas tornaram-se clandestinos e escondidos. Foi uma lei que jamais foi respeitada. Todos sabiam onde eram os bares e lá dentro as bebidas eram comercializadas livremente.
A consequência prática dessa lei foi de que as quadrilhas que exploravam o comércio e a produção clandestina de bebidas floresceram na ilegalidade e junto com elas as quadrilhas, o suborno e a violência. Foi nessa época que um notório Bandido se tornou muito famoso que era All Capone, e junto com ele muitos outros "tenentes". Pessoas eram metralhadas na rua nos restaurantes, pegos de surpresa, na guerra pelo controle dos territórios onde pudessem comercializar suas bebidas. Os comerciantes eram obrigados a vender as bebidas do Chefão que comandava o tráfico de bebidas local.
Tudo isso deixou de existir depois que a lei seca foi revogada.
Isso nos leva a uma constatação. A proibição não resolve o consumo de nenhuma substancia. A droga embora proibida é consumida mesmo proibida, e o que temos em troca é as quadrilhas armadas. O Aborto por exemplo é proibido, mas todo mundo sabe onde existe uma clínica clandestina que faz aborto por um precinho módico.
A minha sugestão é criar uma espécie de hospital, uma clínica, onde alguém que seja viciado possa ter acesso e possa tomar a sua droga em uma ambiente assistido, onde se passar mal receba atendimento, onde possa receber suporte psicológico e acompanhamento, orientação, entre outros cuidados. A droga ali seria fornecida gratuitamente, e isso permitiria os seguintes benefícios:
1 - Se eu posso obter a droga gratuitamente, para quê eu vou pagar a um traficante? Isso iria desvalorizar a droga e desestimular o poderio das quadrilhas, tirando-lhes a capacidade de comprar armamentos, subornar autoridades etc...
2 - Acompanhado dessa liberação, entendo como imprescindível uma campanha fortíssima de educação antidroga, expondo principalmente aos mais jovens nas escolas todo o estrago que a droga pode trazer no sentido de prejudicar a saúde e as suas vidas. Acreditamos que muitos jovens entram no mundo das drogas por não saberem onde estão se intrometendo.
3 - É preciso dar oportunidade aos jovens que moram nas favelas e comunidades pobres, para que não precisem ser seduzidos pelas quadrilhas, já que o apelo é forte. Criar escolas técnicas, onde possam receber ensino profissionalizante. Muitos jovens não gostariam de seguir no mundo da marginalidade, mas são seduzidos pelas facilidades que o tráfico de drogas oferece. O Ex governador Brizola instituiu o ensino em tempo integral levando crianças que ficavam soltas nas favelas do Rio, e isso diminuiu os números da violência.
Há entre os jovens das comunidades carentes, muitos que não desejariam ser bandidos. Preferiam ser cidadãos incluídos, mas na ausência de alternativas são seduzidos pelas facilidades que o tráfico de drogas oferece, imaginando que depois poderão deixa-lo, e ao enredar-se nesse imbróglio não conseguem mais deixa-lo principalmente por causa da dependência econômica entre outros comprometimentos.
Parece pouco, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal, graças à sua dedicação e amor pela democracia, nos livrou a todos nós de vivermos tempos sombrios que só sabem o que foi, aqueles que viveram esses tempos.
Para se ter uma ideia do que foram esses tempos, existia aqui no Rio de Janeiro um grupo de policiais que eram pagos segundo informações da época por comerciantes e empresários. Eram os chamados os 12 homens de ouro.
Scuderie Le Cocq: A origem do grupo de extermínio do qual Ronnie Lessa fez parte
Acusado de assassinar Marielle Franco integrou organização criada, há 60 anos, por policiais que queriam se vingar de bandido após morte de detetive; entenda.
A Scuderie Le Cocq foi criada para vingar a morte em serviço de Milton Le Cocq d’Oliveira, famoso detetive de polícia do estado do Rio de Janeiro (antigo Distrito Federal), integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas e primo do Brigadeiro Eduardo Gomes.[7] Ele teria sido morto por Manoel Moreira, conhecido como Cara de Cavalo, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, na década de 1960, enquanto fazia a proteção de banqueiros do jogo do bicho para que não se roubassem seus pontos de jogo.[8][9] Segundo relatos da época, entretanto, Cara de Cavalo não reagiu aos disparos realizados por Le Cocq e mais 3 policiais, sendo o disparo que matou o detetive oriundo do próprio carro em que ele se encontrava.[10]
A morte do bandido Cara de Cavalo nos anos 60. Executado por policiais que depois vieram a fundar o grupo Scuderie Detetive Le Cocq.
A morte mobilizou diversos policiais que se apresentaram voluntariamente para participar das diligências.[9] Cara de Cavalo foi encontrado e morto poucos dias depois, com mais de 50 tiros.[9] Entre os executores se encontravam Luiz Mariano e Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde se elegeria deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com o bordão "bandido bom é bandido morto",[9] depois complementado por “e enterrado de pé, para não ocupar muito espaço”.[5]
Pedro Januário e Clotilde Alves da Costa moravam num casebre no Saco de Fora, onde hoje fica a Armação de Búzios, no Estado do Rio. A violência típica da cidade grande era algo distante para eles até que, na madrugada de 3 de outubro de 1964, um grupo de homens armados invadiu a residência e executou, com mais de 60 tiros, um hóspede desconhecido e recém-chegado que a filha deles tinha trazido junto com uma amiga. Pedro e Clotilde não sabiam ainda, mas o cidadão que abrigaram era o bandido Manoel Moreira, conhecido em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, como Cara de Cavalo.
Busto do detetive Milton Le Cocq, cuja morte motivou a criação de grupo de extermínio — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO
Semanas antes, Cara de Cavalo se tornara o criminoso mais procurado da Guanabara, acusado de matar o detetive Milton Le Cocq. Jurado de morte, o bandido fugiu enquanto pôde, mas foi executado por policiais que, naquele momento, estavam fundando a Scuderie Detetive Le Cocq. Primeiro grupo de extermínio do Brasil, responsável por centenas de mortes, a organização se manteve ativa até os anos 2000.
Cara de Cavalo vivia de extorquir apontadores do jogo do bicho. Armado com uma Colt 45, o homem de então 23 anos percorria ruas de Vila Isabel e da Tijuca de táxi para coletar o dinheiro de bicheiros, que, cansados de "perder" para o bandido, pediram ajuda de Le Cocq. Era o início da promiscuidade existente até hoje, entre agentes de segurança pública e chefes da contravenção. Nesta terça-feira, por exemplo, o Ministério Público do Rio liderou uma operação para prender 17 PMs suspeitos de fazer segurança armada para o bicheiro Rogério Andrade, patrono da escola de samba Mocidade.
Com os policiais Hermenegildo dos Santos, Aníbal Beckman e o delegado Hélio Vigio, Le Cocq armou a tocaia para "prender" Cara de Cavalo em Vila Isabel. Na noite de 27 de agosto de 1964, o grupo localizou a mulher que recolhia dinheiro de bicheiros, a mando do ladrão. Ela pegou o pagamento de um apontador na Favela do Esqueleto e, sem saber que era seguida, andou até o Largo do Maracanã, onde o bandido a esperava em um táxi. Ao perceber os policiais, Cara de Cavalo tentou fugir de carro, mas os agentes o alcançaram na Rua Teodoro da Silva. Houve tiroteio, e Le Cocq foi morto.
Segundo os policiais, os tiros que atingiram o detetive de 44 anos partiram do criminoso, mas versões posteriores afirmam que ele foi acidentalmente alvejado por um disparo de dentro do seu carro. O fato é que a morte de Le Cocq revoltou os colegas. Ex-segurança de Getúlio Vargas e considerado ótimo solucionador de casos, o agente era idolatrado por seus pares. “Não foram poucos os que, junto ao cadáver, juraram matar o assassino”, informou O GLOBO na reportagem sobre a morte do detetive.
O Brasil vivia, então, o início da ditadura militar. Muitos policiais deram apoio ao golpe de 31 de março daquele ano de 1964 e, com o tempo, passaram a atuar como agentes da repressão. Escritor e colunista do GLOBO, Zuenir Ventura chama de “ovo de serpente” a época em que grupos assassinos como a Scuderie Le Cocq se consolidaram. No livro "Cidade partida" (Cia das Letras), de 1994, o autor descreve tensões sociais daquele período até a chacina de Vigário Geral, em 1993, quando 21 pessoas foram executadas por policiais que queriam vingar a morte de quatro PMs na favela.
Cara de Cavalo passou semanas em fuga, com muitos policiais em seu encalço (todos sem nenhuma intenção de prendê-lo). Na noite de 2 de outubro, o bandido chegou ao casebre de Saco de Fora. Hoje, o local faz parte da Armação de Búzios, na Região dos Lagos, mas, na época, integrava o município de Cabo Frio. O criminoso foi levado pela namorada, Nilza Ribeiro, que era amiga de Vanilda Alves, filha de Pedro Januário e Clotilde Alves, os donos da casa. Ao chegar na propriedade e respirar aquele ar de tranquilidade, Cara de Cavalo pode ter pensando que estava seguro. Mas foi só impressão.
À polícia, Nilza disse que o grupo de extermínio invadiu o imóvel às 4h30 de 3 de outubro. Dos cerca de cem disparos, 62 atingiram Cara de Cavalo, a maioria no torso. Os inspetores escalados para o caso, é claro, afirmavam que não tinham informações sobre os assassinos. Mais tarde, porém, soube-se que aquela havia sido a primeira execução da Scuderie Le Cocq. O policial José Guilherme Godinho Ferreira foi um dos autores dos disparos. Em 1990, ele se elegeu deputado estadual pelo PFL com o nome de Delegado Sivuca, repetindo uma frase que virou seu slogan: "Bandido bom é bandido morto".
Cortejo fúnebre no complexo do Alemão para o bandido Cara de Cavalo. Dizia-se que ele utilizava o produto da extorsão para promover ações sociais na comunidade. Por isso seu enterro foi acompanhado por muitas pessoas.
Com o emblema da caveira com ossos cruzados, a Scuderie tinha o jornalista David Nasser como "presidente de honra" e era liderada pelos "doze homens de ouro" da polícia. Entre eles, estavam Sivuca e o detetive Mariel Mariscot, que foi preso nos anos 1970 por ligação com tráfico e corrupção. Ele morreu em 1981, quando tentava se tornar um chefe do jogo do bicho. A organização chegou a ter 7 mil associados, com policiais, juízes, políticos, promotores e comerciantes, além de uma ramificação no Espírito Santo, com direito a CNPJ e ficha de inscrição, dissolvida pela Justiça em 2005.
No Rio, a Scuderie Le Cocq deixou de atuar entre as décadas de 1980 e 1990. Ronnie Lessa tinha 19 anos quando entrou para a organização, sob a matrícula 3.127. Ele integrou a associação depois de prestar o serviço obrigatório no Exército. Em novembro de 1991, o agente ingressou na Polícia Militar. No ano seguinte, passou pelo Batalhão de Choque. De maio de 1993 a janeiro de 1997, atuou no Batalhão de Operações Especiais (Bope), mesmo sem nunca ter feito o curso de operações táticas necessário para o exercício da função, de acordo com sua ficha como policial militar.
As iniciais "E.M." no brasão da Scuderie Le Cocq significam "Esquadrão Motorizado", divisão da Polícia Especial à qual pertencia o detetive Milton Le Cocq na época em que ele era integrante da policia especial, e não Esquadrão da Morte.[9]
ADESIVO DA SCUDERIE DETETIVE LE COCQ EM UM CARRO PARADO NO DIA DA MISSA EM HOMENAGEM AO MORTO. Essa história de que a sigla "EM" significava "esquadrão motorizado" é para enganar quem pergunto. Conta outra história para ver se eu acredito.
O emblema da Scuderie Le Cocq era uma caveira em cima de ossos cruzados.[9] Com a extinção da Polícia Especial, Le Cocq, além de seus colegas Sivuca e Euclides, passaram para a Polícia Civil.[9]
Doze Homens de Ouro
A associação era liderada pelos chamados "Doze Homens de Ouro"[11], que eram doze famosos policiais escolhidos pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para "limpar" a cidade e eliminar criminosos, travestis e moradores de rua.[5] O grupo era integrado pelos seguintes policiais civis: Aníbal Beckman dos Santos, conhecido como "Cartola"
O mais famoso deles era Mariel Mariscot que muito tempo depois viria a se desentender com a cúpula do Jogo do Bicho, sendo assassinado.
Mariel Moryscötte foi um dos "Homens de Ouro" da polícia fluminense. Galã, poeta e pintor, Mariel, na verdade, era um dos líderes do Esquadrão da Morte, grupo de extermínio composto por policiais civis e militares, e que mantinha relações estreitas com os bandidos, como o próprio Lúcio Flávio. Sua ligação promíscua com os criminosos provocou sua expulsão da polícia. Morreu assassinado no Centro do Rio, em 1981, quando estacionava seu carro para um reunião com a cúpula do jogo do bicho.
A Rua Alcântara Machado é um corredor estreito, quase uma travessa, espremido entre sobrados antigos, que liga as ruas Acre e Mayrink Veiga, no Centro do Rio. É lá que fica o prédio de três andares e fachada de mármore conhecido, no passado, como a "fortaleza" do contraventor Raul Capitão. No dia 8 de outubro de 1981, depois entrar naquela via ao volante de seu Passat LS, o ex-policial Mariel Mariscot dirigia devagar quase parando. Estava chegando para uma reunião com chefões do jogo do bicho. Antes de estacionar, porém, foi interceptado por dois homens diante de seu carro. Mariscot portava duas pistolas: uma calibre 45 e uma 6.35. Mas não teve tempo de usá-las. Um dos homens apontou para ele uma submetralhadora automática Ingram M11 e fez vários disparos.
Eram 17h30m daquela quinta-feira, há exatos 40 anos. O fotógrafo Chiquito Chaves tomava uma cerveja em um bar próximo quando ouviu o barulho de tiros e correu até a redação do jornal "Repórter", onde trabalhava, para pegar sua câmera. Pensou que se tratava de um assalto, mas, ao chegar lá..."O carro estava com os vidros estilhaçados e, lá dentro, Mariel estrebuchava, com a cabeça pendendo de um lado para outro. Um soldado da PM entrou no carro, que tinha o toca-fitas funcionando, empurrou Mariel para o banco do lado e arrancou em direção ao Hospital Souza Aguiar. Quando o carro ia saindo, Mariel enrijeceu. Acho que morreu ali", contou Chiquito, de acordo com a edição do GLOBO no dia seguinte.
Mariel Mariscot: O Passat LS com o para-brisa estilhaçado pelos tiros do assassino | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO
A execução foi assunto dominante na primeira página do jornal. Mariscot era uma espécie de celebridade do crime. Integrante da linha dura da Polícia Civil, foi expoente do famigerado grupo de extermínio Scuderie Detetive Le Cocq, fundado em 1965. Em 1969, o governo de Negrão de Lima o escolheu como um dos "homens de ouro", divisão de "elite" formada por 12 policiais com fama de atiradores que deveriam eliminar a "bandidagem" do Estado da Guanabara (semelhanças com a ordem para "atirar na cabecinha", do ex-juiz que virou governador, não são mera coincidência). Boêmio e com jeito de galã de western italiano, Mariel era visto frequentemente com mulheres famosas. Mas achou que estivesse acima da lei. Em 1971, foi expulso da polícia após ser preso por crimes como falsificação de cheques, exploração de prostitutas, corrupção e assassinato.
- Mariscot amealhou fama graças ao velho clamor da sociedade por enfrentamento a bandidos. Os "homens de ouro" foram mais uma tentativa fajuta do governo para dar um basta no crime. O grupo atuava na lógica do extermínio, que vê o pobre de comunidade como vilão. Só serviu para aumentar a violência, matando inocentes - explica o repórter do GLOBO Chico Otávio, coautor de "Porões da contravenção" (Record), junto com Aloy Jupiara, sobre o elo de agentes da lei com bicheiros na ditadura. - Mariscot foi arregimentado pela corrupção e entrou para o crime. Sua história é como a de outros militares e policiais que viraram bandidos, como o Capitão Guimarães, o Paulo Malhães, o Ronnie Lessa e o Adriano da Nóbrega.
Mariel Mariscot escoltado por guardas durante um julgamento em 1978 | Foto de Luiz Pinto/Agência O GLOBO
Alto, forte e de pavio curto, Mariel Araújo Mariscot de Mattos saiu da Escola de Paraquedistas aos 18 anos com a ideia fixa de se tornar policial. Niteroiense de família humilde, trabalhou primeiramente como guarda-vidas em Copacabana. Pouco depois, entrou via concurso na Polícia Civil e se aproximou de agentes da linha dura, como Hélio Vigio e Nelson Duarte, que viriam a dar apoio para a repressão na ditadura. Mariscot gostava de contar que, no golpe militar de 1964, estava no Palácio Guanabara apoiando a "revolução". Sua fama de matador crescia impulsionada pela própria vontade de se divulgar como tal. Entrou para o grupo de extermínio Scuderie Le Cocq, fundado após a morte do detetive Milton Le Cocq, baleado pelo bandido Cara de Cavalo. Em 1969, veio o convite para ser um dos "homens de ouro".
Inicialmente criado para combater os "bandidos da bandeira 2", que assaltavam e matavam taxistas, os "homens de ouro" chegaram a prender banqueiros poderosos do jogo do bicho, como Tio Patinhas e Castor de Andrade. Mas se notabilizaram pela matança de centenas de suspeitos e desafetos. O extrato da população que muito os aplaudia é antepassado deste que, hoje, idolatra Capitão Nascimento e compartilha posts em redes sociais com a expressão "CPF cancelado". Em menos de dois anos de atuação, porém, os "homens de ouro" viram sua reputação escoar pelo ralo devido ao elo deles com o mundo do crime. Mariscot foi o primeiro a entrar nessa espiral.
Mariel Mariscot com Dom Eugênio Salles após missa em presídio, em 1977 | Foto de Otávio Magalhães/Agência O GLOBO
O policial chamava atenção demais. Morador de Copacabana, frequentava as boates locais armado com uma pistola. De tanto bancar o xerife do bairro, recebeu o apellido de "Ringo de Copacabana" (não o Ringo Starr, dos Beatles, mas o personagem de filmes de faroeste dos anos 60). Quando aparecia em colunas sociais, estava sempre ao lado de artistas e socialites. Além de ter sido casado com a atriz Elza de Castro, que atuou em filmes como "No paraíso das solteironas" (1969) e "Soninha toda pura" (1971), ele namorou a modelo Rose di Primo e a também atriz Darlene Glória, com quem teve um filho. O próprio Mariel foi retratado em alguns longas da época, como "Eu matei Lúcio Flávio" (1977), de Jece Valadão.
A imagem de herói virou do avesso em 1971. Ele foi preso acusado de se envolver com uma quadrilha que aplicava golpes em turistas, falsificando cheques de viagem. Também era suspeito de receber propina do ladrão de automóveis Lúcio Flávio, além de ter elo com tráfico de drogas e extorsão de prostitutas. Segundo investigações, Mariscot era membro do "Esquadrão da morte" e tinha pelo menos sete assassinatos nas costas. A resposta dele ao GLOBO, na época, mostra a noção distorcida que tinha do próprio trabalho: "Matei, sim. Mas nunca fugi do local nem me omiti. Não matei desafetos policiais e, sim, inlmigos da sociedade. Acho que agi corretamente, porque essa sociedade me deu um revólver e uma carteirinha para que eu a defendesse".
Mariscot foi condenado a mais de 20 anos de cadeia. Só que, dias depois de chegar à prisão de Benfica, ele fugiu e ficou "sumido" durante 16 meses. Esteve com namoradas, encontrou-se com a mãe, jantou no restaurante Fiorentina, no Leme, e até visitou a seleção brasileira no Retiro dos Jesuítas, na Gávea, sem ser incomodado pelos agentes federais que faziam a segurança do elenco. Foi recapturado após brincar tranquilamente o carnaval de Salvador, em 1973, quando estava perto de dar uma entrevista ao vivo no famoso programa de TV de Flávio Cavalcanti. Transferido para o Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, continuou com vida mansa. Ele morava numa casa para presos-colonos. Passava o dia jogando bola na praia e fazia animadas peixadas para os amigos. "Tenho as costas largas", dizia.
Mesmo assim, Mariscot voltou a fugir e foi recapturado mais uma vez, em 1976, antes de ser beneficiado com a prisão-albergue, em 1979. Ele podia, então, trabalhar ou estudar de dia, mas tinha que dormir no xadrez. O ex-policial passou a atuar como assessor do juiz Francisco Horta, da Vara de Execuções Penais do Rio. Mas ninguém jamais o vira no Instituto Penal Romeiro Neto, onde ele deveria passar a noite, em Niterói.
Policiais chegam no IML carregando o corpo de Mariel Mariscot | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO
Naquela época, Mariscot estava articulando para se tornar banqueiro do jogo do bicho. Queria "subir na vida" seguindo os passos do amigo Capitão Guimarães. Ex-militar que se tornou contraventor em meados dos anos 70, dominando posições do bicho num território de Niterói ao Espírito Santo, Guimarães foi presidente da Liga das Escolas de Samba de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007. Segundo investigações, para ganhar seu próprio espaço, Mariscot havia matado um bicheiro do segundo escalão conhecido como China da Saúde e estava tentando "herdar" suas posições, também em Niterói. Mas a cúpula da contravenção concordou que não era a hora do ex-policial, decisão que o "homem de ouro" não aceitou. Ele continuou pressionando e estava em meio a essas negociações quando foi morto.
Mariscot se encantou com o sucesso do amigo Capitão Guimarães e quis o mesmo para ele. Naquela época, a ligação entre policiais, militares e bicheiros estava consolidada. O assassinato coincidiu com a ascensão do jogo do bicho, que começou a ganhar a forma atual de organização criminosa - explica Chico Otávio. - A participação dos policiais e militares foi fundamental para a contravenção. Eles deram a cobertura e a demonstração de força que os bicheiros precisavam. Vem desse período a instituição de um caixa regular para corrupção. Alguns cálculos estimam que 40% dos lucros do bicho são destinados a propina para policiais em geral.
Caixão com o corpo de Mariel é erguido sobre multidão no cemitério do Caju, em 1981 | Foto de Manoel Soares/Agência O GLOBO
A reação ao assassinato mostrou que Mariscot ainda desfrutava de status. Dezenas de policiais foram ao Hospital Souza Aguiar e invadiram o necrotério duas vezes, apesar de um funcionário que tentou impedi-los. Pegaram o corpo e colocaram numa caravan branca com o adesvio de uma caveira atravessada por uma espada. Saíram em direção ao IML sem a guia de liberação do cadáver do hospital. No dia do enterro, havia centenas de policiais no Cemitério do Caju. Eles anunciaram a criação da Scuderie Mariel Mariscot, exibindo um emblema com a sigla "EM", que muitos identificaram como "Esquadrão da Morte". Em meio a modelos, juízes, bicheiros e jogadores de futebol, os agentes deram uma saraivada de tiros para o alto, antes de o caixão baixar para a sepultura ao som da oração do "Pai Nosso".
O que mais se ouvia de agentes de segurança no enterro eram juras de vingança. Diversos contraventores e até mesmo policiais foram listados como suspeitos. Houve uma queda brutal nas apostas do jogo do bicho, em meio a uma série de operações que, ao longo de alguns dias, prenderam mais de 50 pessoas envolvidas com a contravenção. Bicheiros como Raul Capitão e Jorge Elefante, este último um dos principais rivais de Mariscot, foram detidos. Mas o crime nunca foi solucionado. Até o amigo Capitão Guimarães foi considerado suspeito de ser o mandante. Entretanto, em entrevista ao GLOBO, duas semanas após o assassinato, ele garantiu que não tinha nada a ver com o crime e disse que foi a própria ambição de Mariel que o matou.
"A contravenção nada tem a ver com a morte de Mariel, e a polícia vai provar isso, com a nossa ajuda. Quem o matou foi a ambição dele. Era um megalomaníaco. Eu era amigo, irmão, companheiro das horas difíceis, várias vezes dei guarida a ele... E agora sou acusado de mandar matá-lo. Parece brincadeira".
O Capitão Guimarães no carnaval de 1988, quando era presidente da Liesa | Foto de Ricardo Belliel/Agência O GLOBO
Esses caras que formavam o famoso "esquadrão da morte", matavam todos os dias, pessoas que retiravam das prisões do Rio de Janeiro, muitos que tinham sido presos por infrações leves. Eles recebiam por cada corpo que deixavam nas encruzilhadas com o cartaz com os dizeres "ESQUADRÃO DA MORTE".
A polícia nessa época prendia facilmente. Eles podiam passar pela frente da sua casa e ver um casal namorando e resolver prender o rapaz. Pediam documentos. Se não tivesse uma carteira de trabalho ativa, poderiam prende-lo, leva-lo para a delegacia. Esse ficava em uma prisão na delegacia e poderia dali ser levado para a morte. A família nunca iria saber o que realmente aconteceu.
Como o esquadrão da morte recebia por corpo, pouco importava se era bandido, pego por engano, morador de rua, mendigo, travesti ou o que quer que fosse, então assim eles recebiam encomendas para eliminar desafetos ou inimigos menos importantes.
O Jogo do Bicho campeava, os chefões do Jogo apareciam ao lado até dos futuros Presidentes da República.
Uma matéria publicada na época retrata como eles matavam. Gostavam de matar por enforcamento utilizando um fio de aço que passavam pelo pescoço e apertavam até a morte. Segundo relato deles a vítima tinha o costume de defecar nas calças nos estertores da morte.
Castor de Andrade considerado a época o Chefão do Jogo do bicho no Rio de Janeiro ao lado de Moreira Franco que foi Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Essas histórias a respeito do Jogo do bicho e o poder que atingiram, quando seus chefões passaram a ser personalidades famosas com poder de matar, e sua associação com políticos, policiais e criminosos matadores, é apenas uma pequena face do que a ditadura militar promoveu. Na verdade a corrupção e o crime tomaram forte impulso com a ditadura militar. A instituição do "jeitinho" tornou-se lugar comum seja com o guarda de transito, seja nas repartições públicas.
Muitos morreram e foram torturados, e sobre esses ninguém fala mais. Pessoas foram jogadas dos helicópteros em alto mar, e muitas assassinadas.
Noventa e seis dias. Esse foi o tempo que durou o "calvário" de Inês Etienne Romeu (1942-2015) na "Casa da Morte", em Petrópolis, na região serrana do Rio.
O termo é empregado pela historiadora Isabel Cristina Leite, doutora em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para descrever o período em que a militante política esteve presa no aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) para torturar e matar guerrilheiros com papel de destaque em suas respectivas organizações — no caso dela, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um dos grupos que lutaram contra a ditadura militar.
De oito de maio a 11 de agosto de 1971, Inês sofreu tortura, estupro e humilhação de agentes do governo. Dos ativistas levados para a "Casa da Morte", foi a única que conseguiu sobreviver para contar a história. Pelo menos 22 adversários do regime, segundo estimativas oficiais, não resistiram às torturas ou foram executados. O advogado goiano Paulo de Tarso Celestino da Silva, capturado em 12 de julho de 1971, foi um deles.
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), Inês contou que Paulo de Tarso foi colocado no pau de arara e, durante quase 30 horas ininterruptas, torturado com choques elétricos. "Obrigaram-no a ingerir uma grande quantidade de sal", diz um trecho do depoimento de Inês. "Durante muitas horas, eu o ouvi suplicando por um pouco d'água". Até hoje, o corpo de Paulo de Tarso não foi localizado.