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quinta-feira, 23 de maio de 2019

BOÇALNARO, O GOVERNO TORTO.



O governo "Boçalnaro" nasceu torto. Sua característica principal é atacar no plano ideológico petistas, esquerdistas e oposicionistas. Não tem um projeto positivo para o país. É assumidamente uma força destrutiva, não construtiva. Obcecado pela ideia de mudar padrões culturais, é indiferente ao que acontece na economia. Nesse campo reina Paulo Guedes. E a política de Paulo Guedes, a única em ação no Governo, é a do pau neoliberal que nasceu torto.


As iniciativas de Guedes são indiscutivelmente coerentes. Todas apontam para a mesma direção: reduzir ao mínimo o papel do Estado na economia para deixar o campo aberto ao mercado. Este é o sentido da reforma da Previdência. Ela se alinha com a política de privatização total ou fatiada das empresas estatais, inclusive de empresas estratégicas como Petrobrás e Eletrobrás. De fato, o regime de capitalização, que Guedes quer impor à sociedade, tem por principal objetivo liquidar o sistema previdenciário público e entregá-lo aos bancos.

Muitas pessoas de boa vontade alegam que é preciso dar tempo ao Governo Bolsonaro para ele poder apresentar resultados. Entretanto, é uma ilusão que isso venha a acontecer. O cerne de qualquer governo é a economia, pois a economia diz respeito ao emprego, à renda e às condições materiais de vida de toda a população. A política econômica cujo controle Bolsonaro entregou a Guedes está definida. Vai pelo caminho neoliberal. E o caminho neoliberal significa tirar do Estado qualquer possibilidade de fazer política econômica a favor do povo.



Portanto, é infundada a ideia de que é preciso dar tempo ao governo Bolsonaro para que apresente bons resultados. Aliás, na campanha, ele sequer prometeu bons resultados em economia. Simplesmente repassou a Guedes a tarefa de comandar a economia como super-ministro. E Guedes, por sua vez, prometeu exclusivamente privatizar o máximo de estatais e repassar o comando da economia ao próprio mercado. Nesse sentido, não há o que esperar do Governo em matéria de emprego, de crescimento do PIB, de aumento de renda.

Na realidade, as coisas vão piorar. Breve saem os indicadores do PIB no primeiro trimestre e já se sabe que haverá contração. O desemprego, em consequência, continuará subindo. E olha que viemos de 7% de contração ao longo do governo Temer. Não há milagre que faça com que as condições de vida no Brasil melhorem com a prática econômica de Guedes. Ele já lançou os dados, e a sorte está determinada: depressão econômica e desemprego crescente. Pau que nasce torto não tem jeito, morre torto.

A esperança vã de que, por um milagre, as coisas melhorem espontaneamente dificultam a articulação de uma reação. Mas várias categorias da sociedade já descobriram que é preciso agir. É o caso dos professores universitários, dos religiosos reunidos em torno do Conic, da CESE, da Cáritas; das Centrais Sindicais, e de centenas de instituições regionais que estão promovendo debates e seminários sobre o embuste da reforma previdenciária e do infame regime de capitalização que expulsa do país a Previdência pública, pretendido por Guedes.

Aos poucos, a sociedade perceberá que não há esperança de dias melhores, e sobretudo de menor desemprego e de uma Previdência decente, neste Governo. E quando essa convicção amadurecer, será a hora de liquidar de vez com o projeto previdenciário do financista Paulo Guedes, e avançar outros temas, como acabar com a política de preços do diesel da Petrobrás, que esmaga os caminhoneiros, e estancar a sangria da soberania nacional contida no programa de privatização que Guedes está acelerando, com medo justamente da reação social.

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