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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O PAPEL DOS EVANGELHOS APOCRIFOS NA HISTORIOGRAFIA DO CRISTIANISMO.

A marca principal de Jesus Cristo na sua relação com a humanidade é o seu incontestável amor, porque ele como espírito mais elevado que já esteve no planeta, tinha como sua característica principal o elevado grau de amor pela humanidade. Seu maior sacrifício não foi propriamente o padecimento físico por que passou, mas sim ter que sair da glória onde coexistia com o Pai para ter que descer ao nosso plano terreno. Foi uma lenta preparação em que foi preciso ir baixando a vibração até chegar ao nosso patamar. Foi um gigantesco sacrifício que lhe propiciou livrar a humanidade do tacão do príncipe desse mundo, entregando-lhe a administração do nosso planeta o que propiciou executar o plano divino de redenção da humanidade, e isso só foi possível por causa do grande e infinito amor de Deus e também de Jesus pela humanidade. Não é sem justa razão que o texto bíblico diz:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna

Quando se fala "PERECER" aqui significa que a humanidade tinha um grande padecimento por que passar para resgatar o oceano de lágrimas e sangue que precisava pagar para resgatar sua montanha de pecados. Isso seria para estar de acordo com a lei de causa e efeito que rege o universo. 

Quando Jesus toma a administração do planeta com o seu sacrifício já que o cordeiro imaculado ao ser sacrificado teria um preço significativo que perante a lei universal resgatava todos os pecados de suas ovelhas dando-lhes uma nova oportunidade, pode então executar o plano divino que nos iria poupar do preço de padecimento que teríamos que passar. 

Entretanto, porque tudo tem que seguir a lei do livre arbítrio, precisaríamos seguir a Jesus e assim atingir os patamares de perfeição necessários para continuar dentro do plano de resgate da humanidade. Aqueles que se furtassem ao desejo de seguir o mestre, teriam infelizmente que descer do nosso plano a outro plano inferior em que essa oportunidade se perderia e dentro dessa nova realidade lamentariam amargamente a oportunidade perdida. Esse é o significado de perecer. Perder essa maravilhosa oportunidade que está nos sendo oferecida pelo sacrifício do Mestre Jesus.

Portanto um ser amoroso como Jesus não poderia fazer mal a nenhum dos seres que aqui habitavam. É assim que se dirige aos soldados que o feriram e roga a Deus que os perdoe porque não sabiam o que estavam fazendo. De fato. Eram como crianças travessas que brincavam a beira do abismo sem saber o perigo que corriam. É por essa mesma forma que cura a orelha arrancada do soldado que foi prende-lo. 

Dessa forma quando alguns evangelhos apócrifos fazem relatos sobre a vida de Jesus procurando coloca-lo como um menino mimado que não poderia ser contrariado, percebemos que são relatos falsos. Procuram colocá-lo como um assassino capaz de matar alguém que o fosse contrariar, o que é obviamente um absurdo e não se coaduna com o seu comportamento destacado em todo o evangelho em que apenas faz o bem e jamais mal a ninguém, nem mesmo aos seus detratores e agressores.

Quando se confronta com alguns escribas e fariseus e esses buscam pedras para o apedrejar, ele desaparece de suas vistas embrenhando-se na multidão. torna-se invisível para eles. 

Alguns outros evangelhos apócrifos entretanto fazem alusão a algumas maravilhas que aquele menino fez, e temos que reconhecer que realmente Jesus fez maravilhas quando era menino e na sua adolescência e isso parece ficar óbvio nos evangelhos tradicionais. A evidência disso transparece no primeiro milagre de Jesus relatado nos evangelhos que é o milagre da transformação da água em vinho. Jesus estava em uma festividade (bodas) de casamento e o vinho acaba. Maria sua mãe  então compadecida certamente da situação difícil que se apresentava para os anfitriões da festa, pede a Jesus que resolva esse problema. Obviamente se Maria, mãe de Jesus pede ao filho que resolva esse problema é porque sabia que ele era capaz e se sabia que ele era capaz é porque em algumas outras ocasiões ele já tinha demonstrado o seu poder em particular sem fazer propaganda desse fato. 

Jesus então contesta sua mãe e diz a ela que ainda não havia chegado o momento de exercer a sua missão, ou o seu ministério, e ele assim o disse porque sabia que se ali fizesse aquele milagre, ficaria conhecido e sua missão iria então se iniciar naquele momento, mas como mãe é mãe e é por isso que se diz que Maria é intercessora porque com sua autoridade de mãe ela pode pedir ao filho com mais autoridade, Jesus então acede e pede que encham os depósitos do vinho com água. Ante a incredulidade dos circunstantes, Maria se torna enfática e diz. 

-Façam o que ele pede.

Jesus então transforma a água em vinho de excelente qualidade, a tal ponto que os circunstantes se admiram e dizem. 

- Normalmente se guarda o vinho de pior qualidade para o fim e se serve o melhor vinho primeiro, porque no final da festa todos estão já meio embriagados de vinho e não notam a diferença, mas vós deixastes o melhor vinho para o final.

De fato Jesus não ia fazer um milagre pela metade se o fez o fez bem e de boa qualidade.

Portanto essa é uma evidência incontestável de que Jesus em sua infância já realizava milagre e certamente pedia segredo disso.

Para o Cristianismo de hoje, os únicos evangelhos oficiais ou "canônicos" são os de Marcos, Mateus, João e Lucas. Esses são, de fato, os mais antigos testemunhos sobre a vida de Cristo, escritos no final do primeiro século, e a partir do final do segundo século foram reconhecidos como os únicos válidos. 

Mas, desde muito tempo, outros textos semelhantes circularam ao lado deles, que incluíam vários episódios da vida de Jesus, muitos dos quais não coincidiam com a versão canônica. Foram chamados de "apócrifos", isto é, evangelhos "ocultos", aludindo ao fato de serem de origem duvidosa ou mesmo constituírem falsificações dos evangelhos "autênticos".

Atualmente há um grande interesse por esses evangelhos apócrifos, devido ao desejo um tanto mórbido de encontrar nesses escritos algumas verdades, mais ou menos interessantes ou comprometedoras, que a Igreja teria tentado esconder da vista dos fiéis. No entanto, deve-se enfatizar que as várias Igrejas cristãs, inclusive a católica, não se opõem à divulgação desses textos. E também deve ser enfatizado que os evangelhos apócrifos são todos posteriores aos canônicos e incluem elementos manifestamente lendários. Portanto, eles não podem ser considerados como fontes diretas sobre a vida de Jesus ou sobre as origens do cristianismo. (Embora não se possa descartar que algumas partes, certamente não muitas, desses textos tiveram como pano de fundo coleções de tradições orais sobre Jesus que não foram afortunadas o suficiente para serem geralmente reconhecidas e aceitas.)

Apesar disso, não se pode negar que os Evangelhos apócrifos tiveram grande significado para a história da teologia, da liturgia e da Igreja em geral. Assim, alguns elementos dos apócrifos, como os relacionados à Virgem Maria, foram integrados à devoção cristã dos tempos posteriores. Por outro lado, seu livreto ilustra a maneira como o cristianismo foi compreendido nos primeiros séculos de sua história, e em particular a figura de Jesus, da qual os evangelhos apócrifos oferecem uma imagem muito diferente daquela dos evangelhos canônicos.

No total, cerca de cinquenta evangelhos apócrifos são preservados, que os estudiosos classificam de várias maneiras: por sua tendência teológicos (como os evangelhos gnósticos), pelo estágio da vida de Jesus. Há, por exemplo, evangelhos da natividade, da infância ou da paixão de Cristo, ou por alguns temas colaterais, como os apócrifos Assuncionistas, que lidam com a morte (ou "dormência") da Virgem.

O CONHECIMENTO SECRETO 

Os Evangelhos Gnósticos traçam uma imagem de Jesus muito diferente daquela que aparece no restante dos Evangelhos apócrifos. Para os seguidores das correntes gnósticas, a salvação foi obtida não pela paixão e morte de Cristo na cruz, mas pela fé e pelo conhecimento revelado (gnose) que Cristo compartilhou com alguns eleitos. Nos Evangelhos Gnósticos, Jesus aparece como um ser divino emanado de um Pai Transcendente, que foi enviado à terra para resgatar os espíritos aprisionados na matéria, isto é, na carne.

Entre os Evangelhos Gnósticos, destaca-se o Evangelho de Tomé, um dos mais antigos - pode ser datado de meados do século II (constitui um conglomerado de 114 ditos de Jesus). O Evangelho de Filipe também pode ser mencionado, uma coleção de frases teológicas para serem usadas como catequese sacramental, ou para um certo rito de iniciação batismal de tipo gnóstico. Ambos foram encontrados em 1945 em Nag Hammadi (Egito), dentro de uma coleção de 50 textos transcritos em 13 códices em papiro. Embora esses códices tenham sido copiados (e talvez traduzidos para o copta) no século 4, os originais são textos gregos muito mais antigos, provavelmente dos séculos 2 e 3.

Outro evangelho de caráter gnóstico é o Evangelho de Judas, divulgado em 2006, embora tenha sido encontrado alguns anos antes. O que mais chama a atenção neste texto é o ponto de vista peculiar sobre o polêmico companheiro de Jesus, apresentado não como o traidor, mas como o discípulo que melhor compreendeu o Mestre, um verdadeiro "conhecedor", um gnóstico digno das revelações de que Jesus não fez a seus outros discípulos. Entre essas revelações, destaca-se a da constituição do universo e do futuro destino das almas. No final do Evangelho, Judas recebe a tarefa gloriosa e triste ao mesmo tempo porque ninguém poderá compreender de entregar o corpo de Jesus às autoridades. O prêmio de Judas será um lugar especial com a divindade quando sua alma for elevada ao céu.

Deixando de lado os evangelhos ligados ao gnosticismo, um dos apócrifos mais antigos e significativos é o Evangelho de Pedro, descoberto em 1886. Escrito em grego, já por volta de 190 era conhecido por Serapião, bispo de Antioquia. O texto começa abruptamente, o que indica que apenas um fragmento nos alcançou. Entre outras coisas, conta como no processo de Jesus nenhum dos judeus quis lavar as mãos, como Pôncio Pilatos fez, bem como o pedido previdente do próprio José de Arimatéia a Pilatos para que lhe concedesse o corpo de Jesus após sua morte. Em seguida, é descrita a crucificação, com duas variações importantes em relação aos Evangelhos canônicos: Jesus parece não sentir nenhuma dor, e quando estava para morrer quebra o silêncio e exclama: "Força minha, força minha, você abandonou mim!"

O Evangelho de Pedro também descreve a ressurreição, o que nenhum evangelho canônico faz. Detalhes curiosos são adicionados, como uma cruz falante que seguiu Jesus pelo ar quando ele saiu do túmulo. Ao receber a notícia da ressurreição, Pilatos ordenou que ela não fosse publicada. Naquela mesma manhã, María Magdalena foi com as amigas ao túmulo; encontrando-o vazio, um jovem deu-lhes a notícia da ressurreição e as mulheres fugiram aterrorizadas. Enquanto isso, os doze discípulos, atolados na dor, voltaram para casa. A história é interrompida quando uma aparição de Jesus a Pedro na Galiléia provavelmente seria narrada.

O Evangelho de Pedro chama a atenção pelo seu deslize para o ilusório e romântico, bem como pelo seu zelo apologético, muito mais pronunciado do que nos Evangelhos canônicos.

O MILAGRE DA NATIVIDADE 

Outro evangelho apócrifo de grande riqueza narrativa pertence ao mesmo tempo. Seu primeiro editor moderno no século 16 chamou-o de Proto evangelium de Santiago, embora o manuscrito mais antigo seja intitulado Nascimento de Maria: Revelação de Santiago. O texto conta como duas personagens ricas e idosas de Israel, Joaquin e Ana, finalmente tiveram uma filha por intervenção divina, a quem chamaram de Maria. Quando a menina tinha três anos, foi levada ao Templo em Jerusalém, onde permaneceu servindo ao Senhor e foi alimentada por um anjo. Aos doze anos, os sacerdotes decidiram entregá-la como esposa a um viúvo de Israel. Quando todos os viúvos estavam reunidos, cada um com uma vara, aconteceu que uma pomba saiu de José, razão pela qual ele foi designado marido de Maria.

José teve que sair para trabalhar, e então a anunciação do anjo e a promessa do nascimento virginal aconteceram. Aos seis meses, José voltou e encontrou Maria grávida. Quando ela negou tê-lo enganado, José ficou perplexo. Enquanto isso, a notícia chegou aos ouvidos dos sacerdotes, que acusaram José de ter abusado de Maria. Ambos foram submetidos à provação da ingestão de água benta e enviados para a montanha, mas ambos voltaram sãos e salvos.

Em seguida, é narrada a ordem de Augusto de recensear toda a cidade. No caminho, quando há o momento de entrega, José e Maria entraram em uma caverna. Então, sinais e prodígios maravilhosos foram produzidos, como uma parteira que estava incrédula e exigia uma verificação física da virgindade de Maria. Enquanto ela executava, a mão da parteira ficou carbonizada por sua descrença. Arrependida, ela foi mais tarde curada pegando o menino Jesus nos braços. Segue-se então a visita dos mágicos e o massacre dos inocentes, narrado sobriamente.

Deve-se notar que o Proto evangélio já anuncia todos os futuros temas que a Mariologia Cristã desenvolverá. Também é interessante notar como o autor resolve o problema dos irmãos de Jesus: José era viúvo e trouxe para o casamento com Maria alguns filhos, fruto de seu noivado anterior, que mais tarde seriam chamados, indevidamente, de filhos de Maria e irmãos de Jesus.

A INFÂNCIA DE JESUS ​​CRISTO

A notável influência exercida pelo Proto evangélio de Santiago na literatura posterior é notado no chamado Evangelho de Pseudo Mateo, um autor estranho. A primeira parte deste texto não é nada mais do que o re-trabalho do proto evangélio, enquanto o segundo contém elementos muito diversos, vindo de narrações apócrifas que devem ter sido forjadas nos séculos 4 e 5.

Esta segunda parte começa com a viagem da Sagrada Família ao Egito, na qual aconteceram muitas maravilhas. Após três anos, Jesus voltou à Palestina, especificamente à Galiléia, onde passou sua infância em meio a todos os tipos de eventos portentosos. Uma das mais conhecidas é a das doze estatuetas em forma de pássaro que Jesus fez de barro; Quando o menino bateu palmas, os pássaros voaram para longe. Jesus era temido entre seus companheiros, pois aqueles que o encaravam caíam como se atingidos por um raio. A familia encaminhou Jesus para a escola, causando óbvias dificuldades para seus professores. Quando um deles ousou punir Jesus com uma vara por uma resposta que parecia desrespeitosa, ele caiu morto no local. A criança estava semeando o terror entre seus vizinhos, então a família teve que se mudar para Belém. No final de sua história, o autor retomou a explicação dos irmãos de Jesus proposta pelo Proto evangélio de Santiago.

O Evangelho do Pseudo Mateus tentou apresentar o menino Jesus como um herói maravilhoso, onisciente e poderoso. 

Mas a imagem que emerge do texto é antes a de um menino arrogante, rebelde, caprichoso e até assassino. Apesar disso, a influência desse Evangelho em escritores posteriores, especialmente na Idade Média, foi enorme, e seus milagres entraram totalmente na Lenda de Ouro de Jacobo de Vorágine, compilada no século XIII.

PAIXÃO E RESSURREIÇÃO

Os Atos de Pilatos ou Evangelho de Nicodemos foram redigidos, como o Evangelho de Pseudo Mateus, em uma data relativamente tardia, entre os séculos IV e V. Na verdade, é composto por duas partes diferentes: uma primeira que pode ser apropriadamente chamada Atos de PiJato, e um segundo, um pouco mais curto, que não tem título e geralmente é chamado de Descida de Cristo ao Inferno.

O conteúdo dos Atos trata fundamentalmente do processo de Jesus. Nicodemos, um fariseu simpático a Jesus mencionado no evangelho de João, intercede por Cristo no tribunal. Filato também é muito favorável ao criminoso, embora no final ceda às exigências dos judeus. Acompanhe a história da crucificação de Jesus ao lado de Dimas e Gestas, os dois ladrões. Filato e sua esposa lamentaram sua morte, jejuando por um dia. Então José de Arimatéia obteve o corpo de Jesus de Pilatos, mas, depois de enterrá-lo, foi preso e ameaçado pelos judeus. Eles deliberaram como matá-lo, mas quando foram procurá-lo na prisão, encontraram-na vazia.

Enquanto isso, os guardas postados no túmulo testemunharam a ressurreição e disseram aos judeus, que não acreditaram neles. Segue-se a aparição de Jesus na Galiléia, diante de José de Arimatéia, sacerdote, doutor da Lei e levita, que narrou ao Conselho de sacerdotes a aparição e conseqüente ascensão de Jesus ao céu.

O Decenso aos infernos é apresentado como uma continuação da obra anterior, embora o autor seja outro e um pouco posterior. Foi-nos transmitido em duas recensões, uma grega e outra latina. Em grego, José de Arimatéia intervém na última reunião do Conselho de Anciãos, onde argumenta, como prova da ressurreição de Jesus, que muitos outros ressuscitaram com ele. A que José se referia. Essas pessoas - entre elas há dois chamados Leucius e Carino - pegam papel e caneta e escrevem um relatório sobre a ressurreição de Jesus e as maravilhas que ele operou no inferno.

Na recensão latina, são o sacerdote, o levita e o médico - personagens da primeira parte do Evangelho - que contam como na volta da Galiléia - onde foram testemunhas da ascensão - foram recebidos por uma grande multidão de homens para Jerusalém vestidos de branco, que revelaram ser os ressuscitados com Jesus. Entre eles, eles reconheceram Leucius e Carino, que lhes contou os maravilhosos acontecimentos após a morte de Jesus. Em seguida, eles narram como Cristo desceu ao inferno para libertar das garras de Satanás os justos que viveram antes de sua vinda à terra. Em seguida, todos foram para o paraíso. A crítica grega conclui com uma cena em que os patriarcas encontram o bom ladrão, que os esperava para entrar no paraíso com eles.

A ASSUNÇÃO DE MARIA

Há um grupo de evangelhos apócrifos que trata de um assunto que teria grande fortuna no cristianismo medieval e moderno: a assunção de Maria ao céu. São textos de data relativamente tardia - século IV ou V -, embora alguns pesquisadores afirmem ver a origem da tradição sobre a morte e assunção da Virgem em relatos antigos que remontam ao século X.

O mais significativo desses textos é o Livro de São João Evangelista. O texto começa contando como, após a ressurreição de Jesus, o arcanjo Gabriel apareceu a Maria para anunciar sua rápida partida deste mundo. Dias depois, Maria pediu em suas orações para ver os apóstolos novamente. O Espírito reuniu todos eles, mesmo aqueles que já haviam morrido, que foram ressuscitados para oferecer companhia a Maria; Cada um deles informava a Virgem sobre sua atividade apostólica, então um grande exército de anjos apareceu na casa de Maria, que realizou muitas maravilhas na natureza e entre os homens, como curas milagrosas. Os judeus, nada impressionados, decidiram marchar contra a Virgem, ou pelo menos fazer com que o governador romano a expulsasse do território. Finalmente, ele enviou suas tropas contra Maria, mas o Espírito a transportou, junto com os apóstolos, para Jerusalém.

Ao saber de sua presença na cidade santa, os judeus correram com lenha para atear fogo à casa onde Maria e seus companheiros haviam se instalado. Mas, ao se aproximar, um incêndio violento disparou, matando boa parte dos agressores. Então Cristo apareceu diante de todos, rodeado de anjos. Maria obteve de Jesus que graças especiais fossem concedidas doravante àqueles que invocavam o seu nome com fervor. Em seguida, ocorre o momento solene de trânsito: Maria abençoa cada um dos apóstolos e Deus estende as mãos e recebe a alma de Maria, enquanto seu corpo permanece na terra.

Durante a transferência do cadáver para o Jardim do Getsêmani, um judeu tentou profaná-lo, mas suas mãos ficaram penduradas no caixão, separadas do corpo; pela intercessão dos apóstolos, ele foi mais tarde curado. O corpo da Virgem foi depositado em um sepulcro, ao redor do qual se ouviram vozes de anjos e se espalhou um perfume primoroso. No terceiro dia as vozes deixaram de ser ouvidas e todos entenderam que seu corpo imaculado fora transferido para o paraíso.

Vemos, então, que os evangelhos apócrifos estão longe de ser fontes históricas sobre a vida de Jesus. Eles são propriamente obras de ficção, de extraordinária riqueza narrativa, e que tiveram uma enorme influência na devoção cristã posterior. 

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