A muito tempo que Bolsonaro deixou de ter alguma relevância política. Hoje ele é um entulho incômodo, movido por arroubos de carreatas de motoqueiros e caminhoneiros que não representam em verdade a categoria como um todo.
Continua no poder apenas esperando o tempo passar para então ser descartado. Seu total despreparo tanto político quanto econômico, o tornou um desastre difícil de tolerar, e que espera-se que passe logo para que o país retome a normalidade.
Dentro dessa realidade há dois entes que nesse momento se movimentam buscando ocupar seu espaço no jogo do poder. De um lado os interesses capitalistas, que procuraram se utilizar de Bolsonaro para empurrar suas agendas impopulares como a reforma da previdência e a reforma trabalhista, e ainda procuram fazer alguns estragos extras, como a reforma no imposto de renda entre outras. De outro lado os interesses populares encarnados no seu líder maior que é Luiz Inácio Lula da Silva.
Abre-se nesse momento o espaço para uma liderança que não está alinhada com a extrema direita radical e nem com os movimentos socialistas, e essa opção tenta ganhar força provavelmente buscando se opor a ambos os polos dessa disputa de poder.
Entretanto os movimentos socialistas tem a seu favor, o fato de que a parcela que os apoia, não irá transigir, e estão fechados com o seu líder maior que é Lula. Essa parcela da população oscila entre 35% a 50% podendo variar de acordo com o rumo que os ventos tomarem.
25% estão fechados com Bolsonaro. Eles nem sabem porquê, já que o dito presidente nada fez de bom por eles. É uma questão de paixão como a futebolística. Quando você torce por um lado, não há nada que o convença de que está errado. E isso é bom porque só sobra desse jogo, entre 25% a 40% que são os que provavelmente poderão decidir o jogo. Nesse ponto o fator Bolsonaro serve para dividir a oposição ao polo trabalhista.
Muita coisa está por vir. Lula com sua expertise política, busca fazer alianças, e está bastante avançado. O Nordeste praticamente está fechado com ele. Busca fazer alianças no ramo evangélico, entre outros e provavelmente pode chegar a uma situação em que consiga aglutinar as principais forças políticas do país.
Existe a possibilidade de golpes baixos como aqueles que a Rede Globo engendrou no passado, buscando envolver o PT em escândalos que afinal se comprovaram tratar-se apenas de farsa para que Lula perdesse as eleições. Não sei se hoje existiria espaço para isso.
Dentro desse espectro é preocupante a situação de Bolsonaro e sua Família. Pode acabar preso e essa prisão pode envolver sua família inclusive. Portanto só lhe restaria uma opção. O golpe de estado, que afinal se revelou uma perspectiva falha. Sua inabilidade política é escandalosa, ao ponto de precisar da assessoria de Temer.
O que nos preocupa entanto nesse momento é a difícil situação de Bolsonaro. A muito tempo eu parei de apedreja-lo porque o considero cachorro morto, e dar chutes em cachorro morto não é cristão. Não é só Bolsonaro que está em situação difícil. Toda a sua família está.
Para mim não há dúvida de que Bolsonaro e seus filhos, principalmente o Carlos que é vereador pelo Rio de Janeiro, um dos mais votados por sinal, estão envolvidos na morte de Marielle, a vereadora que se tornou uma espécie de "Ernesto Che Guevara" Brasileira. Sabe-se que Carlos teve uma dura discussão com um assessor da Vereadora assassinada pouco antes de sua morte. A Polícia Civil tentou recuperar as imagens do bate-boca entre um assessor da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), no corredor do nono andar da Câmara Municipal do Rio.
Os agentes da DH da Capital (Delegacia de Homicídios do Rio) tentaram encontrar novos detalhes sobre o episódio, que ocorreu na tarde de 3 de maio de 2017. O vereador e filho do presidente Jair Bolsonaro havia relatado o episódio às autoridades.
Fernanda Chaves, a assessora que acompanhava Marielle Franco na noite do assassinato e sobreviveu, contou à polícia, em março do ano passado, que a vereadora tivera uma briga pública com Carlos Bolsonaro no começo de seu mandato, em 2017.
Carlos e Marielle eram vizinhos de gabinete na Câmara. Segundo Chaves, ainda em 2017, Carlos, passando pelo corredor, ouviu uma conversa de um assessor de Marielle com uma pesquisadora mexicana. Ao apontar para o gabinete de Carlos, o assessor referiu-se a ele como "fascista". Carlos estava no telefone, mas ouviu e começou a discutir com o funcionário.
"Repete, seu merda. Repete. Você é um merdão, diz na minha cara", gritou Carlos com o funcionário.
O funcionário repetia com calma e explicava o que havia dito, mas Carlos não ouvia.
Marielle viu a cena e entrou entre os dois. Marielle peitou Carlos e ameaçou chamar a segurança.
Conforme mostraram os repórteres Flávio Costa e Bernardo Barbosa, Carlos Bolsonaro depôs à Polícia Civil em 26 de abril do ano passado sobre o incidente.
De lá para cá, Carlos parou de entrar no mesmo elevador em que estivesse Marielle ou outra assessora negra da vereadora. Segundo antigos assessores da vereadora, Carlos só entrava no elevador quando estavam assessores brancos de Marielle.
No dia 26 de abril de 2018, Carlos Bolsonaro compareceu à unidade policial, na Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio) e lá deu sua versão sobre o relacionamento com Marielle.
A informação dada por Carlos aos investigadores diverge do depoimento prestado por uma das assessoras de Marielle à Polícia Civil: ela declarou que se recordava que “uma pessoa ligada a Carlos Bolsonaro se encontrava em seu gabinete e fez uns comentários desrespeitosos para um dos assessores de Marielle, tendo se iniciado uma pequena confusão. Em seguida Marielle e o próprio Carlos Bolsonaro acabaram intercedendo, com a finalidade de acalmar os ânimos exaltados”.
Dias após os depoimentos sobre o entrevero, o jornal O Globo publicava, em 8 de maio de 2018, uma reportagem apontando uma testemunha que acusava o miliciano Orlando da Curicica e o ex-vereador Marcello Siciliano como os supostos responsáveis, respectivamente, pela execução e pelo mando do crime. Durante meses a fio, a polícia seguiu essa pista, completamente enredada por um falso testemunho.
Foi o miliciano Orlando da Curicica, na tentativa de se livrar do crime que lhe fora imputado, quem chamou o Ministério Público Federal em 22 de agosto de 2018 para dar sua versão dos fatos e revelar a estrutura do Escritório do Crime. O Escritório do Crime é um grupo de milicianos e assassinos que mata sob encomenda de políticos, bicheiros e contraventores, e que, segundo autoridades, era comandado pelo ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega e pelo major Ronald Paulo Alves Pereira.
Tanto capitão Adriano quanto major Ronald foram agraciados com a medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, pelo então deputado estadual e atualmente senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).
A Operação Intocáveis, investigou a atuação da milícia de Rio das Pedras. A apuração apontou como chefe do grupo criminoso o ex-policial militar Adriano da Nóbrega, homenageado pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e defendido em discurso em 2005 pelo presidente Jair Bolsonaro.
Dois dias antes do assassinato completar um ano, ocorreu o principal desdobramento da investigação: uma operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil prendeu o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz.
Ainda segundo o MP, Lessa é o autor dos disparos da arma de fogo que mataram Marielle e Anderson. Uma reconstituição do assassinato provou em maio do ano passado que a arma utilizada no crime foi uma submetralhadora HK MP5. O outro acusado, Elcio, é apontado como o motorista do Chevrolet Cobalt, veículo usado no crime.
Em meio à investigação sobre os suspeitos, a Polícia Civil apreendeu, no dia da prisão dos dois acusados, o maior arsenal de fuzis já encontrado no Estado. Foram localizadas 117 armas modelo M-16 na casa de Alexandre Motta Souza, amigo do PM reformado Ronnie Lessa.
A defesa dos acusados diz não pensar em fazer delação premiada. A investigação sobre os mandantes e a motivação continua em andamento.
Os dois acusados não foram as únicas prisões relacionadas ao caso, que já teve diversas linhas de apuração. Suspeitos de ligação com os assassinatos chegaram a ser presos, mas por acusações de outros crimes.
Em junho do ano passado, o ministro extraordinário da Segurança Pública Raul Jungmann comentou as dificuldades para a resolução do crime. Na entrevista, um dos pontos citados por ele é justamente a complexidade de encontrar a razão do homocídio. "O círculo dos envolvidos é maior do que se pensava anteriormente", confessou.
Em depoimento revelado pela TV Globo, um porteiro do condomínio onde mora o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou à Polícia Civil do Rio de Janeiro que um dos homens apontados como autores do assassinato foi ao conjunto de casas no dia do crime. Ali, afirmou que iria à casa do presidente, e alguém na residência de Bolsonaro autorizou sua entrada pelo interfone, segundo a testemunha. De acordo com a reportagem, o porteiro teria dito que foi uma voz de homem e que teria reconhecido a voz do "Seu Jair".
O advogado do presidente da República, Frederick Wassef, disse que é impossível Bolsonaro ter falado ao interfone — o então deputado federal estaria em Brasília no dia da morte de Marielle, conforme registro de votações da Câmara dos Deputados e vídeos postados por Bolsonaro nas redes sociais.
A procuradora do Ministério Público Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), afirmou que o porteiro mentiu em seu depoimento.
Quem teria autorizado a entrada de Élcio Queiroz no condomínio do presidente seria Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos, de acordo com a procuradora?
Cinco das onze câmeras que ficam no trajeto percorrido pelos assassinos de Marielle e Anderson estavam apagadas naquela noite. Elas teriam sido desligadas entre 24 a 48 horas antes do crime, o que mostra premeditação de agentes públicos.
Em entrevista coletiva, Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios da Capital, que era naquele momento responsável pela investigação, disse que os autores dos assassinatos cometeram "um crime perfeito", o que fez os investigadores concentrarem sua atenção em pessoas que teriam a capacidade técnica de cometê-lo.
"Esses crimes foram planejados e executados por pessoas que tinham conhecimento do sistema de investigação e de Justiça", diz uma das promotoras responsáveis pelo caso, Leticia Emile Alquebres Petriz.
Lessa, acusado de efetuar os disparos, é policial reformado. Também trabalhou na Polícia Civil e foi membro do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), segundo Lages. Por sua experiência, avalia o delegado, era capaz de cometer um crime sofisticado.
Durante a investigação, diz Lages, observou-se que Lessa tem "obsessão por personalidades que militam à esquerda". "Numa análise do perfil dele, você percebe ódio e desejo de morte, você percebe alguém capaz de resolver diferenças dessa forma (matando)", diz o delegado.
Ainda que a Polícia Civil não tenha afirmado categoricamente qual foi a razão para o crime, o delegado a descreve como "motivo torpe", como também o descreve a denúncia do Ministério Público.
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