No momento em que escrevo essa matéria são contabilizados mais de 124 mortos, o que transforma essa chacina, a que ocorreu no Rio de Janeiro no dia 29 de outubro de 2025, no maior massacre jamais visto no território Brasileiro, em todos os tempos, superior ao mais letal de todos que foi o massacre do Carandiru, que contabilizou aproximadamente 115 mortos.
É obvio e evidente que muitos desses corpos foram executados depois de rendidos, particularmente os que foram pegos na mata. Um drone da polícia detectou os bandidos entrando na mata e transmitiu essas imagens. Lá na mata já estavam esperando vários policiais que os pegaram de surpresa.
As câmeras que obrigatoriamente deveriam fazer parte da indumentaria policial, estavam convenientemente com a bateria descarregada. Todas as 2500 câmeras de cada policial.
A população do Rio que deu ao Condenado, futuro presidiário e ex presidente da República 70 % dos seus votos, aplaudiu em sua maioria. Os lúcidos estão em desvantagem. Hipocrisia pois a renda do Narco Trafico vem dos seus bolsos. São eles que sobem o morro para comprar drogas. São eles que alimentam com seu vício a compra de armas e drogas, e depois reclamam da violência. Detestam pobres, empregadas domésticas que classificam como escravas e detestam ter que lhes dar direitos que julgam ser uma regalia que só a eles pertence.
Se há um contingente de 2500 policiais marchando contra um grupo de pessoas, com caveirões, com armas pesadas, helicópteros e todo o aparato da mídia, é burrice total atirar na polícia, ainda mais matar policiais. Ou se corre tentando fugir ou se entrega. Não tem outra solução.
Mas o chefe do tráfico não foi pego. Óbvio é que ele tinha um plano de fuga, e provavelmente tinha um túnel que ia sair em algum lugar mais seguro, ou então existe um bunker oculto e nesse momento ele e alguns comparsas estão lá esperando a poeira baixar. Pode até ser que esse túnel tenha seu acesso a partir do QG da quadrilha que foi invadido.
Essas são constatações óbvias que escapam a análise fria da mídia.
Entretanto o objetivo dessa matéria é propor uma solução para o tráfico de drogas.
Como exemplo eu vou retornar ao período da década de 1930, na cidade de Chicago. Nessa época foi proposto uma lei que era a lei seca, em que as bebidas alcoólicas foram proibidas. Como consequência, os bares que vendiam bebidas tornaram-se clandestinos e escondidos. Foi uma lei que jamais foi respeitada. Todos sabiam onde eram os bares e lá dentro as bebidas eram comercializadas livremente.
A consequência prática dessa lei foi de que as quadrilhas que exploravam o comércio e a produção clandestina de bebidas floresceram na ilegalidade e junto com elas as quadrilhas, o suborno e a violência. Foi nessa época que um notório Bandido se tornou muito famoso que era All Capone, e junto com ele muitos outros "tenentes". Pessoas eram metralhadas na rua nos restaurantes, pegos de surpresa, na guerra pelo controle dos territórios onde pudessem comercializar suas bebidas. Os comerciantes eram obrigados a vender as bebidas do Chefão que comandava o tráfico de bebidas local.
Tudo isso deixou de existir depois que a lei seca foi revogada.
Isso nos leva a uma constatação. A proibição não resolve o consumo de nenhuma substancia. A droga embora proibida é consumida mesmo proibida, e o que temos em troca é as quadrilhas armadas. O Aborto por exemplo é proibido, mas todo mundo sabe onde existe uma clínica clandestina que faz aborto por um precinho módico.
Isso nos leva a seguinte conclusão. A solução é liberação da droga.
A minha sugestão é criar uma espécie de hospital, uma clínica, onde alguém que seja viciado possa ter acesso e possa tomar a sua droga em uma ambiente assistido, onde se passar mal receba atendimento, onde possa receber suporte psicológico e acompanhamento, orientação, entre outros cuidados. A droga ali seria fornecida gratuitamente, e isso permitiria os seguintes benefícios:
1 - Se eu posso obter a droga gratuitamente, para quê eu vou pagar a um traficante? Isso iria desvalorizar a droga e desestimular o poderio das quadrilhas, tirando-lhes a capacidade de comprar armamentos, subornar autoridades etc...
2 - Acompanhado dessa liberação, entendo como imprescindível uma campanha fortíssima de educação antidroga, expondo principalmente aos mais jovens nas escolas todo o estrago que a droga pode trazer no sentido de prejudicar a saúde e as suas vidas. Acreditamos que muitos jovens entram no mundo das drogas por não saberem onde estão se intrometendo.
3 - É preciso dar oportunidade aos jovens que moram nas favelas e comunidades pobres, para que não precisem ser seduzidos pelas quadrilhas, já que o apelo é forte. Criar escolas técnicas, onde possam receber ensino profissionalizante. Muitos jovens não gostariam de seguir no mundo da marginalidade, mas são seduzidos pelas facilidades que o tráfico de drogas oferece. O Ex governador Brizola instituiu o ensino em tempo integral levando crianças que ficavam soltas nas favelas do Rio, e isso diminuiu os números da violência.
Há entre os jovens das comunidades carentes, muitos que não desejariam ser bandidos. Preferiam ser cidadãos incluídos, mas na ausência de alternativas são seduzidos pelas facilidades que o tráfico de drogas oferece, imaginando que depois poderão deixa-lo, e ao enredar-se nesse imbróglio não conseguem mais deixa-lo principalmente por causa da dependência econômica entre outros comprometimentos.
Faça essa proposta chegar às autoridades.























Mariel Mariscot: O Passat LS com o para-brisa estilhaçado pelos tiros do assassino | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO
Mariel Mariscot escoltado por guardas durante um julgamento em 1978 | Foto de Luiz Pinto/Agência O GLOBO
Mariel Mariscot com Dom Eugênio Salles após missa em presídio, em 1977 | Foto de Otávio Magalhães/Agência O GLOBO
Policiais chegam no IML carregando o corpo de Mariel Mariscot | Foto de João Roberto Ripper/Agência O GLOBO
Caixão com o corpo de Mariel é erguido sobre multidão no cemitério do Caju, em 1981 | Foto de Manoel Soares/Agência O GLOBO
