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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

ENTREVISTA DE LULA E IMPRESSÕES DO MINISTRO GILMAR MENDES.



O recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que questiona a imparcialidade do então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, será julgado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) até novembro, segundo o ministro da Corte Gilmar Mendes.


Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, Mendes disse que os processos de Lula que foram conduzidos e julgados por Moro deverão voltar à fase de denúncia, caso o ex-juiz seja considerado suspeito.


Isso anularia as condenações de Lula em dois processos (Tríplex do Guarujá e Sítio de Atibaia), além de retroceder a ação sobre supostas ilegalidades envolvendo recursos para o Instituto Lula, que está prestes a receber sentença do juiz que substituiu Moro na 13ª Vara de Curitiba, Luiz Antônio Bonat.


Na avaliação de Mendes, é Bonat que terá que decidir sobre o recebimento da denúncia, conduzir a instrução do processo e julgar os casos, caso os atos de Moro sejam considerados nulos.


"Eu tenho impressão que, pelo menos tal como está formulado (o recurso), se for anulada a sentença, nós voltamos até a denúncia. Portanto, todos os atos por ele (Moro) praticados no processo, inclusive o recebimento da denúncia, estão afetados pela nulidade. Será esse o veredicto", explicou.

O ministro prevê que serão necessárias ao menos duas sessões de julgamento na Segunda Turma para concluir a análise do recurso, já que deve haver uma discussão sobre se as mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil podem ser usadas em benefício de Lula mesmo constituindo prova ilícita.

Desde junho, o Intercept vem revelando mensagens que teriam sido trocadas entre Moro e Deltan Dallagnol (chefe da força-tarefa da Lava Jato) por meio do Telegram. Elas indicam possíveis atos ilegais do juiz nos processos de Lula, como a indicação de testemunha para Dallagnol.

Por enquanto, os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia votaram, no final de 2018, contra a suspeição de Moro. O caso está suspenso por pedido de vista de Mendes. Faltam votar também Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.


Confira a entrevista a seguir.

BBC News Brasil - Havia uma expectativa de que o processrelativo ao recurso do ex-presidente Lula que questiona a suspeição do ex-juiz Sergio Moro seria retomado logo após o recesso de julho, mas até agora o senhor não levou o caso a julgamento novamente. Essa demora é porque o senhor decidiu esperar por novas revelações pelo The Intercept Brasil sobre a atuação da Operação Lava Jato?

Gilmar Mendes - A pauta da (Segunda) Turma (do STF) está um tanto quanto comprometida. Estamos dando sequência a uma ação originária da Bahia, que envolve o ex-deputado e ex-ministro Geddel (Vieira Lima). Vamos retomar (o julgamento) semana que vem, e talvez ainda precisemos de uma outra sessão. Então, a pauta tem estado muito cheia. Eu disse que entre outubro e novembro nós julgaríamos esse caso, acho que estamos chegando perto.

BBC News Brasil - Nos bastidores de Brasília, muitos acreditam que o senhor estaria aguardando ter mais confiança de que o ministro Celso de Mello, que é esperado como um voto decisivo, convergirá para seu entendimento sobre a suspeição do Moro. O senhor está esperando por isso?

Gilmar Mendes - Não se trata disso, até porque isso seria inútil. O ministro Celso de Mello é o decano do tribunal, terá suas convicções no momento adequado e vai se manifestar de maneira livre como ele sempre faz. O que nós precisamos é ter ajustes na pauta de modo a podermos talvez discutir essa questão. Meu voto será um voto relativamente longo, isso também deve envolver o voto do ministro (Ricardo) Lewandowski e também do ministro Celso.
Precisamos imaginar ao menos duas sessões para esse julgamento. Estamos até cogitando, havendo matéria nova, que se reabra para que a ministra Cármen e o ministro Fachin (que já votaram contra a suspeição de Moro) dela participem. Por exemplo, se formos utilizar dados do Intercept, prova ilícita nesse tipo de situação, haverá esse debate (sobre a possibilidade de usar as mensagens reveladas pelo Intercept no julgamento).

BBC News Brasil - O ministro Celso, quando não acolheu sua proposta em junho de conceder liberdade provisória a Lula, disse que não seria possível saber se as mensagens eram verdadeiras. De lá para cá, a Polícia Federal apreendeu mensagens trocadas no Telegram por autoridades numa operação que prendeu supostos hackers e essas mensagens vieram para o Supremo por meio do pedido do ministro Alexandre de Moraes no inquérito das Fake News. Há possibilidade dessas mensagens passarem por uma perícia para uso nesse processo?

Gilmar Mendes - Não sei o que o ministro Alexandre está pedindo nesta matéria, não sei o que ele fará em termos dessa verificação. Eu tenho a impressão de que para o julgamento na turma, se nós formos usar as mensagens, vamos usar como prova subsidiária, não me parece que sejam provas decisivas. Não vamos, em princípio, cogitar (da necessidade) dessa validação.

Eu acredito que as provas são autênticas. Até agora não tivemos ninguém questionando. Houve aqui ou acolá um erro de divulgação pelo próprio Intercept, mas ninguém discute. O tema assaz aceso será o tema de fato da possibilidade do uso de prova que nós sabemos ilícita, para eventualmente, não condenar alguém, libertá-lo.



'O ministro Celso de Mello (foto) é o decano do tribunal, terá suas convicções no momento adequado e vai se manifestar de maneira livre como ele sempre faz', diz Gilmar Mendes acerca de julgamento de suspeição de Moro


BBC News Brasil - Na sua visão, essas mensagens deixam evidente a suspeição do então juiz Sergio Moro?

Gilmar Mendes - Na verdade já há uma carga enorme de dados a indicar elementos para uma discussão. Isso documentado, trazido pela defesa do Lula. Agora isso está sendo acrescido por esses elementos, a forma que (autoridades da Lava Jato) conduziam os processos. Isso vai ter que ser de fato discutido. E é isto que estamos julgando, se de fato se trata de um juiz suspeito e, por isso, sua decisão não teria validade.

(Nota da redação: o recurso de Lula que pede a suspeição de Moro é anterior às revelações do Intercept. A defesa argumenta, por exemplo, que a nomeação de Moro como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro evidenciou seu interesse político na condenação de Lula. Moro, por sua vez, diz que condenou Lula em 2017, quando a candidatura de Bolsonaro não era competitiva.)

BBC News Brasil - Se o juiz Sergio Moro for considerado suspeito nesse caso, o Lula teria que passar por novos processos? Os casos teriam que ser distribuídos para outros juízes?

Gilmar Mendes - Eu tenho impressão que, pelo menos tal como está formulado (o recurso), se for anulada a sentença, nós voltamos até a denúncia. Portanto, todos os atos por ele praticados no processo, inclusive o recebimento da denúncia, estão afetados pela nulidade. Será esse o veredicto.

(Nota da redação: questionado novamente sobre o tema ao fim da entrevista, Mendes esclareceu que caberia ao novo juiz titular da 13ª Vara de Curitiba, Luiz Antônio Bonat, julgar após o recebimento das denúncias contra Lula.)

BBC News Brasil - Existem elementos então para formar uma convicção sobre esse caso mesmo sem as mensagens do Intercept?

Gilmar Mendes - Não vou responder a pergunta porque aí é óbvio que estarei prejulgando. Mas me parece que eles trouxeram instrumentos importantes, documentaram uma série de questões que eles alegam que de fato o juiz, sem qualquer referência ao Intercept, vinha denotando uma parcialidade. É isso que eles questionam e pedem que nós concedamos, o que levaria a anulação da sentença e de todos os atos (praticados por Moro no processo).

BBC News Brasil - O senhor tomou outra decisão importante no bojo da operação Lava Jato (após Moro divulgar interceptação telefônica entre Lula e Dilma) quando em 2016 impediu a posse de Lula como ministro da Casa Civil. O ex-presidente Michel Temer disse recentemente no programa Roda Viva que, se Lula tivesse tomado posse, não teria havido o impeachment da presidente Dilma. O senhor concorda com essa avaliação? E o senhor tinha ciência do impacto político que sua decisão poderia ter naquele momento?

Gilmar Mendes - Pois é, agora é o "se" na história. Essa conversa do Michel (Temer) com o ex-presidente Lula (em que o petista solicita apoio ao governo Dilma e que não foi divulgada por Moro em 2016) e tudo mais, o que a gente aqui discute são essas informações de que havia mais dados e fitas gravadas que não foram utilizadas. Quer dizer, Moro e seu grupo decidiu vazar aquela conversa (entre Lula e Dilma sobre o termo de posse), que depois se verificou que havia sido feita quando já estava encerrada a interceptação, portanto o ministro Teori (Zavascki, no STF de 2012 a 2017) chegou a averbá-la como ilegal.

A mim me parece que essa é uma decisão chave, a toda hora essa pergunta me vem, sobre essa responsabilidade histórica.

Eu estou convencido de que a resposta que nós demos foi para a hipótese que parecia configurada de desvio de poder. Estava se nomeando Lula e dando-lhe posse no mesmo momento. Aparece aquele telefonema da presidente para o ex-presidente falando do mensageiro especial que estaria levando um documento que o colocava a salvo de tudo, portanto, o ato de posse, já assinado. Aquela história que já se tornou folclórica do Messias que se tornou Bessias. E nós entendemos ali que de fato houve uma iliceidade.

A presidente estava na verdade cometendo um desvio de finalidade. Foi isso que eu averbei no voto, no despacho. Hoje, a pergunta que todos vocês fazem, é: se tivesse tido acesso a todas aquelas conversas, os dados que foram sonegados, como você se posicionaria? Uma pergunta extremamente difícil que a gente tem que meditar, e é um pouco o "se" na história.

BBC News Brasil - Essa tentativa de nomeação do ex-presidente Lula se deu após os maiores protestos contra a presidente Dilma. Para muitos, na época, pareceu uma última cartada para tentar impedir o impeachment, e não uma simples tentativa de tirar o Lula do foco do Judiciário. Houve outras ações tentando impedir a posse que foram sorteadas para o ministro Teori Zavascki. Ele abriu prazo para a Presidência se manifestar, enquanto o senhor tomou individualmente uma decisão com uma carga política muito grande. O senhor não se precipitou, não deveria ser uma decisão do plenário do STF impedir ou não a posse?

Gilmar Mendes - Ali tem a ver com a urgência da questão, porque tal como está caracterizada a entrega do documento, é como não só Lula já estivesse nomeado, mas já tivesse tomado posse no cargo. Embora, eu não consiga compreender, porque tendo em vista todos aqueles dias e todos os encontros, e a aceitação por parte dele, porque parece que houve um processo de persuasão, inicialmente ele não queria aquele tipo de medida, eu não sei porque não deram posse para ele de imediato, e ele começasse a trabalhar.

Eles estavam preocupados, claro, com a crise do governo, mas também com a crise pessoal do processo, quer dizer, como o Sergio Moro agiria em relação ao presidente. Acho que o foco da prisão provisória que poderia ser decretada estava bem presente nesse ambiente decisório. E foi por isso que eu dei a liminar, porque teríamos que esperar um debate para o plenário que se alongaria. De fato entendi que era algo urgente.

Gilmar Mendes fala em 'responsabilidade histórica' ao relembrar decisão sua que impediu a posse de Lula (foto) como ministro da Casa Civil.

BBC News Brasil - Quando a Lava Jato começou, o senhor dizia que eram estarrecedoras as descobertas, que o que a operação vinha revelando tornava o Mensalão digno de um tribunal de pequenas causas. Quando o senhor percebeu que tinha algo de errado com a condução da operação Lava Jato?

Gilmar Mendes - Existe uma disputa em termos de lenda urbana, dizendo "ah, o ministro Gilmar, apoiava a Lava Jato, depois deixou de apoiar", e acho que são duas questões que temos que tratar de maneira clara e explícita. Uma coisa é reconhecer os méritos da operação, que de fato existem. De fato isso tinha chegado a determinados limites, os fatos que são narrados, confessados, reconhecidos, os mecanismos especiais de financiamento de campanha, esses financiamentos das empresas, com financiamento político partidário, isso estava sendo enfrentado. Agora, eu, já em 2014, 2015, começo a questionar, por exemplo, os excessos das prisões provisórias. Até cunhei uma expressão dizendo: "nós temos um encontro marcado com as prisões alongadas de Curitiba" e percebi que elas estavam sendo usadas para induzir a delações.

Nós tivemos até um debate na turma, um caso que envolve um empresário da UTC, Ricardo Pessoa. E ali se discutiu essa questão. Foi um caso clássico porque foi concedida a ordem (de liberdade) a ele, e ele ainda assim fez a delação. A afirmação é que "ah, se ele não tivesse sido preso, ele não delataria". Na verdade, essa é uma premissa falsa, porque o delator, ele na verdade se convence de que deve fazer a delação tendo em vista os elementos de provas com os quais ele é confrontado, e com a perspectiva de pena que ele tem pela frente. Então, eu reputava que não era necessário manter essas pessoas por dois, três anos, para obter a delação. Fiquei vencido muitas vezes na composição mais antiga da turma, quando lá estava o ministro Teori.

Depois, vieram outros episódios que vocês conhecem, a colaboração do Joesley (Batista, executivo da JBS), aquela homologação, em que eu falei claramente no plenário do Supremo que aquilo era ilegal e que nós não deveríamos referendar aquele tipo de prática.

BBC News Brasil - Mas o senhor apoiou algumas medidas da Lava Jato que hoje são consideradas controversas. Quando houve a condução coercitiva de Lula, o ministro Marco Aurélio fez críticas duras, e o senhor na ocasião ironizou Lula e disse que provavelmente Moro havia fundamentado a decisão. Posteriormente, em 2017, outro contexto político, o senhor deu uma liminar proibindo as conduções coercitivas. Para algumas pessoas, o senhor no início apoiava e celebrava a Lava Jato em oposição ao PT.

Gilmar Mendes - Não, não. Em relação à condução coercitiva (de Lula), a consideração (minha) que vai se encontrar é de que talvez pudesse haver fundamentação para isso. Posteriormente, caiu até comigo uma impugnação da condução coercitiva, quando já havia se feito dezenas. E nós fomos examinar então a questão da condução coercitiva, que junto com as prisões provisórias, era uma prática corrente. E aí, feitas as verificações, nós chegamos à conclusão de que a condução coercitiva, para essa finalidade de depoimento de alguém acusado, ela era ilegal, porque um indivíduo não está obrigado a depor [a Constituição garante direito ao silêncio aos acusados], então não teria porque ser conduzido. Inclusive, eu inicialmente levei para o plenário, não houve decisão durante um ano [o processo não foi pautado pela ex-presidente Cármen Lúcia], e aí eu concedi a liminar.

Mas eu sempre tive a convicção de que o combate à corrupção tem que se fazer e que nós temos que aprimorá-lo, mas dentro de marcos legais. Na medida em que cresceu em mim a convicção de que havia ilegalidades no procedimento, eu sempre passei por clamar por revisão. O mais óbvio é prisão provisória alongada. Eu sempre dizia, (tive) inúmeros votos vencidos na Segunda Turma. A turma é composta por cinco, e forma uma maioria, portanto, por três. No nosso caso, à época, o voto de minerva era o voto do relator da época, o ministro Teori.

BBC News Brasil - Muitos juristas questionam também na Lava Jato se não há um desrespeito ao princípio do juiz natural (segundo o qual devem haver regras claras sobre em que vara judicial um caso deve ser julgado). É uma reclamação, por exemplo, da defesa do ex-presidente Lula, que argumenta que seus casos deveriam ter sido julgados na Justiça Federal de São Paulo. Em 2015, o Supremo decidiu desmembrar alguns casos da Lava Jato que não tinham relação com a Petrobras. Na ocasião, o senhor discordou da maioria e defendeu que todos os casos deveriam ficar na vara de Sergio Moro. O senhor reconhece que houve algum erro quando se colocou no sentido de fortalecer a concentração da Lava Jato toda nas mãos do Sergio Moro? O caso envolvia a então senadora do PT Gleisi Hoffmann.

Gilmar Mendes - São tantos casos que já não vou lembrar no detalhe. A discussão toda em torno da competência da 13ª Vara de Curitiba tem a ver com crimes conexos com a corrupção ligada à Petrobras. Houve esse julgamento e houve tantos outros em que o Tribunal vem delimitando, o que fica em Curitiba e o que vai para outras instâncias. Depois tivemos outras discussões sobre crime eleitoral, junto com crimes comuns, em que firmamos a competência da Justiça Eleitoral, em suma, nós temos muitas apreensões em torno desse assunto.

E hoje, nós também fazemos uma autocrítica em relação a essa supercompetência assumida pela 13ª Vara. Nas próprias informações do The Intercept aparece lá uma dúvida do Deltan Dallagnol (chefe da força-tarefa da Lava Jato) se o tal tríplex de fato se encaixaria em questões ligadas à Petrobras. Porque baseia-se numa declaração do Léo Pinheiro (executivo da OAS) que diz que recursos da Petrobras foram vertidos para essa finalidade, mas era algo um tanto quanto precário. Por que que se tratando de dinheiro de corrupção esse dinheiro veio da Petrobras? Em suma, é uma pergunta mais ou menos óbvia, então precisa ser devidamente examinado, essas supercompetências desses juízos quase universais.

BBC News Brasil - Quando o ex-PGR Rodrigo Janot revelou que veio armado ao Supremo (com intenção de matar o ministro), o senhor disse que, em relação a pessoa dele, só podia recomendar que procurasse ajuda psiquiátrica. Dentro desse período que o senhor está dentro do Supremo, qual foi o melhor e pior PGR que o senhor viu atuar do ponto de vista técnico?

Gilmar Mendes - Eu tenho a impressão de que o procurador Antônio Fernando, que foi quem ofereceu a denúncia do Mensalão, teve uma atuação exemplar no Supremo Tribunal Federal. Posteriormente a ele, também o doutor Roberto Gurgel atuou bem, inclusive na conclusão do julgamento (do Mensalão). E fê-lo com moderação, não imaginou aí um protagonismo que levaria a essas tensões dialéticas. Acho que são dois bons procuradores.

Ministro diz que recorrência nas conduções coercitivas o alertou para práticas ilegais em investigações e julgamentos de casos de corrupção

BBC News Brasil - O senhor acha que o Rodrigo Janot pesou a mão um pouco nessa busca por protagonismo, por acirrar os ânimos excessivamente?

Gilmar Mendes - Ali é um momento muito peculiar porque você tem um certo colapso das forças políticas, portanto elas também não têm força para se contrapor à Procuradoria. A Procuradoria se torna um super órgão, naquele momento, com uma força enorme. O próprio Judiciário, e aí esse é o nosso papel e do STJ, também faleceram em muitos pontos no sentido de impor limites às ações do Procurador-Geral. O episódio talvez mais marcante seja aquele caso da homologação da delação do Joesley.

BBC News Brasil - O STF em breve deve decidir novamente sobre a possibilidade de prisão após condenação. O senhor foi um voto determinante no julgamento de 2016, quando mudou seu posicionamento adotado em 2009 para permitir a prisão. Depois o senhor sinalizou que mudou de ideia de novo e que votaria na proposta do presidente Dias Toffoli, de possibilitar o cumprimento da pena apenas após a condenação no STJ (terceira instância). Essa é sua nova posição?

Gilmar Mendes - Esta é uma questão bastante complexa. Que a gente discute e ainda vai continuar rediscutindo por muito tempo. Por que? A despeito do texto constitucional ter consagrado uma regra de que a presunção de inocência só se encerra com o trânsito em julgado da decisão condenatória (quando não há mais recursos possíveis), nós sempre, antes da Constituição de 1988 e depois, tínhamos uma tradição de admitirmos a prisão com a decisão de segundo grau. Nem sempre ocorria, mas quando os juízes determinavam, as pessoas seguiam para a prisão.

Em 2009, houve um julgamento, do qual eu acho que foi relator o ministro (Cezar) Peluso (no STF de 2003 a 2012), em que nós dissemos: temos que exigir o trânsito em julgado (antes de mandar alguém para a cadeia).

Mas aí então se debateu que, em determinados (casos), em segundo grau, se poderia determinar a prisão provisória. E isto ficou mais ou menos pacífico. É claro que, se o réu responde solto, não será em todos os casos que se poderá determinar a prisão (após a condenação em segunda instância). Aí, passamos a ter outra situação, que também não é incomum: um caso, se não me engano, da relatoria do ministro Toffoli que ele levou a plenário, o caso do senador Luiz Estevão. Ele recorreu até o limite, até os embargos de declaração, portanto, muito provavelmente procrastinatórios (com o objetivo apenas de ganhar tempo).

E Toffoli disse 'Olha, falta um dia para a prescrição'. Levou isto ao plenário. E chegou-se à conclusão de que nós tínhamos que decidir. Ou ele decidiu monocraticamente e depois trouxe para plenário para referendo.

E então, o assunto nos acendeu a lâmpada de que precisávamos discutir novamente a questão do segundo grau. E a partir de um caso do ministro Teori foi colocado no plenário este tema. A possibilidade de ser menos duro, mais flexível com a prisão em segunda instância, sem resolver o problema do trânsito em julgado. Então nós chegamos a dizer isso, e eu mesmo cheguei a enfatizar isso num voto, de que, se em segundo grau houvesse a decretação da prisão, e houvesse um absurdo, um fato atípico, essa pessoa poderia recorrer para a terceira instância, STJ, Supremo e tudo mais.

O que aconteceu na vida prática quando o STF deu essa decisão, especialmente no contexto da Lava Jato? Aquilo que nós decidimos que era uma possibilidade, que poderia haver em determinados casos fundamentação para prender alguém a partir da segunda instância, aquilo se tornou algo básico. Passou a ser a regra. O próprio TRF (Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre) expediu uma norma, dizendo que com a decisão de segundo grau ele mandava as pessoas para a cadeia.

Num momento em que os tribunais todos estavam um tanto quanto amedrontados. O STJ não decidia os seus casos, também nós aqui, dependendo da turma não os decidíamos. Então aquilo que nós decidimos como uma possibilidade se tornou uma regra absoluta. Não havia possibilidade de se desvencilhar. Foi aí que eu disse 'nós temos de rever esse critério'.

BBC News Brasil - Mas aí o senhor está convergindo para essa possibilidade de prisão após o STJ?

Gilmar Mendes - Eu estou avaliando essa posição. Mas na verdade talvez reavalie de maneira plena para reconhecer (a possibilidade de prisão apenas depois de) o trânsito em julgado.

BBC News Brasil - Algumas pessoas acham que estas mudanças constantes de interpretação da Constituição geram insegurança jurídica e minam a credibilidade da corte. Como o senhor responde a essas críticas?

Gilmar Mendes - Vocês acompanham cortes do mundo todo. Eu conheço a Corte Suprema inglesa. Nosso sonho de consumo era ter menos processos, e poder fazer avaliações muito mais intensas, escrutínios muito mais demorados sobre os casos. Quando a gente relata o afazer de uma corte como esta, do Supremo… Ontem nós estávamos discutindo a anistia dos cabos da Aeronáutica. Na semana passada estávamos discutindo a questão do prazo e do contraditório nas alegações finais. Na semana anterior tínhamos um outro tema relevante. Quando a gente coloca quatro semanas do Supremo Tribunal Federal brasileiro, parece que nós estamos falando de uma parte significativa da vida de algumas cortes do mundo.

A gente corre aqui maratona em ritmo de 100 metros.

Portanto não é anormal que, diante de uma reavaliação de um caso, nós façamos uma releitura. Acho que temos que fazer até para não deixar que equívocos subsistam.

'A gente corre aqui maratona em ritmo de 100 metros', diz Mendes sobre trabalho do STF na comparação com outras cortes do mundo
BBC News Brasil - Nós temos tramitando aqui no Supremo um inquérito que se dedica a apurar fake news e ameaças contra ministros. O senhor disse ao programa Roda Viva que este inquérito está previsto no Regimento Interno do Supremo, apesar dele ser alvo de críticas. O ministro Dias Toffoli disse no começo da semana que o inquérito vai continuar "enquanto ele for necessário". Não é ruim termos um inquérito que é perene, que pode ser tocado para sempre?

Gilmar Mendes - Não será perene. Como eu disse no Roda Viva, eu tenho aqui inquéritos em relação a alguns parlamentares que já duram 12 anos, ou 14 anos. Portanto este é um inquérito recente e numa circunstância política muito específica. O Supremo Tribunal Federal está sendo alvo de ataques por parte desses autores de fake news. Ameaças, e até ameaças terroristas.

Apareceram planos na deep web de assassinatos de ministros do Supremo.

Foi neste contexto que o ministro Toffoli pensou neste inquérito, que estava aí no nosso regimento antes da Constituição de 1988, portanto é uma norma com força de lei.

E aí tem muita polêmica, mas a polêmica vem de quem? Do Ministério Público, que diz não reconhecer a validade. Até recentemente, o MP não poderia sequer investigar. Fomos nós quem dissemos que o Ministério Público poderia investigar, que ele poderia abrir os próprios inquéritos.

Os inquéritos que são abertos contra parlamentares, somos nós os ministros do Supremo quem os presidimos. Nenhuma dúvida em relação a isso. Então me parece que este inquérito (das fake news) virou uma boa desculpa. Como se todo o problema do Brasil estivesse nesse inquérito. Quando agora vem o episódio do ex-PGR Rodrigo Janot e se coloca essa questão 'ah, eu imaginei matar o ministro do Supremo na sala de togas', o inquérito diz isto: é para (apurar) crimes contra autoridades do Supremo ou crimes praticados no ambiente do tribunal. Veja portanto que nós estamos falando de uma matéria que coincide com aquela consideração.

BBC News Brasil - Mas este é um inquérito sem um fato determinado a ser apurado. São quaisquer fatos (relativos ao STF).

Gilmar Mendes - Os fatos eram mais ou menos difusos. Eram ataques à corte por parte de militantes de partidos políticos, de pessoas que estavam de alguma forma engajadas. Você vê: olhe aí na internet a perfeição dos filmetes contra o Supremo Tribunal Federal. Isto tem dinheiro envolvido. Tem autores. Quer dizer: precisa-se fazer algo neste sentido. E a legislação já permitia.

Por outro lado, se vocês repararem, uma boa parte destes ataques vinha de pessoas ligadas à Lava Jato. A maior parte desses ataques. Tanto é que nós pedimos ao Ministério Público investigações, e elas não ocorriam. Aqui há um grande problema. Então, isto aqui é um contempt of court. É um instrumento de defesa da própria instituição.

BBC News Brasil - Uma das fontes de desgaste da Corte com a população é o entendimento de que ministros agem com frequência de forma monocrática e isso abre margem para interpretações de que esta atuação teria um viés de autodefesa, ou um viés político. Neste caso específico, há uma ação questionando esse inquérito, de relatoria do ministro Edson Fachin. E ele já pediu mais de uma vez que ele seja pautado. O ministro Dias Toffoli se recusa. Não é importante que esta questão vá a plenário para que os 11 decidam?

Gilmar Mendes - Ah sim, mas irá a plenário em momento oportuno. Eu acredito que sim.

BBC News Brasil - Não seria melhor ir logo?

Gilmar Mendes - Mas a pauta do plenário, como você sabe, é uma pauta sobrecarregada. Mas isso irá a plenário logo.

BBC News Brasil - A gente precisa insistir. Quando que o inquérito será finalizado e enviado para o Ministério Público para que ele possa tomar as providências?

Gilmar Mendes - Ele tem mandado partes do inquérito, partes das conclusões ao Ministério Público. Ele fez quebras de sigilo, ele fez análises de contextos. Pessoas que estavam ativas na rede fazendo ataques ao Tribunal tiveram busca e apreensão realizada. Em suma. Isso irá ao Ministério Público. Mas ele não tem nada de extravagante, o inquérito.

BBC News Brasil - Há outro caso em andamento que é o chamado "Caso Queiroz". É um caso que envolve o filho do presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). E que está paralisado aqui por ordem do ministro Dias Toffoli com uma confirmação sua naquela reclamação (apresentada pela defesa de Flávio Bolsonaro contra a continuidade das investigações após a decisão de Toffoli). Depois dessa ordem, as atividades do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) caíram de forma brusca. Só na PF no Rio são 140 inquéritos parados, inclusive um que está relacionado à morte da vereadora Marielle Franco. Foi realmente necessária esta decisão? Não seria importante decidir de forma célere e definitiva?

Gilmar Mendes - Vamos só recontextualizar esta história.

O Brasil lida com o tema do sigilo bancário há muito tempo. Em 2001 se não me engano, ainda na minha época (como advogado-geral da União) no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), aprovou-se uma lei complementar dizendo que o sigilo bancário, em relação à Receita (Federal), ele seria um sigilo transferível. Portanto, a Receita receberia as informações bancárias de quem ela requisitasse. A instituições bancárias não deveriam guardar este sigilo. Transfeririam à Receita. E a Receita faria então o exame, a fiscalização adequada: se alguém tem mais recursos do que declara, e coisas do tipo.

Essa lei ficou muito tempo em vigor. Este entendimento passou a ser aplicado. E nós decidimos isso agora em 2016. Dissemos: esta lei complementar é constitucional.

Neste debate, aí apareceram outras questões. Bom, se a Receita recebe essas informações, com quem ela pode compartilhar? É uma das questões. E se discutiu inclusive o papel do Coaf. Se o Ministério Público pede ao Coaf informações, que tipo de informações o Coaf pode passar ao MP? Então este debate ocorreu.

Mas nós, nesta decisão (de 2016), só decidimos sobre este aspecto. O aspecto de transferência de sigilos que a entidade bancária tem vis a vis a Receita Federal.

Em seguida surgiu esse outro processo do ministro Toffoli, discutindo então estas questões do compartilhamento. A Receita tem as informações bancárias, minhas, suas, e em que hipóteses ela pode facultar o acesso ao Ministério Público? É esse o debate que nós estamos vivendo. E a mesma coisa em relação ao Coaf. O Coaf tem essas informações. Que tipo de informações ele pode passar ao Ministério Público? É essa a discussão.

O ministro Toffoli tem um RE (Recurso Extraordinário) com repercussão geral, e isso espera julgamento já há algum tempo (o recurso chegou ao STF em 2017 e recebeu em 2018 repercussão geral, ou seja, terá impacto vinculante para outros casos semelhantes). Portanto esta matéria (de agora) é diferente daquela outra (de 2016).

E veio este pedido de liminar (de Flávio Bolsonaro). E ele deu a liminar. Para dizer: enquanto não houver deliberação sobre o assunto, ficam suspensos todos os processos que tenham como pano de fundo o Coaf. O que veio a mim foi um pedido de confirmação, uma reclamação (tipo de recurso que se pode fazer ao STF), dizendo: a despeito de ter havido a suspensão naquele processo, os nossos continuam andando. Então o que eu fiz? Eu dei a liminar apenas para esperar o julgamento definitivo da matéria, que está marcado para novembro.


Mendes diz que não vê 'nenhum grave problema' sobre decisões liminares e garante que 'temas estão sendo postos e priorizados' no plenário da corte.

BBC News Brasil - Eu queria insistir neste tema do desgaste da corte por causa de decisões monocráticas. Como o senhor bem lembrou, tem um Recurso Especial com repercussão geral esperando julgamento já há um tempo. Aí, de repente, vem uma liminar do filho do presidente e recebe uma decisão célere. E, ao invés de isto ser levado imediatamente ao plenário, fica aí por vários meses em vigor. Fica a percepção de parte da sociedade de que há um "acordão" que envolve o Planalto, que envolve parte do Senado e parte do Supremo, no sentido de que não avance a CPI para investigar o STF (a chamada "CPI da Lava-Toga"), ao mesmo tempo se seguram as investigações contra o Flávio Bolsonaro. Até para combater essas críticas de politização, não seria melhor levar imediatamente ao plenário?

Gilmar Mendes - A verdade é que, num ambiente conflagrado como o que vivemos no Brasil, as lendas urbanas são livres, não é? Elas têm uma auto-gestação. Surgem de uma maneira muito rápida.

Veja, nós tivemos recentemente, na (Segunda) Turma, o caso das alegações finais. Feito por um réu de um processo lá de Curitiba. Era um caso que a princípio não estava na pauta, mas foi colocada. E o tribunal decidiu como decidiu. E já se está confirmando a matéria no plenário.

Portanto as decisões liminares, estas que suspendem, elas têm um efeito precário. Elas têm um tempo de maturação. Eu não vejo aqui nenhum grave problema.

O que me parece é que a mídia fica por demais excitada, querendo que todos os assuntos sejam resolvidos. E a gente não têm essa capacidade. Mas os temas estão sendo postos e estão sendo priorizados.

BBC News Brasil - Mas é inegável que em alguns casos houve um uso indevido deste expediente (das liminares). Por exemplo o caso do ministro Luiz Fux, que manteve durante quatro anos uma decisão liminar que garantiu o pagamento de auxílio-moradia para os integrantes do Judiciário.

Gilmar Mendes - Sim, este é um caso notório no qual houve uma distorção. Mas nesses outros, não.

É um tanto quanto um ritmo adequado. Muitas vezes nós damos liminares num determinado processo, e depois julgamos o mérito do habeas corpus. Isso acontece todo dia. Então temos que distinguir qual é a liminar que provoca uma distorção do sistema.

E outra: se me chega agora um habeas corpus dizendo que alguém vai ser deslocado, vai para um regime mais rigoroso, e eu entendo que isto talvez possa ser abusivo, eu concedo logo a liminar. Eu vou julgar o mérito na turma. Isto é uma prática.

BBC News Brasil - Uma crítica que dirigem ao senhor é a de que o senhor não costuma se declarar suspeito quando há julgamento envolvendo alguém que o senhor tenha uma relação pessoal, ou pelo fato da sua mulher, Guiomar Mendes, ser sócia de um escritório de advocacia. Como se o senhor soltasse as pessoas por causa dessas relações pessoais. O senhor responde dizendo que nem sempre suas decisões beneficiam essas pessoas. Mas o professor de direito constitucional da Universidade de São Paulo (USP) Conrado Hübner defende que não basta ser imparcial, é preciso também parecer imparcial, para preservar a credibilidade da Corte. Nesse sentido, o senhor não deveria ter uma posição mais conservadora e evitar julgar pessoas com as quais o senhor possa ter algum tipo de relação?

Gilmar Mendes - Aqui há uma questão, do ponto de vista da política judiciária, até bastante interessante. Se nós, por exemplo, que estamos em Brasília, fôssemos nos declarar impedidos ou suspeitos por conhecer as pessoas que estão no poder, não poderíamos julgar o mensalão.

Até um caso que eu conto, mas que é mais ou menos caricato, é o julgamento dos planos econômicos. Alguns (ministros) disseram: 'Eu não posso julgar este caso porque o meu pai tem poupança. Ele pode ser beneficiário'. O que fazer com isto? Nós que somos contribuintes do Imposto de Renda, devemos julgar uma causa sobre Imposto de Renda? Uma causa que reduza o IR, devemos decidir?

É uma bobagem isso.

Ou nós de fato temos condições de aquilatar quais são as situações nas quais há suspeição, e em quais não há. Eu fiz várias leis, vários projetos de lei, enquanto estava no governo. Quando cheguei aqui (ao STF), a jurisprudência do tribunal disse 'você não está impedido em relação a estes projetos de lei'. Portanto eu não estou impedido. Agora, pasmem vocês, como a jurisprudência do tribunal já tinha evoluído, eu declarei inconstitucionais textos que eu havia feito no Executivo. Aí vêm todas estas histórias. 'Ah, o Eike Batista'. Porque o escritório da minha mulher o representa em causas cíveis. Não. Ele veio aqui discutir a questão de um habeas corpus, e eu não estou impedido. Não há este tipo de impedimento.

Eu até acho que, a rigor, se nós começássemos a nos dar por impedidos em todos os processos, em vários processos… 'Ah, conhece um político tal'. Veja, eu estou em governos no Brasil já desde 1990. Conheço uma boa parte da classe política. Que depois veio para cá nesta clientela de mensalão e coisas do tipo. Eu deveria ter me dado por impedido? É muito confortável.

Então as pessoas ficam falando, muitas vezes sem saber como funcionam as cortes do mundo. Imagine uma causa na Suprema Corte americana que em razão disto ou daquilo… eles são nove (juízes), eles tenham que se declarar impedidos. 'Ah, vou discutir um tema sobre poupança ou sobre questão tributária e isto me afeta'.

Qualquer política de governo nos afeta. Há um texto na nossa Constituição, o (artigo) 102, (alínea) n, que diz que nós (Supremo) devemos julgar as causas patrimoniais dos juízes. Por que ele diz isso? Porque supõe-se que o Supremo seja menos suspeito ou impedido. Causas que podem até ser do nosso interesse. Mas supõe-se que nós teremos mais critério.

Então aqui há muita coisa da luta política. O próprio processo do Eike, um mês antes de conceder o habeas corpus, eu tinha negado a ele. E quando neguei, isso não causou incômodo ao Ministério Público. Se eu já estava impedido, eles deveriam ter dito. Só o disseram quando eu concedi. Então é tudo muito engraçado. Eu me divirto.

BBC News Brasil - Como o senhor mesmo disse, o senhor conhece boa parte da classe política, e tem uma influência em Brasília que o senhor cultiva desde a época que era oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores. E hoje em dia, uma busca simples no Google mostra notícias de várias pessoas às quais o senhor seria ligado ou teria participado da indicação. Do ministro Bruno Dantas (do TCU) até um ex-dirigente de Furnas, o Cesar Eduardo Ziliotto. Não é impróprio para um juiz ser percebido como um agente político desta forma?

Gilmar Mendes - Eu acho que há exageros. O Bruno eu conheço há muitos anos, é um funcionário do Senado. Eu não tive nenhuma influência na sua designação. É até nosso professor no Instituto Brasiliense de Direito Público (o IDP, uma faculdade privada de Direito da qual Mendes é sócio). Uma figura de raro talento. Mas ele foi indicado pelo Senado para a vaga do TCU, não por mim.

O Cesar Ziliotto eu vim a conhecer em funções na Itaipu. Não, não o conheço. O que há, como vocês percebem, é um tipo de atribuição a mim, de poderes que eu não tenho.

sábado, 21 de dezembro de 2019

TRATAMENTO PARA CÃES CARDIOPATAS.




“O que faço sem você? Eu não me preparei, não era para você ir tão cedo… Me dá mais beijos, meu amorzinho de pelos (alguém me diz que isso é mentira, por favor)”













No cão, a doença valvular cardíaca adquirida, também conhecida como endocardiose ou doença mixomatosa da válvula mitral, é a causa mais comum de doença cardíaca e de insuficiência cardíaca na população canina. Em alguns casos, pode ser uma condição relativamente benigna e lentamente progressiva, que não progride suficientemente para conduzir ao desenvolvimento dos sinais clínicos. Em outros casos, a doença pode progredir até ao ponto em que os sinais clínicos de insuficiência cardíaca surjam. O desafio para o clinico que se depara com esta doença é o de estabelecer o diagnostico, reconhecer a que fase desta doença progressiva o paciente em questão se encontra e qual o tratamento necessário.
  • A Valva Mitral é responsável por deixar que o sangue passe do átrio para o ventrículo. Quando o coração bombeia o sangue, essa válvula se fecha, impedindo que o sangue retorne para o átrio. Quando ocorre a degeneração dessa válvula, ela não se fecha por completo, fazendo com que volte um pouco de sangue para o átrio. Dessa forma, há menos sangue bombeado para o corpo. Como forma de recompensar, o coração trabalha mais vezes e de forma mais intensa, o que pode acarretar uma insuficiência cardíaca.
Os sintomas são parecidos com o dos humanos, principalmente a insuficiência cardíaca. "Sempre observar se o animalzinho esta ofegante, com cansaço, tosse ou desmaios, caso seja observado estes sintomas, é preciso levar o quanto antes para exames complementares".


Muitos fatores de risco têm sido identificados para as doenças cardiovasculares em cães. As predisposições raciais são reconhecidas na maior parte das doenças cardiovasculares. De uma forma geral, cães de pequeno a médio porte são mais predispostos a sofrerem de doenças valvulares crônicas, enquanto cães de grande porte são mais predispostos a desenvolverem doenças do músculo cardíaco, como a cardiomiopatia dilatada, e também a desenvolverem doenças pericárdicas. A obesidade, a idade e a presença de outras doenças sistêmicas são outros fatores predisponentes para o aparecimento ou agravamento das doenças cardíacas.


  • Exames complementares vão além da auscultação cardiaca, que consiste em usar o estetóscópio para ouvir os batimentos do pet. Radiografia de torax,  eletrocardiograma e ecocardiograma


Por muitos anos o papel da nutrição no manejo da doença cardíaca consistiu primariamente da alimentação com dieta restrita em sódio. Diante de uma insuficiência cardíaca, na tentativa de manter a pressão arterial e a perfusão tecidual, são ativados mecanismos compensatórios clássicos, como sistema nervoso simpático e o sistema renina angiotensina-aldosterona. A constante ativação desses mecanismos é deletéria, gerando quadros de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) pela sobrecarga cardiovascular sustentada, com consequente congestão venosa e ao acúmulo de fluidos. Desta forma, uma dieta restrita em sódio era necessária como um auxílio à redução da pré-carga e ao controle do acúmulo de fluidos na ICC, devido principalmente ao número limitado de medicamentos disponíveis para tratamento.



  • A maior parte do tratamento é focado na dieta, que quando feita com rações específicas para cães com insuficiencia cardíaca, pode prolongar a vida do cachorro e quase zerar os sintomas da doença. Também não é possível evitar a cardiopatia em cães , já que ela é a incapacidade do coração de bombear sangue, e isso significa que qualquer pet pode desenvolvê-la. 

  • São 4 remédios . Dois deles são diuréticos que ajudam a controlar a quantidade de líquido no corpo de forma a não sobrecarregar o coração. Os outros dois têm como função melhorar o funcionamento do coração. Um deles controla os batimentos cardíacos para que ele não trabalhe tanto e o outro ajuda no processo de contração. Todos esses medicamentos juntos, evitam que o coração se altere ou mude de forma, já que sem eles o coraçãozinho do animal tem que trabalhar além da conta.

 
Em geral, o manejo dietético de cães cardiopatas depende dos sinais clínicos e estágio da insuficiência cardíaca. Na recente classificação proposta pelo American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM), na classe A, evidencia-se alto risco de desenvolvimento de doenças/ insuficiência cardíaca, mas não há sinais clínicos e alterações estruturais. Nesse estágio nenhuma terapia é indicada, mas o monitoramento é importante. Na classe B, incluem-se cães que apresentem alteração cardíaca estrutural, mas sem sinais clínicos de insuficiência cardíaca. Nesse estágio há a subclasse B1, na qual o tamanho cardíaco permanece normal, enquanto que na subclasse B2 evidencia-se remodelação (cardiomegalia). O estágio C inclui cães com sinais clínicos de insuficiência cardíaca atual ou previamente tratada. Uma vez que o cão atinja esse estágio, ele não pode retornar ao B, e então, o alimento coadjuvante específico para cães cardiopatas deve ser mantido ao longo da vida. Na classe D, incluem-se cães com sinais clínicos de ICC, mas que são refratários a "terapia padrão". Estes cães necessitam de tratamento de suporte mais agressivo.


  • Tosse, cansaço, apatia, prostração, desmaios e cianose (língua roxa) podem ser alguns dos sintomas de doença cardíaca. Podendo haver crises espaças, os tutores costumam demorar para buscar um diagnóstico. “Ah, meu cachorro tosse, mas quando ele fica quietinho, passa”, muitos dizem. É exatamente aí que começa o erro.

Pesquisas recentes reconhecem os efeitos benéficos da implementação precoce de um suporte nutricional em pacientes com anomalias cardíacas. A suplementação de certos nutrientes, tanto para se corrigir uma deficiência quanto para proporcionar efeitos farmacológicos, pode promover grandes benefícios para animais com doença cardíaca. 


A nutrição pode modular cardiopatia por meio da diminuição de sua progressão e da minimização do número de medicamentos necessários, promovendo qualidade de vida ou, em casos raros, atuando na cura da doença. 

Portanto, atenção à dieta em todos os estágios da doença cardíaca é essencial para a otimização dos cuidados aos pacientes cardiopatas. Por meio da utilização de nutrientes chave, a intervenção dietética procura fornecer quantidades ótimas de energia, minimizar o estresse oxidativo, reduzir a inflamação, manter o equilíbrio eletrolítico e melhorar a performance cardíaca.

  • Um cão com doença cardíaca deve, portanto, consumir menos sal. Tenhamos claro, aqui, que menos sal não é sinônimo de nenhum sal. A total ausência de sal na dieta também é prejudicial, pois pode, também (adivinha?), ativar os mesmos mecanismos compensatórios que estamos tentando conter. Estranho, mas é verdade: ao notar que o indivíduo não está consumindo sal, o corpo irá se esforçar ao máximo para “segurar” o que tem…

  • MAS QUANTO SAL?

  • Infelizmente, ainda não há um consenso quanto a isso. Não estão estipulados, ainda, valores mínimos ou máximos que um cão deve consumir, seja em condições normais, seja com doença cardíaca. Alguns estudos têm sugerido que, para cães com insuficiência cardíaca leve, é indicado que o sódio represente de 0,15% a 0,25% da matéria seca ingerida, e de 0,08% a 0,15% para cães com insuficiência cardíaca avançada.

  • Para se ter uma comparação com as dietas comerciais específicas para cães cardiopatas disponíveis no Brasil, temos que:


  • A Royal Canin Early Cardiac Canine (seca) contém 0,16% de sódio;

  • A Hill’s Prescription Diet h/d contém 0,08% de sódio;

  • A Equilíbrio Veterinary Cardiac contém 0,2% de sódio;

  • A Premiatta Canine Cardiac contém 0,06% de sódio;

  • A Premier Nutrição Clínica Cardio Cães contém 0,15% de sódio.


 
Os pontos principais do manejo nutricional do cão cardiopata consistem em manter o do peso ideal por meio de uma ingestão adequada de alimentos e de calorias; evitar excessos e deficiências nutricionais, prevenindo principalmente o fornecimento excessivo de sódio e cloro e fornecer adequadamente nutrientes que contribuem com a melhora da função cardíaca.
  •  ATENÇÃO AOS PETISCOS Muita gente esquece de levar em consideração o sódio que está (muito) presente nos petiscos dados aos cães, sejam eles “bifinhos”, ossinhos, biscoitos, “molhos” ou patezinhos adicionados à ração, ou restos de alimentação humana. Ainda que não seja proibido fazer alguns “agradinhos” ao cão cardiopata, lembre-se de que petiscos também são alimentos e também contêm sódio, sendo capazes de, por si só, sabotar toda uma dieta equilibrada (que nem a gente!), seja ela composta por alimentos comerciais ou feitos em casa. 

  • Por esta razão, os petiscos devem ser dados com moderação, e preferencialmente devem ser selecionadas opções com menos sal, como frutas ou alimentos preparados em casa com menor quantidade de sal. Se o “agrado” for para melhorar a aceitação da ração, vale a pena tentar outras marcas de ração, ou mesmo passar para a dieta caseira orientada por um nutricionista veterinário. Outra opção ainda é utilizar, como “tempero” para a ração seca, os alimentos úmidos próprios para cardiopatas (como os da Royal Canin e da Hill’s).


A manutenção da condição corporal ótima é de importância primária. Embora a obesidade possa ser um problema, cães com ICC comumente apresentam perda de peso designado como caquexia cardíaca. Em animais saudáveis que ingerem menos calorias do que necessitam (dieta para perda de peso, por exemplo), a reserva corporal de gordura serve como fonte primária de energia. Já em um cão com ICC, ocorre a perda da massa magra uma vez que os aminoácidos liberados dos músculos são fonte primária de energia. A caquexia cardíaca é um processo multifatorial causada pelos efeitos adversos da anorexia, aumento das necessidades energéticas e alterações metabólicas como a elevação de citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral e a interleucina-1, correlacionados com a severidade da caquexia e menor sobrevida.
 
Para suprir as necessidades em energia, deve-se considerar tanto o escore de condição corporal como o grau de caquexia cardíaca. O objetivo é o de fornecer adequada ingestão calórica de modo a prevenir tanto a obesidade como a emaciação, enquanto preserva, em simultâneo, a massa muscular corporal.
 

A gordura do alimento é fonte de energia e fornece duas vezes mais energia que proteínas e carboidratos, além de fornecer ácidos graxos essenciais e conferir maior palatabilidade ao alimento. 

O ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA) são ácidos graxos essenciais derivados de fontes marinhas e seus efeitos combinados visam à redução da ação dos mediadores pró-inflamatórios. Estudos revelaram que cães com ICC apresentavam diminuição das concentrações de EPA/ DHA plasmáticas em comparação com cães saudáveis. Um estudo recente revelou que o EPA/ DHA derivado de óleos de peixe administrado durante um período de seis semanas reduziu a severidade e frequência de arritmias em cães da raça Boxer que sofrem de cardiomiopatia ventricular direita arritmogênica.

  • TAURINA
  • ARGININA
  • L-CARNITINA
  • VITAMINAS E e C
  • MAGNESIO
  • DRIBOSE

 
Restrição proteica não deve ser recomendada, a menos que uma doença renal seja identificada. Assim, a dieta deve fornecer quantidades adequadas de proteinas de alta digestibilidade para preservar a massa muscular corporal. Um aminoácido não essencial para o cão, mas bastante conhecido pelo seu poder antioxidante no organismo é a taurina. Ela é um nutriente chave no tratamento de certas cardiomiopatias. Certas raças são mais predispostas à deficiência desse nutriente. Contudo, a taurina provou apresentar efeitos inotrópicos positivos em animais com insuficiência cardíaca experimentalmente induzida, o que sugere que sua suplementação pode ser benéfica em pacientes com doença cardíaca que não possuam somente deficiências em taurina. Já a arginina é um aminoácido essencial e percursor da síntese endógena de óxido nítrico, responsável pela manutenção do tônus vascular normal. A disfunção endotelial tem sido relacionada em cães e humanos com ICC. A suplementação de arginina parece melhorar o trabalho cardíaco em pacientes com doença cardíaca.
 
A carnitina é uma amina quaternária composta por dois aminoácidos essenciais, a lisina e a metionina e está presente em altas concentrações nos músculos esquelético e cardíaco. A L-carnitina (forma biologicamente ativa) funciona como um veículo de transporte de ácidos graxos do exterior para dentro da mitocôndria. Em determinadas raças (Boxers, Doberman Pinschers e Cocker Spaniels Americanos) foram relatadas deficiências miocárdicas em carnitina, mas na grande maioria destes casos, os níveis plasmáticos de carnitina estão dentro dos limites normais. Estas evidências sugerem a possível existência de um defeito no transporte de membrana que impede a L-carnitina de entrar no interior das células miocárdicas. De uma forma geral, ao fornecer a L-carnitina na dieta pode-se melhorar a produção de energia e o desempenho da função miocárdica.
Vários outros nutrientes estão relacionados com a função cardíaca e devem ser considerados. Em cães com insuficiência cardíaca, independente da causa, há um aumento do estresse oxidativo e redução de antioxidantes, particularmente de vitamina E. Essas alterações sugerem um desequilíbrio entre dano oxidativo e proteção por antioxidantes em cães com ICC, culminando com a produção de radicais livres que possuem efeitos citotóxicos e inotrópicos negativos. Desta forma na dieta desses animais recomenda-se a adição de antioxidantes como a vitamina E e C, entre outros.
 
A hipomagnesemia associada ao uso de certos medicamentos pode potenciar as arritmias cardíacas, diminuir a contratilidade cardíaca e contribuir para a fraqueza muscular. Este fenômeno é, com frequência, observado em cães de raça Cavalier King Charles Spaniel. Pacientes cardiopatas devem receber dietas com adequada concentração de magnésio. Com relação ao potássio, uma maior quantidade para compensar às perdas urinárias secundárias a terapêutica diurética, não é mais necessária. Com o uso de inibidores da ECA, que aumentam a absorção renal de potássio, as dietas específicas para cães cardiopatas devem conter níveis moderados de potássio para evitar tanto a hipocalemia quanto a hipercalemia compatível com a terapia.


- Sem transgênico;
- Ração super premium terapêutica indicada para cachorros com doenças cardíacas;
- Alimento coadjuvante úmido para cães
- Alta Palatabilidade: Os animais que sofrem de doença cardíaca apresentam normalmente um apetite baixo e uma perda de peso.
- L-Carnitina e Taurina: Indispensável para o funcionamento dos miócitos favorecendo a contração cardíaca;
- Balanço Eletrolítico: O balanço eletrolítico é importante para compensar os efeitos da hipomagnesemia e hipocalemia em pacientes cardíacos;
- Baixo Sódio (0,16%): Os regimes com baixo sal interrompem a retenção de água e sódio nas doenças cardíacas.

- Este produto possui Satisfação Garantida. Saiba mais abaixo na descrição.

A Ração Royal Canin Lata Canine Veterinary Diet Cardiac Wet para Cães - 410 g, possui nutrientes essenciais para o bom funcionamento do músculo cardíaco. Com um nível moderado de fósforo para preservação da função renal. Níveis de potássio, magnésio e sódio adaptado para insuficiência cardíaca crônica.



Em adição a terapia médica, as modificações nutricionais são importantes componentes do protocolo de tratamento para cães cardiopatas. Indica-se o alimento coadjuvante Royal Canin Cardiac Canine para cães com manifestações clínicas de ICC (classificação C proposta pela ACVIM). Contudo, o alimento Royal Canin Cardiac Canine pode ser instituído a partir do estágio B2, considerando não somente a redução nos teores de sódio, mas também a prevenção da caquexia e os potenciais benefícios de vários nutrientes para a função cardíaca. O fornecimento de uma dieta de alta palatabilidade e densidade energética mantêm o apetite e evita a caquexia. 

Fornecer refeições pequenas e mais frequentes e até mesmo garantir que o alimento esteja em temperatura próxima a corporal são dicas importantes que favorecem a ingestão do alimento.



Royal Canin Early Cardiac EC26




- Hipertensão. - Insuficiência cardíaca primeiras fases. - Insuficiência cardíaca fase 1 a 3. - Insuficiência cardíaca fase 4. - Insuficiência cardíaca últimas fases. 

Contra-indicações: - Gestação. - Lactação. - Pancreatite. - Hiperlipidemia. 



Autora: Fernanda Kroll  - Coordenadora Técnica Regional Royal Canin


Com a idade, a capacidade de digerir proteínas tende a diminuir, por isso é importante que as proteínas oferecidas na dieta sejam de alta qualidade e fácil digestão. No caso das doenças cardíacas, o consumo de proteínas se torna ainda mais importante, já que os animais nesta condição tendem a perder massa magra (músculos) e entrar em caquexia. Estudos indicam que alimentos comerciais com um teor de 15 a 23% de proteína na Matéria Seca oferecem quantidade suficiente de proteína aos cães idosos.
A restrição de proteínas apenas é recomendável nos casos de doença renal instalada. A redução na quantidade de proteínas ingeridas em pacientes (cujos rins são) saudáveis não previne ou retarda o eventual aparecimento de doença renal, e pode ter efeitos negativos na saúde do cão.
Medicamentos



Boehringer Ingelheim Saúde Animal lança Vetmedin®, tratamento inovador para insuficiência cardíaca em cães

Vetmedin®: Mais coração, mais tempo, mais qualidade de vida

A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é um problema comum em cães, podendo acometer até 10% da população canina. Existem diversas causas de ICC nesses animais, porém as mais comuns são as alterações valvares e os problemas da musculatura cardíaca (cardiomiopatias). Ambos os problemas provocam deficiências na entrega do sangue ao organismo e, portanto, comprometem a entrega de nutrientes e oxigênio para manter a energia necessária para as células.

Sintomas como cansaço, fadiga, tosse e falta de ar são comuns.

A fim de proporcionar mais tempo de vida com qualidade para os pets, a Boehringer Ingelheim Saúde Animal, uma das líderes mundiais do setor, lançou o Vetmedin®, uma solução inovadora disponível na forma de comprimidos sulcados (divisíveis) e palatáveis- opção mais prática e segura, porque facilita a administração da dosagem auxiliando o trabalho dos médicos-veterinários e melhorando a adesão ao tratamento por parte dos tutores.

Vetmedin® possui como princípio ativo o Pimobendan, um inodilatador de ação dupla: promove a vasodilatação mista, ou seja, o aumento do diâmetro de artérias e veias e também aumenta a força de contração do coração (efeito inotrópico positivo), possibilitando que o sangue seja bombeado com maior facilidade.

O Vetmedin® proporciona melhora clínica do animal, prologando o tempo e melhorando a qualidade de vida dos cães com ICC.

Vetmedin® está disponível em embalagens com 50 comprimidos de 5 mg e de 1,25 mg.

Consulte um médico-veterinário

Muitas outras vitaminas e micronutrientes também desempenham papeis importantes no tratamento nutricional de doenças cardíacas em cães. A vitamina B (folato, B6 e B12), magnésio e compostos que contêm bioflavonóides (BILLMAN, 1999). 



A IMPORTÂNCIA DO MAGNÉSIO



Acredita-se que o magnésio tenha efeito cardioprotetor em cães, devido ao seu efeito antiarrítmico e ações antitrombóticas; porém, ainda não se sabe uma dose segura em medicina veterinária (THAMER, 1997). Algumas drogas, como a digoxina e os diuréticos de alça podem causar hipomagnesemia; assim, a dieta de cães cardiopatas deve conter no mínimo 10mg/100kcal. 

Em pacientes alimentados com dietas comerciais com níveis reduzidos de sódio, a dose necessária para reposição de magnésio pode variar de 9 a 40mg/100kcal (FREEMAN; RUSH, 2006). Durante a prescrição de medicamentos para cães cardiopatas, muitos médicos veterinários que associam o tratamento com furosemida, ficam despreocupados em relação á deficiência de vitamina B, que pode ocorrer devido á eliminação via urina de vitaminas hidrossolúveis secundárias a administração de diurético; Nesses animais, a exigência nutricional de vitaminas do complexo B é imensamente maior (FREEMAN; RUSH, 2006). 

Para compensar a perda urinária excessiva dessas vitaminas, as dietas terapêuticas comerciais destinadas à cardiopatas, já são enriquecidas com quantidade suficiente de vitaminas hidrossolúveis. (NAKBI et al., 2010). 



Quando o coração bate menos de 50 ou mais de 100 vezes por minuto é sinal de que existe uma arritmia. Algumas delas são congênitas, outras estão ligadas ao uso excessivo de certos medicamentos, e também podem ser desencadeadas por falta de magnésio no corpo. É que esse mineral participa das contrações do miocárdio, o músculo cardíaco.


“O coração possui um complexo sistema elétrico responsável por suas contrações”, afirma o cardiologista Enrique Pachón, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo.

“Ele apresenta um sistema condutor dos sinais elétricos, que os distribui a todas as células cardíacas de forma rápida e uniforme.” É aí que entra o magnésio: para gerar o sinal, as células precisam de minerais como fósforo, potássio, cálcio e magnésio.

Argila e cloreto de magnésio são, a meu ver, insubstituíveis por sua simplicidade de aplicação, sua importante eficácia e seu baixo custo. Você conhece esse remédio maravilhoso, simples, não tóxico e barato? Ele permite que você cure a você mesmo e a seus animais por alguns poucos reais, mesmo quando os antibióticos parecem não resolver. Trata-se de um remédio muito fácil de encontrar, é vendido sem receita, em qualquer farmácia.

Pouco ou mal conhecido, (diria mesmo desconhecido, ) o cloreto de magnésio normalmente permite obter resultados rápidos e espetaculares, inclusive em alguns casos de patologias graves ou agudas, e em um bom número de doenças infecciosas.

Fácil de preparar, simples de tomar, barato, esse remédio pode evitar os problemas mais graves. Assim, um gato em contato com outro que tenha Leucopenia - essa doença terrível similar à leucemia, que dizima a população felina - poderá facilmente estar protegido de eventual contaminação, se consumir diariamente na sua comida um pouco de cloreto de magnésio.
Importante saber que esse produto tem efeito ligeiramente laxativo. Se você lhe ministrar demais, pode acontecer um pequeno acidente; mas em geral seu animal não terá dificuldade de reter; não interrompa o tratamento por causa disso. Considere como normal e de bom augúrio as fezes moles de seu gato ou cão no início do tratamento; logo as coisas se regularizarão sozinhas.
Preparação
Nada mais simples. Você encontrará o cloreto de magnésio em sachês de 20 gramas ( no Brasil, em média 33 gramas).Diluir o conteúdo de um sachê em um litro de água pouco mineralizada, e está pronta a solução para ser utilizada. Ela se conserva muito bem, mesmo sem geladeira. Melhor ter sempre alguns sachês à mão, para evitar atravessar a cidade domingo à noite procurando uma farmácia aberta.
USO INTERNO
Ministrar uma dose da solução (de acordo com o peso do animal) de uma a seis vezes ao dia, de acordo com o caso (ver adiante). Pode-se ministrar a solução diretamente ou misturar na comida ou bebida.
1 - se desejamos apenas um efeito preventivo (fadiga, epidemia ou outro) geralmente é suficiente tomar uma dose pela manhã ou à noite durante alguns dias.
2 - Em caso de doença aguda (febre, todas as infecções,) é aconselhável começar por duas ou três doses com 3 horas de intervalo; depois uma dose a cada 6 horas durante 48 horas; em seguida a cada 12 horas (de acordo com o estado do animal). Finalmente, apenas uma dose ao deitar durante uma semana, para restaurar a imunidade.
3 - Em casos de distúrbios benignos sem febre, podemos nos contentar com uma dose, uma ou duas vezes ao dia. Sempre prosseguir alguns dias após o desaparecimento dos sintomas.Como poderá constatar, esse tratamento é simples, pode ser levado sem problemas em viagens, porém muito eficaz. Ele combina muito bem com tratamento homeopático ou outro, se necessário.


Posologia
- Gato filhote: (10 cc ou respeitando o ritmo (uma a seis vezes por dia)
- Gato adulto: 20 cc à uma colher de café por dose.
DOENÇA DOS GATOS JOVENS: TIFO (LEUCOPENIA)
Por ser um vírus muito contagioso, é a doença mais mortal nos felinos não vacinados (e mesmo entre os vacinados). O método citofilático traz excelentes resultados, mesmo que aplicado tardiamente. Porém, evidentemente melhor os tratar desde os primeiros sintomas.
Uma ou duas colheres de café da solução cada 2 ou 3 horas no primeiro dia, depois 2 ou 3 vezes por dia conforme for melhorando, até o restabelecimento definitivo.
GASTRO-ENTERITE INFECCIOSA
Também nessa doença o cloreto de magnésio faz maravilhas quando ministrado uma colher de café (duas, se o tratamento vier tardiamente) a cada 3 horas até a melhora dos sintomas; depois apenas uma colher de café 2 ou 3 vezes por dia até o completo retorno à normalidade.Todas as outras doenças podem ser tratadas da mesma forma.
A COENZIMA Q-10

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Peça ao seu veterinário para fazer essa fórmula sublingual para o seu cãozinho. Administre depois das refeições.




1.3.4.5 VITAMINA E

Em animais portadores de insuficiência cardíaca, independente da causa subjacente, há um aumento do estresse oxidativo que provoca redução de determinados
(REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN 1679-7353 Ano XVI - Número 32 – JANEIRO de 2019 – Periódico Semestral )agentes oxidantes, principalmente a vitamina E. 

Essas alterações sugerem um desequilíbrio entre o estresse oxidativo e a defesa antioxidante em cães com insuficiência cardíaca congestiva (GIANNICO et al., 2013). Atualmente, recomenda-se a administração terapêutica de alfa-tocoferol, que é a forma biologicamente ativa da vitamina E. Para animais diagnosticados ou com alto risco para desenvolver doença cardíaca, a dose recomendada é de 200 a 500 UI diariamente (DOVE, 2001). 

A vitamina E é administrada normalmente por via oral na sua forma ativa (alfatocoferol), e tem demonstrado ter um efeito benéfico, por prevenir a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade e promover dilatação da artéria coronária (GIANNICO et al., 2013).

1.3.4.6 COENZIMA Q10

A coenzima Q10 (CoQ10) é uma quinona lipossolúvel indispensável à inúmeras funções relacionadas ao metabolismo energético (TIANO et al., 2007). Além de apresentar função antioxidante, desempenha atividades importantes em processos celulares, sintetizando adenosina trifosfato (ATP) e no transporte de elétrons e fosforilação oxidativa, encontra-se na membrana interna das mitocôndrias. (BONAKDAR; GUARNERI, 2005).

Existem estudos que demonstram que a CoQ10 preserva as alterações funcionais e estruturais do coração, associadas à isquemia e reperfusão (MORTENSEN, 2003). Alguns estudos revelam que a melhora clínica está diretamente relacionada com a utilização de doses mais elevadas, e a CoQ10 pode ser absorvida com sucesso por via oral no trato gastrointestinal, aumentando sua concentração sanguínea, tecidual e nos órgãos (GIANNICO et al., 2013).



Gorduras
Apesar de a obesidade por vezes acometer os pacientes idosos, nos cardiopatas muitas vezes o problema acaba se tornando justamente o contrário: a insuficiência cardíaca faz com que o corpo gaste mais energia, e, portanto, não raro estes animais entram num estado de caquexia.
As gorduras aumentam a densidade calórica nos alimentos, ou seja: quando há gorduras, menores quantidades de alimentos contêm mais calorias. Elas também tornam os alimentos mais palatáveis (gostosos). Este detalhe é importante, visto que, com a idade, os cães perdem parte da sua capacidade de sentir os sabores, e seu apetite tende a diminuir (o apetite pode estar aumentado em certas condições, como na Síndrome de Cushing). Assim, as gorduras ajudam o cão a ingerir a quantidade adequada de calorias e a diminuir a chance de que ele se torne caquético.
Ácidos Graxos Ômega 3
Os ácidos graxos ômega 3, presentes, por exemplo, no óleo de peixe, têm demonstrado inúmeros efeitos benéficos em cães cardiopatas: eles ajudam a reduzir a arteriosclerose, a trombose, e a corrigir a hipertensão, arritmias e hiperlipidemia (excesso de gorduras e colesterol no sangue), podendo inclusive diminuir a ocorrência de mortes súbitas por arritmias cardíacas. O óleo de peixe deve ser adicionado à dieta por pelo menos 6 semanas antes de os resultados se tornarem mais evidentes.
Antioxidantes
Os antioxidantes podem ser diversas substâncias, entre vitaminas, minerais, enzimas, e até mesmo os ácidos graxos ômega 3 que citamos acima. Nesta categoria, se destaca a vitamina E, que pode até mesmo ajudar a prevenir doença cardíaca em animais propensos, e a diminuir os efeitos maléficos da ICC.

Quando o cão começa a demonstrar sinais leves de insuficiência cardíaca, com intolerância a exercícios e cansaço, por exemplo, é que a dieta especial deve ser iniciada. Neste momento inicial, mesmo algumas rações para idosos podem ser suficientes para auxiliar no controle da doença. Converse com o seu veterinário sobre a ração específica que você dá ao seu cão; como existem muitas fórmulas, e nem todas são adequadas para cardiopatas, é importante saber se você pode continuar com a mesma ração ou deve mudar.

Quando os sinais de insuficiência cardíaca se tornam óbvios, especialmente se o cão já chegou a “descompensar” (apresentar ascite ou edema pulmonar, por exemplo) a dieta definitivamente deve ser específica para cardiopatas, seja a ração especial ou a dieta caseira prescrita pelo nutricionista veterinário. Como vimos acima, as diferentes rações especiais contêm diferentes teores de sódio, e por isso algumas podem ser mais indicadas nos estágios mais iniciais da doença, enquanto outras devem ser reservadas para os estágios mais avançados.

Se o seu cãozinho tem insuficiência cardíaca e está em tratamento, não perca tempo: comece logo a dieta dele, e pergunte ao seu veterinário se ele pode se beneficiar com o uso de alguma suplementação. Assim, você irá ajudá-lo a ter mais qualidade de vida por muito mais tempo, e com menos remédios!
O MEU CÃO VELHINHO ADVERTE: a dieta não substitui o tratamento medicamentoso prescrito pelo médico veterinário, ela serve coadjuvante ao tratamento; quando feita corretamente, pode reduzir a necessidade do uso de drogas. Não reduza ou retire medicações sem a devida orientação veterinária.


Para amparar os animais com o problema, a farmacêutica Boehringer Ingelheim está trazendo ao Brasil um medicamento capaz de postergar o avanço do quadro e os seus efeitos negativos. Ao ajudar o coração a bombear o sangue, o remédio em forma de tabletes mastigáveis prolonga os anos pela frente e melhora a qualidade de vida.

A D-RIBOSE


O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE D-RIBOSE?




Quem faz atividades físicas certamente já experimentou as dores musculares no dia seguinte. Isso acontece porque os níveis de energia baixam muito depois de fazer exercícios de musculação ou movimentos que desencadeiam uma fadiga muscular.


Trifosfato de adenosina, adenosina trifosfato ou simplesmente ATP, é um nucleotídeo responsável pelo armazenamento de energia em suas ligações químicas. É constituída por adenosina, um nucleosídeo, associado a três radicais fosfato conectados em cadeia. A energia é armazenada nas ligações entre os fosfatos. 
molécula atua como uma moeda celular, ou seja, é uma forma conveniente da transformação da energia. A molécula ATP armazena energia proveniente da respiração celular e da fotossíntese, para consumo imediato. Seu aproveitamento é feito associando a remoção de seu grupo fosfato terminal aos processos que requerem energia. Desta forma, a energia química armazenada no ATP pode ser utilizada em processos químicos (biossíntese), mecânicos (contração muscular), elétricos (condução de estímulo nervoso), osmóticos (transporte ativo através de membranas), luminosos (bioluminescência) e etc[2]. Sua energia não pode ser estocada, seu uso é imediato, energia pode ser estocada na forma de carboidratos e lipídios 
  • As principais formas de produção do ATP são a fosforilação oxidativa e a fotofosforilação. Um radical fosfato inorgânico (Pi) é adicionado a uma molécula de ADP (adenosina difosfato), utilizando energia proveniente da decomposição da glicose (na fosforilação oxidativa) ou da luz (na fotofosforilação).
  • Existem enzimas especializadas no rompimento desta mesma ligação, liberando fosfato e energia, usada nos processos celulares, gerando novamente moléculas de ADP. Em certas ocasiões, o ATP é degradado até sua forma mais simples, o AMP (adenosina monofosfato), liberando três fosfatos e uma quantidade maior de energia.
  • Estima-se que o corpo humano adulto produza o próprio peso em ATP a cada 24 horas, porém consumindo outros tantos no mesmo período.[3] Se a energia gerada na queima da glicose não fosse armazenada em moléculas de ATP, provavelmente as células seriam rapidamente destruídas pelo calor gerado.

Para recuperar a energia empregada nesses treinos ou movimentos contínuos o organismo precisa criar a ATP (adenosina trifosfato), substância central para a respiração celular e produção de energia, sem ATP a produção energética é muito menor.

Nessa cadeia de reposição a D-Ribose é o principal fornecedor de energia e atua como matéria-prima essencial para a formação de ATP. Cada célula no corpo humano produz esta molécula de açúcar simples (uma pentose, com 5 átomos de carbono, ao invés do açúcar que é uma hexose, com 6 átomos de carbono), mas apenas muito lentamente e em graus variáveis, dependendo do tecido.

Até 1944, pensava-se que a D-Ribose seria um componente estrutural principalmente do DNA e RNA com pouco significado fisiológico. Mas uma série de estudos, culminando em 1957, revelou que esta molécula de açúcar desempenha um papel intermediário em uma reação metabólica importante chamada da via de pentose fosfato. Esta reação é central para a síntese de energia, a produção de material genético (RNA e DNA), e para proporcionar as substâncias utilizadas por certos tecidos para fazer os ácidos graxos e hormônios.

Alguns órgãos do corpo humano também se encarregam em produzir a D-Ribose, mas assim como o fígado, o coração, cérebro e tecidos musculares produzem apenas o suficiente para servir o seu propósito.

Infelizmente, as células não possuem a maquinaria metabólica para produzir D-Ribose rapidamente quando estão sob estresse metabólico tal como a privação de oxigênio (isquemia) ou após atividade física extenuante (como correr longos percursos). Quando os déficits de fluxo de oxigênio ou sangue são crônicas, como na doença de coração, os tecidos não conseguem produzir D-Ribose suficiente. Desta forma, os níveis de energia celular se esgotam.

Na alimentação, a carne vermelha, particularmente a vitela, contém a maior concentração de D-Ribose, mas para fornecer qualquer suporte nutricional significativo deve ser associada a uma suplementação da substância, especialmente para os indivíduos doentes.

D-Ribose e atividade física

Muitas pessoas simplesmente têm dificuldade para reunir a energia necessária para iniciar e manter um programa de atividade física. Um estudo descobriu que o cansaço físico induzido pelo exercício foi o motivo mais importante das pessoas pararem suas atividades físicas. Isso é compreensível, exercício vigoroso pode reduzir os níveis musculares de ATP em até 20%, com um período de recuperação de até 72 horas quando os músculos foram trabalhados duramente.

O “esgotamento” sentido por muitos de nós após exercícios extenuantes também é causado pelo vazamento de produtos de degradação do ATP dos músculos na corrente sanguínea. Mais uma vez, D-Ribose é vital para manter nossas reservas de energia nos músculos. E isso pode significar menos “esgotamento e dor” e mais entusiasmo para o próximo treino.

Fisiologistas do exercício mostraram que a suplementação com D-Ribose aumentou a quantidade total de ATP produzido por até quatro vezes, proporcionando uma “reserva” substancial de energia que poderia ser utilizada quando necessário. E quando fisiologistas em Missouri, providenciaram D-Ribose para músculos trabalhando, demonstraram um aumento de seis vezes na taxa em que os componentes de ATP foram reciclados para o uso (reciclagem de ATP é muito mais rápida e mais eficiente do que a construção a partir do zero).

Estudos dinamarqueses demonstraram que o músculo humano perde ATP após o exercício extremo da mesma forma como em modelos experimentais, e também observaram que os músculos exaustos levaram mais tempo para repor os seus níveis de ATP do que os músculos descansados. Isto levou ser especulado que a suplementação velocistas humanos com D-Ribose pode acelerar a recuperação dos níveis de ATP dos músculos.

Em 2004, foi publicado um artigo de referência mostrando que, realmente, suplementos de D-Ribose ingerido diariamente, três vezes, por três dias após o treinamento de corrida extrema, devolvia os níveis de ATP normais dentro de 72 horas, enquanto os que receberam placebo permaneceram com as taxas diminuídas. É importante notar aqui que, neste estudo, assim como em muitos outros, os suplementos de D-Ribose não aumentam a força ou a hipertrofia muscular. A restauração dos níveis normais de ATP após “trabalho intenso” dos músculos provavelmente reduzirá o esgotamento que as pessoas muitas vezes experimentam após um treino intensivo ou quando começam a fazer atividade física.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE D-RIBOSE

Fadiga e exaustão ocorrem frequentemente como um resultado de depleção de uma molécula vital chamada de ATP no músculo humano.

O músculo muito usado ou lesado é particularmente vulnerável a baixa oferta de ATP e é mais lento para recuperar esses níveis.

Uma molécula de açúcar simples, D-Ribose, é um dos principais componentes de ATP. Quanto mais D-Ribose esteja disponível, mais rápido os níveis de ATP voltarão ao normal.

A suplementação de D-Ribose foi comprovada que serve para aumentar a função do músculo cardíaco após ataques cardíacos, e para melhorar bombeamento de sangue em pessoas com insuficiência cardíaca congestiva. Este efeito cardíaco pode ser ampliado se associado com outros suplementos mitocondriais: Coenzima Qu10, L-Carnitina, Riboflavina, Nicotinamida e Magnésio.

A melhora da função do músculo cardíaco depois da suplementação de D-Ribose pode levar a um melhor fornecimento de sangue rico em oxigênio para os músculos esqueléticos, energizando-os para uma atividade aumentada.

Aumento dos níveis de ATP no músculo esquelético após a suplementação de D-Ribose pode ajudar a reduzir a dor muscular e a fadiga, que impedem as pessoas de manter os seus regimes de exercício.

Os cardiologistas e fisiologistas do exercício utilizam cada vez mais a D-Ribose como um meio de “rejuvenescer” os músculos cardíacos e esqueléticos de seus pacientes e melhorar a sua qualidade de vida.

QUAL É A DOSE CERTA DA D-RIBOSE?

Ao contrário de muitos outros nutrientes que operam no nível de miligrama (ou mesmo micrograma), a D-Ribose o corpo utiliza em quantidades medidas em gramas. A quantidade ótima de D-Ribose irá variar de acordo com cada indivíduo e com cada condição a ser prevenida ou tratada.

Os cardiologistas com vasta experiência usando D-Ribose em seus pacientes recomendam o seguinte esquema posológico com base nas necessidades da pessoa que tomará o suplemento:


TIPO DE PACIENTE DOSE INICIAL

Indivíduos saudáveis que desejam uma proteção cardiovascular e maior conforto após atividade física extenuante 5 gramas / dia.

Os atletas que trabalham ciclos repetitivos de exercícios de alta intensidade 10-15 gramas / dia*.

Pacientes com insuficiência cardíaca leve a moderada, outras formas de doença cardiovascular isquêmica ou doença vascular periférica 10-15 gramas / dia *

Indivíduos que se recuperam de uma cirurgia cardíaca ou ataque cardíaco, ou para o tratamento da angina estável 10-15 gramas / dia *

Pacientes com insuficiência cardíaca avançada, a cardiomiopatia dilatada, indivíduos a espera de transplante cardíaco, ou as pessoas com angina frequente 15-30 gramas / dia *

Pessoas com fibromialgia ou doença neuromuscular 15-30 gramas / dia.




* Recomenda-se dividir a dose diária total em múltiplos de doses individuais de 5 gramas. Assim que os pacientes notarem reduções nos sintomas, eles podem optar por reduzir gradualmente as doses até que um nível confortável de manutenção seja alcançada. Naturalmente, as pessoas podem querer aumentar suas doses pouco antes de um aumento da atividade física


[i] Gustafsson AB, Gottlieb RA. Heart mitochondria: gates of life and death. Cardiovasc. 2008 Feb 1;77(2):334-43.

[ii] Tullson PC, Terjung RL. Adenine nucleotide synthesis in exercising and endurance-trained skeletal muscle. Am.J Physiol. 1991 Aug;261(2 Pt 1):C342-7.
Fontes:
“As informações fornecidas neste site destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para o profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. Procure sempre o aconselhamento do seu médico ou outro prestador de cuidados de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter a respeito de sua condição médica. As informações contidas aqui não se destinam a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença. Nunca desconsidere o conselho médico ou demore na procura por causa de algo que tenha lido em nosso site e mídias sociais da Essential.”