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domingo, 12 de junho de 2011

O GOLPE MILITAR CONTRA O BRASIL

Veja o filme documentário "JANGO" do jornalista Silvio Tendler. Clique no icone correspondente no nosso portal, como ilustrado ao lado.            


Você pode assistir ao filme documentário "JANGO" de Sílvio Tendler em nossa página de downloads no endereço abaixo:

Nessa página também é possível baixa-lo para assistir quando quiser e exibi-lo em suas reuniões e apresentações ou aulas.

Vez por outra aparecem à frente dos cenários mundiais certos personagens que parecem ter uma missão. As vezes sua missão é bem compreendida, outras vezes não. 

As vezes eles passam desapercebidos, outras vezes se tornam icones como por exemplo é o caso de MAHATMA GHANDI que conquistou a independência da India sem violência. 

João Belchior Marques de Goulart foi um desses homens que tem a minha admiração e eu considero mesmo, que teve uma missão à frente desse país chamado Brasil. No momento que esse homem chegou ao cenário nacional, vivíamos uma luta de um lado protagonizada por uma elite de latifundiários mesclada com interesses capitalistas tendo a frente os interesses Norte Americanos, e de outro lado aqueles que inspirados nos ideais libertários principalmente provenientes do movimento Cubano onde Fidel Castro conseguira derrotar esses mesmos interesses em um pequeno país, e que sonhavam com a emancipação das classes operárias e dos pobres que viviam no ambiente rural. 

COMICIO NA CENTRAL DO BRASIL
Na verdade o país não estava maduro para as reformas e para a evolução que se pretendia para o Brasil. Seriam precisos ainda toda uma geração para que o país amadurecesse e sem violência conquistasse posições nessa evolução social que Jango pretendia trazer a luz naquele momento.

GOLPE MILITAR DE 1964
Era um momento de ebulição em que vários atores se destacavam. Estudantes, operários, e os interesses capitalistas. Os Estados Unidos nessa época viam com preocupação o alastramento de movimentos populares, afinados com o comunismo principalmente porque estavam já transtornados com o movimento Cubano, e temiam um alastramento de revoluções na América Latina, que viessem a espalhar por aqui o comunismo.


João Goulart era um humanista. Não tinha vocação para a violência. Tanto que na revolução de 1964, ele poderia ter resistido e poderia ter tomado ações que viessem a ferir pessoas, já que um levante militar requer muitas das vezes o uso da força. Ele recuou peremptoriamente ante a possibilidade de impingir aos revoltosos, ações que os levassem a sofrer algum tipo de ferimento.

COMICIO DA CENTRAL DO BRASIL
Quando teve em suas mãos a opção de resistir ao golpe, ciente que estava do apoio Note Americano contra si, decidiu pedir asilo e entregar o poder, para que o povo Brasileiro não pagasse um tributo de sangue demasiadamente elevado segundo suas próprias palavras. Esse ato frustrou os planos Norte Americanos de dividir o Brasil em Brasil do norte e Brasil do sul como ocorreu no Vietname e na Coreia. Os Americanos são especialistas nessas divisões.

Dessa forma entendo que João Goulart era um ser excepcional, que a história não atribuiu o devido reconhecimento. 

DOCUMENTARIO "JANGO" de Sílvio Tendler.
Eu decididamente o admiro muito, principalmente porque era filho de um rico latifundiario do sul, herdou inúmeras propriedades, sua família era uma família reconhecidamente de posses incluindo ai várias fazendas e não tinha nenhuma razão para defender a classe operária e os trabalhadores do campo, ou para querer fazer a reforma agrária. 

Pela lógica JANGO como era carinhosamente chamado pelo povo, era para estar ao lado dos latifundiários, mas ao contrário, apoiou os operários e os pobres. Era simpatizante da causa comunista sem ser necessariamente um comunista, e avesso à violência. Sua luta foi no campo moral todo o tempo.

Herdeiro político de Getúlio Vargas, Jango era à sua época no meu entender muito mais do que Lula é hoje para a classe operária e para os trabalhadores.
LEONEL BRIZOLA
PERSONAGENS
AMAURY KRUEL

JOÃO GOULART. Na manhã de 31 de março, o presidente soube do levante militar. Ao perceber que não tinha como enfrentá-lo, viajou no dia 1 para Brasília. 
LEONEL BRIZOLA. Deputado federal pela Guanabara, recebeu Jango em Porto Alegre em 1 de abril para organizar a resistência ao golpe militar. Jango tinha amplas condições de resistir ao golpe. Contava com o apoio do terceiro exército com sede no Rio Grande do Sul, e com tropas leais no Rio de Janeiro. Tanto é verdade que Carlos Lacerda ficou sitiado no Palácio Guanabara, por tanques leais ao presidente João goulart. As tropas do General Mourão Filho se precipitaram e não tinham nem munição. Vieram a se abastecer sómente no Rio de Janeiro. Em verdade a resistência ao golpe não se deu unica e exclusivamente por opção do Presidente João Goulart. A Aeronáutica fez a proposta de lançar bombas de napalm sobre as tropas do General Mourão Filho que estavam marchando para o Rio de Janeiro, entretanto o Presidente João Goulart recusou-se a autorizar essa ação, argumentando que isso iria queimar pessoas, o que ele não queria.

AMAURY KRUEL. Era padrinho de casamento da filha de Jango e portanto seu amigo. Teve um dialogo duro com Jango por telefone, em que lhe fez a proposta de acabar com as reformas e  prender certos lideres de movimentos para dar-lhe seu apoio. Jango poderia nesse momento optar pelo apoio de Amaury Kruel, comandante do segundo exército, mantendo-se no poder, mas não aceitou renunciar a seus princípios e às reformas. O Comandante do II Exército, em São Paulo, no dia 31 de março aderiu ao movimento contra Jango e foi com seus tanques para o Rio.

JAIR DANTAS RIBEIRO. Ministro da Guerra, no dia 1 de abril retirou seu apoio a Jango por ele ter se negado a extinguir o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).

MIGUEL ARRAES. O então governador de Pernambuco ficou entrincheirado no Palácio das Princesas e, como não quis renunciar, foi preso e deposto.

CASTELLO BRANCO. O chefe do Estado-Maior ficou responsável pela articulação política do golpe. Manteve contatos com outros militares e com os líderes da UDN.

COSTA E SILVA. O chefe do Departamento de Produção e Obras assumiu o comando militar do golpe e lançou manifesto com Castello contra o governo.

CARLOS LACERDA. O governador da Guanabara liderou uma resistência a um ataque anunciado de tropas federais e fez discursos inflamados contra Jango.

MAGALHÃES PINTO. O governador de Minas desobedeceu a ordem de volta aos quartéis dos militares e lançou um manifesto que iniciou oficialmente o golpe.

MOURÃO FILHO. O comandante da 4 Região Militar deflagrou a sublevação, na madrugada do dia 31, e pôs suas tropas em marcha rumo ao Rio.


GENERAIS EM CONFLITO













O telefone de cabeceira tocou às 5h de 31 de março de 1964. O chefe do Estado-Maior do Exército, general Castello Branco, dormia. Atendeu, sonolento. Era o deputado Armando Falcão, dando conta de haver recebido, minutos antes, ligação do general Olympio Mourão Filho. O comandante militar de Juiz de Fora informava que no começo da madrugada pusera suas tropas na rodovia União e Indústria. Tinha iniciado a descida para o Rio de Janeiro, a fim de depor o presidente João Goulart. Castello levou um susto. Liderava uma das diversas conspirações em ebulição no país. A conspiração havia passado da fase defensiva, de evitar a decretação de uma polêmica “República Sindicalista do Brasil”, que nunca se confirmou. Transformara-se num escancarado golpe institucional, com a participação de militares e de empresários temerosos de que as chamadas reformas de base extinguissem seus privilégios. Tudo com o conhecimento e até a supervisão da Embaixada dos Estados Unidos. Ainda assim, os planos previam a insurreição para depois de 21 de abril, quando estivesse completada a trama subversiva. Antes, seria correr riscos, porque ninguém sabia ao certo a força do governo, capaz de abafar a aventura. 
TROPAS DO GENERAL MOURÃO EM MARCHA


Foi fácil ao chefe do Estado-Maior do Exército comunicar-se com o general rebelado. No Brasil, durante as revoluções, os telefones continuam funcionando. Mourão mostrou-se irredutível. Castello alertou os conspiradores mais próximos, como Cordeiro de Farias, Ademar de Queirós, Antônio Carlos Murici, Ernesto Geisel e outros. Vestindo a farda, tomou o rumo de seu gabinete no Ministério da Guerra, onde já chegou cercado de coronéis e majores que cursavam a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, encarregados de sua segurança. Ficou até as primeiras horas da tarde numa verdadeira Babel, porque cada andar era uma ilha, chefiada pelo general mais graduado. Uns pró, outros contra a sublevação.
TOMADA DO FORTE DE COPACABANA


No gabinete do ministro Jair Dantas Ribeiro, internado no Hospital Central do Exército, com câncer, seus auxiliares procuravam organizar a resistência, mas profundamente mal informados.


 Jango descarta bombardeio 

Castello Branco providenciou para neutralizar a suposta liderança do general Olympio Mourão Filho, considerado pela maioria do Alto Comando doido, precipitado e inconfiável.

Mandou que o general Murici se dirigisse a Juiz de Fora para assumir o controle da situação. Em seu próprio carro, acompanhado de três coronéis, o general subiu a Serra de Petrópolis. Conforme a tradição, o tráfego também flui normalmente durante as revoluções brasileiras. Mourão deu pouca importância a Murici, que se ofereceu para comandar “a ponta”, o contingente que vai à frente de qualquer progressão militar. 
A CONFUSÃO NO CENTRO DO RIO DE JANEIRO

No Palácio Laranjeiras, João Goulart reúne seus ministros. Fazer o quê? O brigadeiro Anysio Botelho, da Aeronáutica, pede ao presidente autorização para bombardear os revoltosos mineiros com napalm. Ainda dispunha de alguns pilotos leais. Jango se horroriza: “Vai queimar gente? De jeito nenhum”. 

Acerta-se, afinal, o envio de dois regimentos e alguns batalhões da Vila Militar para barrar a progressão dos rebeldes, a essa altura, começo da noite, já posicionados na fronteira de Minas com o Rio, às margens do rio Paraibuna, próximo de Areal. Confrontam-se as duas tropas, ninguém dá o primeiro tiro. Foi quando, na margem de lá, o eterno conspirador, marechal Odilio Denis, fica sabendo que o comandante do regimento posicionado para interromper a marcha dos revoltosos era seu antigo ajudante-secretário. Providencia-se um telefonema entre eles. Da padaria para uma garagem. “Você está contra mim, coronel?”. “Jamais, marechal. Estou com o senhor!” As tropas mandadas para conter o golpe aderem e descem todos a serra ... 

PROTESTOS POPULARES

Na mesma hora, também no Rio, movimentava-se em seu gabinete de chefe do Departamento de Produção e Obras um outro general conspirador, só que desvinculado de Castello Branco e sem a sofisticação e a pretensão do grupo castelista. Era o general Costa e Silva, gaúcho, colega de turma de Castello desde os tempos do Colégio Militar de Porto Alegre e da Escola do Realengo, no Rio, onde foram declarados aspirantes a oficial. Constituíam, um, antítese do outro. Castello era considerado o maior intelectual do Exército, antigo professor da Escola Superior de Guerra e da Escola de Comando e Estado-Maior, adido na França, amante do teatro e da literatura. Baixinho, feio, sem pescoço, suprira com os livros a absoluta falta de aptidão para os esportes. Nas festas, contentava-se com uma taça de champagne. Costa e Silva configurava o oposto: boêmio, não ficava numa única dose de uísque. Gostava de pôquer e corridas de cavalo. Campeão de basquete, dava-se muito menos com os livros, ainda que sempre tivesse tirado boas notas nas matérias teóricas. Resultado: desde o início classificara-se à frente de Castello. Dizem seus detratores ter sido por conta das excelentes notas em exercícios físicos. Ambos participaram da II Guerra Mundial. Castello, tenente-coronel, serviu nos campos da Itália como chefe de Operações, fazendo desde aquela época amizade com o então capitão Vernon Walters, dos Estados Unidos, elemento de ligação entre o comando do Exército do general Mark Clark e a Força Expedicionária Brasileira. O gringo, como o chamavam, dominava um monte de línguas, até um português quase perfeito. Em março de 1964, como coronel, Walters era adido militar da embaixada americana no Brasil. Costa e Silva foi mandado a uma unidade militar nos Estados Unidos para inteirar-se das novas doutrinas de emprego de blindados. Quando terminava o curso, com louvor, os alemães se renderam. Assim, não cruzou o Atlântico para se integrar à FEB. 


Kruel e Castello, inimizade histórica Na Itália vamos encontrar o terceiro general de quatro estrelas, Amaury Kruel, à época também tenente-coronel, chefe de Informações da FEB. Colega de turma dos outros dois, caracterizou-se pelo estopim curto. Teve grave incidente com Castello Branco, nas encostas do Monte Castelo. Durante uma discussão, agrediu-o com um soco no rosto. Com a conquista do objetivo, graças à estratégia de Castello Branco, tudo se apagou, mas os dois nunca mais se falaram, a não ser a respeito de assuntos funcionais. Naquele 31 de março, Amaury Kruel comandava o II Exército, em São Paulo. Havia sido chefe do Gabinete Militar e ministro do Exército de João Goulart, de quem se aproximou a ponto de serem compadres — o general, padrinho de João Vicente, filho do presidente. 


A conspiração em São Paulo ganhava contornos mais radicais do que no Rio, por força do empresariado. Inúmeros coronéis desconfiavam que Kruel ficaria com Jango. Passaram a vigiá-lo. Sentindo a gravidade do movimento, já de noite, o presidente telefona para o general, indagando se poderia contar com ele. Ali se decidiria a sorte da rebelião. Caso o II Exército ficasse com a legalidade, estaria no mínimo deflagrada a guerra civil. Kruel exigiu, para ficar com Jango, que ele prendesse os integrantes do Comando Geral dos Trabalhadores, fechasse os sindicatos, acabasse com a agitação e as greves e se conformasse em abandonar as reformas de base. O presidente desligou o telefone depois de dizer que não poderia ficar contra suas bases. 


Dia 1 de abril João Goulart abandona o Rio, voando para Brasília. Lá também não encontrou condições para resistir. Em Porto Alegre, foi avisado de que teria uma hora para dirigir-se ao aeroporto e chegar a Montevidéu. Não dava mais para repetir os episódios de 1961, quando a posse do então vice-presidente foi conquistada à custa da batalha da legalidade, liderada pelo governador Leonel Brizola. 


Está para se encerrar a crônica da deflagração do golpe, mas com surpreendente resultado. Castello e Costa e Silva haviam se retirado, dia 31, para aparelhos distintos, apesar de essa denominação ainda não existir. Costa e Silva, porém, voltou, antecipou-se e tomou o Ministério da Guerra, como o general mais antigo. Designou-se chefe do Exército, assumiu o comando e mandou Mourão e suas tropas acamparem no estádio do Maracanã. Desiludido, o general que deflagrou o movimento autodenominou-se “vaca fardada”. 


Castello Branco perdeu tempo, quase perdeu o futuro ao ver formado o comando supremo da revolução, com Costa e Silva à frente. O deputado Ranieri Mazzilli, em Brasília, assumia de brincadeirinha a Presidência. Sentindo que o colega pretendia perpetuar a exceção, Castello aplicou a réplica.


No mundo inteiro pipocavam críticas ridicularizando o golpe. A campanha de desmoralização era alimentada pelo grupo castelista, que afinal consegue convencer os próprios generais da necessidade de um deles ser escolhido presidente. Quem? Castello. Afinal, estava preparado para desfazer o sonho reformista de Jango. Ninguém sabia o que Costa e Silva faria, se continuasse no poder. 


Kruel teria condições de sustentar o Comando Supremo da Revolução pela simples força do II Exército. Foi enganado com a promessa de que poderia ser o presidente. Só que na hora da votação, pelo Congresso, teve três votos. Castello elegeu-se com mais de 200...


TRAGETÓRIA DE JANGO 

João Goulart (Jango) assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril. Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais. Seu governo é usualmente dividido em duas fase: Fase Parlamentarista (da posse em 1961 a janeiro de 1963) e a Fase Presidencialista (de janeiro de 1963 ao Golpe em 1964).

Plebiscito - O parlamentarismo foi derrubado em janeiro de 1963: em plebiscito nacional, 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Enquanto durou, o parlamentarismo teve três primeiros-ministros, entre eles, Tancredo Neves, que renunciou para candidatar-se ao governo de Minas Gerais.

Conquistas Trabalhista - Em 1961 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Pacto de Unidade e Ação, de caráter intersindical, convocaram uma greve reivindicando melhoria das condições de trabalho e a formação de um ministério nacionalista e democrático. Foi esse movimento que conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizaram, no mesmo ano, o 1º Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso exigiu reforma agrária e CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais.

Plano Trienal - João Goulart realizou um governo contraditório. Procurou estreitar as alianças com o movimento sindical e setores nacional-reformistas, mas paralelamente tentou implementar uma política de estabilização baseada na contenção salarial. Seu Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado pelo ministro do Planejamento Celso Furtado, tinha por objetivo manter as taxas de crescimento da economia e reduzir a inflação. Essas condições, exigidas pelo FMI, seriam indispensáveis para a obtenção de novos empréstimos, para a renegociação da dívida externa e para a elevação do nível de investimento.

Reformas de Base - O Plano Trienal também determinou a realização das chamadas reformas de base: reforma agrária, fiscal, educacional, bancária e eleitoral. Para o governo, elas eram necessárias ao desenvolvimento de um "capitalismo nacional" e "progressista".

O anúncio dessas reformas aumentou a oposição ao governo e acentuou a polarização da sociedade brasileira. Jango perdeu rapidamente suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, reforçou as alianças com as correntes reformistas: aproximou-se de Leonel Brizola, então deputado federal pela Guanabara, de Miguel Arrãs, governador de Pernambuco, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do Partido Comunista, que, embora na ilegalidade, mantinha forte atuação nos movimentos popular e sindical. O Plano Trienal foi abandonado em meados de 1963, mas o Presidente continuou a implementar medidas de caráter nacionalista: limitou a remessa de capital para o exterior, nacionalizou empresas de comunicação e decidiu rever as concessões para exploração de minérios. As retaliações estrangeiras foram rápidas: governo e empresas privadas norte-americanas cortaram o crédito para o Brasil e interromperam a negociação da dívida externa.
Agitação no Congresso - No Congresso se formaram a Frente Parlamentar Nacionalista, em apoio a Jango, e a Ação Democrática Parlamentar, que recebia ajuda financeira do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (I.B.A.D.), instituição mantida pela Embaixada dos Estados Unidos. Crescia a agitação política. A polarização entre esquerda e direita foi-se rescrudescendo. Na "esquerda", junto a Jango, estavam organizações como a UNE, a CGT e as Ligas Camponesas; no campo oposto, na "direita", encontravam-se o IPES, o IBAD e a TFP (Tradição, Família e Propriedade).


A crise se precipitou no dia 13 de março, em razão da realização de um grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Perante 300 mil pessoas Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriou, para a reforma agrária, propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. Paralelamente a tudo isso, cumpre assinalar que a economia encontrava-se extremamente desordenada.

Apoio ao Golpe - Em 19 de março foi realizada, em São Paulo, a maior mobilização contra o governo: a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", organizada por grupos da direita, com influência dos setores conservadores da Igreja Católica. A manifestação, que reuniu cerca de 400 mil pessoas, forneceu o apoio político para derrubar o Presidente. No dia 31 de março, iniciou-se o verdadeiro movimento para o golpe. No mesmo dia, tropas mineiras sob o comando do general Mourão Filho marcharam em direção ao Rio de Janeiro e a Brasília. Depois de muita expectativa, os golpistas conseguiram a adesão do comandante do 2º Exército, General Amaury Kruel. Jango estava no Rio quando recebeu o manifesto do General Mourão Filho exigindo sua renúncia. No dia 1º de abril pela manhã, parte para Brasília na tentativa de controlar a situação. Ao perceber que não conta com nenhum dispositivo militar e nem com o apoio armado dos grupos que o sustentavam, abandona a capital e segue para Porto Alegre.
Nesse mesmo dia, ainda com Jango no país, o Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República. Ranieri Mazzilli, Presidente da Câmara dos Deputados ocupou o cargo interinamente. Exilado no Uruguai, Jango participou da articulação da Frente Ampla, um movimento da Redemocratização do país, junto a Juscelino e a seu ex-inimigo político, Carlos Lacerda. Mas a Frente não logrou êxito. João Goulart morreu na Argentina em 1976 segundo o jornalista Carlos Heitor Cony, assassinado pela operação CONDOR.





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