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sábado, 3 de abril de 2021

AGNALDO TIMOTEO

 

O ano era 1982, e transcorria a primeira eleição direta para governadores depois da longa noite da ditadura militar no Brasil. A imprensa em geral como sempre puxava o saco da ditadura militar com o seu comprometimento covarde e tendencioso em favor da ditadura militar. 

O governo do Rio de Janeiro era disputado por uma propaganda exageradamente cara com anúncios nas TVs em horário nobre em que se destacavam propagandas de  Moreira Franco que representava a Ditadura Militar e os interesses da direita, e de outro lado a "oposição" que tinha como candidato Miro Teixeira pelo MDB que era o partido de oposição à ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido da Ditadura Militar e por conseguinte o partido de Moreira Franco.

O MDB era o partido de oposição. Uma oposição consentida pelo regime militar para poder dizer que o Brasil era uma "DEMOCRACIA". Entretanto o governo sempre fazia prevalecer seus interesses. 

A anistia tinha se dado a pouco tempo, perdoando os crimes da ditadura militar e permitindo a volta ao cenário político de figuras como Leonel Brizola, Miguel Arraes, entre outros velhos caciques políticos. A aposta era simples. Sem dinheiro para movimentar a máquina de propaganda eles não teria nenhuma chance. 

Nas pesquisas havia uma nítida polarização entre Miro Teixeira e Moreira Franco, entrando por fora Sandra Cavalcanti, uma admiradora de Carlos Lacerda.

Leonel de Moura Brizola que tinha voltado do exílio e escapado da onda de assassinatos políticos patrocinados pela OPERAÇÃO CONDOR que segundo o livro de Carlos Heitor Cony intitulado "O BEIJO DA MORTE" lançaria posteriormente com nítidas evidências, suspeitas sobre a atuação dessa operação na morte de Carlos Lacerda, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, todos mortos em um espaço de seis meses, todos fazendo parte da famosa "FRENTE AMPLA" que se propunha opor-se ao regime militar, fundaria seu partido o PDT depois que a justiça negou-lhe a legenda histórica de Getúlio Vargas no caso o PTB. Brizola era então candidato a Governador, mas aparecia com menos de 1% nas pesquisas.



Esse cenário estava prestes a mudar e o cantor Agnaldo Timóteo teve uma atuação importante nessa mudança. Existia na Televisão um programa de grande audiência intitulado "O POVO NA TV" que resolveu entrevistar todos os candidatos a governador. Entrevistou Miro Teixeira, Sandra Cavalcanti, e até que chegou a vez de Leonel Brizola. Quando Brizola começou a ser entrevistado, ele com a sua oratória impressionante começou a desfilar os podres dos políticos daquele momento e também se opondo a Ditadura Militar, falando do seu projeto de educação etc... Em certo momento ele disse que quando eleito, iria querer saber de onde vinha o dinheiro para aquele festival de propagandas em horário nobre na TV que era em verdade uma coisa escandalosa. 

Alguns políticos que estavam ali no programa como Artur da Távola por exemplo começaram a desdenhar dele, e até a zombar, mas ai o Agnaldo timoteo ligou para o programa e foi colocado ao vivo falando, e lembro-me bem de suas palavras. ele dizia, que com o que Brizola tinha afirmado ali ele era o próximo governador do Rio de Janeiro.

Imediatamente alguns dos políticos presentes começaram a achar graça, e Agnaldo Timóteo iniciou uma discussão ao vivo, e disse ali que iria se candidatar a deputado federal para ajudar a eleger Leonel Brizola, e bateu boca com alguns dos deputados ali dizendo "Não ria não!".

No dia seguinte não se falava de outra coisa. Todo mundo dizia que iria votar em Brizola e de fato, Leonel Brizola elegeu-se Governador do Rio de Janeiro, mesmo com um esquema de roubo que depois foi desmascarado e apelidado de PROCONSULT. Esse esquema desviava votos de Brizola para Moreira Franco. A rede globo dava um resultado falso e o Jornal do Brasil começou a noticiar a fraude que foi então descoberta. O Estado do Rio de Janeiro foi inundado pelo Brizolismo. Brizola desfilou em carro aberto pela Zona Sul do Rio debaixo de uma chuva de papel picado. O todo poderoso da Globo Roberto Marinho teve que engolir Brizola e o recebeu na Rede Globo.

Quanto a Agnaldo Timóteo foi eleito Deputado Federal e foi o Deputado Federal mais votado de todo o Brasil com mais de 500 000 votos. Foi um ano para lavar a alma.





Algumas vezes eu discordei de Agnaldo Timóteo pela sua adoração a Paulo Maluf, e suas posições algumas muito voltadas ao pensamento de direita, mas ele era autêntico e um grande Brasileiro. Aquele homem que um dia foi contra o LULA teve a decência e a dignidade de tirar o chapéu para Lula quando reconheceu a sua inequívoca capacidade política. Quando todos o detratavam ele então o defendeu. Naturalmente polêmico, mas imensamente honesto, Imensamente humano, imensamente gente. Falava a linguagem do povo do homem das ruas, e do coração e era um excepcional cantor. Eu o classificaria como o Frank Sinatra Brasileiro. Estou triste. Ele já está deixando muita, mas muita saudade.






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