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JORNAIS QUE TEM INFORMAÇÃO REAL.

terça-feira, 29 de março de 2011

LÍBIA É A BOLA DA VEZ



Como já escrevemos em matérias anteriores, os Estados Unidos da América debatem-se no presente início de milênio com a quebra do seu "esquema econômico", que está  falido, pois depois que o dólar perdeu sua paridade com o ouro do forte Knox, o dólar passou a ser apenas um papel que os Estados Unidos despejam no mundo inteiro, mas que nem tem a correspondência em valores reais e nem em serviços. Se hoje os Estados Unidos resolvessem recolher todo o dolar do mundo e o devolver em bens e serviços, não conseguiriam resgatar nem 10%. Donos da maior dívida externa do mundo que não para de crescer, dependem dos países exportadores de petróleo para continuarem a transacionar o dolar que assim continua a ter um valor artificial.  


Depois que invadiram o Iraque para força-lo a aceitar o dolar em vez de Euro ou qualquer outra moeda, agora é a vez da Líbia. O Irã está na mira. E o Brasil? Será o caso de se perguntar. Será que a Líbia não é o Brasil amanhã????
Veja matéria de Ernesto Germano, é jornalista



Tenho acompanhado atentamente o noticiário sobre os acontecimentos na Líbia e, cada vez mais, impressiono-me com a capacidade da nossa imprensa “tão livre” para deturpar fatos, esconder dados e reproduzir apenas aquilo que os donos da informação desejam que seja divulgado.

Não há isenção ou mesmo equilíbrio nas matérias. A velha regra de “ouvir as duas partes” parece ter sido esquecida pelos nossos jornalistas.


Em alguns jornais de hoje (02/03), as notícias procuram mostrar o povo líbio como pobre e igualam as condições de vida às encontradas no Egito ou na Tunísia, países onde o povo foi para as ruas para derrubar o regime. Mas esta é uma comparação mentirosa!
TRIPOLI


A Líbia tem uma balança comercial superavitária, superando 27 bilhões de dólares por ano, e uma renda “per cápita” média da população equivalente a 12 mil dólares. Isto significa seis vezes a renda média do Egito, por exemplo!


O país tem 6,5 milhões de habitantes, com um padrão de vida elevado para a região.

Comprova isto o fato de cerca de 1,5 milhão de imigrantes viverem na Líbia, onde encontram trabalho e salário digno.



COMENTARIOS DE QUEM FOI LÁ
Aparentemente, e ao contrário do que se passa nos paises vizinhos, na Libia parece viver-se sem grandes preocupações. Não posso dizer que tenha visto gente realmente pobre e que as infra-estruturas não estejam a ser melhoradas. O clima geral é aliás de contentamento. No entanto, há algo que parece... errado. Consta que o actual governo quase que assume a satisfação das principais necessidades dos seus habitantes e, por isso, é-me dito que estes não precisam de trabalhar muito para ter uma vida razoável. Se calhar a atitude desplicente e diletante que vejo nas pessoas também vem daqui. A vida de muitos parece ser feita nos cafés à conversa. Todos tem televisão por satélite e bebem coca-cola mas parece tudo um pouco ilusório. Ė como se tentassem copiar alguns hábitos mas sem saberem exactamente o porque deles existirem e simplesmente tomam por certo o que já viram alguém fazer. Sem ser crítico quanto a sua fé, parece-me que também aqui há algo mal interpretado. Em Tripoli é possível acordar às quatro da manhã e pensar que raio se passa com esta gente que é convocada para rezar a estas horas por sacerdotes de megafone em riste no topo das mesquitas. Como este chamamento há outros quatro durante o dia. À partida isto até revela carácter e dedicação, que só pode merecer o meu imenso respeito. Ou pelo menos foi esse o meu primeiro pensamento. Depois comecei a associar isso ao facto de encontrar as pessoas meio ensonadas durante o dia e a dormitar depois de almoço. Outro facto interessante: durante o ramadão e proibido comer enquanto há luz do sol, o que acaba por se traduzir em completos excessos de sobrealimentação nocturna ou, indo mais longe, em periodos de engorda quando a ideia original me parece que fosse um pouco diferente. Há assim uma série de contradições e equivocos bem marcados nesta terra de abundãncia. Se calhar há a mais. 

Muitas casas, antigas ou recentes, são envolvidas em altos muros que muitas vezes ficam em tijolo nu, dando-lhe um aspecto de bunker. A gasolina é queimada a cerca de 0.15 euro/L por isso o carro e usado para qualquer deslocacão e acima dos limites de velocidade. Não os legais mas os de segurança do veiculo. Isto deixa antever que a preocupação acerca da integridade do veiculo não representa um problema e explica o porquê de ser dificil encontrar um que não esteja todo amassado. A recolha de lixo não é regular. Há sacos de plástico a voar na cidade e no deserto onde, por vezes, representam o único movimento até onde o nosso olhar alcança. Na retina de um ocidental ficam retidos estes e outros detalhes que reflectem uma grande falta do nosso civismo e da nossa pro-actividade.






Aliás, este é um ponto curioso para analisarmos. Nos jornais de ontem, principalmente no Globo, vimos uma manchete dizendo que “milhares de imigrantes fogem da Líbia”. Ora, a notícia até seria interessante, para quem não tem um dado comparativo. Mas, se “milhares” fogem do país, o que significa isto se lá residem quase dois milhões de imigrantes?



Ainda tratando da economia líbia, os nossos jornais (tão preocupados com os leitores e a qualidade da informação) esquecem de dizer que a Líbia é um país de economia aberta. A empresa petrolífera italiana ENI realiza cerca de 15% das suas vendas a partir da Líbia, mas não é a única. Lá também operam outras “gigantes” como a BP, a Royal Dutch Shell, a Total, a Basf, a Statoil, a Repsol e muitas outras. A Gazprom (russa) também opera no país, com centenas de trabalhadores, e a empresa de petróleo chinesa tem mais de 30 mil funcionários trabalhando lá!

É verdade que Muamar Kadhafi já abandonou suas posições que o tornaram conhecido pela resistência ao imperialismo. Em 1969, quando assumiu o poder, iniciou uma política independente e nacionalizou o petróleo. Depois da guerra entre árabes e israelenses, ele liderou um boicote entre os países exportadores de petróleo contra os países que haviam apoiado Israel.

Kadhafi modernizou seu país, criando universidades e novas indústrias, além de realizar um incrível projeto de irrigação fazendo surgir uma agricultura desenvolvida onde havia apenas areias do deserto.

Em 1986 Ronald Reagan mandou bombardear a capital líbia. Em 15 de abril de 1986, Trípoli foi bombardeada por 13 modernos aviões dos EUA. O bombardeio terminou com a morte de Hanna, filha de Gaddafi, de 1 ano e 3 meses, e com outros dois filhos feridos. Hoje, o local ainda exibe os danos do bombardeio e a estátua foi erguida para relembrar o episódio.

Depois da Segunda Guerra do Golfo, Kadhafi começou a mudar sua política. Privatizou dezenas de empresas, aceitou a “receita” do FMI e abriu as fronteiras para as grandes empresas multinacionais. Começou neste momento a queda do país e a corrupção se alastrou!

Mas é preciso deixar de lado as notícias falsas da nossa imprensa e fazer uma reflexão sobre os acontecimentos na Líbia. Comparar a crise atual e o movimento oposicionista com o que aconteceu no Egito ou na Tunísia é desconhecer a realidade.

O que sabemos de concreto é que a oposição líbia surgiu em uma região onde há uma resistência muito grande ao clã Kadhafi. Mais do que isto, a Cirenaica é também a região onde operam as principais empresas multinacionais e onde estão os terminais de oleodutos e gasodutos do país. Ou seja, uma região que foi escolhida “a dedo” para ser o berço da “oposição”.


E esta informação tem ainda mais valor se ligarmos ao fato de que a chamada ?Frente Nacional de Salvação da Líbia? é uma entidade financiada pela CIA (basta conferir no site do Congresso dos EUA e constatar que está na ?folha de pagamentos? da Central).

No dia 23 de fevereiro, o poderoso “Wall Street Journal” já tocava as trombetas da guerra ao estampar em suas matérias que ?os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime de Kadhafi?. É preciso dizer mais?

Vou completar este texto com algumas informações que já passei em outras participações sobre o tema.

Por que os nossos jornais tão “independentes” pararam de falar de outras revoltas populares (Bahrein, Iêmen, Argélia, etc.) e só comentam o que acontece na Líbia? Qual o interesse dos EUA nesta mudança, a ponto de seu governo anunciar, oficialmente, que está deslocando suas forças militares para a região e a secretária de Estado não descartar uma intervenção?

As revoltas populares na Tunísia e no Egito, derrubando governantes “capachos” dos EUA, foram duras, mas o governo de Washington parece suportar e preparar uma “volta ao poder” por outros meios. Mas os dois países não afetavam o principal neste momento: a questão do petróleo!

A Tunísia nunca exportou petróleo e o Egito parou de exportar há alguns anos (seus poços “secaram”).

Aqui está a diferença, pois a Líbia exporta atualmente 1,6 milhão de barris por dia! E a “urgência” dos EUA para resolver a questão líbia é que as empresas petrolíferas que operam no país estão retirando seu pessoal técnico. Isto pode provocar uma nova crise de petróleo.

É verdade que os países europeus estocaram petróleo para o inverno. Mas... e se os estoques diminuírem? Lembrem-se que a Arábia Saudita também está passando por revoltas populares e em uma crise política séria.

Em julho de 2008, antes da crise se espalhar pelo mundo, o barril de petróleo chegou a valer pouco mais de 147 dólares! Se o petróleo voltar a subir, na atual crise financeira mundial, o que restará aos EUA?

Os EUA, com apenas 5% da população mundial, consomem 25% de todo o petróleo produzido no planeta e metade deste total é importado. As importações estadunidenses alcançam 11 milhões de barris diários, dos quais: 1,6 milhão do México; 2 milhões da Venezuela e o restante do mundo árabe. Pelo que, podemos ver, o país é fortemente dependente da importação do petróleo, seja lá de onde ele estiver, o que justifica as intervenções militares no Oriente Médio e em outras regiões do planeta. (Os dados são de 2008, quando escrevi um artigo sobre o tema, mas creio não estarem muito desatualizados).

Devemos assinalar que o dado mais importante, recentemente divulgado e confirmado pelas organizações internacionais que tratam do assunto, é que as reservas totais de petróleo do planeta chegam, atualmente, a 1 trilhão e 200 bilhões de barris. Ou seja, isto representa, neste momento, pouco mais da metade de todo o petróleo que a natureza produziu em milhões de anos e guardou no subsolo. E, obviamente, este petróleo vai se tornando cada vez mais caro, uma vez que as jazidas em locais de fácil exploração vão se esgotando. E, devemos ressaltar, os institutos e organismos internacionais mostram que 62% do petróleo que resta no planeta está no Oriente Médio.

Para encerrar, uma notícia do jornal Brasil Econômico:

“Estoques de petróleo dos EUA recuam em 400 mil barris! As reservas da commodity atingiram 346,4 milhões de barris. Já os estoques de gasolina caíram em 3,6 milhões de barris na mesma base de comparação, ficando em 234,7 milhões. A utilização da capacidade das refinarias recuou para 80,9% nesta semana, face aos 79,4% na semana anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (2/3) pelo Departamento de Energia dos EUA (DOE, na sigla em inglês)”.

É, parece que Obama & Cia estão com urgência em resolver o problema de “direitos humanos” na Líbia!

O regime de Muamar Kadafi convidou formalmente o Brasil a integrar uma missão de observadores que acompanharia a crise entre opositores e o governo da Líbia. A proposta foi feita por autoridades do governo diretamente ao embaixador brasileiro em Trípoli, George Fernandes, durante um encontro para celebrar o “Dia do Povo” – data de refundação da Líbia, há 34 anos.




O convite ao Brasil foi estendido à União Africana e ao bloco da Conferência Islâmica. Mas dificilmente a missão de observadores, conforme os planos de Kadafi, será levada adiante. As relações entre Kadafi e o Brasil ganharam impulso com o governo Lula, que visitou o país em 2003.

Pouco antes, desembarcara no Brasil Saadi Kadafi, um dos oito filhos do ditador, que comandava a seleção de futebol da Líbia. “Lula esteve várias vezes com meu pai nos últimos anos e eles têm simpatia um pelo outro”, disse à época o filho do ditador.

Na ONU, o governo Lula esteve ao lado da Líbia em votações polêmicas. Em 2003, os dois países apoiaram uma resolução da extinta Comissão de Direitos Humanos que determinou a expulsão da ONG Repórteres Sem Fronteiras, que luta pela liberdade de imprensa no mundo. O texto havia sido proposto pelo governo Kadafi após ativistas realizarem protesto contra a presença da Líbia na presidência do órgão de direitos humanos. Em novembro de 2003, Lula esteve na Síria, Líbia, Egito e Emirados Árabes.



Andrei Netto, da Líbia



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