Menu

FILOSTEC
POLITICA FILOSOFIA SAUDE TECNOLOGIA ARTE ECONOMIA COMPORTAMENTO LIVROS COMUNS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL FILOSTEC.COM.BR

JORNAIS QUE TEM INFORMAÇÃO REAL.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PORQUE LUTAMOS? Como o exército Americano transformou-se em um exército de MERCENÁRIOS.

BAIXE O FILME "PORQUE LUTAMOS" QUE MOSTRA COMO OS ESTADOS UNIDOS HOJE LUTA POR INTERESSES DIVERSOS DOSQUE ESPERA A NAÇÃO, TORNANDO-SE UM GRUPO DE MERCENÁRIOS A SERVIÇO DE INTERESSES INCONFESSÁVEIS. BASTA CLICAR AQUI.






Um cidadão jovem que chegue aos Estados Unidos, encontrará uma propaganda muito sedutora, e ela será tanto mais sedutora se esse jovem estiver sem rumo, sem perspectiva. 

Isso porque todos os seus problemas poderão ser resolvidos se ele se alistar no Exército para servir como Mariner do exército dos Estados Unidos da América. 

O governo americano lhe oferece de imediato um soldo, ou seja uma remuneração mensal, além de lhe pagar moradia, e todas as suas despesas como agua, energia, etc... 

Sua família de pronto é atendida. Além disso lhe é oferecida uma carreira como militar onde ele irá se especializar em alguma profissão de interesse do exército, além de ter pagos seus estudos.

Essas facilidades são oferecidas porque hoje o alistamento militar não é mais obrigatório como no passado, sendo voluntário, e para que o exército congregue sua tropa é necessário oferecer vantagens que levem os jovens que estão na faixa etária específica a se sentirem atraidos para a vida militar.

Óbvio está que essa é uma forma de colocar nas forças armadas, pessoas que se sentiriam atraídas não por um sentimento de patriotismo, mas por obter vantagens, tais como por exemplo um imigrante que desejasse obter visto de permanência nos Estados Unidos e essa é uma característica dos mercenários.

Também é uma forma de colocar a serviço dos Estados Unidos os indivíduos com menor projeção social e que estejam menos engajados na Pátria Americana, o que não é o caso do cidadão Americano Nato. Ou em termos mais populares, coloca-se como "buxa de canhão" os imigrantes e os jovens mais desajustados no contexto social, normalmente aqueles provenientes de bairros negros e de bolsões de imigrantes. É uma forma também de poupar o sangue nobre Americano e derramar o sangue dos "INDESEJÁVEIS" a seu serviço.

Algo meio parecido com o Império Romano que contava em suas legiões com soldados mercenários, poupando assim o Sangue Nobre Romano. 

Por isso quando se diz que os soldados mortos no Iraque representam o sangue americano, eu diria que isso não é cem por cento verdade. Pode representar sim o sangue americano dos Americanos burros, que nascendo nos Estados Unidos escolheram se alistar em um exército que todos sabem não combater pelos interesses nobres e legítimos da nação, mas sim pelos interesses das grandes corporações.

Portadores de vistos temporários que morem 

nos EUA há pelo menos dois anos poderão ganhar 

cidadania, caso se alistem.


O cidadão Americano Nato que nasce nos Estados Unidos e pertence a uma família ajustada, tem inúmeras oportunidades de ascensão social na sua vida profissional, podendo se engajar em várias profissões que seriam destinadas a uma parcela de privilegiados e que estariam fora das perspectivas de imigrantes a menos que sejam imigrantes especiais que entrariam nos Estados Unidos por suas qualidades especiais como uma instrução desejável por alguma empresa ou corporação. Os ganhos nesse caso atingem altos patamares comparados ao que estamos acostumados. 

Como nos estados Unidos os salários são computados por ano, diríamos que um cidadão bem ajustado em uma profissão de qualidade como médico, advogado ou engenheiro poderia aspirar um salário médio de U$150.000,00 (Cento e cinquenta mil dólares por ano) Isso dá  U$12.500 (Douze mil e quinhentos) dólares por mês ou R$22.500,00 (Vinte e dois mil e quinhentos Reais). 

É notório que até as profissões mais humildes permitem bons padrões de vida nos Estados Unidos. Sendo assim um carteiro por exemplo pode ter sua casa, seu carro sem muito esforço percebendo um salário em torno de R$4000,00 (Quatro mil dólares por mês). 

Lá nos Estados Unidos as diferenças entre os preços praticados aqui no Brasil não são muito grandes, para os ítens gerais tais como alimentação e roupas, sendo preços mais em conta para produtos eletro eletrônicos, carros e produtos industrializados em geral. Produto eletro eletrônico que para nós brasileiros é item de status social é lixo para eles, que normalmente não aproveitam nada. Jogam tudo fora. Até carros usados. Se tiver dúvida consulte os preços do Ebay e compare aos nossos

Em contra posição encontramos o mercado imobiliário, esse sim muito dispendioso. Imóvel nos Estados Unidos e no Canadá é muito caro. Para os Marines que se alistam não há essa preocupação pois o governo lhe propicia moradia para si e sua família, normalmente em conjuntos residenciais para militares.

Quando estive nos Estados Unidos em 1977, o soldo de um soldado que se alistasse voluntáriamente era de U$900,00 (Novecentos dólares). Não sei quanto seria hoje, mas embora para um Brasileiro isso represente uma quantia razoável, para um indiano então nem se fala, para o Americano que aspira um emprego mesmo um mais humilde isso é uma miséria. 

Mas se você é imigrante com seu visto vencido, isso pode representar a solução, porque ai você estaria legalizando sua situação, o que lhe daria entre outras possibilidades, a possibilidade de obter um plano de saúde, coisa que tem um grande valor dentro dos Estados Unidos, onde a medicina é cara demais.


Não é apenas o crescente número de baixas entre as tropas americanas que leva a guerra no Iraque cada vez mais a fazer jus a comparações com o Vietnã. Os mortos em combate no Golfo giram em torno de 2.300 (em três anos) e apesar de ainda serem muito menos numerosos que os 55 mil do Sudeste Asiático (em sete anos), a comparação se torna válida porque a quantidade de feridos e mutilados tende a ser bastante superior, proporcionalmente, à do conflito nos anos 60. Melhoraram os médicos, que salvam até casos perdidos como o do soldado que teve parte do crânio destruído por um tiro de fuzil. Nos pântanos do Mekong, ele estaria num saco plástico, mas em Bagdá viveu para ganhar uma prótese metálica. 
Devastação no Iraque causada pela guerra.

Na época dos combates contra o Vietcong, uma das coisas que mais se discutia era o perfil do soldado comum, o "soldado-cidadão", como magistralmente traduziu Stephen Ambrose em livro homônimo sobre a II Guerra. Dizia-se que, diferentemente daquele conflito, na maioria esmagadora o contingente dos EUA na Ásia era formado por reservistas, quase todos vindos de regiões pobres, majoritáriamente negros e hispânicos. O alistamento era uma forma de escapar do desemprego e a baixa exigência garantia a reposição mínima. A elite era preservada ao máximo, quando não simplesmente fugia da obrigação de pegar em armas, como no caso do ex-presidente Bill Clinton - "por questões idelógicas", afirmou em sua defesa - e do atual, George Bush - alistado pela família como piloto na Guarda Nacional texana justamente para fugir do front. Filmes como "Platoon", de Oliver Stone, e "Apocalipse Now", de Francis Ford Coppola, entre outros, são reproduções perfeitas desse ambiente.


No Iraque de hoje, é principalmente essa "carne de canhão" que está morrendo. Gente como o carioca Felipe Carvalho Barbosa, de 22 anos, fuzileiro naval há seis, atingido em Faluja por uma bomba artesanal. O governo americano, às voltas com a drástica queda na captação de voluntários, reduziu já há algum tempo as exigências para aqueles que se apresentavam e essa pode ter sido a chance para o rapaz, que era um dentre 100 imigrantes no seu batalhão. Assim como Felipe, tenho visto muitos outros casos passarem pela listagem de fotos e matérias de agência. São soldados "americanos" mortos em combate, mas de origem filipina, portorriquenha, salvadorenha, mexicana, e assim por diante. Jovens que, em troca da cidadania americana automática, se alistaram para a guerra. Menos treinados para a guerra de guerrilha, acabam expostos em situações que unidades com maior profissionalização evitariam. 


Lembro que o Pentágono instituiu uma proibição de que se publicassem fotos ou se divulgassem imagens de enterros de soldados mortos em combate. É uma lição certamente tirada do Vietnã, onde a profusão de caixões cobertos com a bandeira ajudou a consolidar o repúdio da sociedade a um conflito sem a justificativa moral da guerra entre 1939-45. Atualmente, as imagens oferecidas pelas agências com as quais trabalho (Reuters, France Presse e Efe) não costumam incluir funerais de militares a serviço dos EUA realizados em território americano, apenas as que acontecem em outros países. Nem cenas do desembarque diário de feridos trazidos em um vôo especial que aterrissa sempre de madrugada, ou da procissão de ambulâncias que deixa a base aérea perto de Washington, logo depois, rumo ao Hospital Walter Reed. 



Dos mais de 138 mil homens e mulheres baseados no Iraque, uma pequena parcela é formada agora por forças especializadas, ao contrário do que ocorria até que o tema se tornasse incômodo demais para a campanha presidencial republicana, em 2004. O governo decidiu iniciar um rodízio de tropas, mas recorrendo aos reservistas da Guarda Nacional para substituir soldados profissionais. Estes, como tropa de elite, passaram a correr muito menos riscos, sendo acionados apenas para ocasiões especiais, nas quais podem contar com o apoio da aviação. No resto do tempo, a máquina militar em campanha é movida por soldados comuns, as maiores vítimas das emboscadas da insurgência. Gente cuja morte não agregará novas vozes no debate sobre a retirada definitiva do país árabe.


Por essa razão exauridas pelas guerras no Afeganistão e Iraque, as Forças Armadas americanas vão começar a recrutar imigrantes qualificados que vivem no país com vistos temporários, oferecendo a eles a chance de se tornarem cidadãos americanos em um prazo tão curto como seis meses. 



Os imigrantes que são residentes fixos no país, com green cards, já são qualificados para alistamento há tempos. Mas o novo esforço, pela primeira vez desde a Guerra do Vietnã, vai abrir espaço nas Forças Armadas para imigrantes temporários, caso eles morem nos Estados Unidos há pelo menos dois anos.



Recrutadores esperam que os imigrantes temporários tenham mais instrução, habilidades em línguas estrangeiras e experiência profissional que muitos americanos que se alistam. 

Isso ajudaria as Forças Armadas a preencher vagas em equipes médicas, de intérpretes e em setores de inteligência.  

O Exército americano atua em vários países onde a a consciência cultural é importante – diz o general Benjamin Freakley, o principal recrutador do Exército, que comanda o programa piloto.

O programa começará pequeno – limitado a mil recrutas no país inteiro durante o primeiro ano, a maioria para o Exército e alguns para outros setores. 

Se o programa piloto for bem-sucedido, como os representantes do Pentágono preveem, ele será expandido para todas as divisões das Forças Armadas. Para o Exército, ele poderia fornecer até 14 mil voluntários por ano, ou cerca de um a cada seis recrutas. 

Cerca de 8 mil imigrantes permanentes, com green cards, entram para as Forças Armadas americanas anualmente, segundo o Pentágono, e quase 29 mil estrangeiros atualmente em serviço não são ainda cidadãos americanos.

Embora o Pentágono tenha autoridade para recrutar imigrantes desde logo depois do 11 de Setembro, os militares têm atuado cautelosamente para construir as bases legais do programa de imigrantes temporários e assim evitar polêmicas internas e entre os veteranos diante da perspectiva de uma adesão em massa de imigrantes. 

A divulgação do programa, no ano passado, suscitou uma leva de comentários irados de militares na ativa e veteranos no site Military.com. Marty Justis, diretor da American Legion, a organização dos veteranos, disse que enquanto uma parcela do grupo se opõe “a qualquer grande afluxo de imigrantes”, eles não discordam do recrutamento de imigrantes temporários, desde que eles passem por minuciosas avaliações.

As mortes de dois amigos, aliadas ao fanatismo da Al Qaeda e ‘jihadistas’, me mostrou a ameaça desses grupos à civilização, à liberdade e aos direitos humanos

O brasileiro Fernando Rodrigues desejava servir em alguma missão de paz da ONU ou em um “combate contra inimigos da democracia”. Para tanto, tentou servir as Forças Armadas brasileiras ou entrar na Academia Militar das Agulhas Negras. Não conseguiu. Por uma série de circunstâncias, foi aos EUA, tornou-se marine e acabou no meio do conflito no Iraque. Nesta entrevista, o brasileiro conta como se tornou um soldado dos EUA, o duro treinamento para ser um marine e a decisão de entrar na “briga” contra o terror.

Você sempre quis ser militar?
Fernando Rodrigues - Não, essa vontade começou pequena, e passou a crescer exponencialmente com o passar do tempo e depois de certas portas que foram se fechando. Idealista, queria dar minha contribuição servindo as Forças Armadas em missões de paz a serviço da ONU ou, na face mais escura da moeda, em combate contra inimigos da democracia, liberdade e da própria evolução da civilização e dos direitos humanos. A princípio acomodei essa vontade quando prestei vestibular de Administração de Empresas (procurando seguir os passos de meu pai, que é empresário) no período noturno, para que pudesse servir no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR), de Curitiba (PR). Quando algumas portas foram se fechando, outras foram se abrindo e segui um caminho tão bizarro que me levou aos Estados Unidos e depois ao Oriente Médio. Até hoje me surpreende para onde essa estrada me levou e o quanto me ensinou.

Você foi impedido de servir as Forças Armadas brasileiras e também não conseguiu entrar na Academia Militar das Agulhas Negras. O que aconteceu?
Fernando Rodrigues - Na época de alistamento, imaginava que voluntários teriam preferência na época de seleção para o serviço militar no Brasil. Embora eu estivesse em plena forma, era atleta, (como hobby era competidor de jiu-jitsu), fui dispensado por excesso de contingente enquanto outros foram aleatoriamente selecionados para as poucas vagas. Achei extremamente mal organizado e não pude servir o NPOR de Curitiba.
A vontade de servir passou a crescer e pensei em prestar concurso para a Academia Militar das Agulhas Negras (em Resende, RJ). O site de internet da AMAN estava desatualizado (a data do concurso seguinte incluía nascidos até 1980, mas na verdade esta data era a do ano passado, portanto, o próximo concurso era apenas para os nascidos até 1981). Não me dei conta do erro e procurei cursinhos para me preparar para a prova da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx, que era a porta e pré-requisito para admissão na AMAN). No dia da inscrição, fui alertado por um funcionário do correio que estava acima da idade por um mês e quatro dias (nasci no dia 26 de novembro de 1980). Foi uma grande decepção, mas Deus com certeza escreve certo com linhas tortas… Gosto de acreditar que Ele apenas tinha um melhor plano para meu desenvolvimento nessa vida.

Quando você foi para os Estados Unidos? Qual o motivo?
Fernando Rodrigues - Em meados de 2001, enquanto planejava minhas próximas alternativas, tranquei a faculdade noturna na UNICENP. Depois de pesquisas na internet, descobri uma academia militar nos Estados Unidos chamada “The Citadel” (A Fortaleza) que era uma universidade militar que permitia alunos estrangeiros de países amigos aos EUA com visto de estudante. Pensei que seria uma boa experiência que iria ao menos me expor à disciplina e ao mundo militar com que sonhava participar. Isso tudo somado ao fato de receber diploma universitário era unir o útil ao agradável na minha perspectiva.



Quando decidiu entrar para o corpo dos fuzileiros navais dos EUA?
Fernando Rodrigues - O plano original era para que eu concluísse o currículo acadêmico da Citadel (bacharelado em Ciências Políticas) e voltasse ao Brasil formado, com a experiência da academia militar estando de bom tamanho. No entanto, depois dos atentados de 11 de setembro, 2001, alguns de meus colegas que eram reservistas foram chamados pelas suas respectivas unidades e alguns foram ao Afeganistão.

Depois disso, em 2003, alguns outros colegas foram ao Iraque participando da invasão e da Operation Iraqi Freedom (OIF). Foi lá que perdi dois colegas de classe, um morto em ação por um terrorista sniper e outro que foi morto quando seu veículo blindado LAV (Light Armored Vehicle) sofreu uma emboscada por terroristas recebendo 11 foguetes de RPG-7 (arma soviética antitanque).

As mortes desses dois amigos, aliadas ao fanatismo da Al Qaeda e “jihadistas”, me mostrou a ameaça desses grupos à civilização, à liberdade e aos direitos humanos (principalmente das mulheres, que são subjugadas e tratadas como animais dentro da interpretação radical islâmica destes grupos).

Decidi então que a briga era minha também, de imediato saí da academia militar e comecei o processo de alistamento nos marines.
UOL Notícias – Quais são os pré-requisitos para se candidatar ao corpo dos fuzileiros navais?

Fernando Rodrigues - Na época, tinha recebido o visto de residência permanente (conhecido como “green card”) devido ao meu casamento com minha mulher, a americana Laurie. Esse documento é o pré-requisito para alistamento nas forças armadas americanas, somado a uma “high-school degree a” (diploma equivalente ao ensino médio brasileiro).

Para que eu fosse oficial, eu tinha que ter a cidania americana (nas forças armadas são precisos dois anos para se obter o “green card”; é mais rápido que na vida civil, que leva de 4 a 5 anos) e diploma universitário (Ciências Políticas).

Hoje em dia entrar nas forças armadas americanas não é difícil, é só ter a documentação necessária e ser atleta e “casca grossa”. O difícil são as etapas a ser conquistadas e ser um bom marine, aí que está o desafio. Um misto de paciência de monge tibetano, humildade de lixeiro, honra de um cavaleiro da távola redonda e, quando necessário, a força e agressividade de um leão mal humorado. Aí sim você será bem lembrado pelos que serviram ao seu lado no Marine Infantry (Infantaria dos Marines, a força de combate)…


Como foi a seleção para o corpo dos fuzileiros navais?
Fernando Rodrigues - A seleção é algo trivial e sem grandes frescuras. São testes físicos, intelectuais e psicológicos. Após toda a burocracia e testes, assinei o contrato de serviço que é irrevogável, o serviço militar dali em diante não é opcional e você não pode simplesmente se demitir ou não mais querer pertencer. As forças armadas são voluntárias, mas a partir do momento que o contrato está assinado você está servindo o governo americano até seu desligamento. Assinei meu contrato com cláusula exclusiva garantindo que eu serviria como “infantry option” (a infantaria, a “ponta de lança” do corpo de fuzileiros navais).


Como é o treinamento para se tornar um marine? Quais foram as etapas mais difícieis e exaustivas para se tornar um marine?
Fernando Rodrigues - Os marines são 3 em 1 (terra, mar e ar) numa força menor e expedicionária para pronto emprego. Existe uma amistosa competição entre os ramos das forças armadas para ganhar mais prestígio e verbas do Departamento da Defesa dos Estados Unidos. As unidades mais relevantes, obviamente, recebem mais respaldo e emprego em missões especiais. Se tornar um marine não é tão difícil. Há dois centros de treinamento de recrutas nos Estados Unidos, um em San Diego na Califórnia e outro em Parris Island, Carolina do Norte. Este é o mais notório pântano que há muito tempo treina marines. Em 13 semanas na umidade infestada de insetos dessa base, endurece até os mais teimosos frouxos da sociedade americana.

É uma gritaria sem fim, 24 horas por dia você é submetido a um mundo onde você não é um indivíduo e sua vontade pessoal é irrelevante. Mais importante, você não sobreviverá se continuar a se portar como um indivíduo. Portanto, a dificuldade está em se aliar a um grupo de estranhos no seu pelotão dos mais variados cantos e prevalecer nesse ambiente. Meu pelotão se formou em Parris Island como o pelotão de honra. Foi um verão quente, confuso e sinistro.

 Após se tornar um marine, quais atividades fez antes de ir para o Iraque?
Fernando Rodrigues - Fomos ao Iraque duas vezes, sete meses cada (fevereiro de 2007 ao final de setembro 2007 e a segunda campanha foi de julho 2008 à fevereiro 2009). Entre esses períodos era um misto de treinamento intenso e frenético, e de tédio e espera ao dia de embarque ao teatro de operações. O pacote de treinamento para uma campanha de combate no Iraque inclui treinamentos de combate urbano e contra-insurgência em Forte Bragg (base militar), cinco meses de treinamentos diversos e desenvolvimento de táticas operacionais padrão em Camp Lejeune, Carolina do Norte, e o mais desgastante: 40 dias de treinamento no deserto do Mojave em 29 Palms, Califórnia. É um ritmo alucinante e desgastante, especialmente para marines casados e com filhos.

Eu aceitaria melhor se a queda de Saddam Hussein fosse a justificativa dos EUA para a Guerra.
As tropas dos EUA começam a retirada das cidades iraquianas a partir desta terça-feira (30). Para o brasileiro Fernando Rodrigues, que participou de operações militares no Iraque como um marine a serviço dos EUA, a situação está sob controle. Mas “dependerá do povo iraquiano se manter unido e fortalecer seu governo e forças de segurança para que o país tenha as condições básicas e estabilidade para prosperar”, diz. Nesta entrevista, o brasileiro fala sobre a atual situação do país, George W. Bush, Barack Obama, democracia e “radical” Irã.

Você foi a favor da guerra do Iraque? O que a sua experiência no Iraque mudou em relação à sua visão do governo George W. Bush?
Fernando Rodrigues - Antes de responder, devo dizer que embora tenha estudado Ciências Políticas, Política Internacional e Assuntos Militares, e servido como um marine, acredito ser extremamente ousado e leviano opinar sobre assuntos tão complexos como este no meu nível de conhecimento. O cidadão comum, mesmo quando mal informado e ignorante opina e se diz contra ou a favor sem qualquer estudo sobre o assunto, apenas levando em consideração o que se ouviu aqui ou ali… Tendo dito isto, na minha ignorante opinião, que no momento não pode ser comparado à decisões de presidentes, secretários de Estado e Defesa, experts em defesa, contra-insurgência e conflitos armados, digo ter tido minhas reservas sobre os conflitos no Iraque. Durante a operação Tempestade no Deserto, de 1991, o Iraque foi expulso do Kuait, e o apoio do mundo aos EUA estava consolidado. Saddam Hussein pilhou, roubou e derramou milhares de toneladas de petróleo do Golfo Pérsico por maldade e por ser um mau perdedor.
Por motivos de logística, financeiros e estratégicos, o então presidente George Bush decidiu não ir atrás de Saddam Hussein. Ele sabia que também ganharia o presente de grego de reconstruir toda a bagunça que Saddam e seus filhos causaram durante décadas de ditadura brutal. Isso, porém, apenas adiou o inevitável. Se a entrada dos Estados Unidos na guerra para derrubar Saddam Hussein fosse descrita como tal, e não atrelada ao perigo de armar terroristas e simpatizantes com armas de destruição em massa, eu teria aceitado melhor.
Esses ditadores são uma relíquia macabra de um mundo que já se extinguiu, e é incrível que pessoas como Kim Jong Il, ou outros indivíduos controversos como o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad estejam em cargos de poder, comandando a vida de tantos seres humanos… Por que continuam no poder, mesmo sendo tão negativos para seus povos, para a paz mundial e a evolução e união da raça humana no globo? Agora os povos têm culpa de serem coniventes com as classes que mantêm esses indivíduos no poder, e se se unissem seriam muito mais fácil as mudanças de regime.
A prova de quão longa foi essa guerra do Iraque mostra que alguns povos não estão prontos para a liberdade, a democracia, e apenas após longo período de violência, reconfiguração de prioridades, valores e união, apenas após isso tudo que um país se ergue dos escombros e prospera. São decisões difíceis e com impactos obviamente globais. Os Estados Unidos gastaram muitos bilhões de dólares em ajuda ao Iraque e minha segunda e última campanha lá, quando fiquei sete meses sem dar um tiro ou achar sequer uma bomba, isto prova que a guerra está no fim.
Se o Iraque vai prosperar e manter os níveis de segurança e desenvolvimento alcançado a tanto custo, com vidas perdidas de ambos os lados, isto vai depender deles e a história vai julgar se foi certo ou errado em seu saldo final ao estudar o governo do presidente George W. Bush. Tenho a consciência limpa de que contribuí positivamente com muito trabalho e suor para ajudar esse povo nas responsabilidades que me foram confiadas.

Você votou para presidente dos EUA? O que acha das posições do presidente Barack Obama em relação ao Iraque?
Fernando Rodrigues - Quando recebi a cidadania americana no dia 3 de julho de 2008, estava prestes a embarcar para a segunda campanha no Iraque, não tive tempo de me registrar no Estado da Flórida para votar no Iraque com um “Absentee Ballot” (envelope lacrado do governo americano para voto de tropas em campanha), portanto, não pude participar da última votação presidencial. Mas se pudesse votar, embora gostasse do senador John McCain, teria votado no atual presidente Barack Obama, pois acredito que ele é a melhor opção para os desafios e situações do momento.
As posições do presidente Obama no Iraque são baseadas nas pesquisas e entrevistas pessoais com generais, gabinetes especializados na situação em solo e cuidadosamente estudadas, depois implementadas quando decidido ser o mais razoável plano de ação. Não é o esforço de um homem só, embora muitos indivíduos (como o general David Petraeus, que comandou o teatro de operações e foi autor do “Surge”, o aumento de tropas no Iraque, que aniquilou a insurgência terrorista) tenham contribuído mais que outros. A situação daqui por diante dependerá de quanto os iraquianos querem vencer, e ver seu país prosperar. Não se pode forçar um país a evoluir.


Os EUA começam a retirar suas tropas das cidades iraquianas a partir do próximo dia 30 de junho. Qual a situação do Iraque hoje? O país é capaz de ter a situação sob controle sem a ajuda estrangeira?
Fernando Rodrigues - Na minha última campanha vi uma polícia iraquiana mais competente, um exército mais profissional, envolvido e tenaz no objetivo de erguer seu país. Desde 2008 até nosso retorno em fevereiro de 2009 desmontamos todas as bases avançadas da nossa área de operações e mudávamos para outra visando a data limite (em acordo com o governo iraquiano) para que todas as tropas americanas estivessem fora das cidades até junho de 2009. A partir dali, se dará a retirada de todo o restante de equipamento, pessoal e tudo que foi instalado desde 2003 que o governo iraquiano não queria utilizar (bases e infraestrutura). É um esforço homérico e uma logística monstruosa.
Motivar os subordinados nessas obras também foi um desafio, pois todos os marines novatos e jovens queriam fazer seu trabalho, participar de ações de combate ou humanitárias, não ficar desconstruindo paredes, esvaziando sacos de areia e recolhendo arame farpado e barricadas por meses no verão iraquiano e depois no inverno. Mas isso tudo mostra que a guerra estava sem dúvida no fim, e que a ausência de ação inimiga era a vitória silenciosa do povo iraquiano, com auxílio dos Estados Unidos. Repito: dependerá do povo iraquiano se manter unido e fortalecer seu governo e forças de segurança para que o país tenha as condições básicas e estabilidade para prosperar.

Gostaria de servir os EUA em outra região em conflito? Qual?
Fernando Rodrigues - Fiquei ao todo 14 meses no Iraque. Com a guerra do Iraque e a do Afeganistão chegando ao fim, sinto que fiz minha parte. Se tivesse optado por seguir carreira como um “marine officer” teria estendido meu serviço por mais 4 anos. Decidi, entretanto, que seria mais útil à minha família e à sociedade como empresário. Tenho a segurança que os marines sobre meu comando foram bem treinados e passamos tudo que sabíamos para a nova geração, que irá para o Afeganistão em 2010. Essa guerra está também chegando ao fim e não vejo grandes perigos para meus “irmãos-de-armas”. Mantemos contato e com certeza enviarei pacotes motivantes quando lá estiverem (guloseimas, revistas, livros, filmes, etc) para os momentos entediantes. Se os Estados Unidos entrassem em algum grande conflito, em que inocentes estivessem morrendo aos milhares, com algum país radical como o Irã, talvez então cogitasse participar, mas tenho a certeza de que os marines não estarão desfalcados sem mim, afinal estão indo bem desde 1775. Missão cumprida e viramos a página do livro da vida…


Um comentário:

  1. Se você descobrir que - nos 15 segundos que você gastou para ler isto - você saiu de um ponto no universo e foi para outro distante 3000 km e que nunca mais voltará àquele ponto, você acaba de descobrir que toda a força do exército americano se reduz à força de um estilingue de borracha cozida...

    ResponderExcluir

Todos podem comentar e seus comentários receberão uma resposta e uma atenção personalizada. Seu comentário é muito bem vindo. Esse espaço é para participar. Te aguardamos e queremos seu comentário, mesmo desfavorável. Eles não receberão censura. Poderão apenas receber respostas, ou tréplicas.