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quarta-feira, 19 de março de 2008

OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO FALIDOS - A QUESTÃO É APENAS DE QUANDO ISSO VIRÁ A TONA.


Rudo de Ruijter,Investigador independente - Holanda


http://babylontoday.com/national_debt_clock.htm ==> Placar da Dívida externa Americana




Aqueles que utilizam o dólar fora dos Estados Unidos pagam permanentemente uma contribuição àquele país. Esta consiste numa inflação de 1,25 milhão de dólares por minuto. É o resultado do crescimento rápido da dívida externa dos Estados Unidos. A metade das suas importações é simplesmente acrescentada à dívida externa e é paga pelos detentores de dólares no estrangeiro através da inflação.

Além disso, estes detentores não parecem conscientes de que o curso do dólar não passa de uma fachada fracturada. Se não compreenderem o que ainda a retém de pé, arriscam-se a que esta lhes caia na cabeça de surpresa.

Entretanto, bem camuflado, o dólar está no centro de diversos conflitos dos Estados Unidos.



CONTEUDO DESSA MATÉRIA


1. Procura mundial de dólares
2. Compras gratuitas pelos Estados Unidos
3. Falidos e ainda assim continuam
4. Reservas de dólares do Japão e da China
5. Conflitos camuflados
6. Como se roubam reservas de petróleo?
7. Euro versus dólar
8. Células cancerígenas verdes

1. Procura mundial de dólares

Até 1971: dólar = ouro

Até 1971 cada dólar Americano representava um peso fixo em ouro. Os Estados Unidos dispunham de enormes reservas de ouro, que cobriam a totalidade da quantidade de dólares posta em circulação. Quando bancos estrangeiros tinham mais dólares do que pretendiam, podiam trocá-los por ouro. Esta era a razão mais importante porque o dólar era aceite por toda a parte do mundo.

A partir de 1971: o petróleo da OPEP é pago em dólares

Em 1971, o valor do dólar foi separado do peso fixado em ouro. De facto, isto foi uma medida da aflição do presidente Nixon. A guerra do Vietnam havia esvaziado os cofres do Estado. Os Estados Unidos haviam impresso mais dólares do que o permitiam as suas reservas de ouro. Desde então, o valor do dólar é determinado pela lei da oferta e da procura nos mercados de câmbio.

Nesta época os Estados Unidos ainda produziam bastante petróleo para o seu consumo próprio. Para proteger suas empresas petrolíferas, haviam instaurado limitações às importações de petróleo. Em contra-partida do levantamento destas limitações, os países da OPEP prometiam não mais vender o seu petróleo senão em dólares. Na época o dólar já era a moeda mais utilizada no comércio mundial. Portanto, nada de especial?

Todos os países têm necessidade de dólares

A partir de 1971, todos aqueles que desejam importar petróleo devem antes comprar dólares.
[1] É aqui que começa a festa para os Estados Unidos. Quase todo o mundo tem necessidade de petróleo, portanto todo o mundo quer dólares.

Os compradores de petróleo do mundo inteiro dão os seus yens, coroas, francos e outras moedas. Em troca recebem dólares, com os quais podem comprar petróleo nos países da OPEP. A seguir, os países da OPEP vão gastar estes dólares. Poderão naturalmente fazer isso nos Estados Unidos, mas também em todos os outros países do mundo. Com efeito, todo o mundo quer dólares, pois todo o mundo terá novamente necessidade de petróleo.



2. Compras gratuitas pelos Estados Unidos

Neste comércio de petróleo, há necessidade de uma quantidade importante de dólares. Muitos destes dólares não servem senão no ciclo no exterior dos Estados Unidos, ou seja, entre os outros países do mundo e os países da OPEP.

A princípio não existiam suficientes dólares para isso. Eles deviam ser impressos nos Estados Unidos. [2] Isso lhes custava papel e tinta verde. A seguir, estes dólares deviam ser postos à disposição no estrangeiro, nos lugares onde os compradores de petróleo dele tinham necessidade. E é aqui que se chega ao lucro gigantesco. Com efeito, não existe senão um modo de colocar estes lindos bilhetes novos à disposição no estrangeiro: os Estados Unidos vão fazer compras com eles. E uma vez que esta quantidade de dólares fica em uso permanente no estrangeiro, os Estados Unidos nada fornecem em troca. As suas compras portanto são gratuitas!

Estas compras gratuitas perpetuam-se. Uma vez que são precisos mais dólares no comércio de petróleo, pela subida de preços ou de volumes, estes são benefícios para os Estados Unidos. Isto não se limita aos crescimentos no comércio de petróleo, pois vale igualmente para a utilização do dólar no resto do comércio mundial. A globalização, o livre comércio mundial, a privatização mundial dos serviços públicos, como por exemplo os serviços de gás, água, electricidade, telefone e transportes públicos, devoram quantidades enormes de dólares. São sempre mais dólares que desaparecem nos quatro cantos do mundo. E em primeiro lugar isto significa sempre compras gratuitas para os Estados Unidos!

Dívida

Evidentemente, isto implica que os Estados Unidos criam dívidas com todas estas compras gratuitas. Pois um dia o estrangeiro poderia vir fazer compras nos Estados Unidos com todos estes dólares e então, finalmente, os Estados Unidos deveriam fornecer alguma coisa em troca.

Balança comercial

Para não correr risco, os Estados Unidos deveriam ter o cuidado de manter o equilíbrio entre as suas importações e as suas exportações. A partir de 1971, data em que uma quantidade acrescida de dólares fora posta em circulação, só em 1972 as vendas ultrapassaram as compras. A seguir começou a descida e os Estados Unidos vivem cada vez mais pendurados no resto do mundo. [3]

Só no ano 2004, o défice na balança comercial foi de 650 mil milhões de dólares! [4] Numa população de 300 milhões, isto quer dizer que cada cidadão dos Estados Unidos comprou 2.167 dólares de mercadorias estrangeiras, pelas quais não pagou.

Face a este défice da balança comercial, não houve melhoria na balança de pagamentos. A dívida externa dos Estados portanto aumentou em 650.929.500.000 dólares num ano. Isto equivale a 1,25 milhão de dólares por minuto!

O défice do comércio externo dos Estados Unidos é mais importante no seu comércio com a China (162 mil milhões de dólares), o Japão (76), o Canadá (66), a Alemanha (46), o México (45), a Venezuela (20), a Coreia do Sul (20), a Irlanda (19), a Itália (17), a Malásia (17). [5]

O curso do dólar

Qualquer outro país que compra mais do que vende verá diminuir o valor da sua moeda. Quando não se pode comprar grande coisa com uma moeda, a procura baixa, tal como o seu curso no mercado de câmbios. Mas o que vale para os outros países não vale para os Estados Unidos. O mundo inteiro tem tanta necessidade de dólares para comprar petróleo que há sempre procura.

Os Estados Unidos consomem ¼ da produção mundial de petróleo. Quando o curso do dólar ascende, unicamente o preço para os outros ¾ dos consumidores de petróleo é que sobe. Para os Estados Unidos o preço não se move.

Quando o preço da OPEP sobe, é preciso acrescentar dólares ao ciclo. Se o consumo permanece o mesmo, eles podem ser impressos e acrescentados à circulação, sem que o curso do dólar baixe.

Em 2004 os Estados Unidos produziam a metade do petróleo que consumiam, a outra metade (1/8 do consumo mundial de petróleo) era importada. De todos os dólares suplementares que são necessários aquando de um aumento dos preços da OPEP, 7/8 são portanto necessários no exterior dos Estados Unidos. A cada aumento dos preços do petróleo os Estados Unidos podem financiar o seu próprio aumento do sobrecusto graças a bilhetes novos e, simultaneamente, fornecer sete vezes mais dólares ao estrangeiro. Portanto, mais uma vez, fazer compras gratuitas e criar dívidas suplementares (a dependência das importações de petróleo aumenta rapidamente; em 2006 os Estados Unidos já deviam importar 60 por cento do seu consumo).

Os Estados Unidos dispõem de quantidades de truques de prestidigitação para manter o curso do dólar. Quando, no estrangeiro, a utilização do dólar aumenta, basta-lhe esperar um pouco para reagir à procura acrescida para ver o curso subir. Os Estados Unidos podem pôr mais dólares em circulação quando o curso sobe demasiado. Podem recomprar dólares eles próprios quando a procura baixa. Por exemplo: vendendo obrigações, como títulos do Tesouro. Para os Estados Unidos isto entretanto implica despesas: os juros. Todos estes juros reunidos já são de tal forma elevados que eles devem fazer sempre novos empréstimos para pagá-los. A dívida dos Estados Unidos cresce cada vez mais rapidamente.


3. Falidos e ainda assim continuam

Em
http://www.babylontoday.com/national_debt_clock.htm pode ser vista a última cifra da dívida e a rapidez com que ela ascende por segundo… 45% desta soma é devida a credores estrangeiros. A dívida externa é de tal forma elevada que os Estados Unidos já não podem reembolsá-la. Os Estados Unidos estão falidos.

Apesar disso os dólares são comprados e vendidos como antes. Para as compras de gás e de petróleo, eles são sempre necessários. Enganado pelo curso do dólar, que parece de boa saúde, o comércio mundial continua a fazer os seus negócios em dólares. Business as usual? Seguindo a lógica habitual da economia, um curso mais baixo deveria conduzir a mais exportações e menos importações. É porque os compradores estrangeiros podem comprar menos caro. Entretanto, enquanto os vendedores estrangeiros forem bastante loucos para aceitarem dólares, não é um problema para os Estados Unidos emitir um pouco mais destes bilhetes verdes. Dar alguns dólares a mais por peúgas chinesas ou por artigos electrónicos do Japão? Não há problema algum. Os Estados Unidos deixam simplesmente que a sua dívida externa suba um pouco mais rápido. Mais dólares para um mesmo artigo significa inflação. E 1% de inflação significa ao mesmo tempo que o valor da dívida já existente diminui 1%. Portanto, os Estados Unidos não têm qualquer interessem em travar suas importações.

No comércio do petróleo, uma baixa do dólar é geralmente seguida da sua consequência lógica. A longo prazo os exportadores de petróleo não aceitarão um valor menor pelas suas vendas. Se o curso do dólar baixa 10%, é quase certo que os preços do petróleo aumentarão 10% de modo a que o valor permaneça pelo menos idêntico.

Se não houver mais necessidade de dólares para comprar petróleo, o resto do mundo não terá nenhuma vantagem em continuar a servir-se do dólar. Apenas desvantagens. O dólar não representa mais equivalência em ouro e a dívida externa gigantesca conduzirá à consequência lógica: o curso do dólar cairá. E quando os estrangeiros não aceitarem mais dólares, os Estados Unidos não poderão mais imprimi-los para viver às custas do resto do mundo. Não poderão mais manter o seu exército custoso. Perderão a sua influência.

Dissolução da dívida

A queda do dólar terá um efeito secundário miraculoso para os Estados Unidos. Quando o dólar já não valer mais nada, a dívida externa terá ao mesmo tempo desaparecido. Com efeito, esta é composta de dólares que se encontram no estrangeiro. No limite, atingirão o valor do papel velho. Mas ai! A queda do dólar será igualmente acompanhada pela falência de bancos, empresas e organizações internacionais, cujo destino está ligado ao do dólar.

4. Reservas de dólares do Japão e da China

Um grupo importante de compradores de dólares é constituído pelos bancos centrais dos diferentes países. Os bancos centrais guardam reservas estratégicas. São reservas em moeda estrangeira, com as quais estes bancos podem recomprar a sua própria moeda, se porventura grandes quantidades forem propostas nos mercados de câmbio. Assim, eles podem impedir que o curso da sua moeda caia. Eles guardam estas reservas na moeda mais aceite do mundo, até agora o dólar. Mas na China, no Japão, e igualmente em Formosa e na Coreia do Sul, estas reservas de dólares subiram muito acima do que é estrategicamente necessário. [6]

Não é tanto porque estes bancos gostem de guardar os dólares, ao contrário. Estes países exportam muito e, em consequência, massas de dólares afluem para eles. Elas devem ser trocadas contra a moeda local para pagar os trabalhadores e as matérias-primas. Se a procura de dinheiro local empurra o seu curso para o alto, os produtos tornam-se mais caros para o estrangeiro. Assim, para não por em perigo a posição exportadora do país, os bancos centrais tentam manter o curso da moeda estável. E é por isso que compram dólares maciçamente, evitando assim que o curso da sua própria moeda aumente.

Para estes países isto é um grande problema. Por todos estes dólares armazenados, os bancos centrais emitem dinheiro local. Portanto, de facto, os trabalhadores recebem inflação em troca dos seus produtos exportados. [7]

Desta maneira exportam trabalho e matérias-primas em troca de nada. Para os bancos centrais, estes dólares rendem quase nada. Os dólares certamente podem ser trocados por obrigações, como os títulos do Tesouro, e render algum juro. Mas mesmo estes juros não pagam definitivamente senão a si próprios, uma vez que os Estados Unidos pagam-nos simplesmente com um novo aumento da sua dívida externa.

Durante este período, o valor de todos estes dólares armazenados é tributário das flutuações de curso nos mercados de câmbio. E além disso, devido à dívida externa gigantesca dos Estados Unidos, o dólar ameaça implodir a qualquer momento. Estes bancos centrais estão encalhados entre a necessidade de se desfazerem destas reservas de dólares, a necessidade de comprarem dólares para manterem o curso da sua própria moeda e, eventualmente, de comprar dólares quando o curso do mesmo arrisca-se a cair nos mercados mundiais de câmbio. Enquanto isso, os Estados Unidos deixam subir a sua dívida externa cada vez mais rapidamente. Por quanto tempo pode isto ainda continuar?

Peritos do Asian Development Bank estimam que o curso do dólar deveria descer de 30% a 40%. [8] Tamanha baixa comporta o risco de que um número importante de bancos e empresas vendam os seus dólares rapidamente e que mesmo os bancos centrais não queiram ou não possam mais impedir a queda total do dólar. Aquele que vende os seus dólares em primeiro lugar safa-se, quem espera não tem senão de calcular as suas perdas.

5. Conflitos camuflados

Para manter a procura permanente de dólares, as vendas de petróleo devem continuar em dólares. É por isso que os Estados Unidos tentam manter a maior influência possível, por um lado sobre o mercado do petróleo, pelo outro sobre os dirigentes locais. Deste modo asseguram simultaneamente o seu aprovisionamento em petróleo. E, para os dirigentes locais, há contratos lucrativos a obter com os quais se pode apropriar de um máximo de benefícios na produção de petróleo.

O medo ganha sempre à razão

Mas quando estes dirigentes locais não quiserem mais vender seu petróleo em dólares, os Estados Unidos terão um problema. Neste caso, o presidente dos Estados Unidos não explicará quanto o seu país é dependente da procura de dólares. O conflito será, pois, sempre camuflado. Para isso, sistematicamente, será escolhido um tema emocional. Outrora era o perigo comunista, hoje é o perigo terrorista, fundamentalista e outros medos populares tais como "o inimigo tem armas de destruição maciça" ou "o inimigo tenta fabricar armas nuclares". Que, racionalmente, não exista qualquer prova é sem importância. As emoções dominarão sempre. Mesmo o facto de as acusações serem invertidas, com provas para demonstrar, não é notado por quase ninguém: os Estados Unidos têm armas de destruição maciça e já as utilizaram; os Estados Unidos têm armas nucleares e já as utilizaram. Em 2006 ainda ameaçaram fazer uso delas. Mas, mais uma vez, a partir do momento em que as acusações são vertidas emocionalmente, o ser humano desliga sua inteligência. A razão já não é um argumento para manter a paz. O teatro já não se concentra senão em torno das acusações. E uma vez que nenhum especialista de armas de destruição em massa ou de armas nucleares tem a palavra, praticamente ninguém descobre o problema real dos Estados. Façamos uma ronda para ver alguns conflitos mais de perto.

A Venezuela

Na Venezuela os Estados Unidos tentam há vários anos fazer cair o presidente Chavez, com o pretexto de que é um perigoso comunista. Chavez nacionalizou a indústria do petróleo [8a] e exporta uma parte do óleo em transações por troca, como por exemplo petróleo contra os cuidados médicos de Cuba. Nas transações de troca não há necessidade de dólares e assim os Estados Unidos não podem lucrar.

O Iraque

Até 1990 os Estados Unidos tinham contactos comerciais lucrativos com Saddam Hussein. Saddam era um bom aliado, pois em 1980 havia tentado libertar o pessoal da embaixada dos Estados Unidos em Teerão. Em 1989, Saddam acusava o Kuwait de inundar o mercado de petróleo e fazer cair os preços. Em 1990, Saddam anexava o Kuwait. Isto provocou uma viragem imediata na atitude dos Estados Unidos. Com a anexação do Kuwait, Saddam dispunha de 20% das reservas mundiais de petróleo. Os iraquianos são portanto expulsos do Kuwait pelos Estados Unidos, apoiados por uma coligação de 134 países, e postos a pão e água durante dez anos no quadro de um embargo das Nações Unidas.

Apesar de os Estados Unidos terem sonhado durante anos com uma maneira de restabelecer a sua influência no Iraque, a passagem de Saddam ao euro, em 6 de Novembro de 2000 [9] , devia tornar a guerra inevitável. O dólar afundava e em Julho de 2002 a situação tornava-se de tal como crítica que o Fundo Monetário Internacional advertia que a divisa dos EUA arriscava-se a soçobrar. [10] Alguns dias depois, em Downing Street (Londres), eram discutidos os planos de ataque. [11] No mês seguinte, o vice-presidente Cheney proclamava que doravante era certo que o Iraque dispunha de armas de destruição em massa. [12] Utilizando este pretexto, os Estados Unidos invadiram o Iraque a 19 de Março de 2003. Dia 5 de Junho 2003 restabeleciam as vendas do petróleo iraquiano em dólares. [13]

O Irã

Com o Irã, os Estados estão em conflito desde 1979, quando perderam influência sobre a sua produção de petróleo. Segundo os Estados Unidos, o Irã é um país de fundamentalistas perigosos.

A posição geográfica do Irã, entre o Mar Cáspio e o Oceano Índico, complicava as ambições dos Estados Unidos quanto à exploração das ricas reservas de gás e de petróleo da margem leste do Mar Cáspio. Para transportar este gás e este petróleo com destino aos mercados mundiais, sem passar pela Rússia ou o Irã, deviam ser construídos pipelines através do Afeganistão. Isto resultou em vários conflitos de interesse com o Irão. George W. Bush ia usar a presença de Osama bin Laden como pretexto para começar uma guerra contra o Afeganistão. [14]

Em 1999 o Irã anunciava publicamente que estava igualmente pronto a aceitar euros pelo seu petróleo. O Irã vende 30% do seu petróleo à Europa, o resto sobretudo à Índia e à China, e nem uma gota aos Estados Unidos após o embargo que os próprios Estados Unidos estabeleceram. Apesar das ameaças de Bush, que mencionava o país no seu famoso "eixo do mal", o Irã começou a vender petróleo em euros a partir da primavera de 2003.

A seguir o Irã queria também estabelecer a sua própria bolsa de petróleo, independente do IPE e do NYMEX. Ela devia abrir as portas a 20 de Março de 2006. Tendo em conta a fraqueza do dólar nesta época, um êxito desta bolsa conduziria ao desastre do dólar e portanto dos Estados Unidos. No princípio de 2006 as tensões cresceram seriamente. [15]

Finalmente, a abertura da bolsa foi retardada. Rapidamente, o presidente Putine abriu então uma bolsa na Rússia, o que fazia com que esta bolsa iraniana perdesse interesse. [16] [17] [18]

Os Estados Unidos acusam o Irã de pretender fabricar bombas nucleares. Isto não é novo. O Irã e outros países árabes sentem-se efectivamente ameaçados pelo arsenal nuclear de Israel, que não é membro do Tratado de Não Proliferação. Em 1981 Israel havia bombardeado a central nuclear quase pronta de Osirak, no Iraque. Desde então, vários países árabes pensam em munir-se de armas nucleares para contrapor-se à ameaça israelense. [19]

Pode parecer estranho que um país dispondo de petróleo queira energia nuclear. O Irã exporta petróleo bruto, mas importa produtos petrolíferos refinados. Estes são necessários para a iluminação, o aquecimento, o transporte e a indústria da sua população em crescimento. Para muitos iranianos, o preço real destes produtos seria demasiado elevado. É por isso que são vendidos barato, com perdas para o Tesouro iraniano. A passagem à electricidade deve proporcionar energia a todo o país a um preço comportável. O Irã tem necessidade dos rendimentos destas exportações de petróleo a fim de financiar as importações dos muitos outros produtos de que o país tem necessidade.

As centrais iranianas parecem um alvo privilegiado para os seus adversários. Se elas fossem destruídas, o Irã deveria consumir seu petróleo ao invés de exportá-lo em euros. Ultimamente, o responsável da AIEA, El Baradei, advertiu estes adversários para não atacareem as centrais iranianas. [20]

Hoje, tomando o Irã como pretexto e como teste, foi tramado um golpe duplo. Juntamente com os outros países dotados de armas nucleares, mais a Alemanha e o Japão, os Estados Unidos querem apossar-se do mercado mundial dos combustíveis para centrais nucleares. Com este plano, a procura de dólares seria assegurada por um longo período, mesmo para além do ninho do petróleo. [21]

A Rússia

Desde 2006 a Rússia também virou as costas ao dólar. [22] Ao vender o excedente de dólares aos bancos centrais, o presidente Putine teve o cuidado de que isto não tivesse consequências sobre o curso do dólar. Entretanto, a base para procura mundial de dólares diminuiu bastante. Os Estados Unidos têm necessidade da Rússia para o assalto ao mercados dos combustíveis nucleares, portanto as represálias parecem pouco prováveis.


6. Como se roubam reservas de petróleo?

Ainda há um outro aspecto quanto ao abuso do dólar. Durante as manifestações contra a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, a maior parte dos manifestantes compreendia que não se tratava de armas de destruição em massa. O Iraque tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo. Os manifestantes percebiam que os Estados Unidos estavam em busca do petróleo iraquiano. É verdade, mas como se podem roubar reservas de petróleo que se encontram debaixo da terra e são tão gigantesca que não se pode levá-las?

Faz-se isso com a moeda. Ao impor que este petróleo não fosse vendido senão em dólares, os Estados Unidos tornaram-se de uma penada seus proprietários. Os Estados Unidos são os únicos que têm o direito de imprimir dólares e poderão dispor deles livremente a qualquer momento. Os outros países que quiserem comprar petróleo do Iraque devem primeiro comprar dólares. De facto, é neste exacto momento que eles o pagam aos Estados Unidos. Os dólares que compram são direitos para receberem uma certa quantidade de petróleo (como no Ikea quando se compra um móvel: primeiro paga-se na caixa e recebe-se um documento, com este papel pode-se buscá-lo na porta de mercadorias atrás da loja). Os dólares portanto são documentos para petróleo. E como todo o mundo tem sempre necessidade de petróleo, todo o mundo quer destes documentos.

A passagem ao euro de Saddam Hussein, no princípio de Novembro de 2000, não era portanto apenas um ataque ao curso do dólar, mas implicava igualmente que os Estados Unidos não mais poderiam dispor livremente da segunda maior reserva de petróleo mundial. Os Estados Unidos deveriam comprar euros para delas dispor. Desde o restabelecimento da venda em dólares do petróleo iraquiano, a 5 de Junho de 2003 [23], os Estados Unidos têm novamente, pelo menos financeiramente, a livre disposição do petróleo iraquiano. Mas ainda é preciso homens de palha à frente do país e impedir que o comércio do petróleo iraquiano não vire outra vez as costas para o dólar. Isto é mais fácil de dizer do que de fazer.

A economia do dólar

A economia do dólar não se limita às fronteiras dos Estados Unidos. Não há apenas as reservas de petróleo etiquetadas em dólares a dela fazer parte. Igualmente as empresas, bancos e investimentos pagos em dólares dela participam, pouco importa onde se encontrem. São como ilhotas da economia do dólar. Os benefícios e dividendos retornam aos seus proprietários. Aliás, o valor destes investimentos é influenciado pelo curso da troca do dólar. Os vendedores de petróleo, que vendem em dólares, são actores na economia do dólar e comportam-se geralmente como perfeitos representantes dos interesses dos Estados Unidos. Consideram do seu
próprio interesse.

7. Euro versus dólar

O euro está cotado desde Janeiro de 1993. Em Junho de 2005 o curso era o mesmo do momento da sua introdução: US$ 1,22. A nova moeda já experimentou flutuações múltiplas durante a sua curta vida. A partir de 1998 o euro afundava-se cada vez mais, até que Saddam Hussein passe ao euro. Apesar de o comércio de petróleo iraquiano ter sido restabelecido em dólares em Junho de 2003, o avanço do euro continuava. O Irã havia começado a vender o seu petróleo em euros.


O euro tornou-se uma pequena moeda mundial. Entre Julho de 2004 e Julho de 2005, a parte do dólar no comércio mundial desceu de 70% para 64%. Um pouco menos destes 64% referem-se à parte dos Estados Unidos no comércio mundial. Mas se o euro quiser tornar-se tão importante quanto o dólar, ainda tem muito caminho a percorrer.

Euro: mesmas desvantagens que o dólar

Em princípio, o euro apresenta os mesmos riscos do dólar. Enquanto houver um motor permanente para uma procura de euros, como por exemplo vendas de petróleo em euros, a zona euro poderia fazer dívidas e deixá-las crescer infindavelmente.

Para evitar dívidas, a zona euro deveria guardar nos seus cofres uma quantidade equivalente em moedas estrangeiras no valor dos euros fora da Europa. Por que o faria? O truque da prestidigitação do crédito sem fim funciona sem problemas para os Estados Unidos já há mais de 30 anos!

Se os países produtores de petróleo venderem seus óleo em duas ou três divisas diferentes, como foi encarado, isto significa somente que os três países em causa poderão fazer o mesmo truque de prestidigitação que os Estados Unidos. A longo prazo isto multiplicaria os problemas por três. A única solução para isto seria que os países produtores de petróleo aceitassem todas as divisas existentes no mercado. Teerã já considerou aceitar mais do que uma única moeda. Passo a passo.


8. Células cancerígenas verdes

O facto de os Estados não não deixarem senão crescer a sua "dívida externa" e de chegarem até a utilizar a força militar para prolongar esta exploração faz com que não se possa mais falar de uma dívida externa normal, tal como aquela que se conhece no comércio internacional entre os demais países do mundo. No que se refere aos Estados Unidos, pode-se falar de roubo. Também se pode falar até mesmo de burla ou de taxa imperial que os Estados Unidos impõem aos utilizadores estrangeiros do dólar. Mas há mais.

Cada bilhete de dólar é um reconhecimento de dívida dos Estados Unidos, uma promessa de que entregarão alguma coisa em troca. Pela quantidade enorme destes reconhecimentos de dívida postos em circulação, os Estados Unidos não estão mais em condições de reembolsar as suas dívidas desde há muito tempo. Estão em falência. A obrigação de pagar o gás e o petróleo em dólares mantém uma procura permanente. O curso do dólar é entretanto mantido de modo artificial, como através do armazenamento dos dólares nos bancos centrais da China, do Japão, de Formosa e de outros países. Como isto significa um empobrecimento da população destes países e como os Estados Unidos fazem crescer a sua dívida externa cada vez mais rápido, chegará um momento em que estes bancos centrais terão de parar de armazená-los. A questão portanto não é de que o dólar deverá cair, e sim de QUANDO cairá.

Como o mundo está enganado com a aparente boa saúde do curso de câmbio, muitos operadores do comércio mundial ainda aceitam estes bilhetes que se aninham em todas as economias do mundo como células cancerosas. A questão é incontornável. Todas as economias infectadas serão arrastadas no dia em que a procura de dólares cair e o império dos Estados Unidos soçobrar.

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