vol. II, março de 1.940, número 3, páginas 213 - 230.
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Dr. Ricardo Veronesi |
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Outro trabalho apresentado pelo Dr. Luiz Moura para embasar sua crença nesse método de cura é o trabalho do Dr. ricardo Veronesi, esse já bem mais recente, de 1976.
Imunoterapia: O impacto médico do século
Ricardo Veronesi
MEDICINA DE HOJE – MARÇO DE 1976
Introdução:
Os modernos conceitos imunológicos e suas implicações na patologia humana irão acarretar, seguramente, um impacto maior que o causado com o surgimento dos antibióticos nas décadas de 40 e 50. Em verdade, os antibióticos têm seu campo de ação quase que limitado às doenças infecciosas, principalmente as bacterianas, enquanto a imunoterapia específica e inespecífica abrange horizontes bem mais amplos, quase não restando nenhum campo da patologia humana em que a imunologia não tenha maior ou menor participação em seus mecanismos patogênicos.
Doenças infecciosas e parasitárias, neplásicas, degenerativas e doenças auto-imunes têm, todas, uma participação decisiva do sistema imunitário em sua iniciação, evolução, controle e cura ou morte.
Quase não encontramos especialidade médica que possa, hoje, dispensar os conhecimentos da moderna imunologia para melhor atender os mecanismos íntimos, fundamentais, das doenças. Infectologia, Cardiologia, Nefrologia, Hepatologia, Gastrenterologia, Cirurgia, Oncologia, Dermatologia, Oftalmologia, Hematologia, Fisiologia, Hansenologia, Nutrição e Geriatria são, entre outras, as especialidades intimamente envolvidas nesses modernos conceitos imunológicos. Os conhecimentos que rapidamente se acumulam nesse setor terão papel importantíssimo na prevenção, correção, limitação, controle ou cura de inúmeras doenças catalogadas nas especialidades mencionadas sarampo, rubéola, herpes simples e zoster, hepatite por vírus, tuberculose, lepra, brucelose, mononucleose, verrugas, toxoplasmose, leishmanioses, blastomicoses, doença de Chagas, malária, doença de Crohn, linfomas, carcinomas, leucemias, aterosclerose, artrite reumatológica, lúpus eritematoso, doenças autoimunes (várias), candidíase generalizada são, entre outras, as doenças em que se tem demonstrado a possibilidade de intervindo no setor imunitário, curar ou impedir a sua progressão.
Para facilitar a compreensão desses conhecimentos, apresentaremos, numa seqüência didática os elementos fundamentais implicados na dinâmica imunológica, desde sua origem, diferenciação e, finalmente, sua atuação na imunopatologia humana e animal, incluindo as possibilidades da imunoterapia específica na correção dos defeitos imunológicos detectados.
Origem e diferenciação do sistema imunitário na espécie humana A origem do sistema imunitário confunde-se com a origem dos primeiros órgãos linfóides, constituídos pelo timo, baço, gânglios linfáticos e tecido linfóide intestinal, órgãos ou agrupamentos de tecidos que constituem o chamado sistema linfóide.
O timo se forma à custa do intestino primitivo, aos 84 dias de embriogênese; o baço e gânglios linfáticos aos 140 dias; e o tecido linfóide intestinal aos 175 dias. Há uma correlação direta, na filogênese animal, entre o período de gestação e o surgimento do sistema linfóide.
Acredita-se que a Bolsa de Fabricius, órgão importante na diferenciação dos linfócitos nas aves (e que se encontra junto à cloaca das mesmas), se localize, na espécie humana, no tecido linfóide intestinal, placas de Peyer e apêndice.
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Os elementos celulares (linfócitos) originam-se no embrião humano, nas ilhotas sanguíneas do saco vitelino e do tecido hemopoiético do fígado, enquanto, no adulto, se originam na medula óssea. A regeneração do tecido linfóide se faz à custa de células indiferenciadas da medula óssea (célula-mãe, totipotente). A diferenciação dos linfócitos se fará no timo e nos folículos linfóides do intestino e, através desse processamento, os linfócitos estarão aptos a participar, por mecanismos diferentes, das reações imunológicas responsáveis pela homeostase, vigilância imunológica e equilíbrio funcional dos componentes do sistema imunológico de defesa do organismo. Esse sistema imunológico repousa, essencialmente, na imunidade mediada por células, na imunidade mediada por anticorpos e na atividade fagocitária dos macrófagos de tecido retículo-histiocitário. E através do processamento do timo e no equivalente à bolsa de Fabricius que os linfócitos passam a participar da imunidade mediada por células (linfócitos T ou timo-processado) ou da imunidade por anticorpos (linfócitos B ou bolsaprocessado).
Ambos os linfócitos apresentam íntima interação através de enzimas (linfocinas), podendo tanto estimular como inibir a ação um do outro. Também, tanto o linfócito T como o B atuam sobre os macrófagos desejados, assim como os estimulando em suas várias funções que enumeraremos mais adiante.
O linfócito timo-processado passa a ser antígeno sensível, especifica ou inespecificamente, ocorrendo, em função dessa sensibilização, a chamada transformação blastóide, em que ocorrem alterações estruturais na célula, acompanhadas de atividades blásticas e síntese de RNA e DNA. Há métodos de laboratório para detectar essas transformações e, dessa maneira diagnosticar qualquer defeito, funcional ou estrutural, dos elementos Após a transformação blastóide, o linfócito T se transforma no pequeno linfócito
sensibilizado que se responsabiliza pela imunidade mediada por células e que tem como manifestações fundamentais:
1) Hipersensibilidade retardada (P.P.D., Mitsuda, Montenegro, D. N.C.B. levedurina, etc);
2) Rejeição de enxertos heterólogos;
3) Produção de enzimas atuantes nos outros setores do sistema imunológico (linfocinas), tais como S.R.H., granulócitos, linfócitos B e gânglios linfáticos.
Para testar a normalidade funcional do sistema no setor T podemos lançar mão de:
1) Testes cutâneos de hipersensibilidade retardada, tais como reação ao PPD, D.N.C.B. (di-nitrocoro- benzeno), levedurina, tricofitina, Mitsuda e outros.
2) Estimulação ou desencadeamento da atividade blástica (transformação blastóide) à custa da fito-hemaglutina (substância vegetal extraída do feijão). A atividade blástica pode ser detectada através da síntese de D.N.A. (medida pela captação de timidina títrica H³), ou pela contagem de células em divisão (índice mitótico).
3) Pela identificação do M.I.F (Migration-inhibiting factor) uma substância protéica sintetizada e liberada pelos linfócitos sensibilizado e capaz de inibir a migração dos macrófagos na área onde estão os linfócitos sensibilizados. O fator M.I.F. pode ser detectado precocemente (dentro de 6 horas), antes que se positivem os testes 1 e 2.
4) Pela identificação de outras linfocinas. Existem mais de 24 linfocinas produzidas pelos linfócitos T. Este linfócito, à semelhança do linfócito T, é antígeno sensível, transformando-se em contato com o antígeno, em célula blástica (plasmoblasto), precursora da linhagem plasmática (plasmócitos e células da memória). As células da memória da linhagem plasmática (B) como as da linhagem linfoblástica (T), são capazes de reter a “imagem antigênica” por muitos anos e de reagir com o antígeno que a sensibiliza. S células da memória B elaboração anticorpos ao constatarem novamente o antígeno (efeito de reforços) e as células da memória T se responsabilizarão pela positividade da reação de hipersensibilidade retardada e rejeição de enxertos quando constatarem novamente o antígeno sensibilizante.
Os plasmócitos são, por excelência as células produtoras de imunoglobulinas (IgE, IgM, IgA, IgD, Ige) que respondem pela imunidade mediada por anticorpos.
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Tanto a imunidade mediada por anticorpos como a mediada por células podem ser benéficas, favoráveis ou, ao contrário, maléficas, prejudiciais, responsáveis por inúmeros processos imunológicos (ex. doenças auto-imunes).
Sistema retículo-endotelial (ou retículo-histiocitário), S.R.H. Este componente do sistema imunológico é, provavelmente, o mais importante dos três, funcionando, todavia, em intima interdependência com os sistemas T e B, que influem, profundamente, em sua fisiologia através de enzimas por eles elaboradas (linfocinas). Assim, as enzimas linfocitárias tanto podem estimular como inibir o S.R.H., influindo no controle, limitação ou erradicação do processo mórbido, seja ele de natureza virótica, bacteriana, neoplásica ou auto-imune.
O sistema R-H é constituído por células macrofagicas dotadas de intensa capacidade de fagocitar, lisar e eliminar substâncias estranhas, quer vivas quer inertes. A localização do sistema R-H. Linfócito B (ou bolsa-processado)
As células macrofagicas se originam de monócito da medula óssea, de onde são lançadas na corrente sangüínea para, finalmente, colonizar os tecidos e órgãos (concentradas principalmente na pele, peritônio, pulmões, ossos, sinusóides hepáticos (células de Kupfer) (e sinusóides linfáticos). O macrófago pode ser estacionário ou errante. Todavia admite-se que macrófagos estacionários (tissulares) possam migrar através da parede dos sinusóides, tornarem-se, assim, livres e penetrar na região sede do processo inflamatório.
As principais funções do sistema R-H são:
1) Clearance de partículas estranhas provenientes do sangue ou dos tecidos (inclusive célulasneoplásicas), toxinas e outras substâncias tóxicas.
2) Clearance de esteróides e sua biotransformação.
3) Remoção de microagregados de fibrina e prevenção de coagulação intravascular.
4) Ingestão do antígeno, seu processamento e ulterior entrega aos linfócitos B e T
5) Biotransformação e excreção do colesterol.
6) Metabolismo férrico e formação de bilibirrubina.
7) Metabolismo de proteínas e emoção de proteínas desnaturadas.
8) Destoxificação e metabolismo de drogas.
Respondendo por tantas e tão importantes funções, fácil é de se entender o papel desempenhado pelo sistema R-H no determinismo favorável ou desfavorável de processos mórbidos tão variados como sejam os infecciosos, neoplásicos, degenerativos e auto-imunes.
Defeitos do sistema imunológico e sua importância na Patologia Humana
Doenças infecciosas e parasitárias. Quando o organismo humano u animal é agredido por agentes infecciosos ou parasitários, é acionado o sistema imunitário, em seus vários compartimentos, a fm de destruir ou neutralizar o agressor. Tanto a imunidade mediada por células, como a mediada por anticorpos, complementadas ao final pelos macrófagos, são movimentadas para impedir a ação patogênica do agente invasor. Conforme a natureza do agente etiológico, variará o setor mais importante de defesa, ora sendo os anticorpos humorais (como, por exemplo, o polivírus), ora os anticorpos secretórios (IgA), ora a imuidade mediada por células complementadas pela fagocitose dos macrófagos e dos micrófagos (polimorfonucleares neutrófilos).
Além dos anticorpos, são movimentados outros elementos humorais com capacidade de neutralizar os vírus ou, indiretamente, favorecer u auxiliar a ação dos elementos de defesa do sistema imunitário. Assim, são produzidas, pelos linfócitos T, 24 linfocinas, entre elas e interferon, o M.I.F. as linfotoxinas, a IgA.
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Certos vírus não são destruídos pelos anticorpos humorais, mesmo em grande quantidade no sangue. Desse modo, na síndrome da rubéola congênita, a despeito de títulos protetores de anticorpos anti-rubéola no sangue, o vírus rubeólico é isolado do sangue, humores e tecidos. Esta é uma demonstração inequívoca de que a imunidade mediada por anticorpos é insuficiente, no caso, para erradicar o agente patogênico. Tais indivíduos apresentam um “defeito” imunológico no setor dos linfócitos T, diagnosticados pelos testes que descrevemos.
Através da correção do “defeito”, os macrófagos são ativados e a fagocitose é estimulada, destruindo o vírus. O mesmo fenômeno se observa na panencefalite subaguda esclerosante, onde o patógeno parece ser o vírus do sarampo, persistente no S.N.C., em conseqüência de um “defeito” no setor T-RH. Através da imunoestimulação ou de introdução de fator de transferência nesses indivíduos, a evolução da doença poderá ser bloqueada. No herpes simples recidivante (labial ou genital) também os testes imunológicos detectam “defeito” no setor T-H, enquanto o setor B permanece funcionalmente perfeito (formação de anticorpos humorais). A literatura está cheia de observações de curas de herpes recidivante pelo tratamento com imunoestimulante do tipo de Levamisole-tetramisole. Igualmente se beneficia desse tratamento o herpes-zoster.
Como o tratamento imunoterápico ativo sempre leva mais de quatro semanas para ser eficaz, é indicado o tratamento antiviral específico (quando disponível) enquanto se aguarda o efeito de imunoestimulador. Assim, a Cytarabina está indicada como substância antiviral na fase aguda do herpes, quer simples quer do zoster.
Hepatite por vírus: Existem muitas observações de que a persistência do vírus da hepatite do tipo B (HAg ou antígeno Au) é responsável pelo quadro de hepatite crônica agressiva que conduz, finalmente, a um quadro de Cirrose hepática. A persistência do antígeno HBAg seria condicionada por um defeito no setor T-RH, defeito este que poderá ser remediado através de imunoestimulação ou inoculação de F.T. Também o defeito no setor T condicionaria uma menor inibição dos linfócitos B e, conseqüentemente uma maior produção de auto-anticorpos responsáveis pelo mecanismo de auto-agressividade da entidade.
Verrugas por vírus: É uma virose cutânea causada pelos papovavírus e caracterizada pelas recidivas freqüentes e curas, espontâneas ou com auxílio de “benzeduras”, amuletos e “rezas”. A persistência ou recrudescência do vírus também está condicionada a um defeito no setor T-RH
Através da imunoestimulação com drogas do tipo Levamisole-tetramisole, têm sido curados, em quatro a seis semanas, esses tipos de verrugas. A recidiva é evitada pelo prolongamento da imunoestimulação (12 meses) ou pela correção do defeito fundamental (imunodepressão endógena ou exógena: por drogas, por fatores psíquicos (depressões), por fatores estressantes, velhice, etc).
Toxoplasmose: Tomando a toxoplasmose como modelo, podemos, por extensão, extrapolar as experiências que já se fizeram com esta doença para outras entidades infecciosas ou parasitárias em que os mecanismos imunopatogênicos fundamentais são semelhantes.
Assim, sabe-se, por experiências em animais de laboratório, que o toxoplasma gondii se assesta e se reproduz no interior de células retículo-histiocitárias, graças à elaboração de uma enzima que impede a união do fagossoma com o lisossoma, união esta indispensável para que ocorra a fagocitose e lise dos organismos intracelulares. Todavia, através de imunoestimulação nos três setores T. B e R:H, ocorre à fusão das organelas e o T gondii é fagocitado mais intensamente e lisado pelo macrófago. Explica-se, assim, o porquê do surgimento de toxoplasmose em imunodeprimidos (por neoplasias, corticosteróides, gravidez, drogas, fatores genéticos, etc.) e abrem-se novos horizontes terapêuticos pela associação de quimioterápicos a imunoterapia estimulante inespecífica.
Hanseníase: Sempre constitui uma curiosidade científica o conhecimento dos fatores determinantes das várias formas de hanseníase. Por que as grandes maiorias dos indivíduos que entram em contato com o M-leprae são apenas infectadas e desenvolvem sólida imunidade, principalmente relacionada à imunidade mediada por células?Por que uma ínfima minoria contrai a doença e apenas uma pequena parcela é vítima da temível lepra lepromatosa, contagiante, mutilante, resistente aos quimioterápicos, enquanto a outra parte contraí a lepra tuberculóide, benigna, não contagiante?
Sabe-se, hoje, que os fatores determinantes estão subordinados ao sistema imunológico e que a forma L-L (virchowiana) é condicionada à presença, no soro de tais indivíduos, de uma enzima inibidora da transformação blastóide dos linfócitos T. Tal inibição impede a elaboração de linfocinas que estimulam o sistema macrofágico (R: H) e, igualmente, a imunidade mediada por células (tais indivíduos são Mitsuda-negativos). Tornou-se, assim, possível à cura ou bloqueamento da evolução da lepra lepromatosa pela imunoestimulação ativa, inespecífica através do BCG, levamisole-tetramisole, e outros, ou, ainda, pela inoculação do fator de transferência, capaz de reverter à positividade os testes de hipersensibilidade retardada, antes negativa.
Os modelos mencionados (lepra e toxoplasmose) podem ser extrapolados para inúmeras
doenças infecciosas e parasitárias, tais como: leishmanioses, tripanosomíase americana
(doença de Chagas), blastomicoses, malária, tuberculose, esquistossomose, brucelose, linfoma
de Burkitt.
O mecanismo imunitário de defesa é comum a todas essas doenças, apenas variando a
natureza e composição antigênica do patógeno. Através de uma combinação ou alternância
adequada de quimioterápicos e imunoestimulantes, poderá o médico, no futuro, vislumbrar
perspectivas mais otimistas para doenças infecciosas e parasitárias, até então de difícil ou
nenhum tratamento eficaz.
Doenças Malignas:
A imunidade mediada por células está “defeituosa” na maioria dos indivíduos com
doenças neplásicas, sendo o defeito reversível pela inoculação de fator de transferência ou
imunoestimulação, específica ou inespecífica.
O “defeito” imunológico pode ser primário, isto é, transmitido pelo código de genética, ou
secundário, em conseqüência de fatores imunodepressores, endógenos ou exógenos.
A favor do “defeito” primário falam as observações de famílias com vários casos de
leucemia, câncer, linfomas, etc.
Os fatores secundários podem ser encontrados em drogas imunodepressoras,
radioterapia, stress psíquico (depressões),l subnutrição, velhice, gravidez, etc.
A localização do “defeito” está, fundamentalmente, no setor T-R:H, conforme o
demonstram os testes imunológicos.
A imunoestimulação antineoplásica pode ser específica ou inespecífica. A
imunoestimulação antineoplásica específica se faz à custa da própria massa tumoral do
hospedeiro que poderá ser, inclusive, marcada com radioisótopos de atividade anti-humoral e
com tropismo especial para o órgão afetado.
A imunoestimulação antineoplásica inespecífica se faz à custa de antígenos de
composição antigênica diferente da tumoral, mas que atuam pelo estímulo da fagocitose pelo
sistema R: H. Estes fagocitam e lisam, indistintamente, as substâncias estranhas que ingerem,
inclusive as células neoplásicas.
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O engolfamento das células neoplásicas poderá ser facilitado pelas opsoninas,
imunoglobulinas que parecem ter seu papel ressuscitado na atualidade, juntamente com a nova
conceituação imunológica das doenças.
As primeiras indicações, convincentes, do papel da imunidade nas doenças malignas
foram oferecidas pela observação de uma significativa baixa de incidência de leucemia em
crianças vacinadas com BCG, quando comparadas com as não vacinadas Posteriormente, a
imunoestimulação passou a ser usada como terapêutica antineoplásica em vários tipos de
neoplasias, surgindo, inclusive, outros imunoestimulantes inespecíficos como o Levamisoletetramisole,
o Corynebacterium parvum e outros.
Hoje, em grandes centros de Oncologia da Europa e dos Estados Unidos, os
imunoestimulantes são largamente usados, juntamente com as medidas clássicas antineoplásica
(cirurgia, irradiações, quimioterapia). Inclusive, a droga de escolha para o tratamento do
melanoma maligno passou a ser a imunoestimulação pelo BCG, local (intralesional) e/ou
sistêmico (intradérmico ou percutâneo) a cada quatro dias, no primeiro mês, e, posteriormente, a
cada semana, durante vários meses, espaçando mais as doses após dois meses (bimensais e
mensais).
Em 1975 comparou-se, na Universidade da Califórnia (Divisão de Oncologia), a
freqüência de recidivas de melanoma em operados, dos quais um grupo havia recebido, ao
acaso, BCG, e o outro grupo, somente cirurgia. A conclusão foi categórica: a incidência de
recidivas de melanoma quase se reduziu a zero entre os vacinados, enquanto permaneceu alta
entre os não vacinados. O emprego de Corynebacterium parvum, em substituição ao CG, parece
trazer vantagens, principalmente porque o C. parvum é inativo, e não se corre o risco de
Becegeite, mormente entre aqueles com intensa imunodepressão.
Além do tratamento das doenças malignas já declaradas e, freqüentemente, em grau
avançado, com metástases em vários órgãos, poderemos antecipar a imunoestimulação
inespecífica fazendo uma imunoprofilaxia em todos aqueles que, submetidos aos testes
imunológicos, apresentarem algum “defeito” imunológico. Independentemente da origem do
“defeito” imunológico genética ou adquirida transitória ou permanente, esse indivíduo será
declarado sob “alto risco” e candidato, assim, a uma terapêutica corretiva (ativa ou passiva), com
duração enquanto os testes indicarem a persistência do “defeito imunológico”.
Concomitantemente, serão tomadas as medidas profiláticas possíveis para afastar os prováveis
agentes etiológicos da imunodepressão (stress psíquico, á nutrição, anemia, drogas tóxicas,
gravidez, etc).
Com a ajuda de aparelhos de injeção intradérmico a jato (dermo-jet), poderemos realizar
milhares de testes de hipersensibilidade retardada, em uma ou duas horas, e , desse modo,
levantar o estado imunitário mediado por células e, até, por anticorpos, de várias entidades
mórbidas e, inespecificamente, dos indevidos sob “alto risco” para contrair quaisquer das
doenças para as quais é suscetível e que poderão ser uma neoplasia, uma leucemia, uma
hanseníase, ou uma das muitas doenças que mencionamos. Caberá ao clínico d futuro o papel
de diagnosticar e corrigir os “defeitos imunológicos”, inclusive realizando, no consultório, os
testes de hipersensibilidade retardada, agora padronizada e fornecidos em kits. Ao imunologista
de laboratório caberá a feitura de testes mais refinados, como os de fito-hemaglutina, captação
de timidina títrica, formação de rosetas.
A imunoestimulação não oferece dificuldades, uma vez que os imunoestimulantes são de
fácil manejo e os esquemas são muito simples. Acreditamos que em cursos de apenas seis
meses em pós-graduação, os clínicos estarão aptos a associar a imunoterapia à químio e
radioterapia e colher resultados bem melhores que aqueles onde não se associa tal terapêutica.
O importante é atuar correta e oportunamente, conforme o “momento imunológico” da
doença, evitando erros imperdoáveis, como os de fazer imunossupressão quando, em realidade,
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o que paciente está necessitando é de imunoestimulação. A oportunidade de tirar o máximo de
proveito da imunoestimulação u da imunodepressão também deve ser levada em alta
consideração. Sabe-se que, enquanto não se reduzir à massa tumoral a menos de 10(6) células
neoplásicas, ou leucêmicas, não será eficaz a imunoestimulação, e que é principalmente para as
células metastáticas, localizadas em redutos inatingíveis e desconhecidos, que a imunoterapia
tem a sua grande indicação. Desse modo, é necessário, inicialmente, realizar a extirpação da
grande massa tumoral (cirurgia, quimioterapia, irradiações) e, depois, fazer a imunoestimulação.
Doenças auto-imunes: Várias doenças de auto-agressão têm encontrado na moderna
conceituação imunológica explicação, para seus mecanismos imunopatogênicos e, desse modo,
vêm se beneficiando da terapêutica imunológica. Num aparente paradoxo a imunoestimulação
do setor T tem oferecido resultados favoráveis no tratamento das doenças tidas como autoimunes
como a artrite reumatóide, a ileíte reginal de Crohn e a hepatite crônica agressiva.
A explicação para tais resultados é dada pela ação inibitória dos linfócitos T sobe s
linfócitos B encarregados à formação de auto-anticorpos. A estimulação dos linfócitos T
acentuaria a inibição sobre os linfócitos B.
Doenças degenerativas:
O sistema R:H exerce papel importante na homeostase, inclusive dos lípides Dessa
maneira, tem-se demonstrado, em animais, que o sistema R:H está implicado na produção e
excreção do colesterol, quer endógeno como exógeno. Conclui-se, daí, que a
hipercolesterolemia e, talvez, a aterosclerose dependem do perfeito funcionamento do sistema
R:H, podendo ser reduzida à taxa de colesterol sangüíneo através da imunoestimulação do
sistema, conforme experiências realizadas em ratos na Universidade de Tennessee. Estamos
realizando experiências em tal sentido no serviço do professor Luiz V. Decourt em São Paulo.
Subnutrição e defesas imunitárias: A alta letalidade e os elevados índices de mortalidade
por doenças infecciosas e parasitarias entre subnutridos indica uma defesa deficiente do
organismo ante esse agressor. Numerosos estudos realizados nesse campo demonstram que o
mal-nutrido apresenta depleção de linfócitos T e atrofia do sistema linfóide, responsável pela
deficiente resposta aos patógeno. Os linfócitos B sofrem, indiretamente, essa depleção de
linfócitos T, não havendo, todavia, no mal-nutrido, maiores repercussões na imunidade mediada
por anticorpos.
Deve-se acrescer que, no mal-nutrido, ocorre uma elevação do cortisol plasmático, fator
imunodepressor que agrava a deficiência imunitária decorrente da depleção de linfócitos T.
Também vários patógenos são conhecidos como imunodepressores, como o plasmódio da
malária, os vírus da rubéola e do sarampo, o vírus E.B. do linfoma de Burkitt e o bacilo da lepra.
Acreditamos que a imunização em massa pelo BCG intradérmico ou percutâneo, em populações
de mal-nutridos, irá, certamente, melhorar o estado imunitário e as defesas inespecífica desses
indivíduos, de modo a baixar os índices de morbidade e letalidade para inúmeras doenças
infecciosas, parasitárias e, inclusive, neplásicas.
Estado psíquico e defesas imunológicas: Os prolongados períodos de depressão
psíquica assim como Stress contínuo da vida moderna atuam, através de liberação de
substâncias imunodepressoras (ex. cortisol), no sistema de defesa imunológica, diminuindo-a
em graus e períodos variáveis. Corrigida a causa primária, o indivíduo é considerado fora do
estado de “grande risco”. Enquanto perdurarem os fatores imunodepressores de origem
psíquica, o indivíduo poderá contrair mais facilmente uma das inúmeras doenças de que fizemos
menção, o que aconselha uma imunoestimulação inespecífica enquanto se aguarda pelos
resultados da terapia psiquiátrica para debelar a causa psíquica primaria.
Idade e sistema imunitário: Com o envelhecimento, mais nitidamente após os 5 anos,
ocorrem uma depleção de linfócitos T, enquanto, concomitantemente, se observa um aumento
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de linfócitos B no sangue periférico. Tal fenômeno seria responsável pelo aumento de doenças
auto-imunes na velhice aumento dos anticorpos auto-imunes secretados pelos linfócitos B). A
depleção de linfócitos T explicaria o aumento de incidência de neoplasia e doenças
degenerativas.
Gravidez e imunidade:
Na gravidez ocorre o chamado ”silêncio imunológico dos vivíparos” condição esta
indispensável para que não ocorra a rejeição do feto (abortamento). É fat conhecido, e de longa
observação, que a gestante, em conseqüência dessa imunodepressão fisiológica , apresenta
evolução desfavorável das neoplasias, tuberculose, hepatite, toxoplasmose, poliomielite. Em
contrapartida, as gestantes que padecem de doenças em que a imunodepressão é desejável
apresentam uma melhora do quadro clínico durante a gestação.
É ainda um campo aberto à pesquisa o “silêncio imunológico dos vivíparos”. No
momento, apenas podemos proteger melhor a gestante contra doenças em que é suscetível, ou
mais vulnerável, de acordo com as circunstâncias epidemiológicas do seu c-ambiente.
MEDICINA DE HOJE – MARÇO DE 1976
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9
Ricardo Veronesi é professor de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo, da Faculdade de Medicina de Jundiaí e da
Faculdade de Ciências Médicas de Santos; membro do Comitê de peritos em doenças
bacterianas da Organização Mundial de Saúde; presidente do comitê de doenças
infecciosas da Panamerican Medical Association; Chairman do Comitê Latino-
Americano de Medicina Tropical da Associação Médica Panamericana; Consultor da
Academia de Ciências dos Estados Unidos; e editor-coordenador do livro Veronesi –
Doenças Infecciosas e Parasitárias.
ENTREVISTA MOSTRADA NO FILME DIVULGADO PELO DR. LUIZ MOURA SOBRE A AUTOHEMOTERAPIA E SEUS EFEITOS BENÉFICOS.
O
que é a auto-hemoterapia?
É
uma técnica simples, em que, mediante a retirada de sangue da veia e a
aplicação no músculo, ela estimula um aumento dos macrófagos, que são, vamos dizer, a
Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana) do organismo.
Os
macrófagos é que fazem a limpeza de tudo. Eliminam as bactérias, os
vírus, as células cancerosas, que se chamam neoplásicas. Fazem uma limpeza
total, eliminam inclusive a fibrina, que é o sangue coagulado. Ocorre esse
aumento de produção de macrófagos pela medula óssea porque o sangue no músculo
funciona como um corpo estranho a ser rejeitado pelo Sistema Retículo
Endotelial (SRE). Enquanto houver sangue no músculo o Sistema Retículo
Endotelial está sendo ativado. E só termina essa ativação máxima ao fim de
cinco dias.
A
taxa normal de macrófagos é de 5% (cinco por cento) no sangue e, com a
auto-hemoterapia, nós elevamos esta taxa para 22% (vinte e dois por cento)
durante 5 (cinco) dias. Do 5º (quinto) ao 7º (sétimo) dia, começa a
declinar, porque o sangue está terminando no músculo. E quando termina ela
volta aos 5% (cinco por cento). Daí a razão da técnica determinar que a
auto-hemoterapia deva ser repetida de 7 (sete) em 7 (sete) dias.
Essa
é a razão de como funciona a auto-hemoterapia. É um método de custo baixíssimo,
basta uma seringa. Pode ser feito em qualquer lugar porque não depende nem de
geladeira - simplesmente porque o sangue é tirado no momento em que é aplicado
no paciente, não há trabalho nenhum com esse sangue. Não há nenhuma técnica
aplicada nesse sangue, apenas uma pessoa que saiba puncionar uma veia e saiba
dar uma injeção no músculo, com higiene e uma seringa, para fazer a retirada do
sangue e aplicação no músculo, mais nada. E resulta num estímulo imunológico
poderosíssimo.
Então,
realmente é um método que poderia ser divulgado e usado em regiões sem
recursos, em que as pessoas não têm condições de pagar estímulos imunológicos
caríssimos, como, por exemplo, os fabricados de medula óssea. Fazem-se
medicamentos - eu não posso dizer o nome do medicamento, porque não estou aqui
fazendo propaganda, mas é um medicamento caríssimo - que se usa para produzir o
mesmo efeito da auto-hemoterapia, que é o lisado detimus de vitela,
que foi fabricado, isso eu posso falar, é um lisado de timus de
vitela, tem um nome de fantasia, mas na realidade, a essência do produto é um
lisado de timus de vitela submetido a um fermento digestivo,
que se transforma num medicamento, mas é de custo muito alto, enquanto que a
auto-hemoterapia produz o mesmo efeito a custo baixíssimo. Portanto podendo ser
usado em todas as camadas da população sem nenhum problema, aí, essa é que é a
grande vantagem!
Início
e aplicação da prática da auto-hemoterapia
Eu
comecei a aplicar a auto-hemoterapia ainda como estudante de medicina, em 1943,
quando eu entrei para a faculdade de medicina. Eu entrei na Faculdade Nacional
de Medicina, que era na Praia Vermelha (no Rio de Janeiro). E o meu pai foi
professor dessa mesma faculdade, e ele era também chefe de enfermaria da Santa
Casa, e era cirurgião geral. Primeiro me ensinou como tirar sangue e aplicar no
músculo, e ele me mandava para casa de todo paciente que ele operava. Eu tinha
que ir na véspera da internação aplicar no paciente 10 (dez) ml de
sangue, e 5 (cinco) dias depois, ele não esperava cair à taxa a zero não, e
cinco dias depois eu fazia a mesma a aplicação no paciente, ainda internado,
porque naquele tempo as internações, duravam em média uma semana.
O
que eu não sei é como é que ele tinha coragem de operar comigo auxiliando,
porque eu só sabia era segurar os instrumentos e mais nada. Acho que ele
operava sozinho porque o que eu sabia era só segurar os instrumentos e mais
nada. O que eu tinha aprendido, a única coisa, era tirar sangue da
veia e aplicar no músculo, mais nada. E nunca houve problema nenhum. Ele teve
com isso uma das taxas menores que eu já vi até hoje de infecção hospitalar.
Ele
fazia isso porque o trabalho do professor Jesse Teixeira - que foi feito
especificamente para evitar infecções pós-operatórias, e que resultou num
prêmio de cirurgia, no maior prêmio de trabalho publicado em 1940 e foi
traduzido em duas línguas, para o francês e para o inglês - esse trabalho foi
um sucesso enorme.
O
meu pai usava esta técnica, porque ele tinha lido o trabalho de Jesse Teixeira.
Este tinha 150 (cento e cinqüenta) cirurgias, operações das mais variadas,
comparadas com outras 150 (cento e cinqüenta) cirurgias idênticas. Teve 0%
(zero por cento) de infecções pós-operatórias, quando aplicado o sangue. E nas
outras em que não aplicava - a título de contraprova, ele não aplicava o
sangue, as mesmas cirurgias - ele teve 20% (vinte por cento) de infecções.
Porque naquela época o grande problema eram infecções pulmonares no
pós-operatório, porque a anestesia era feita com éter, e o éter irritava muito
os pulmões. Havia uma facilidade muito grande de infecções pulmonares.
Aprendi
isso com ele. E me limitei a usar durante muitos anos a auto-hemoterapia
exclusivamente para evitar, tratar de infecções, acne juvenil (que é uma
infecção de estafilococos) e também evitar infecções pós-cirúrgicas. Nesse
tempo eu era cirurgião, então eu também usava o mesmo método. A finalidade é
basicamente combater bactérias.
Só
a partir de 1976 é que eu passei a usar numa amplitude muito maior, graças a um
médico, Dr. Floramante Garófalo, um ginecologista, que era assistente do
diretor do hospital Cardoso Fontes em Jacarepaguá e que era a pessoa que mais
conhecia equipamento hospitalar do Brasil.
Ele
já estava aposentado, tinha 71 anos. E foi chamado pelo Dr. Amaury de Carvalho,
que era o diretor, para equipar o hospital, porque este tinha sido um sanatório
de tuberculosos, e foi transformado no Hospital Geral, então precisava que
todas as clínicas fossem equipadas e ele foi ser assistente do Diretor. Um dia,
o professor Garófalo ou Dr. Garófalo - bem, vamos dizer professor porque ele
merecia ser chamado de professor - chega se queixando de uma dor, uma dormência
que sentia na perna quando fazia uma caminhada de 100 a 200 metros.
Tinha que sentar na rua, no meio-fio porque não conseguia mais andar.
Eu
então disse para ele, “Olha Dr. Garófalo, você tem que ser examinado por
angiologista.”. Nós temos um excelente aqui, chama-se Dr. Antônio Vieira de
Melo - primo-irmão do Sérgio Vieira de Melo que morreu lá no Iraque. E então
ele vai ter que examinar esta perna. Ele examinou primeiro com aparelho, e
disse: “Há uma obstrução na sua coxa direita, na parte média da coxa.”. Aí o Dr.
Garófalo disse assim: “Bom, mas de que tamanho?”. “Só fazendo uma
arteriografia.”. Então fomos para o raios-X, que mostrou 10 (dez)
centímetros de artéria entupida.
Foi
dito a ele pelo angiologista Antônio Vieira de Melo: “Olha, só há uma solução.
Fazer uma prótese. Tirar uma parte desta artéria, esses 10 cm e
substituir por uma prótese de material plástico chamado Dralon.”. O Dr.
Garófalo, rindo, disse: “Em mim você não vai fazer isso não, porque eu não
quero virar um homem biônico. Hoje é essa artéria da coxa, amanhã será a do
braço ou da outra perna. Então eu vou só fazendo prótese? Não, quem vai me
curar é a auto-hemoterapia.”. E me pediu que eu aplicasse nele.
Ele
trazia a cada 7 (sete) dias uma seringa, já tudo preparado, e eu
fazia a aplicação da auto-hemoterapia. No fim de 4 (quatro) meses,
ele me disse: "Não sinto mais nada, estou bom.". Eu disse: “O Dr.
Antônio Vieira de Melo é quem tem que lhe dar a alta.“. Fomos ao Dr. Antônio
Vieira de Melo, que disse: "Eu não acredito nisso, é impossível! Isso é
sugestão. Você se convenceu tanto com essa auto-hemoterapia que você está
achando que está bom.". Garófalo disse: "Agora eu ando quilômetros,
não tenho mais problema nenhum. Bom, pode ser sugestão.". Então eu dei a
resposta: “Bom, não há por que a gente discutir se é sugestão ou não. Garófalo,
você se submete a outra arteriografia?”. Ele disse: “Pra já! Vamos lá!”.
Fomos
para o raios-X. E não havia mais obstrução alguma. E assim ele viveu até
noventa e tantos anos passando aqui nessa rua General Roca. Ele
morreu com mais de 95 anos, sem nunca ser operado. Como compensação, resolveu
me dar de presente dois trabalhos: um do Dr. Jesse Teixeira e outro do Dr.
Ricardo Veronesi.
Há
um intervalo entre esses dois trabalhos de 36 anos, um é de 1940 e o outro de
1976. Mas a impressão é que um foi feito para o outro, para combinar, um com o
outro. Porque? Porque enquanto o trabalho do Dr. Jesse Teixeira se
limitava à ação da auto-hemoterapia em evitar infecções pós-operatórias, o do
professor Ricardo Veronesi, que é professor da Universidade de Santos, a
imunologia já tinha avançado muito mais e se tinha descoberto que o Sistema
Retículo - Endotelial (SRE) tem muitas outras funções além de combater as
bactérias, muito mais do que isso.
As
principais funções do Sistema Retículo Endotelial são (em itálico, texto
retirado do trabalho do Dr. Ricardo Veronesi. Entre parênteses, comentários e
explicações do Dr. Luiz Moura):
- 1) Clearance (limpeza) de partículas estranhas provenientes
do sangue ou dos tecidos, inclusive células neoplásicas (cancerosas), toxinas
e outras substâncias tóxicas.
- 2) Clearance de esteróides e sua biotransformação. (Eliminação dos
hormônios, os esteróides).
- 3) Remoção de micro agregados de fibrina e prevenção de coagulação intra
vascular. (É o motivo pelo qual eu tomo auto-hemoterapia, para evitar
enfartos e tromboses, tromboses cerebrais, enfartos das coronárias, porque ela
faz a prevenção da coagulação intra-vascular, remove um possível
entupimento que possa ter havido, como removeu a fibrina que entupia a artéria
femoral do Dr. Garófalo. Por isso é que eu uso auto-hemoterapia.).
- 4) Ingestão do antígeno, seu
processamento e ulterior entrega aos linfócitos B e T. (O antígeno que
produz a reação alérgica, tendo uma grande ação no tratamento das alergias.).
- 5) Biotransformação e excreção do
colesterol.
- 6) Metabolismo férrico e formação de
bilirrubina.
- 7) Metabolismo de proteínas e remoção
de proteínas desnaturadas. (Proteínas anormais.).
- 8) Destoxificação e metabolismo de drogas. (Imagina, metabolismo
de proteínas e remoção de proteínas desnaturadas, hoje que se sabe que a
encefalite que causa a doença da vaca louca é causada por uma proteína príon
que é desnaturada. E então a auto-hemoterapia poderia ajudar no tratamento
dessa doença.).
Respondendo
por tantas e tão importantes funções, fácil é de se entender o papel
desempenhado pelo Sistema Retículo Endotelial no determinismo favorável ou
desfavorável de processos mórbidos tão variados como sejam os infecciosos,
neoplásicos (câncer), degenerativos e auto-imunes.
Foi aí é que comecei a usar a auto-hemoterapia em doenças auto-imunes.
Muito
bem, agora o que é triste: o que o professor Jesse Teixeira descobriu em 1940 -
que em 1976 ainda estava sendo estudado em países do primeiro mundo em ratos -
aqui não teve a divulgação que deveria.
(Dr.
Luiz Moura lê outro trecho do trabalho do Dr. Ricardo Veronesi. E, entre
parênteses, faz comentários):
Doenças Degenerativas
O Sistema Retículo Endotelial exerce
papel importante na homeostase (quer dizer, manter o organismo
saudável), inclusive dos lípides (das gorduras).
Dessa maneira tem se demonstrado em animais que o Sistema Retículo Endotelial
está implicado na produção e excreção do colesterol, quer endógeno como
exógeno. Conclui-se daí que a hipercolesterolemia e, talvez, a
arteriosclerose) (processo degenerativo das artérias que vão
endurecendo) depende do perfeito funcionamento do Sistema Retículo
Endotelial, podendo ser reduzida a taxa do colesterol sanguíneo através da
imunoestimulação do sistema conforme experiências realizadas em ratos na
Universidade do Tenessee. (Quer dizer, enquanto em 1940, no Brasil, o
professor Jesse Teixeira descobriu em ser humano como estimular o Sistema
Retículo Endotelial, em 1976, 36 anos depois, nos Estados Unidos, no Tenessee,
estava se estudando em ratos.). Estamos realizando experiências
em tal sentido no serviço do professor Luiz V. Décourt em São Paulo.
Quer
dizer, então a auto-hemoterapia é um recurso de enorme valor, porque com essa
amplitude que o avanço da imunologia deu - antes realmente só se sabia que
combatia as infecções - eu só usava, por exemplo, para reduzir o tempo de cura
de uma pneumonia: dava o antibiótico e usava simultaneamente a
auto-hemoterapia. Com isso eu conseguia reduzir, primeiro a quantidade de
antibiótico. E o tempo de cura se acelerava porque o antibiótico fazia uma
parte, quer dizer, paralisava a reprodução dos microorganismos e a
auto-hemoterapia estimulava os macrófagos a devorar esses micróbios. Então
complementava a ação um do outro e com isso eu tive resultados muito bons,
em doenças, como pneumonias, até duplas graves. E resolvia os problemas
associando esses dois recursos, um que paralisava a reprodução, porque muita
gente pensa que antibiótico é bactericida. Não, antibiótico não mata bactéria,
ele só paralisa a reprodução das bactérias. Quem mata a bactéria é nosso Sistema
Imunológico, completando o trabalho do antibiótico.
Esclerodermia
Dia
10/09/1976, eu era chefe da clínica médica do Hospital Cardoso Fontes, e tinha
uma consultora dermatológica, Dra. Ryssia Alvarez Florião. Se internou uma
senhora que há 8 meses não andava. A Dra. Ryssia fez três biópsias,
mandou para a Dra. Glória Moraes, chefe da Anatomia Patológica, que deu o
laudo: esclerodermia fase final. Então a Dra. Ryssia resolveu dar uma aula. Nós
tínhamos toda segunda-feira uma aula dos casos que não fossem rotineiros. E
esse era um caso bastante raro. Esclerodermia é uma doença auto-imune e que não
é freqüente.
Foi
dada uma aula belíssima, aprendi muito porque eu não sabia nada sobre a
esclerodermia, sabia de livro, nunca tinha visto paciente esclerodérmico.
Quando terminou a aula, a Dra. Ryssia mandou a enfermeira levar a paciente. Eu
entendi, agora chegou a hora de dizer o que pode ser feito pela
paciente. “Você mandou levar a paciente para ela não escutar.”. Ela disse: “É
verdade, eu não tenho nada há fazer pela paciente.”.
Pedi
a Ryssia: “Você me entrega essa paciente para eu aplicar uma técnica que não é
corrente e chama-se auto-hemoterapia?”. Ela riu e disse: “O senhor sabe que eu
cheguei em maio dos EUA, lá eu era residente médica numa clínica para
onde convergiam todos os casos de esclerodermia de todos os EUA. E a clínica
não era mais nada do que um depósito de esclerodérmicos. Não havia mais nada a
fazer. Então o senhor acha que pode fazer?”.
Eu
disse: “Olha, eu vou agora em casa pegar os dois trabalhos do Dr.
Jesse Teixeira e do Dr. Ricardo Veronesi, e você vai ver que a idéia tem
fundamento.”. Cheguei lá e li as partes principais dos dois trabalhos e
perguntei: “E agora Ryssia?”. “Ahh, tem lógica, pode funcionar, vale a pena.".
E
eu então apliquei a auto-hemoterapia, mas como era uma coisa nova, a ser feita
num hospital, usei uma dose brutal. Eu tirei 20 (vinte) cc de sangue e apliquei 5 (cinco)
cc em cada braço (deltóide) e 5 (cinco) em cada nádega, porque eu tinha que produzir
um resultado, ou funcionava ou não funcionava, eu tinha que chegar a uma
conclusão.
A
melhora foi uma coisa espantosa. A paciente que estava com a pele como se fosse
pele de jacaré, dura, caminhando para uma morte terrível, a asfixia, porque não
consegue respirar mais. O pulmão não pode se expandir, porque o corpo fica como
um bloco de madeira. Por incrível que pareça 30 dias depois, no dia 10 de
outubro de 1976, essa paciente saiu andando do hospital.
Quais
são as outras indicações da auto-hemoterapia?
Muitas,
muitas indicações.
Primeiro:
todas as doenças infecciosas de modo geral.
Segundo:
todas as doenças alérgicas, ela tem um efeito maravilhoso na asma brônquica,
nas alergias cutâneas, em doenças que ainda não se sabe bem o que são, por exemplo,
na psoríase funciona maravilhosamente bem.
Nas
doenças auto-imunes, que são muitas hoje. Doença de Crohn, uma doença
auto-imune que destrói o intestino, os anticorpos atacam o final do intestino
delgado na doença de Crohn.
O
lúpus, eu já usei, tem uma paciente - vou dizer só as iniciais dela, R.S. -
essa moça ensina as crianças a bailar em Caxias (Rio de Janeiro). Ela sofria de
lúpus, eu digo, ela sofria, não, ela sofre. Mas está assintomático. É como se
tivesse curado. E ela leva essas crianças todo ano, patrocinado pela Itália,
para dançar lá na Itália, crianças de rua que ela ensina a dançar. Essa moça eu
tratei de lúpus, ela não podia, não tinha condições de trabalhar e nem fazer
nada.
Artrite
reumatóide, ela dá um excelente resultado em atrite reumatóide. Eu tenho uma
paciente da UFRJ, uma funcionária de lá que estava praticamente sem andar há 8 anos
e com a auto-hemoterapia ela está hoje normal. Ela sobe no meu consultório,
pega ônibus. Não tem mais problema nenhum.
Nas
miastenias graves, eu tenho um paciente que tem a minha idade, 78 anos. Esta
paciente, ela foi diagnosticada como miastenias graves em 1980, no Instituto de
Neurologia, na Av. Pasteur, e foi dado como não tendo nada o que
fazer, porque nada se fazia mesmo. E ela vem fazendo a auto-hemoterapia desde
1980. Ela é a única sobrevivente de miastenias graves. De todos os pacientes
que tinham miastenias graves na época, não existe nenhuma viva, só ela.
E vai ao meu consultório com a filha, de ônibus. Isso 24 anos depois.
Então
é realmente uma coisa incrível não se divulgar, um trabalho que beneficia e
alivia o sofrimento de tanta gente. Em tantas direções, em tantas patologias,
em tantos tipos diferentes de doenças crônicas, e agudas também.
Eu
por exemplo, sei que estou errado em não tomar vacina de idoso, mas como eu
faço a auto-hemoterapia acho que não preciso, porque eu tenho meu Sistema
Imunológico ativado. Não condeno não, ótimo que todo mundo use a vacina de
gripe. Eu não preciso, eu nem minha mulher, pois fazemos a auto-hemoterapia
e mantemos nosso Sistema Imunológico ativado.
Então
realmente é um recurso terapêutico que tem uma amplitude enorme. Em 1980 atendi
uma senhora, funcionária da Petrobrás, cujo serviço médico diagnosticou
esclerodermia. Não tendo o que fazer, decidiram então aposentá-la.
Foi quando ela me procurou, eu contei o caso de 4 anos antes - o caso
de esclerodermia, da outra paciente do Hospital Cardoso Fontes. Ela decidiu
fazer o tratamento, e não tem sintoma nenhum, até o dia de hoje. Só vai se
aposentar no ano de 2005 por tempo de serviço. Ia se aposentar em 1980, só vai
se aposentar 25 anos depois.
Então
realmente, é uma coisa que poderia mudar a vida de muita gente, como mudou a
vida dela. Imagine se ela se aposentasse naquela altura, que aposentadoria ela
teria hoje? Que situação ela teria? Bom, provavelmente nem viva ela estaria, se
não tivesse feito esse tratamento.
Então
a auto-hemoterapia é um recurso que tem um número enorme de aplicações, e que
tem uma explicação científica de como funciona. Não é algo a dizer que é misterioso,
que é uma magia, ou uma panacéia qualquer, não! Sabe-se como funciona.
Os
trabalhos anteriores, europeus, todos eram na base do empirismo, ninguém tinha
comprovado como funcionava. Foi um brasileiro, o professor Jesse Teixeira, que
comprovou como funcionava em 1940. Era para esse tratamento ter sido divulgado
e estar sendo usado, porque a medicina se torna cada vez mais cara. As doenças
que a auto-hemoterapia evita ocorrem muito na idade avançada, o idoso está se
tornando um paciente que representa um peso muito grande nas despesas com saúde.
E é por isso que os planos de saúde cobram um absurdo dos idosos, porque
realmente eles custam muito caros para serem mantidos com vida e relativa
saúde.
Então,
é realmente, é uma coisa muito valiosa esse tratamento. Eu espero que se
consiga ir divulgando e com o tempo isto será conseguido, fazendo com que
alguns colegas passem a usá-la, pressionados pelos pacientes. A verdade é que
quando se vêem os resultados e não têm como explicar, saem pela
tangente e dizem ser remissão espontânea. É uma saída, para não admitir que foi a
auto-hemoterapia.
Cistos
de ovário e mioma
Minha
filha que mora na Espanha era estéril, ela tinha ovários policísticos e não
podia engravidar. O obstetra dela fez os partos dos dois filhos que ela teve.
Ele fez a aplicação da auto-hemoterapia nela e seis meses depois ela não tinha
mais cisto algum. O Sistema Imunológico tinha devorado os cistos, tinha
eliminado os cistos, e ela engravidou pela primeira vez.
Depois
ela engravidou a segunda vez e, durante vinte e tantos anos, usou o DIU para
não engravidar mais. Aí inverteu o problema, antes era estéril e depois tinha
que usar DIU, para não engravidar mais, porque ela já estava satisfeita com o
casal de filhos. São dois netos que eu tenho lá, um de 23 outra com 21, uma é
agrônoma e meu neto trabalha com imagem e som. Depois eu usei em pacientes
aqui, muitos casos de cistos de ovários e de mioma também, o mioma é devorado
pelo Sistema Imunológico, então é realmente uma coisa de enorme valor, eu
espero que agora haja uma divulgação maior.
Púrpura
trombocitopênica
A
auto-hemoterapia no caso da púrpura trombocitopênica, foi o seguinte: essa
moça tinha um filho pequeno de 1 ano e pouco, e começou a sangrar, gengivas,
sangrar até pelo ouvido, otorragia, e então, o médico lá de Visconde de Mauá,
quando viu que ela poderia morrer ali, levou para Resende. E de lá mandaram
para um hematologista em Volta Redonda, que constatou que ela estava
só com 10.000 (dez mil) plaquetas, quando o normal varia de 200.000
a400.000 (duzentas a quatrocentas mil) plaquetas. Então começou o tratamento,
com cortisona em altas doses, 100 (cem) miligramas de Meticorten por dia, uma
dosagem brutal.
Realmente
as hemorragias desapareceram, as plaquetas subiram para 150.000 (cento e
cinqüenta mil) e assim ela teve 6 meses tomando cortisona
(Meticorten). No fim de 6 meses não funcionou mais a cortisona, mas a
cortisona tinha feito ela inchar, não vou dizer engordar, mas, inchar 40 kilos.
Então substituiu a cortisona por dois remédios, medicamentos que se usam como
quimioterápico para câncer, Enduxan e Metroxathe. As plaquetas subiram de novo
e voltaram ao normal, por dois meses, mas no fim de dois meses também não
funcionaram.
Então
o médico encaminhou-a para um cirurgião que iria tirar o baço dela, porque as
plaquetas são mortas no baço. Por algum motivo que a medicina ainda não sabe,
elas não são reconhecidas como próprias e o baço mata essas plaquetas com um
dia de idade, quando elas devem viver 5 (cinco) dias, e aí a medula
óssea não tem a capacidade de repor essas plaquetas. Então a solução que se
encontrou foi, única solução, fazer esplenectemia, tirar o baço, mas
ela quis saber, uma moça de 20 e poucos anos com um filho de 1 ano e meio, qual
a esperança dela, se havia certeza de cura. O cirurgião foi muito honesto: “Só
há cura se o fígado substituir a função do baço, senão a senhora não vai ter
uma vida que presta e vai durar pouco.”.
Ela
então decidiu não fazer e voltou para Visconde de Mauá. Eu a mandei fazer a
auto-hemoterapia e no fim de seis meses ela estava boa. Depois disso teve mais
dois filhos, e com seu baço.
Gangrena
por picada de aranha
Essa
senhora, que aluga cavalos, dona Maura, foi picada por uma aranha armadeira que
é a pior das aranhas, embora seja pequena. Ela se chama armadeira porque ela dá
um bote, é marrom, gosta de viver no meio de madeira velha e lá, como é frio no
inverno, tem sempre madeira para usar nas lareiras. Dona Maura foi picada
por essa aranha, na perna, gangrenou. Então, como não tem antídoto, o Instituto
Butantã recomenda que ampute. Ela foi para Santa Casa amputar, mas na hora,
agora é o caso curioso que eu vou contar, porque são interessantes as brincadeiras...
A
dona Maura é uma pessoa estranha mesmo, muito engraçada, mas merece contar...
Ela foi certa, ela fez o que é certo, só que ela não entendeu bem o
que era o motivo. Então ela foi lá para amputar a perna, e na hora, ela pensou
que era um curativo que iam fazer, quando disseram - ela já amarrada na
mesa de operações - que era para cortar a perna, ela começou a gritar e
pediu para que a soltassem. Disseram que não, que ela ia morrer se não
amputasse a perna. Então ela pediu que chamassem o delegado, que disse: “Se a
senhora assinar um termo de responsabilidade os médicos a liberam, porque eles
dizem que a senhora vai morrer gangrenada.”. Ela resolveu assinar, e voltou
para Mauá pensando em morrer.
Lá
apliquei a auto-hemoterapia, só que eu me lembrei de outro recurso, usado por
um médico francês cirurgião de guerra de 14 a 18 (1914 a1918),
chamava-se Pierre Delbet, que salvou inúmeros membros amputados com uma solução
de cloreto de magnésio feita com 20 (vinte) gramas em 2 (dois) litros
de água, para ficar isotônico. Ele lavava as feridas com esse cloreto e ele
salvou inúmeras pessoas que tinham gangrena. Acho que se juntaram duas coisas:
a ação dessa solução que funcionava como um poderosíssimo desinfetante e a
auto-hemoterapia que funciona como um poderoso estímulo imunológico. Em mais ou
menos duas ou três semanas a dona Maura estava com a perna curada.
Mas
e aí, vem o lado da brincadeira, ela marcou consulta com o médico, que estava
fazendo o que o Instituto Butantã mandava fazer. Então marcou consulta lá no
consultório particular do médico, esperou ter bastante gente na sala e disse
para o médico: “Olha a perna que o senhor me ia cortar era essa aqui!”. Mas
ela, que é fazendeira, disse ainda: “Se o senhor há muito tempo não cortava a
perna de ninguém, e precisava praticar, era só me dizer que eu trazia um porco
e o senhor teria quatro pernas para amputar.”. Essa é Dona Maura, ela fala o
que ela pensa, mas não foi nada disso... O médico achou que tinha que amputar,
mas ela interpretou que ele queria praticar na perna dela.
Tem
aplicação na esclerose múltipla?
Tem,
mas não é a mesma coisa não, porque é uma doença degenerativa - não é portanto uma
doença auto-imune, auto-agressão por anticorpos não -, é uma doença que a
bainha de mielina, a parte branca dos nervos, é destruída. Supõe-se ser
genética, que a pessoa já nasce com essa tendência. Há uma freqüência grande
nas famílias que sofrem de esclerose múltipla de ocorrer em mais pessoas, é uma
doença até que dá muito mais em mulher, muito mais freqüência na mulher do que
no homem Da mesma maneira que a hemofilia, a mulher não sofre, no
caso, e o homem sofre, mas não transmite, e a mulher não sofre, mas transmite.
Eu
usei em esclerose múltipla e a paciente teve uma melhora, como no lúpus,
artrite reumatóide. Mas há muitos anos ela está durando em situação boa, ela
não poderia estar viva muito tempo, quer dizer pelo menos estaciona ou pelo
menos retarda a evolução, há um beneficio.
Menina
com asma muito grave
Essa
menina teve o que se chama mal asmático. É uma asma extremamente grave, vivia
se internando. De madrugada a mãe tinha que levar a filha para fazer
nebulização com bronco-dilatador. Atendi essa criança e prescrevi a
auto-hemoterapia. Uma criança de 10 anos aceitou muito bem e começou o
tratamento. Normalmente eu mando o paciente voltar dois meses depois. Como era
um caso muito grave, eu mandei que ela voltasse um mês depois e ela não
apareceu.
Passando
quase dois meses, chega a mãe com a criança, mas constrangida
mesmo, só faltando querer se enfiar debaixo da mesa, de tão constrangida. E a
mãe disse: “Olha, o senhor me desculpe, eu não trouxe minha filha, porque houve
o seguinte: quando fui tirar a receita da pediatra que trata dela desde os nove
meses de idade - e que virou amiga da família, freqüenta festas de
aniversários, é uma amiga da gente - saiu a sua receita. A médica viu a receita
de auto-hemoterapia, e disse: ‘Isso não existe, pelo amor de Deus, não faça
isso em sua filha, a senhora vai matá-la, para mim já é como uma filha, eu
gosto dela.’. O que é verdade.”. Mas isso aconteceu três semanas depois
dela sair do meu consultório e a menina já tinha melhorado, tinha passado sem
se internar nesse período. Bom, então a mãe decidiu não fazer, porque tinha
confiança na Dra. e tinha sido a primeira consulta que ela tinha
levado a filha e a outra era já 9 anos e meio de convivência.
Só
que, quando completou um mês e pouco, começou ela a piorar de novo. E
aí quem exigiu que levasse ao consultório foi a filha: “Eu quero
continuar esse tratamento, eu me senti bem, eu quero continuar.”. A mãe disse:
“Ah, mas eu tenho que falar com o médico.”.
Nesse
dia meus clientes ficaram mofando lá na sala de espera porque eu levei duas
horas com essa mãe, para explicar o que era a auto-hemoterapia, para ela sair
acreditando que não havia risco nenhum. Tive que dar ‘n’ exemplos para ter
certeza que iria continuar. Só que, a horas tantas, ela disse para a
filha: “Tudo bem, eu vou fazer, mas você vai ajoelhar aqui e jurar que não vai
contar à médica.”. E fez a filha ajoelhar e prometer que não ia contar!
E
esse segredo foi mantido um ano. Quando dei alta para ela, um ano depois,
curada, não tinha mais nada, nunca mais teve falta de ar. Só que a mãe chegou
com problema de consciência: “Se agora a médica acha que o que curou foi o
tratamento dela que levou nove anos para fazer efeito, mas finalmente acabou
fazendo efeito, porque ela tem certeza que eu não continuei com aquele
tratamento. Isso para mim é um problema de consciência, ela é uma alergista,
tem tantos pacientes com o mesmo problema que poderiam se beneficiar, e eu
estou com um problema de consciência.”.
Aí
eu disse para ela: “Bom o problema é seu, não é meu, a senhora é que tem que
contar!”. "Mas eu fiz minha filha jurar que não ia contar, como é que eu
vou fazer com isso? Ela também vai ter que confessar?". “Não. A senhora
que a fez jurar, o problema não foi dela, o problema é seu.”. Eu não
sei como terminou a história. Se ela acabou contando não sei. Porque eu dei
alta e nunca mais a menina teve nada. Acabou a asma dela.
Dosagem
da auto-hemoterapia
As
técnicas iniciais ainda empíricas começaram na França com o professor Ravaut,
em 1912. Ele usava em doses crescentes de 1 (um) cc, 2 (dois), 3
(três), 4 (quatro), 5 (cinco), até 10 (dez). Depois o professor Jesse Teixeira
já não fazia assim, ele dava logo uma dose única para evitar infecções nos pós-operatórios.
Então ele usava 10 (dez) ml de uma vez e, 5 (cinco) dias depois, mais
10 (dez) ml, que era como eu comecei aplicando por ordem de meu pai quando
operava os pacientes.
O
que eu cheguei à conclusão é que a dose varia com a gravidade do problema.
Vamos dizer, 5 (cinco) ml para uma doença que não seja muito séria.
No lúpus, miastenias graves, artrite reumatóide eu uso 10 (dez) ml. Quando é
uma alergia por exemplo, uma reação alérgica, asma, normalmente eu uso 5
(cinco) ml. Na rinite, 5 (cinco) ml, não há necessidade de doses
maiores.
Num
caso desesperador, como foi o caso da esclerodermia, o primeiro caso que
tratei, em 1976, eu usei 20 (vinte) ml iniciais. Porque eu precisava dar uma
resposta violenta para a paciente sair de uma situação, fase final, não tinha
nada para se fazer, então, tudo valia.
Pode-se
fazer a auto-hemoterapia durante 10, 15, 20 anos. Eu por exemplo, tomo há
muitos anos, mais de 20 anos. Não há nenhuma contra-indicação. A gente faz, eu
faço, vivo fazendo porque eu viso evitar doenças que poderiam se incorporar no
meu dia a dia, porque com a idade que foi avançando, passei pela idade dos
acidentes vasculares.
Muito
bem, então eu tomava para evitar o acidente vascular, tanto cerebral quanto
cardíaco. Agora eu estou tomando porque também me protege contra o câncer,
mantenho o Sistema Imunológico ativado. Eu tenho sempre macrófagos prontos para
devorar células, porque com a idade - ou até em jovens - aparecem células
cancerosas de vez em quando. É como uma fábrica, sem controle de qualidade - existem sempre
produtos que não saem corretos e tem que haver um controle de qualidade - e o
nosso é o Sistema Imunológico que faz o controle de qualidade das nossas
células. Então isso realmente é necessário.
Não
há limite de uso, de tempo. Pode se usar uma vida inteira. Eu mando meus
pacientes fazerem uma série de 10 aplicações, depois descanso de um mês. Seria,
vamos dizer, para usar de forma permanente. Dependendo os intervalos da
finalidade com que está sendo aplicada a auto-hemoterapia. Se for apenas
preventivo pode fazer intervalos grandes: depois de 2 (dois) ou 3
(três) meses de intervalo, fazer outra série.
Se
for visando um problema ou uma doença que já aconteceu e que tenha que ser
mantida sob controle, aí se faz intervalos menores, faz-se 10 (dez) aplicações,
30 (trinta) dias de intervalo. Muitos pacientes eu começo com 10 (dez) ml na
fase aguda da doença, depois eu reduzo para 5 (cinco) ml por semana.
E
há pacientes - agora vou dar o exemplo do caso que é da minha vizinha lá de
Visconde de Mauá - ela teve uma doença que iria cegá-la, ela teve toxoplasmose
e já estava com 20% (vinte por cento) da visão. Uma amiga dela me contou a
história e eu prescrevi a auto-hemoterapia. Por conta dela, quando viu que
melhorava, aumentou de 10 (dez) ml para 20 (vinte) ml, tomava 10 (dez) ml em
cada nádega, ela recuperou 80% da visão. Isso, já tem mais de 10 anos, bem mais
de 10 anos, e até hoje ela faz isso.
O
intervalo entre uma aplicação e outra é de 7 (sete) dias. Em casos
raros é que eu faço de 5 (cinco) em 5 (cinco) dias, quando eu quero
manter o nível de macrófagos no nível máximo, acima de 20% (vinte por cento).
Quando não há necessidade disso, quando a infecção está sob controle, eu então
faço de 7 (sete) em 7 (sete) dias, porque dá para reativar no 7º
(sétimo) dia e voltar de novo aos 20% (vinte por cento).
Faltou
eu explicar que do momento que se aplica a auto-hemoterapia leva 8 horas para a
taxa dos macrófagos chegar a 22% (vinte e dois por cento). A técnica
que o professor Jesse Teixeira usou para comprovar a ação da
auto-hemoterapia foi muito simples. Simples por quê? Porque a descoberta é que
é difícil. Ele descobriu que passando uma substância cáustica - cantárida - na
coxa, forma-se uma bolha. Aí, o que ele fez? Ele resolveu tirar líquido da
bolha e contar o número de macrófagos. Constatou que havia 5% (cinco por cento)
de macrófagos.
Aí
fez a auto-hemoterapia e começou de hora em hora a tirar umas gotas dessa
bolha. A cada hora o nível de macrófagos ia subindo e, no fim de 8 horas,
chegou aos 22% (vinte e dois por cento). E constatou que durante 5 (cinco)
dias manteve os 22% (vinte e dois por cento). Todo dia ele tirava, mas mantinha
20 (vinte) a 22% (vinte e dois por cento). Do 5º (quinto) ao 7º (sétimo) é que
começou o declínio. Ele fez a auto-hemoterapia em coelhos e verificou que
terminava a ação da auto-hemoterapia quando o sangue terminava, porque ele
sacrificava o coelho e verificava a volta aos 5% (cinco por cento). No local em
que tinha sido aplicado o sangue, já não existia mais sangue.
Mas
a auto-hemoterapia também é usada em veterinária, se usa em vaca que tem uma
doença a vírus que se chama figueira. São como verrugas que nascem no focinho
da vaca, e que realmente prejudicam muito a vaca. Aplicando a auto-hemoterapia
- que eles fazem com 20 (vinte) ml na vaca - em 2 (dois) a 3 (três)
dias caem todas aquelas verrugas.
Em
músculos do braço, às vezes tenho paciente que quer que eu receite os 10 (dez)
ml num braço, só para não levar duas picadas. E eu sou contra! Acho que o
músculo do braço, o deltóide, comporta 5 (cinco) ml. Agora na nádega
sim, pode-se aplicar os 10 (dez) ml. O músculo glúteo tem a capacidade de
receber 10 (dez) ml. A senhora M, essa que eu contei da toxoplasmose,
aplicava 10 ml em cada nádega, porque ela queria ter o efeito máximo para
salvar a vista dela. Mas foi ela mesma, isso não fui eu quem receitei 20
(vinte) ml, foi a própria paciente que decidiu tomar 20 (vinte) ml, para ter um
resultado mais eficiente.
Teria
que ser feito um estudo da necessidade real. É uma coisa que eu já venho
pensando nisso, qual seria a relação com o peso corporal? As dosagens dos
medicamentos variam em função do peso corporal, a dosagem que uma criança toma,
de 30k (trinta kilos), é muito menos que uma pessoa de 70 k (setenta kilos).
Talvez seja desnecessário, em crianças pequenas, usar uma dosagem como se dá em
adultos de 5 (cinco) ml. Poderia aplicar 2 (dois) ml a 3
(três) ml. Minha esperança é despertar o interesse de pessoas que queiram fazer
uma pesquisa de laboratório e que tenham condições de fazer. Porque eu não, eu
faço tudo na base do estudo clínico, na base de raciocínio, sem pesquisa de
laboratório, porque eu não tenho laboratório de pesquisa, é tudo pesquisa
clínica, de aplicação prática
Como
eu tenho certeza de que é uma técnica absolutamente inocente, que nenhum mal
faz para a pessoa, nunca vi nenhum problema. Uma injeção de penicilina pode dar
um choque anafilático, mas o próprio sangue não dá choque anafilático em
ninguém, não há o menor risco nesse tratamento. Nunca vi nenhum abscesso,
nenhuma contaminação. Como estimula o Sistema Imunológico - e deve ser aplicada
nas melhores condições de higiene -, se for mal aplicada dificilmente vai haver
uma infecção, porque o Sistema Imunológico está aguerrido, está quadruplicado.
Já vi sim, pacientes que não podem ver sangue e, quando vão tomar injeção,
desmaiam. Mas aí é problema emocional, não tem nada a ver com a
auto-hemoterapia.
Alexandre
Fleming e a descoberta do antibiótico
Ele
era um filho de jardineiro que chegou a lorde, graças ao bendito afogamento de
Winston Churchill, que tinha 8 anos de idade quando caiu num poço.
Alexandre Fleming tinha 10 anos, era filho de jardineiro do pai de Winston
Churchill e salvou Winston Churchill, tirando-o do poço.
Lorde
Churchill chamou o pai dele e disse: “A vida do meu filho não tem preço. Peça
alguma coisa que eu lhe darei, se quiser uma casa eu lhe darei uma casa.”. “Eu
não preciso de casa, eu nasci aqui, meu pai nasceu aqui, meu avó é que foi o
primeiro que trabalhou aqui. Eu preciso é conseguir atender um desejo de um
filho. Tenho quatro filhos, três vão ser operários, não tem interesses, mas o
Alexandre desde pequeno diz que quer ser médico e quer ser pesquisador. Eu não
tenho a menor condição de atender ao desejo dele.”. Lorde Churchill disse:
“Então ele será, se tiver capacidade. Por falta de dinheiro é que não haverá
problema.”. Ele se formou em medicina, o Alexandre, e graças à sua humildade
descobriu a penicilina.
Lorde
Churchill ofereceu para ele qualquer quarto de sua mansão e o Alexandre disse
não. (Isso foi contado pelo próprio Alexandre no Hospital do Servidor do Estado
em 1951, na rua Sacadura Cabral.). “Basta um lugar embaixo da escada.
Ali há espaço suficiente para montar o laboratório.”. Por sorte era um lugar
muito úmido. E ele, fazendo experiências com placas de cultura, um fungo - que
adora umidade, o penicilium notatum - destruiu uma daquelas
placas de cultura. Como ele era um pesquisador, em vez de jogar fora a cultura
estragada, quis saber por que tinha havido aquele halo de destruição. Encontrou
esse fungo e descobriu que esse fungo secretava uma substância, a penicilina.
Então ele começou a usar esse antibiótico em cavalos do jóquei clube de
Londres, e em vacas das fazendas das imediações com alguma doença infecciosa.
Um
dia aparece para buscá-lo o comandante da Royal Air Force, para
ele aplicar a penicilina em Winston Churchill que estava morrendo no
Norte da África. Winston Churchill tinha ido dar apoio moral ao general
Montgomery, que estava levando a pior com o marechal Rommel, a raposa do
deserto de Hitler. Lá contraiu uma pneumonia dupla, não havia recursos, estava
praticamente desenganado.
Alexandre
Fleming e o comandante da Royal Air Force sozinhos atravessaram
por cima da Europa, passando por zonas ocupadas pelos alemães, em grandes
altitudes, e chegaram a tempo de aplicar a penicilina em Churchill. Só que
ele, com simplicidade, disse ao comandante da Royal Air Force: “Mas
logo Churchill vai ser o primeiro ser humano a receber uma injeção de
penicilina. Logo Churchill, nosso primeiro ministro?”. E a resposta: “É tudo ou
nada. O caso dele é caso perdido.”. E assim salvou pela segunda vez Winston
Churchill, a primeira no poço, que resultou em estudar medicina.
Aí
ele diz que nas suas pesquisas tinha constatado que os micróbios ao longo de 10
(dez) anos iam criando resistência a antibiótico, mas também tinha constatado
que eles perdiam a memória. Todo antibiótico deveria ser usado num prazo máximo
de 10 (dez) anos e depois descontinuado, se possível, alguns anos, já que
muitos outros antibióticos surgiriam nesse intervalo. Foi por isso que surgiu
essa quantidade enorme de antibióticos, todos derivados de fungos. Porém a
ganância resultou em usar os antibióticos permanentemente, não descontinuar, e
com isso os micróbios criaram resistência e - dizem de brincadeira os médicos
que trabalham em hospital - que há micróbios residentes, que já até adoram os
antibióticos. Essa é que foi a história contada por Alexandre Fleming, o
descobridor da penicilina.
E
foram os antibióticos que levaram a descontinuar o uso da auto-hemoterapia,
quando o normal seria acrescentar, somar e não substituir. Porque cada um age
de uma forma diferente: os antibióticos agem impedindo a reprodução dos
micróbios e o Sistema Imunológico - ativado pela auto-hemoterapia – completa a
tarefa com os macrófagos fagocitando os micróbios. A função dos macrófagos - o
termo ‘macro’ é grande e ‘fagos’ é comer - é comer partículas grandes. Usando a
auto-hemoterapia junto com os antibióticos haveria muito menos casos de
resistência ao antibiótico, porque não sobrariam cepas resistentes que depois
se reproduzem em outras cepas resistentes de micróbios.
Prevenção
do câncer pela auto-hemoterapia
O
câncer é uma reprodução anárquica celular. Se o organismo da pessoa não
reconhece essas células como próprias e começa a destruí-las no nascedouro, a
pessoa pode produzir células chamadas pré-cancerosas e terminar aí, não
chegando a células cancerosas, se o Sistema Imunológico estiver devidamente
atuante. O câncer é muito mais freqüente quando, com a idade, uma glândula que
comanda o Sistema Imunológico - que é uma glândula no peito e que se chama timus -
começa a atrofiar. É aí que começa a freqüência dos casos de câncer aumentar.
O
Sistema Imunológico, estando ativado, atua como prevenção quanto a um possível
câncer. Porque o câncer não começa logo com uma quantidade enorme de células
anárquicas, começa com pequeno número. Se o Sistema Imunológico estiver
vigilante pode acabar com ele logo, mas isso também depende da idade da pessoa.
Porque depois dos 55 anos começa o declínio do timus, ele vai
atrofiando.
A
mulher foi vitima da pílula anticoncepcional, que exige muito do Sistema
Imunológico. Se a mulher tomasse a pílula e fizesse a auto-hemoterapia não
teria problema, porque manteria o Sistema Imunológico ativado. O Sistema
Imunológico poderia fazer o controle disso evitando que a pílula tivesse os
efeitos nocivos que tem como todo hormônio. Todo hormônio artificial tem
efeitos nocivos, por isso que hoje se está usando na menopausa mais o hormônio
natural de fitoterápicos - isoflavonas -, fugindo do hormônio de reposição
química. Depois dos 50 anos, quando começa o declínio do timus,
é hora de começar o tratamento da auto-hemoterapia.
Um
caso de acne
Anos
atrás eu sempre fazia uma parada para fazer um lanche quando ia para Visconde
de Mauá, num posto de gasolina que tinha também lanchonete. Parei ali, e eu
vejo uma menina com acne como até hoje não vi igual. Decidi dar uma receita
para ela, embora ninguém estivesse me chamando, porque sabia que poderia
curá-la com auto-hemoterapia. Então falei com uma mocinha que estava nos
servindo e disse: “Olhe, fale com ela lá que eu posso curar esse problema e dou
isso de graça.”.
Mal
eu sabia que essa menina era filha do dono dos postos Olá, Embaixador e
Presidente. Não era falta de dinheiro não, pois a mãe disse: “De dois em dois
meses nós a levamos ao Rio de Janeiro, mas há dois anos que a levamos e não tem
havido melhora nenhuma.”. “A senhora não pediu nada, mas eu vou dar uma receita
para sua filha.”. E dei a receita de auto-hemoterapia para ela. Resultado, foi a
receita mais cara que até hoje eu já prescrevi, porque durante um ano eu não
consegui pagar nada no posto. O dono do posto já tinha deixado a ordem para não
receber dinheiro meu de jeito nenhum. Até que um ano depois eu decidi nem ir
mais lá ao posto, porque já estava constrangido de não poder pagar. Ela se
curou desse acne terrível, ficou limpa completamente, foi uma coisa
milagrosa, o pior caso de acne que já vi na vida.
Cloreto
de magnésio
O
magnésio é de enorme importância no uso do dia a dia, todo mundo deveria tomar,
porque os alimentos hoje estão pobres de magnésio. O motivo é simples demais, é
que as plantas precisam muito do magnésio para respirar. O mecanismo
clorofílico delas - isto é, a fixação do gás carbônico e eliminação do oxigênio
- é o contrário do que nós fazemos. Na planta quem faz é a clorofila através do
magnésio.
Acontece
que o adubo químico que se usa hoje em dia é o NPK - nitrogênio, fósforo e
potássio. Não se repõe o magnésio na terra. Antigamente - quando as cidades
eram todas de casas que tinham fossa - o magnésio que é eliminado pelas fezes
voltava para o lençol freático. Mas hoje vai tudo para os rios e para o mar,
havendo pauperização crescente de magnésio nas terras.
As
duas funções mais importantes do magnésio são regular o metabolismo do cálcio
no organismo e fixar cálcio onde deve haver e eliminar cálcio onde não deve
haver. As calcificações na coluna, as calcificações nas articulações, as
calcificações nas artérias, ocorrem por essa carência de magnésio. As
calcificações nos rins, cálculos de oxalato de cálcio, ocorrem por falta de
magnésio. Basta dar magnésio para o paciente que ele derrete esses cálculos
renais, que não sejam os de urato e fosfato.
O
professor Pierre Delbet, médico, usava o magnésio para lavar as feridas na
guerra de 1914 a 1918, sem saber o porquê. Depois ele descobriu
que o magnésio ativava também o Sistema Imunológico. A prova disso é que, na
França, o mapa do câncer e o mapa do magnésio mostram que na metade sul da
França terras têm muito magnésio e a mortalidade por câncer era de menos de 3,5%
(três e meio por cento). E no norte da França, em que as terras são pobres de
magnésio, mais de 8,5% (oito e meio por cento) das pessoas morriam de câncer.
Na
Itália é muito pior, a experiência é interessantíssima, devido a um decreto de
um César válido até hoje. Muita gente morre de câncer sem saber por quê. No
livro do professor Pierre Delbet “A Política Preventiva do Câncer”, ele mostra
a incidência de câncer do norte até o sul da Itália. Por um decreto, ainda em
vigor, de um imperador, de um dos Césares romanos, era proibido transportar o
sal de uma região para outra para não encarecer o sal, a finalidade era essa.
Acontece que por causa disso - e como o norte da Itália é muito rico em minas
de sal-gema, sal da terra que tem só cloreto de sódio e zero em magnésio - a
incidência de câncer varia de 7% (sete por cento) a 10% (dez por cento).
No
centro da Itália, onde está a capital Roma, o povo já usa sal do mar. Mas, como
tem mais poder aquisitivo, usa um sal que tem um pouquinho de magnésio, 0,08%
(zero vírgula zero oito por cento) de magnésio. A incidência de câncer cai
para 4,5% (quatro e meio por cento). E no sul da Itália, por pobreza, o povo
usa o sal que ele dá para o gado, que é um sal riquíssimo em magnésio, mas que
vira água, vira salmoura. Então eles usam tinas de madeira, na qual põem o sal,
temperando a comida. É tradição deles. E, por causa disso, no sul da Itália a
incidência de câncer não chega a 2% (dois por cento), pelo magnésio contido.
Sabe
de onde vem o cloreto de magnésio que usamos aqui no Rio de Janeiro? É do sal
produzido em Cabo Frio, onde o cloreto de magnésio - que é altamente
higroscópico - é retirado para o sal poder ser comercializado e ter mais valor.
Dosagem
do uso do magnésio
Para
preparar é a coisa mais simples: 20g (vinte gramas) ou duas colheres de sopa
das rasas em 1 (um) litro de água. Se a pessoa não tiver nada, como
suplemento alimentar, tomar 1 (uma) xícara das de cafezinho por dia.
Mas se a pessoa já tiver coluna com osteófítos (bicos de papagaio), artrose,
tomar 2 (duas) xícaras das de cafezinho por dia dessa solução de
cloreto de magnésio. No caso de cálculo renal, eu chego a dar 3 (três)
por dia, quando os cálculos são de oxalato de cálcio.
Para
lavar as feridas não se usa essa solução forte de 20g (vinte gramas) em 1 (um)
litro d’água. Usa-se uma solução que fica isotônica, 20g (vinte gramas) em 2 (dois)
litros de água. Essa solução funciona melhor do que desinfetantes. Porque, além
de funcionar como desinfetante, ela estimula o Sistema Imunológico no local.
E
nos casos das verrugas?
As
verrugas ocorrem por falta de magnésio. E devido a essa deficiência os vírus
conseguem se multiplicar, criando verrugas.
E
se o cloreto ficar úmido dentro do frasco?
Não
tem problema, nenhuma importância, o sal não tem tempo de validade, o magnésio
não tem tempo de validade, é eterno.
Cálculos
renais
A
falta de magnésio é que causa os cálculos renais de oxalato de cálcio. O cálcio
se precipita e se fixa ao ácido oxálico contido na batata, tomate, espinafre,
etc., gerando os cálculos renais de oxalato de cálcio.
Existem
outros tipos de cálculos renais?
Existem
os de uratos produzidos pelas carnes - principalmente vísceras - e os de
fosfato, que provém dos legumes que têm fosfatos.
O
Cloreto de Magnésio freia as metástases do câncer?
Não,
isso, frear, eu não digo; mas eu digo, pelo menos retarda, como o
professor Pierre Delbet provou no seu livro “A política preventiva do câncer”.
O indivíduo - usando uma quantidade suficiente de magnésio a vida inteira - tem
a possibilidade de ter câncer incomparavelmente menor do que quem tem carência
de magnésio.
Há
contra-indicação para o uso do Cloreto de Magnésio?
O
único caso que existe é se a pessoa tiver insuficiência renal. Porque o
magnésio em excesso se elimina pela urina. Agora se a pessoa não estiver
urinando, aí pode passar de uma hipomagnesemia - que é o comum - para uma
hipermagnesemia Mas só se a pessoa não estiver urinando normalmente.
Dosagem
correta do Magnésio
Por
exemplo, uma coisa errada: o cloreto de magnésio vendido nas farmácias na dose
de 33g (trinta e três gramas), se dissolver em 1 (um) litro de água
pode ser laxante. Aí está realmente excessivamente concentrado, teria que ser
20g (vinte gramas) em 1 (um) litro. Ou essas 33g (trinta e três
gramas) devem se dissolvidas em 1 ½ (um e meio) litro de água.
O
senhor faz uma demonstração de auto-hemoterapia?
Eu
faço. Eu faço, não tem problema, eu tenho o material, o que não falta aqui em
casa é material para fazer auto-hemoterapia, aqui em casa é artigo de 1ª necessidade...(então
- no DVD - ele aplica na esposa dele)... É uma coisa simples, que pode
resultar em tanto sofrimento a menos...
Ictiose
O
paciente não teve uma cura rápida, não. Levou mais ou menos 1 (um)
ano para a pele mudar completamente e deixar de apresentar aquelas lesões, como
se fossem escamas de peixe. A secura da pele era muito grande, ele sentia um
prurido terrível, não podendo se controlar e prejudicando o contato dele com os
pacientes. Com esse tratamento, com a auto-hemoterapia, ele foi gradualmente
melhorando - é verdade que eu dei também vitamina E, remédios que atuavam na
pele, vitamina A - mas o que realmente atuou foi a auto-hemoterapia. Receitei
também minerais porque a pele dele não tinha vitalidade nenhuma, toda
estriada, e com aquelas relevos como se fossem escamas de peixe. Foi o único
caso que eu tive de Ictiose.
AIDS
Há
muitos pacientes aidéticos que fazem a auto-hemoterapia e estão se
dando bem. Eles mantêm as taxas que se chamam CD4 em níveis razoáveis. Como
eles fazem uso também de outros medicamentos, eu não posso atribuir só à
auto-hemoterapia. Há uma melhora, o paciente vive bem, eu tenho pacientes com
muitos anos vivendo com AIDS, e vida normal. Mas eles também fazem uso destes
coquetéis junto com a auto-hemoterapia. Como a auto-hemoterapia só atua na
parte imunológica e é uma doença que atinge o Sistema Imunológico
(imunodeficiência adquirida), pode ser que a auto-hemoterapia esteja dando uma
contribuição nesta sobrevida de boa qualidade.
Um
caso de cura de AIDS
O
caso foi de um dentista que se contaminou com o vírus do HIV no consultório.
Ele não era um paciente de risco. Era de risco no sentido de que não se
protegia das feridas de aidéticos que ele tratava no consultório. Fez um exame
e deu o HIV positivo. Mandei que ele repetisse, porque eu sabia que ele não era
promíscuo, só vivia com a mesma mulher, era meu cliente desde os 4 (quatro)
anos de idade, era um mestre em soltar pipa, eu o conheci desde pequenininho.
Curei a asma dele quando tinha 5 (cinco) anos. Resolvi receitar a
auto-hemoterapia para ver o que dava, depois do 2º (segundo) exame que deu
positivo, foram 2 (dois) semestres. Primeiro fez em 2 (dois)
laboratórios. E, 6 (seis) meses depois, deu positivo de novo. No 3º
(terceiro) exame, 6 (seis) meses depois, ele me telefonou, véspera de
Natal, dizendo que tinha uma grande notícia para me dar. E a notícia era que
tinha dado negativo. Então eu falei com ele: “Não festeje já. Repita esse exame
em outro laboratório.”. Ele repetiu e deu negativo. Já se passaram uns 6 (seis)
anos. Está negativado até hoje.
Se
isso foi por que ele tinha uma saúde muito boa e a auto-hemoterapia foi a força
a mais do Sistema Imunológico que derrotou o vírus HIV e conseguiu acabar com
ele, eu não sei dizer. Foi um doente que eu tratei em condições muito boas,
desde o início. A maioria dos outros são doentes que já trato quando já estão
com o HIV há... 3 (três) anos... 5 (cinco) anos... 8 (oito)
anos... É diferente. Esse foi logo no início - com 2 (dois) meses de
HIV - que eu comecei o tratamento.
Um
paciente com Hepatite C
Ele
se deu muito bem, quer dizer, conseguiu controlar a doença. A doença não teve
progresso ao longo de anos e vem se dando muito bem com a auto-hemoterapia. Não
chegou a fazer uso destes tratamentos modernos que é o Interferon Perguilhado.
Não está negativado, porém tem as provas de atividade hepáticas muito boas,
sempre normais. Mas o vírus, os marcadores de vírus, permanecem. Mas isso
vai permanecer o resto da vida, porque, em todos os casos de hepatite, sempre
os marcadores permanecem. A pessoa pode curar a doença, mas fica a marca.
Uso
associado da auto-hemoterapia com Ascaridil
O
Ascaridil é um medicamento que foi e é usado para vermes. A matéria-prima
genérica chama-se: Cloridrato de Levamisol. A ação imuno-moduladora do
Ascaridil foi descoberta por acaso por médicos americanos que, fazendo uma
campanha contra a verminose na Califórnia, verificaram que os pacientes com
leucemia tinham melhorado. Eles resolveram estudar o Cloridrato de Levamisol e
descobriram que ele tinha um enorme potencial de estímulo imunológico, e
funcionava em uma série de doenças. Em herpes, funcionava muito bem, herpes
simples, herpes zoster e até em hanseníase ele foi usado com ótimos resultados,
artrite reumatóide e também em câncer, estimulando o Sistema Imunológico. Usavam
como coadjuvante da quimioterapia e da radioterapia.
Misteriosamente,
o produto com esta finalidade que se chamava Stimamizol foi retirado do
mercado. Como eu tenho a cópia da bula do Stimamizol, juntei com a cópia da
bula do Ascaridil. Dou essas cópias para meus pacientes, para que compreendam o
motivo de receitar remédio contra vermes para curar artrite reumatóide, herpes,
etc.
A
dosagem de Ascaridil
O
Cloridrato de Levamisol é um modulador imunológico, ele não é apenas um
estímulo imunológico. Somando o Cloridrato de Levamisol à auto-hemoterapia - um
modulando, o outro estimulando - funciona muito bem nas doenças auto-imunes.
Tomando 2 (dois) comprimidos por semana durante 8 (oito)
semanas - depois dando um intervalo de um mês para descansar, liberar o
organismo do produto - e repetindo o que foi feito, vai ajudar muito numa
doença auto-imune que chama-se artrite reumatóide. Além disso funciona
no mal de Hansen, na brucelose e dá excelentes resultados no herpes simples e
zoster - os dois tipos, genital, labial. Os 2 (dois) comprimidos de
Ascaridil, na dose de 150mg (cento e cinqüenta miligramas), devem ser tomados
em (2) dois dias seguidos, 1 (um) por dia, durante 8 (oito) semanas.
Mulheres
grávidas ou amamentando podem fazer uso da auto-hemoterapia?
As
mulheres grávidas podem fazer auto-hemoterapia, não há perigo nenhum.
Amamentando, o leite vai conter mais anticorpos do que se ela não fizer a
auto-hemoterapia. A criança vai receber um reforço imunológico.
As
pessoas que fazem quimioterapia podem fazer uso da auto-hemoterapia?
As
pessoas que estão fazendo quimioterapia devem fazer a auto-hemoterapia. No caso
da radioterapia não há necessidade de fazer a auto-hemoterapia, porque não vai
acrescentar nem beneficiar nada. Como a quimioterapia afeta negativamente o
Sistema Imunológico - porque ela atua como imunossupressora, não só sobre as
células neoplásicas ou cancerosas, mas também sobre as células boas, de defesa
- então a auto-hemoterapia feita simultaneamente evita que o Sistema
Imunológico baixe demasiadamente. Porque não existe ainda uma quimioterapia que
seja dirigida especificamente para as células cancerosas, ela debilita também
as células de defesa e aí a auto-hemoterapia vai contrabalançar, vai reduzir
seus efeitos nocivos.
A
auto-hemoterapia é válida nas complicações de diabetes?
Seria
válido, porque no caso da gangrena, por exemplo, eu tive uma paciente que teve
uma úlcera de perna, de pé, aliás, pegou o tornozelo dela, e já se via até os
tendões. Era um caso que chegou no nível de amputação. Estava marcado
para 2 (dois) ou 3 (três) dias depois, a amputação deste pé. Essa
senhora era diabética há muitos anos. Fui chamado para atendê-la e achei que
deveria ser tentada a auto-hemoterapia, para evitar a amputação. Ela fez o
tratamento de algumas semanas, a úlcera fechou e não teve que amputar. Veio a
falecer uns 20 (vinte) anos depois, com o seu pé. Ela faleceu em conseqüência da
diabetes - de um acidente vascular agudo, enfarto do miocárdio, porque a
diabetes produz esses acidentes vasculares. Mas ela morreu com o pé que seria
amputado uns 20 (vinte) anos antes. Quer dizer, ela ganhou 20 (vinte) anos de
uma qualidade de vida maior porque já podia caminhar, andar perfeitamente sem
uso de nenhum aparelho.
Na
cegueira acontece que a diabetes produz uma arterite, uma inflamação na íntima
das artérias, é por isso que leva à cegueira, à falta de oxigenação dos tecidos
em função do entupimento. A auto-hemoterapia pode realmente influenciar em
alguma coisa, porque dá uma proteção maior à célula, aumenta a resistência da
célula a essa irritação da glicose. Não que ela cure - ela não atua curando a
diabetes, de maneira nenhuma - mas ela, pelo menos, protege a célula e os
efeitos adversos levam mais tempo para ocorrer. É uma forma de retardar a
destruição celular que ocorre em função da diabetes, que vai afetando todo
o sistema vascular - não só os pequenos vasos, afeta os maiores depois. É uma
doença que precisa ser combatida com muitos medicamentos que atuam contra os
radicais livres. Não é só controlar a glicose, é necessário evitar agressão à
célula pelos radicais livres, isso com vitaminas A, E e C, selênio e
várias substâncias que protegem a célula
Amplitude
da auto-hemoterapia
Realmente
a amplitude da ação da auto-hemoterapia é muito grande. Porque ela atua sobre o
Sistema Imunológico de um modo geral, quadruplicando uma área do Sistema
Imunológico que é o Sistema Retículo-Endotelial, aumentando os macrófagos de 5%
(cinco por cento) para 22% (vinte e dois por cento) - e eles são os
responsáveis por toda essa limpeza.
A
auto-hemoterapia, aumentando o número de macrófagos, faz com que todo o sistema
de atuação dos agressores que ocorrem no organismo - seja de vírus, seja de
bactérias, seja de células anormais, pré-cancerosas - tudo isso possa ser
inibido pela ativação do Sistema Imunológico. Realmente a auto-hemoterapia tem
uma aplicação muito ampla, além de que constatei que ela atua numa área do
sistema nervoso, que é a área do sistema nervoso autônomo. Ela organiza o
sistema vago simpático e com isso dá uma tranqüilidade maior às pessoas.
As
pessoas tensas tendem a ser simpaticotônicas, e isso causa contração vascular,
isso favorece a hipertensão. A auto-hemoterapia vai manter sob controle a
pressão, mantendo o equilíbrio correto entre o sistema vago - que dilata os
vasos - e o sistema simpático, que contrai. É uma outra ajuda, junto com outros
recursos. É um auxiliar no combate à hipertensão, que é uma doença que atinge
bilhões de pessoas no mundo, devido às tensões do stress da vida moderna, do
medo, da insegurança. Hoje a hipertensão está se tornando um problema de saúde
pública muito grave. E a auto-hemoterapia, pelo menos equilibrando o sistema
neurovegetativo, já contribui para que as conseqüências da hipertensão sejam
menos graves.
A
auto-hemoterapia é sempre benéfica?
Sempre.
Porque o mínimo que se pode dizer é que existe uma curva. O Sistema Imunológico
cresce a partir do nascimento, a criança nasce com o Sistema Imunológico
praticamente não funcionante. Ela recebe a última carga da placenta quando esta
se contrai e joga uma quantidade enorme de anticorpos para dentro da criança.
Durante 6 (seis) meses ela vive protegida por estes anticorpos que
ela recebeu da mãe. Seria o caso de, durante a gravidez, a mulher fazer a
auto-hemoterapia para que a criança nasça com o Sistema Imunológico
potencializado. Terminando esse período de 6 (seis) meses é que
começam as doenças infantis, exatamente porque terminou a reserva imunológica
da criança. A criança começa então a construir o seu próprio Sistema
Imunológico, lutando contra os agressores que estão em volta. Neste período
começa o programa de vacinação. A vacina produz o mesmo efeito das
agressões produzidas pelas doenças: é a doença atenuada, apenas de uma forma
que o organismo não corre o risco de adoecer, a não ser que seja uma vacina
defeituosa - mas se estiver perfeita não causa doença, ela produz imunidade à
doença.
Então
a criança vai crescendo, seu Sistema Imunológico chega ao pique máximo entre os
14 (catorze) e os 16 (dezesseis) anos, quando ele atinge a plenitude Aí se
mantém neste nível até em torno dos 50 (cinqüenta) aos 55 (cinqüenta e cinto)
anos. Começa então o declínio do Sistema Imunológico quando o timus -
a glândula que comanda todo o Sistema Imunológico - começa a atrofiar. Daí por
diante, a auto-hemoterapia tem um enorme valor porque vai retardar essa curva
de declínio. Então seria aí indispensável.
Há
pessoas que têm o Sistema Imunológico menos deficiente, outras mais, dependendo
da alimentação. Há pessoas que se alimentam muito mal, com falta de nutrientes
que estimulam o Sistema Imunológico, como vitaminas, sais minerais ou
proteínas, porque o anticorpo é formado de proteína. Se elas têm uma alimentação
deficiente, vão ter um Sistema Imunológico deficiente. É por isso que há muitas
pessoas que vivem a vida praticamente sem doenças - resistindo a toda a
agressão do meio ambiente - e outras sempre estão doentes. Mas a
auto-hemoterapia ajudaria neste caso, para contrabalançar essa deficiência na
área de alimentação.
Intervalos
menores que 7 (sete) dias são prejudiciais?
Nenhum
mal, porque apenas do 5º (quinto) ao 7º (sétimo) dia é que o sangue já está
praticamente reabsorvido. E o estimulo imunológico - que ocorre em função desse
sangue significar corpo estranho no organismo e que faz o Sistema Imunológico
se ativar para rejeitar esse sangue - está declinando. Se fizer com menor
espaço de tempo, não há esse declínio - ele se mantém sempre naquela faixa dos
20% (vinte por cento) a 22% (vinte e dois por cento) de macrófagos, quando o
normal é 5% (cinco por cento) -, não vai haver nenhum prejuízo. Não há é
necessidade, vai sacrificar o paciente. Só quando eu preciso que o
paciente se mantenha no nível máximo eu faço com 5 (cinco) dias de
intervalo.
A
auto-hemoterapia pode ser feita sem pausa?
Perfeitamente.
Eu só mando fazer interrupção exclusivamente para descansar músculos e
veias.
A
variação de dosagens - 5 (cinco) ml, 10 (dez) ml, 20 (vinte) ml - faz também
aumentar a taxa de monócitos?
Não.
A única diferença é que, nas doenças auto-imunes, eu às vezes uso até 20
(vinte) ml, nos casos mais graves. E dividindo em 4 (quatro) lugares,
aplicando 5 (cinco) ml em cada braço e 5 (cinco) ml em cada nádega. Provoco com
isso o desvio do Sistema Imunológico viciado em atacar o próprio corpo, que, em
lugar de cumprir a função dele - que é nos defender dos agressores - ele está
atuando contra o próprio corpo, como se fosse um inimigo.
No
caso da artrite reumatóide, afeta as articulações e cria até deformações.
Acredito que esteja pensando atender a um pedido do inconsciente para desviar
um sofrimento psíquico para uma área física. E com isso - enquanto esta pessoa
está preocupada com seus ossos, seus dedos deformados - esquece os
problemas que motivaram o desvio. É uma desgraça sofrer fisicamente, só para
aliviar psiquicamente as tensões, mas acontece, e eu tenho provas disso.
A
partir de que idade crianças podem fazer auto-hemoterapia?
Ai
depende muito da criança, porque eu já tive há pouco tempo uma criança asmática
grave de 5 (cinco) anos que aceitou perfeitamente a auto-hemoterapia.
Tinha um controle emocional tão bom que, eu explicando a ela que ela ia ser
beneficiada, se convenceu. Quem mais sofre, quando ela toma a auto-hemoterapia,
é a mãe.
E
a auto-hemoterapia na geriatria?
Para
mim, a área em que deveria ser mais utilizada a auto-hemoterapia é dentro da
geriatria. Justamente porque corresponde à época em que o Sistema Imunológico
está em declínio.
A
auto-hemoterapia funciona na cicatrização de escaras?
Funciona,
ajudando a cicatrização das escaras. Lógico que não pode colocar peso sobre o
local. Devem-se usar protetores, porque a escara é produzida por um atrito
contínuo da pele sobre o leito. Além do atrito, há a falta de oxigenação pela
pressão local, os vasos sanguíneos não abastecem de oxigênio os tecidos, eles
tendem a se destruir, mas a auto-hemoterapia vai ajudar a reconstruir e a
cicatrização vai se tornar mais rápida.
E
o HPV?
É, esse
vírus é muito freqüente no colo do útero. Não tenho experiência porque não sou
ginecologista, mas acho que valeria, porque como a auto-hemoterapia atua de
modo geral contra vírus - e o HPV é um vírus -, eu acho que deveria também ser
usada. Os ginecologistas é que teriam que fazer a experiência e introduzir isso
numa prática comum. Se funcionar bem - como eu acredito que deve
funcionar, pois funciona em outros vírus - não será nesse caso que será
diferente.
E
no vitiligo?
Os
pacientes portadores de vitiligo pioram quando ficam tensos. Como o sistema
neurovegetativo é equilibrado pela auto-hemoterapia, evitam-se essas recaídas,
essas fases ruins em que há um aumento muito grande das manchas do vitiligo.
Mas não vai curar o vitiligo, não vai ter nenhum efeito de cura.
Nas
amigdalites de repetição?
É
altamente válido, muito válido. Há um tipo de amidalite em que eu usei a
auto-hemoterapia com resultado muitíssimo bom. É a amigdalite devida ao
estreptococo beta hemolítico. É a amidalite que resulta em febre reumática,
causando dano ao coração, com atrofia da válvula mitral, que depois só a
cirurgia vai corrigir.
Essa
amigdalite é extremamente resistente aos antibióticos. E a auto-hemoterapia
junto - logicamente junto com o antibiótico - vence a bactéria. Já curei muitos
casos de febre reumática em que a origem dessa infecção era na garganta. Nas
amígdalas é onde os micróbios se alojam e se protegem.
No
João, por exemplo, que hoje já é homem, quando criança teve febre reumática
gravíssima. E foi a auto-hemoterapia que o curou. Ele ficou sem lesão nenhuma.
Outro
caso, em Petrópolis, foi considerado até perdido, nunca vi antiestreptolisinas
- ASO que é a sigla - alcançar a cifra de mil e tantos, quando o normal vai até
200 (duzentos). Foi a auto-hemoterapia que conseguiu salvar essa
menina.
Como
a auto-hemoterapia pode ajudar um paciente com câncer?
Como
ainda não se descobriu uma quimioterapia especifica para célula cancerosa, a
quimioterapia atua também sobre as células normais, baixando com isso o nível
imunológico e fazendo com que o paciente se torne vulnerável a outro tipo de
câncer - ou à repetição daquele câncer em outro órgão, a metástase. Mantendo o
Sistema Imunológico ativado, a quimioterapia vai ter o seu lado positivo de
destruir a célula cancerosa. E vai ter minimizado o lado negativo que destrói
as células boas que protegem contra a repetição desse câncer.
No
caso da radioterapia - que também a radioterapia prejudica muito o Sistema
Imunológico - a auto-hemoterapia poderia resgatar esse prejuízo, reativando o
Sistema Imunológico, evitando um outro câncer.
Então
é valido nos dois casos. Agora, não dizer que vai curar o câncer. Ela vai
ajudar os meios que curam o câncer, radioterapia ou quimioterapia. Ou no caso
mesmo de uma cirurgia, em que algumas células ficaram fora do tumor retirado e
que poderiam, através dos linfáticos, atingir outros órgãos. A
auto-hemoterapia pode evitar que essas células progridam, evitando a
multiplicação. Vale a pena também.
Há
tipos de câncer incompatíveis com a auto-hemoterapia?
Nenhum.
Em todos deve ser usada. Pode ser usada em qualquer caso. Não há nenhum caso em
que a auto-hemoterapia não seja útil. Pode não ser suficiente, mas de qualquer
maneira, pelo menos, vai evitar que o tumor se torne mais invasivo. Vai ser uma
ajuda.
Surtos
epidêmicos e auto-hemoterapia?
Nisso
funcionaria, aí seria de grande valor, de uma economia enorme. Porque as
pessoas que estivessem já atacadas por um desses males, elas teriam a sua
recuperação mais acelerada. Seria menos tempo de doença, porque quem cura
realmente é o Sistema Imunológico, não é antibiótico que cura. O
antibiótico é apenas bacteriostático, só faz evitar a reprodução dos micróbios,
mas quem termina de curar a infecção é o nosso próprio Sistema Imunológico.
Então, isso seria no caso, uma ação da auto-hemoterapia.
As
pessoas que ainda não se contaminaram, se estivessem sob a ação da
auto-hemoterapia e com o seu Sistema Imunológico ativado, não teriam a doença,
evitando que a doença se espalhasse em número maior de pessoas. Um detalhe
importante: quando a doença vai se repicando de uma pessoa a outra, o micróbio
ou o vírus se torna cada vez mais ativo e mais virulento. É como um exercício
que ele faz, se tornando mais violento.
Então
seria de grande valor a prática corrente de todos fazerem a auto-hemoterapia.
O Ministério da Saúde tomou excelente medida implantando a vacinação contra a
gripe. Como não tem recursos para estender a vacinação a toda a população,
escolheu um grupo de risco que é o idoso. Eu e minha mulher, que somos idosos,
não tomamos a vacina antigripal porque a auto-hemoterapia nos protege. Como
também essas vacinas se limitam a dois ou três tipos de vírus, normalmente
três, e há uma centena de vírus de gripe, eu prefiro a auto-hemoterapia, que
pelo menos eu estou com resistência a todos os vírus, essa é a razão principal.
E
no acidente vascular cerebral (AVC)?
Ajuda
demais, desde que seja feito o mais rapidamente possível depois do Acidente
Vascular Cerebral. Porque se for um acidente hemorrágico, a auto-hemoterapia
aumenta os macrófagos que devoram a fibrina que está entupindo os
vasos, restabelecendo a circulação muito mais depressa.
Tive
há pouco tempo um paciente que teve um acidente vascular, lá em Visconde de
Mauá, e eu logo prescrevi a auto-hemoterapia. A recuperação foi muito
mais rápida do que seria só com a fisioterapia, praticamente deixando a
natureza fazer a fagocitose dessa fibrina. Desentupir com 5% (cinco por cento)
de macrófago é bem mais lento do que com 22% (vinte e dois por cento). Por isso
nesses casos eu passo de 5 (cinco) em 5 (cinco) dias para não haver a
queda.
E
na hipertensão arterial?
A
hipertensão não é entupimento, é espasmo arterial. Vale a auto-hemoterapia
porque a hipertensão é mais de origem psicossomática, 95% dos casos de
hipertensão são hipertensões chamadas essenciais. É o nome que a medicina dá
quando não existe uma causa definida. Sabe-se que tem muita relação com o lado
emocional e é a grande maioria.
Existe
um número pequeno em que a hipertensão é renal. A substância que produz a
hipertensão se chama renina. Existe outro número de hipertensos devido ao
sangue circular mal, por estar com excesso de colesterol VLDL, colesterol LDL e
triglicerídeos. Então há uma hipertensão porque o sangue circula com menor
velocidade, mas de qualquer maneira a auto-hemoterapia funciona muito bem,
porque vai atuar no caso mesmo da essencial, essa que representa mais de 90%
dos casos. Atua no sistema neurovegetativo, reequilibrando o vago-simpático. A
hipertensão é uma dominância do sistema simpático - que contrai os vasos - sobre
o sistema vago, que dilata os vasos. E, reequilibrando, a auto-hemoterapia
ajuda no tratamento da hipertensão.
E
na gota?
Também,
porque remove o ácido úrico. Na gota o ácido úrico ultrapassa os 7 (sete)
mg por litro, indo a 8 (oito) mg, 10 (dez) mg por litro. O ácido úrico se
cristaliza dentro dos tecidos sob forma de agulhas e é por isso que é
tremendamente doloroso. A auto-hemoterapia vai fazer com que esses cristais
sejam vistos pelo Sistema Imunológico como corpo estranho. E vai eliminá-los.
Esporte
e a auto-hemoterapia?
Quando
Beckenbauer pendurou as chuteiras, disse que atribuía seu desempenho físico à
auto-hemoterapia. Antes de cada jogo ele fazia uma auto-hemoterapia de 10 (dez)
ml e atribuía a isso tanto a saúde que tinha quanto a resistência física nos
jogos. Essa foi a declaração dele quando deixou de ser jogador e
passou a ser técnico da seleção alemã.
Poliomiosite
e dermatomiosite?
Poliomiosite,
como a dermatomiosite e a artrite reumatóide, são doenças auto-imunes. Em toda
doença que tem uma origem auto-imune - quer dizer, tem como origem uma
perversão do Sistema Imunológico, que ataca o próprio corpo como se fosse um
corpo estranho - é válido o uso da auto-hemoterapia. Porque, em primeiro lugar,
a aplicação do sangue, se for difundida em vários lugares (melhor ainda) desvia
a agressão imunológica para o sangue, diminuindo a pressão da agressão sobre os
tecidos que estão sendo agredidos.
Experiência
eu tive com paciente de dermatomiosite, mas de poliomiosite ainda não tive
nenhum caso, porém vai funcionar da mesma maneira. Isso porque vai primeiro
desviar. E a segunda razão de funcionar nas doenças auto-imunes é que o sangue
atinge praticamente cada milímetro cúbico do nosso corpo, exceto os cabelos e
os pêlos. Cada centímetro quadrado da pele e cada centímetro quadrado de
qualquer órgão estão sempre com sangue. Os ossos têm menos, mas há sangue na
medula óssea.
Como
o sangue está em todo lugar, e como essas doenças auto-imunes são uma inversão
da função imunológica, quando o Sistema Imunológico é desviado, primeiro diminui
a pressão da agressão.
E
segundo - e aí é muito importante, mas não posso provar, porque só a pesquisa
laboratorial poderia fazê-lo -, como o sangue contêm os mesmos elementos que o
Sistema Imunológico está agredindo, seja qual for a doença
auto-imune, vai criar uma espécie de perplexidade. Vai ficar em dúvida,
dizendo: “Porquê eu estou agredindo a mim mesmo, se esse sangue contêm os
mesmos elementos que estou agredindo?”. Então o Sistema Imunológico faz um
reconhecimento do que é próprio e do que não é próprio. Quer dizer, o Sistema
Imunológico estava agredindo o corpo como se fosse um corpo estranho, e vai
acabar reconhecendo essas áreas como próprias, através dos elementos do sangue
que são os idênticos aos daquelas áreas agredidas.
Mas
isso eu não posso provar. Isso é apenas um exercício de inteligência, para
tentar explicar o porquê das curas de doenças auto-imunes, curas definitivas. A
melhora é muito bem explicada: a agressão é desviada para o sangue aplicado no
músculo e naturalmente diminui a agressão nos lugares onde o Sistema
Imunológico esta agredindo. Isso é uma parte, mas a outra, essa da cura, a
única explicação é a indução do que se chama tolerância imunológica. Isso é o
que ocorre nas alergias, nas quais tenho ótimos resultados. As alergias são
uma intolerância imunológica contra substâncias que agridem e que acabam
afetando o próprio organismo. A auto-hemoterapia é um excelente recurso
terapêutico para tais casos.
Dois
casos de disritmia e convulsões
Nesses casos, duas crianças tinham comprovadamente uma disritmia. Eram
disrítmicas, o eletroencefalograma delas era anormal e tinham convulsões que
são chamadas convulsões epiléticas. As doses de fenobarbital que estavam usando
eram tão altas que as crianças já não estavam tendo convulsões, mas
praticamente estavam impossibilitadas de estudar e de andar de bicicletas. Não
tinham condições para mais nada. Usei a auto-hemoterapia nestas duas crianças
para eliminar esse excesso de barbitúricos que estava impregnando o cérebro
delas.
Acontece
que - depois que houve a desimpregnação - as crianças passaram a ter uma atividade
normal, podendo brincar à vontade, andar de bicicleta. Deixaram de ter as
crises convulsivas, sendo que uma delas há seguramente 20 (vinte) e tantos
anos. E a outra, aqui de Mauá, há uns 3 (três) anos, mais ou menos.
Se
eu tivesse depois pedido o eletroencefalograma dessas crianças e comparado com
o anterior - antes de elas começarem o uso dos barbitúricos - essa comparação é
que poderia provar se atua realmente corrigindo as ondas cerebrais, colocando
em nível de normalidade. Isso é uma coisa que futuramente pode se provar com a
maior facilidade, é que eu apenas pensei, como clínico, resolver o problema que
havia. E depois o outro resultado foi inesperado, nem era o objetivo da
auto-hemoterapia.
Medicina
Medicina
é a arte de curar. Eu só tenho um único compromisso com meus pacientes: aliviar
o sofrimento e, quando possível, curar. Por isso que não respeito os padrões
chamados científicos. Para mim o que comprova qualquer coisa é o efeito do
tratamento. Se ele produz benefícios para o paciente é um tratamento
científico, mesmo que não saibamos qual o mecanismo de ação deste tratamento.
Eu uso recursos - sejam quais forem - para beneficiar os pacientes, para que
tenham alívio do sofrimento e, se possível, a cura.
Como
tenho uma mente investigativa, não me satisfaço com isso e procuro encontrar
uma solução, algo que me satisfaça, que eu entenda como o tratamento
funcionou. Por exemplo, no caso das alergias: o paciente fazendo a
auto-hemoterapia tem uma grande melhora. A alergia na realidade não é nem
doença, é uma reação exacerbada do Sistema Imunológico, devido ao grande número
de agressões que o ser humano sofre no dia a dia. O ar que ele respira,
poluído, os alimentos que contém substâncias conservantes, mas que trazem
prejuízo, corantes usados nos alimentos. Isso tudo são agressões, então o
organismo das pessoas mais exigentes luta demasiadamente contra isso. Há até já
uma suspeita bem fundada de que as pessoas que são muito alérgicas têm muito
menos chance de ter câncer, porque têm um Sistema Imunológico mais zeloso, mais
ativado. Isso já é uma suspeita, não é provado.
Procurei
encontrar uma solução para explicar o que é alergia e o que representa a cura
através da auto-hemoterapia. E inventei uma forma que me satisfez: como o
alérgeno é um corpo estranho, ele não é aceito pelo Sistema Imunológico, daí a
briga contra ele, e daí as conseqüências para o paciente. Se tem alergia
a inalantes, o que acontece? Começa a espirrar, tentando eliminar o alérgeno
pelo catarro. Se esse alérgeno vai para os pulmões, o Sistema Imunológico
produz uma secreção para tentar, pela tosse, eliminar esses alérgenos. Na
realidade é uma forma de defesa, não é nem doença, é uma defesa contra o que
está fazendo mal, o que não deveria existir no ar que ele está respirando, não
deveria existir no alimento que ele está comendo.
O
que acontece quando se faz a auto-hemoterapia? Esses alérgenos acabam indo para
o sangue, eles acabam se fixando, passando para os pulmões, passando para o
nariz, para o sangue. Porque todos esses órgãos estão cheios de sangue. Quando
o Sistema Imunológico vai lutar contra esse alérgeno, ele vai identificar o
alérgeno, vai captá-lo e vai tratar de eliminá-lo, como um corpo estranho. Ao
mesmo tempo, vai descobrir como inativar o alérgeno, como vai lutar contra ele,
já que ele identificou como corpo estranho, induzindo o que se chama tolerância
imunológica. Acaba aceitando como próprio o que antes considerava um inimigo.
O
maior alergista que o mundo conheceu, viveu 2.000 anos Antes de
Cristo. Chamava-se Metrídates, um rei grego. Quando tinha 10 anos de idade,
descobriu que tomando doses diminutas e crescentes de 2 venenos
usados para matar os reis - a cicuta e o arsênico, que eram
colocados no vinho - ele ficava imune. Não sei como ele descobriu isso. Sei que
o prazer dele era ter sempre um provador que tinha que tomar o vinho. Quando o
provador caía morto, fulminado com um gole, ele tomava o resto da taça do vinho
e era considerado pelo povo como tendo poderes divinos. Ele descobriu que o
próprio veneno criava a defesa contra o veneno. Ele tomava em doses crescentes
e esse é o principio da vacina.
Quando
se fabrica o soro antiofídico, para depois nos salvar da picada de cobra,
injeta-se no cavalo doses crescentes de veneno, até que ele suporte dose que o
mataria na primeira dose. O sangue desse cavalo é retirado, separado o soro (a
parte branca) e a parte vermelha (dos glóbulos) é jogada fora. A parte branca é
que é o soro antiofídico. Mas quem descobriu isso tudo foi o rei Metrídates,
2.000 anos AC.
Aos
médicos e futuros médicos
Conferir
sempre, nunca aceitar nada como ‘isso é coisa do passado’, isso é ‘atrasado’,
‘está fora de moda’. Se possível, sempre somar o antigo com o novo. E sempre
conferindo que não haja prejuízo para quem vai usar o tratamento.
Por
exemplo: a ventosa, que ficou em desuso, agora está voltando a se usar no
Japão. Foi uma grande técnica usada no século XIX. Curava-se a pneumonia com
ventosas. Não se sabia nem o por quê, mas eram aplicadas nos pulmões - e
salvavam-se os pacientes. Não havia antibióticos naquele tempo. O pneumococo
era o mesmo que existe hoje, e se curava a pneumonia. Só depois Reich, com a
bioenergética, explicou o porquê da cura. A ventosa puxava um sangue carregado
de energia, subia o potencial de energia acima da dos micróbios. E a energia
que estava sendo usada pelos micróbios, para se reproduzir, era tirada deles. A
ventosa com isso curava a pneumonia. Mas, antes de Reich publicar os seus
livros, nos anos 40 do século XX, os médicos usavam a ventosa sem saber disso,
sem saber o porquê, já que funcionava.
A
grande lição é considerar como objetivo primeiro da medicina o alivio e
a cura do paciente. E depois a nossa satisfação como cientista. Quer nós
queiramos ou não, todo médico deve querer saber o porquê das coisas, para se
satisfazer. Isso é satisfação pessoal. Mas o compromisso que ele tem, não é
esse. E sim de aliviar o sofrimento, esse é o único compromisso que ele tem.
Aos
pacientes
Primeiro:
mente positiva. Porque a mente negativa agrava o sofrimento. O Sistema
Imunológico, quando a pessoa fica negativa em relação ao seu padecimento,
declina. Se ela crê na sua cura, ela tem toda chance de vencer a doença. Quando
ela acha que a doença não tem cura, já reduziu muito sua possibilidade de cura.
Então,
é importantíssimo pensar de forma positiva. A mente tem um enorme poder, tanto
de cura, como de destruição. Os casos, que estão aumentando, de doenças
auto-imunes têm origem na mente negativa. Aquele caso que eu contei da
esclerodermia, no Hospital Cardoso Fontes, foi o inconsciente dela que gerou a
doença. Ela tinha um filho excepcional, o marido a abandonou, deixando-a sem
poder trabalhar. A mente criou a doença para que toda a família fosse
socorrê-la, porque ela estava totalmente desvalida, sem nada, com um filho
excepcional e sem poder trabalhar, tendo que cuidar dele. A doença foi a solução
para o seu problema. E a auto-hemoterapia foi a solução para a
doença.
Relação
entre emoção, saúde e doença
Emoções
aprazíveis, boas, geram saúde. Emoções ruins: medo, medo de violência, ódio,
raiva, tristeza, geram a doença. Tudo aquilo que gratifica a pessoa:
tranqüilidade, segurança e amor, geram saúde.
Um
exemplo simples: uma pessoa sofre de psoríase, está de férias... vai tomar
banho de mar, recebe sol, está na praia, a psoríase desaparece toda; volta para
o trabalho, no dia seguinte, explode tudo. Por quê? Se ela gostasse realmente
do trabalho, o efeito não seria tanto. Mas se ela vai trabalhar no que não
gosta - tendo contato com pessoas com quem não se dá, não está feliz ali onde
ela está trabalhando - a psoríase desvia sua atenção para seu corpo.
O
inconsciente representa em nós 90%. Nós só somos 10% conscientes - 10%
racionais e 90% irracionais. E esses 90% nos atende da maneira que ele pode.
Ele somatiza as doenças para desviar a atenção do psíquico.
Na
realidade a doença muitas vezes não é problema, é solução. Só que depois a
pessoa não se conforma com ela, porque traz sofrimento, então ela quer curar a
doença.
O
que leva a pessoa a mudar o comportamento?
O
mais importante é: não chorar sobre o leite derramado. O que não tem remédio
remediado está. Essa filosofia muda totalmente a vida. Os chineses
consideram a doença como culpa. Eles consideram a doença como algo que a pessoa
cria. Nosso lado negativo, esperando sempre o pior, é uma fábrica de doenças,
favorecendo a baixa imunológica. A visão otimista das coisas - sempre
vendo em tudo que acontece de ruim, algo de bom - muda muito nossa saúde.
_______Fim da entrevista___________